Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Aloizio Mercadante. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Aloizio Mercadante. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 12 de março de 2015

É hora do PT cair na real

É hora de cair na real 

O Estado de São Paulo - 11 março 2015

Depois de ter feito no Dia da Mulher um pronunciamento infeliz que provocou forte reação negativa da classe média em todo o País, Dilma Rousseff apressou-se a procurar a imprensa - o que vinha evitando ultimamente - para defender-se e dizer que não há razões para seu impeachment. A presidente da República deveria se poupar dessa preocupação, pois não lhe faltam problemas reais muito mais graves. Apesar de haver setores radicais propondo a deposição legal da chefe do governo, está claro que a maior parte da oposição a Dilma, na política e nas ruas, entende, sensatamente, que não é hora de falar em impeachment. O argumento de que a oposição está tentando promover o "terceiro turno" das eleições presidenciais é risível, retórica apelativa, própria da maneira singular de o PT pensar e fazer política.


É assim que o PT pensa e age: a direção do partido, reunida na noite de domingo para avaliar a repercussão dos protestos contra Dilma, chegou à conclusão de que se tratou de uma "orquestração de viés golpista" protagonizada por setores da "burguesia e da classe média alta", que se transformou num "movimento restrito que não se ampliou como queriam seus organizadores".
 
São legítimas e democráticas, para o PT, apenas as manifestações populares por ele próprio orquestradas, ou pelas organizações sociais, sindicais e estudantis que manipula. Fora disso está tudo politicamente desqualificado, por vício de origem: ser contra o PT é o mesmo que ser contra o povo.


Para o comando petista, classe média não é povo, apesar de Dilma gabar-se, como voltou a fazer no domingo, de os governos do PT terem "promovido" à classe média mais de 40 milhões de brasileiros. A virulência dos ataques dos dirigentes petistas aos protestos de domingo está em contradição com a posição adotada por Dilma. Apesar de ter tentado sair pela tangente com a história do "terceiro turno", a presidente admitiu que o protesto foi legítimo, democrático, e que é preciso "conviver com a diferença". Não tentou, como os dirigentes de seu partido, pura e simplesmente desqualificar os manifestantes.


O que disse Dilma foi reiterado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, escalado para falar sobre os protestos. Para ele, toda manifestação pacífica é "um direito da população". E repetiu a tese do "terceiro turno", contando vantagens pelo fato de o PT ter vencido eleições presidenciais quatro vezes seguidas. Mas Mercadante carrega o peso de ser petista histórico e não resistiu à tentação de dar lições que jamais aprendeu: "Precisamos construir uma cultura de tolerância, de diálogo e respeito. Uma agenda de convergência é fundamental para o País poder superar as dificuldades conjunturais o mais rápido possível".
 
Tolerância, diálogo e respeito é tudo o que o PT jamais praticou em mais de 20 anos de oposição e 12 de governo. Muito menos convergência. O lulopetismo sempre tratou os adversários como inimigos a serem eliminados e primou exatamente por divergir em momentos cruciais da vida nacional, como a discussão e aprovação da Constituição de 1988, do Plano Real, da Lei de Responsabilidade Fiscal e muitos outros episódios. É estranho que agora, mergulhado na crise provocada pela incompetência de seu governo, a elite do PT se julgue com autoridade moral e credibilidade para pregar "convergência". Mas insiste no descaramento de fazê-lo.


Essa gente que agora reclama e exige "convergência" nem parece a mesma que exigiu "Fora FHC" como bandeira de sua luta contra a bem-sucedida política de privatização de estatais durante os governos tucanos. Nem por isso foram então acusados de estar tentando promover um "terceiro turno". Até porque isso seria tecnicamente impossível: Lula perdeu logo no primeiro turno as duas eleições que disputou contra Fernando Henrique.
Antes de investir de novo contra quem ousa questioná-los, a presidente e os integrantes da elite do PT precisam cair na real e se dar conta de que há menos de cinco meses quase metade da população brasileira os repudiou nas urnas do segundo turno. De lá para cá, esse número não parou de aumentar.

Fonte: Editorial - O Estado de São Paulo
 

terça-feira, 10 de março de 2015

Dilma reage ao panelaço. Veja se entende o que ela disse

Louve-se o PT. Você pode não concordar com ele, mas entende o que ele diz por mais absurdo que soe 

Quem pensa confusamente quase sempre se expressa confusamente. Desse mal padece a presidente Dilma Rousseff. Ela só se expressa bem quando lê o que lhe escrevem. Ontem, por exemplo, no rastro do panelaço que marcou sua aparição no último domingo em cadeia nacional de rádio e televisão, ela disse que manifestações contra o governo são normais.

