Vozes - Crônicas de um Estado laico
De qualquer forma, é importante deixar claro que o problema não é o Papai Noel – muitos desavisados, aliás, criticam o pobre velhinho como se fosse uma criação do sistema. Santa ignorância. O Papai Noel é fruto direto da influência cristã e representa São Nicolau de Mira. Nicolau foi monge no século 4.º e era reconhecido por sua generosidade e afinidade com crianças. É sabida sua preocupação com crianças carentes, não apenas sob o ponto de vista assistencial, mas também educacional; por isso ele é tido como padroeiro dos estudantes. Aliás, a própria aparência do atual Papai Noel é exatamente como São Nicolau é descrito: velhinho, gordinho e com longas barbas brancas.
O problema não é o Papai Noel – que, aliás, é fruto direto da influência cristã. O problema está no fato de o Papai Noel ocupar a centralidade do Natal, excluindo o dono da festa e aniversariante
Minha vontade é sugerir à ex-escola da minha filha (sim, já a tirei de lá) para adotar outro calendário, já que Jesus não pode ser mencionado. Mas isso daria tela azul na diretoria, pois todos os calendários têm origem religiosa. E agora, José? Não tem jeito; a religião é um fato inexorável da vida humana.
Por outro lado, não é só de secularismo ou ladainha fake de Estado laico que vive o Brasil. Lembrando da igreja sem liberdade religiosa no Natal
O advento é temporada do ano em que nós olhamos para a primeira vinda de Cristo, quando Ele se fez carne em forma de um bebê nascido em Belém. É tempo de refletirmos na história de redenção e prepararmos nosso coração para meditar e celebrar diariamente na salvação do Senhor. Como cantou a milícia dos anjos aos pastores no campo: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem” (Lucas 2,14). É um tempo de lembrar e também esperar. Lembramos do nascimento de Cristo, e esperamos o dia em que ele irá retornar para buscar a sua Igreja.
Hoje, em cumprimento à grande comissão entregue por Jesus, “ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura”, a Igreja de Cristo está espalhada pelo mundo todo. Contudo, Jesus alertou que, por causa de seu nome, os Seus discípulos seriam perseguidos, conforme João 15,20-21:“Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Tudo isto, porém, vos farão por causa do meu nome, porquanto não conhecem aquele que me enviou.”
A verdade é que, enquanto festejamos livremente o Natal no Brasil, com grandes festividades em nossos lares e congregações, há muitos de nossos irmãos e irmãs em outras partes do mundo que não podem comemorar o nascimento de Cristo com a mesma abertura que temos. Na verdade, sofrem perseguição intensificada nesta época do ano. O portal cristão especializado Religion Unplugged relata que “muitos cristãos, apesar de sua fé e devoção, têm pouca oportunidade de celebrar o nascimento do menino Cristo, ou de ‘descansar à beira da desgastante estrada e ouvir os anjos cantarem’”.
O referido portal explica que no Irã o Natal é um tempo de crescente controle e perseguição, em que a junção de cristãos para celebrar é acompanhada de violentas prisões. Na Nigéria e outros países africanos, invasões e massacres durante a madrugada fazem os sobreviventes agradecerem a cada manhã que acordam porque o Senhor os guardou para viverem outro dia. Na China, igrejas são vigiadas, cultos são interrompidos, bem como líderes eclesiásticos que são levados acabam desaparecendo.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio
Crônicas de um Estado laico -Thiago Rafael Vieira e Jean Marques Regina, colunistas - Gazeta do Povo - VOZES
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