Vozes - Luís Ernesto Lacombe
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, tem sido criticado pela esquerda devido às ações policiais de combate ao crime.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Estamos assim: não importa o que é feito, mas quem faz. Há pessoas que podem tudo. A elite no Judiciário e no Executivo tem suas próprias leis, seu projeto de poder. O discurso é esquizofrênico: a ditadura implementada é em defesa da democracia...
É preciso extirpar os opositores, contra eles tudo é permitido.
Chega de debate, de perguntas, de dúvidas. É terminantemente proibido discordar da elite, que decide o que é verdade e o que é mentira, o que é ódio e o que é amor, que escolhe a dedo os “inimigos” do Brasil. Tudo o que antes era criticado passa a ser aceito, compreendido, até elogiado. Com medo ou por ignorância, o povo vai se entregando. Com medo e por interesse, o Congresso se entrega.
Por militância e egoísmo, a imprensa vira cúmplice de todas as burradas, de todos os absurdos.
O balcão de negócios foi reaberto, e está tudo bem... Há muitos ministérios, que podem torrar um dinheirão sem licitação. Está liberado. Há também estatais, há verbas para comprar quem estiver à venda.
É do “jogo político”. Gastar, gastar... Há viagens internacionais para todo lado, em meio a grande luxo, com enormes comitivas e nenhum resultado positivo concreto para o país. Há voos da FAB sempre disponíveis.
Há muito dinheiro para regular preços, uma bobagem que nunca dará certo. E a Petrobras virou, de novo, refém da politicagem. Seu lucro já caiu pela metade, mas tudo parece normal.
A imprensa não quer mais saber dos fatos, de todos os lados da história, das histórias em movimento. Não quer saber do que verdadeiramente é feito. Tudo depende de quem faz
O governo só faz inchar, aumentar custos, custos desnecessários.
O bolso dos pagadores de impostos parece mesmo ser fundo, não ter fim. A imprensa acredita no tal arcabouço fiscal, que prevê aumento anual das despesas do Executivo, de olho numa receita fictícia, irrealizável. A sanha arrecadadora é destrutiva.
E vêm cortes na saúde, na educação... Ninguém fala nada.
Não há mais discursos inflamados no Congresso, não há reclamações na imprensa, protestos nas ruas. Não há estudante indignado, segurando cartaz com desenho do presidente da República sem cabeça e os dizeres “o único corte que eu quero”... A questão é quem faz.
Até o fim do ano passado, dizem, o Brasil enfrentava uma ditadura imposta pelo Executivo, que não prendeu ninguém, não torturou ninguém, não censurou ninguém. Mandaram dizer que Lula era contra o aborto, a liberação das drogas, que não defendia criminosos, que não apoiava ditadores mundo afora.
Juraram que Bolsonaro interferia na Polícia Federal, mas não veem problema em Flávio Dino “expor direção da PF mais política e próxima do governo”. São os mesmos que absolveram Dilma quando ela tentou enquadrar a instituição, em 2016, e quando Lula, em 2007, queria ser informado sobre ações da PF e achava que a atuação da Abin era ineficiente.
E já há uma guerra declarada a qualquer um da oposição que possa ser candidato a presidente no longínquo ano de 2026.
Tarcísio de Freitas recebe críticas pela ação da PM no litoral paulista.
A Polícia Militar da Bahia, governada há 16 anos pelo PT, não é questionada.
Romeu Zema defende a atuação do bloco Sul-Sudeste e vira inimigo do Nordeste, vira separatista...
A imprensa não quer mais saber dos fatos, de todos os lados da história, das histórias em movimento. Não quer saber do que verdadeiramente é feito. Tudo depende de quem faz.
Somos o país das distorções, das falsidades, do escárnio, do deboche. Mesmo assim, desistir está fora de cogitação.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
Luís Ernesto Lacombe, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
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