Mas criticou o que seria uma tentativa de promover “um terceiro turno das eleições”. Dilma com a palavra: - O que não é possível no Brasil é a gente também não aceitar a regra do jogo democrático. A eleição acabou. Houve o primeiro e houve o segundo turno. O terceiro turno das eleições, para qualquer cidadão brasileiro (...) não pode ocorrer a não ser que você queira uma ruptura democrática.

O que será que inspirada pelo ministro Aloizio Mercadante, da Casa Civil, ela chama de “terceiro turno”? E que poderia resultar em uma “ruptura democrática”? Nem ela explicou nem o ministro. Onde ela viu no panelaço o risco de “uma ruptura democrática”? Não deve ter visto. Do contrário não o teria tratado como uma manifestação normal contra o governo.
“Terceiro turno” é só uma expressão de que se valeu Mercadante para desqualificar o panelaço. Nada quer dizer de fato. Dilma a repetiu por falta de imaginação. Seu vocabulário consegue ser mais pobre do que o de Lula.

Quanto aos gritos de “Fora, Dilma!” ouvidos durante o panelaço, Dilma observou: - Eu acho que é questão de conteúdo. Eu acho que há que caracterizar razões para impeachment.
Entendeu?  Eu também não. Adiante.

A manifestação a favor do impeachment marcada para o próximo domingo em diversas cidades não parece assombrar Dilma. Talvez aumente sua confusão mental. Confira:
- Ela em si [a manifestação] não representa a legalidade nem a legitimidade de pedidos que rompem com a democracia.
E agora? Entendeu?
Eu também não.
Louve-se o PT. Você pode não concordar com ele, mas entende o que ele diz por mais absurdo que soe.

Marchar contra Dilma é tentativa de golpe. Pedir a deposição dela é golpe, decretou o PT. E estamos conversados.

Fonte: Ricardo Noblat - Blog do Noblat

 

domingo, 1 de março de 2015

'Time reserva' do PT entra em campo no Congresso

A falta de renovação e as sucessivas baixas por escândalos obrigaram o PT a indicar para postos-chave figuras que sempre estiveram em segundo plano

Está na VEJA

O Partido dos Trabalhadores é o mais importante do Brasil: comanda a Presidência da República há 12 anos, elegeu a bancada mais numerosa da Câmara dos Deputados e possui o maior número de filiados. Ainda assim, dentre os muitos sinais da decadência recente da sigla estão a falta de renovação de líderes. A cúpula petista na Câmara é o melhor exemplo disso. 

Hoje, os três homens mais influentes do Partido dos Trabalhadores na Casa não são figuras respeitadas por sua experiência nem jovens lideranças em ascensão. A elite do PT é composta por nomes oriundos do banco de reservas. O trio é formado por Sibá Machado (AC), o líder do PT, José Guimarães (CE), líder do governo, e Luiz Sérgio (RJ), o relator da CPI da Petrobras. [José Guimarães é irmão do condenado Zé Genoíno e é mais conhecido como 'capitão cueca', já que um dos seus assessores foi flagrado transportando dólares e reais - propina destinada ao Zé Guimarães - na cueca; Sibá Machado venceu apenas duas eleições e Luiz Sérgio em 16 anos de mandato NUNCA conseguiu aprovar um projeto.] 
 
Sibá chegou à liderança do PT depois de vencer apenas duas eleições na vida. A primeira foi em 2010, também para a Câmara. Até então, ele havia feito carreira em cargos de confiança do partido em seu Estado. Passou uma temporada no Senado durante o governo Lula porque era suplente de Marina Silva, escolhida como ministra do Meio Ambiente. Dentre seus momentos mais marcantes, está sua renúncia à presidência do Conselho de Ética exatamente quando o colegiado se preparava para julgar o pedido de cassação contra Renan Calheiros (PMDB-AL).

Quem passou o bastão para Sibá foi outro nome que, até pouco tempo atrás, fazia parte do segundo time da bancada: Vicentinho (SP). Embora tenha uma carreira mais longa do que dos três acima, o deputado nunca foi um líder entre seus pares. Seu histórico diz tudo. No auge da crise do mensalão, por exemplo, Vicentinho subiu à tribuna para acusar o colega Pauderney Avelino (DEM-AM) de racismo. O deputado amazonense havia usado as expressões "noite negra" e "denegrir". "Não podemos permitir que determinadas palavras desqualifiquem uma raça", argumentou o petista.

Há dez anos, José Guimarães era um deputado estadual quando seu principal assessor foi preso em um aeroporto com dinheiro na cueca. O líder petista tem outra peculiaridade: é irmão de José Genoino, um dos nomes fortes do PT no Congresso que acabou alijado do poder após o mensalão.

Já o fluminense Luiz Sérgio chegou à Câmara há 16 anos, mas ainda não conseguiu ver um de seus projetos aprovado. Uma das poucas virtudes políticas do ex-carregador de malas do mensaleiro José Dirceu é a capacidade de cumprir ordens sem se queixar – é apelidado de "garçom", aquele que só anota pedidos –, o que explica sua passagem malsucedida pela Secretaria de Relações Institucionais, seu rebaixamento para o Ministério da Pesca e, agora, a escolha de seu nome para comandar as investigações na CPI mais temida pelo governo.

A falta de renovação e a ausência de peso político na linha de frente do PT na Câmara tem mais de uma explicação.O natural e constante processo de substituição de lideranças foi prejudicado por casos de corrupção que derrubaram figuras como Antonio Palocci, José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha. Dois nomes que emergiram no período pós-mensalão também caíram em desgraça: Cândido Vacarezza, que foi líder do governo na Câmara, e André Vargas, que chegou a ser vice-presidente da Casa, foram varridos por causa de seu envolvimento com personagens do petrolão.

Dos seis líderes mais importantes da Câmara, Sibá é o mais velho. Guimarães é o segundo. O deputado acreano tem 57 anos; o colega cearense, 56. A oposição, por exemplo, tem como líder o jovem Bruno Araújo, de 43 anos. No PMDB, o escolhido foi Jorge Picciani, de apenas 34 anos. O do DEM é Mendonça Filho, com 48. O do PSD, Rogério Rosso, com 46. O do PSB, Fernando Coelho Filho, 31. O do PP, Eduardo da Fonte, 43. O líder do PSDB, Carlos Sampaio, é o mais experiente: tem 52 anos.

Os três deputados do PT que se destacam pela experiência e desfrutam de algum respeito entre os colegas foram parar em segundo plano. Arlindo Chinaglia (SP) perdeu a disputa pela Presidência da Câmara depois de uma articulação atrapalhada do governo. Henrique Fontana (RS) deixou a liderança do governo porque o novo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB), se recusava a negociar com ele. Marco Maia (RS) recusou a relatoria da CPI da Petrobras por falta de disposição para exercer uma função tão desgastante. 

A falta de figuras de destaque parece atingir também a cúpula do governo. Os três ministros mais importantes do entorno da presidente Dilma acumularam derrotas nos dois primeiros meses do segundo mandato. Aloizio Mercadante, da Casa Civil, Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral, e Pepe Vargas, de Relações Institucionais, estão entre as poucas pessoas com acesso direto à chefe do Executivo. Caberia a eles tocar o dia a dia do governo, especialmente o relacionamento com o Congresso e a sociedade. O que se viu até agora, entretanto, foi uma articulação política débil, que conseguiu não só perder a eleição para a Presidência da Câmara ainda no primeiro turno como irritar o presidente eleito, Eduardo Cunha, e desmoralizar um dos poucos quadros graduados do PT na Casa, Arlindo Chinaglia.

Até mesmo os caminhoneiros conseguiram deixar o governo na berlinda nesta semana, depois que o Executivo fechou um acordo fictício com entidades que não representavam o movimento grevista. E não há muitos sinais de que a sorte do PT e do governo será muito diferente nos próximos meses.

Fonte: Revista VEJA

 

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A vida de cada um



Vista assim do alto, a renúncia da presidente e mais cinco diretores da Petrobrás horas depois de ter sido acertado um cronograma com a Presidência da República que previa a saída para daqui a um mês pode parecer ato de retaliação. Algo como um troco à proposta de Dilma Rousseff de estender a fritura de cada um dos executivos, de Graça Foster em particular, e ainda adequá-la à sua conveniência de encontrar uma saída o menos traumática possível para nomear nova diretoria e ainda acertar os números do balanço trimestral da companhia.

O gesto não deixa de dar margem a essa interpretação. Inclusive porque, guardadas todas as proporções, lembraria a atitude da ex-ministra da Cultura Marta Suplicy, não obstante as diferenças abissais entre ambas. De propósitos e temperamentos. Algo, no entanto, une as duas: o limiar da desmoralização. Em Marta pesou a política; para Graça, de acordo gente próxima a ela, a fronteira de inadmissível ultrapassagem é a família.

Depois de tentar se demitir várias vezes e ter os pedidos recusados pela presidente, Marta tomou a decisão unilateral quando viu o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, sugerir a renúncia coletiva do ministério numa tentativa, segundo ela, de transformá-la de demissionária em demitida. Ciente de seu desgaste, Graça Foster pediu para sair no meio da crise. Ela chegou a combinar com Dilma Rousseff duas datas: uma logo após as eleições, outra logo após a posse no segundo mandato. Ambas adiadas por solicitação da presidente.  Até que ocorreu o episódio da divulgação do balanço não auditado da Petrobrás com aquele dado sobre a perda de R$ 88 bilhões em ativos. 

Os cálculos não estariam completos e Graça teria se precipitado ao autorizar a divulgação e Dilma, "furiosa", decidiu demiti-la.  Seja como for, a executiva que aceitara atender aos apelos de amizade, na hora de ser descartada, não recebeu apreço em contrapartida. Ficou mal na história. Com pecha de incompetente e precipitada, para todos os efeitos imposta pela amiga.  Mas, ainda assim, aceitou frequentar o limbo por mais um mês. Para resolver um problema da presidente. Ali no ambiente do Palácio do Planalto deve ter-lhe parecido que 30 dias a mais ou a menos talvez não fizessem diferença. Brasília não é seu hábitat.

Mas o Rio de Janeiro é. Enquanto Graça Foster pegava o avião de volta para a cidade, um grupo de manifestantes fazia um "panelaço" nas proximidades de sua residência, em Copacabana. Numericamente insignificantes, cerca de 30 pessoas. Simbolicamente, suficientes para criar constrangimento a quem, tendo feito carreira como servidora e não no embate duro da política, não está acostumada a ouvir frases como "Ô Graça Foster, o seu vizinho tem vergonha de você" nem a se expor a processos de desmoralização pública.

No entender de quem entende de Graça Foster, a preservação pessoal e o resguardo familiar pesaram mais na decisão que o acordo da lealdade de mão única da presidente Dilma.

Todos juntos. A explicação para cinco dos seis diretores da Petrobrás terem acompanhado a presidente na renúncia é um acordo anterior de que ninguém ficaria ou sairia isoladamente. Fossem quais fossem os motivos.

Fábula. Ao governo interessará, quem sabe, construir a narrativa de que a renúncia de Graça Foster estava combinada com a presidente Dilma.
O problema é que para que essa versão seja verossímil, o Planalto já deveria ter na manhã de ontem um nome escolhido para substituí-la na presidência da Petrobrás.

O prejuízo político é do Planalto. Mais um.

Fonte: O Estado de São Paulo - Dora Kramer, colunista 


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Dilma, a breve?

A presidente imaginou (ingenuamente) que a vitória obtida nas urnas era mérito seu

O governo Dilma acabou. É caso único na história republicana brasileira. Vitorioso nas urnas, duas semanas depois do pleito já dava sinais de exaustão. 

De um lado, a forma como obteve a vitória (usando da calúnia e da difamação) enfraqueceu a petista; de outro, o péssimo cenário econômico e as gravíssimas acusações de corrupção emparedaram o governo. Esperava-se que Dilma aproveitasse os louros da vitória para recompor a base política e organizasse um ministério sintonizado com o que tinha prometido na campanha eleitoral. Não foi o que aconteceu. Acabou se sujeitando ao fisiologismo descarado e montou um ministério medíocre, entre os piores já vistos em Pindorama. 

A presidente imaginou (ingenuamente) que a vitória obtida nas urnas era mérito seu. Pobre Dilma. Especialmente no segundo turno, quem venceu foi Lula. Sem a participação direta do ex-presidente, ela teria sido derrotada. Vale sempre lembrar que, em vários comícios da campanha, a candidata foi “representada” por Lula. Mas ela entendeu que a vitória daria uma espécie de salvo-conduto para organizar a seu bel-prazer o Ministério e as articulações políticas com o Congresso Nacional. Ledo engano. Em um mês de governo, já gastou o crédito dado a qualquer presidente em início de mandato.

Isolada no Palácio do Planalto, a presidente perdeu a capacidade de iniciativa política. E pior: se cercou de auxiliares ruins, beirando o pusilânime. Nenhum governo sério pode ter na coordenação política Aloizio Mercadante. Na primeira presidência Dilma, ele ocupou três ministérios distintos e não deixou sequer uma simples marca administrativa. Foi um gestor de soma zero. Lula, espertamente, nunca o designou para nenhuma função executiva. Conhece profundamente as limitações do ex-senador e sabe o potencial desagregador do petista. Não satisfeita com a ruinosa escolha, Dilma nomeou para a coordenação política o inexpressivo e desconhecido Pepe Vargas.  Não é a primeira vez que a presidente mete os pés pelas mãos ao formar sua equipe política. É inesquecível a dupla Gleisi Hoffmann e Ideli Salvatti, mas naquele momento a conjuntura política e o cenário econômico eram distintos.

Assolada pelo petrolãoque pode colocar em risco o seu mandato —, Dilma passou um mês escondida dos brasileiros. Compareceu à posse — que era o mínimo que se poderia esperar dela —, discursou e sumiu. Reapareceu na ridícula reunião ministerial, discursou sobre um país imaginário, brigou com um funcionário e só. Poderia ter aproveitado o tempo para articular a sua base de sustentação no Congresso. Mas não. Delegou aos auxiliares a atribuição presidencial. Ela dá a impressão de que não gosta da sua função, que não tem qualquer prazer no exercício da presidência e que estaria somente cumprindo uma missão (mas para quem?). 

Como seria de se esperar, foi duplamente derrotada na eleição paras as mesas diretoras da Câmara e do Senado. Na Câmara foi mais que derrotada, foi humilhada. Seu candidato teve quase que o mesmo número de Júlio Delgado e metade dos votos do vencedor. Em outras palavras, ficou a sensação de que o governo tem seguros apenas 25% dos votos dos deputados. Se fosse no final da gestão, seria ruim mas até compreensível. Porém, a nova presidência mal começou. Mais da metade dos parlamentares forma uma maioria gelatinosa, sem forma e que pode a qualquer momento, dependendo da situação política, se voltar contra Dilma.

No Senado, a vitória com Renan Calheiros pode ter vida curta. Ainda no ano passado foi revelada uma lista de parlamentares envolvidos com o doleiro Alberto Yousseff e dela fazia parte o senador por Alagoas. Caso se confirme, veremos novamente o filme de 2007: ele deverá renunciar à presidência para, ao menos, garantir o seu mandato. E naquela Casa — agora com uma participação mais qualificada da oposição — também a maioria dos senadores vai, primeiro, pensar em garantir o seu futuro político e depois em defender o governo. 

Dessa forma, Dilma corre perigo. Sem uma segura base parlamentar, tendo, especialmente na Câmara, um presidente que não reza pela sua cartilha; e com uma pífia coordenação política, poderá ter a curto prazo sérios problemas. De forma mais direta: vai ter de engolir uma CPI sobre a Petrobras. E com o que conhecemos até hoje da Operação Lava-Jato, o seu mandato pode ser abreviado — caso, evidentemente, se confirmem as denúncias envolvendo a empresa, políticos, empreiteiras e o Palácio do Planalto. 

Lula se mantém em silêncio. Estranho, muito estranho. Por quê? Ele, que sempre falou sobre tudo, mesmo quando não perguntado, agora está homiziado em São Bernardo do Campo. Medo? Teria vergonha da compra da refinaria de “Passadilma”? E o projeto mais desastroso da história do Brasil, a refinaria de “Abreu e Lulla”? Como explicar que tenha custado dez vezes mais do que foi orçada? Conseguiria responder sobre a amizade com Paulo Roberto Costa, mais conhecido como “Paulinho do Lula”? O silêncio é uma forma de confissão? Afinal, foi durante a sua presidência que foram gestados estes escândalos.

Teremos um 2015 agitado, o que é muito bom. Nunca um governo na História da República esteve tão maculado pela corrupção, nunca. O que o Brasil quer saber é se a oposição estará à altura da sua tarefa histórica. Se não cometerá os mesmo erros de 2005, no auge da crise do mensalão, quando não soube ler a conjuntura e abriu caminho para a consolidação do que o ministro Celso de Mello, em um dos votos no julgamento do mensalão, chamou de “projeto criminoso de poder.”

Por: Marco Antonio Villa, historiador