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terça-feira, 8 de outubro de 2019

Confissões do centro do poder - José Casado

Segundo Palocci, ministros da Fazenda vazavam informações privilegiadas para bancos

Conhecer pessoas certas em áreas-chave do governo pode ser lucrativo, embora seja radioativo.

Amigos no poder podem prover informações exclusivas, que possibilitem ganhos de 90% em 24 horas ou lucros de 400% em um ano. Também podem criar um monopólio na corretagem de planos de saúde. Decidir uma bilionária disputa entre sócios de um supermercado. Resgatar um industrial arruinado na especulação cambial. Ou mandar fundos de pensão estatais salvar banqueiros. Cenas explícitas desse capitalismo de laços estão nas confissões de Antonio Palocci à polícia. O ex-ministro de Lula e Dilma conta em 39 episódios como funcionavam as conexões entre governo e empresas amigas. 

Narra uma constante de troca de favores com bancos (Bradesco, Unibanco, Santander, Safra, BTG e Votorantim); supermercados (Grupo Diniz e Casino); construtoras (Odebrecht, OAS, Camargo, Queiroz, Andrade, Asperbras, UTC, Engeform e PDG Realty); indústrias (JBS, Ambev, BRF, Souza Cruz); serviços (Rede D’Or, Grupo São Luiz, Amil e Qualicorp); estaleiros (Keppel e Jurong); montadoras (Mitsubishi e Caoa) e seguradoras (BB Seguros, Prudential e Mapfre), entre outras. Todos negam ilícitos. 

De 2009 a 2011, segundo ele, ministros da Fazenda vazavam informações privilegiadas para bancos. Adiantavam o valor referencial dos juros — conhecer a taxa Selic antes da divulgação é como obter antecipadamente o resultado da loteria.
Confessa “beneficiado o Bradesco”, que refuta “ilações descabidas”. Diz que o sucessor na Fazenda, Guido Mantega, informava o BTG: “Só para se ter uma ideia, entre 31 de agosto e 1º de setembro (de 2011), dia de inflexão dos juros, o Fundo Bintang saltou de 252,84% de rentabilidade acumulada para 335,76%. Num só dia!”O banco diz que era só administrador desse fundo. Advogados de Mantega qualificam tudo como falsidade.

Palocci anuncia um livro de memórias para este mês. Ontem, ele completou 13.793 dias de filiação “oficial e ativa” ao PT. Seguem unidos no cartório eleitoral desde 1981. Mas, no momento, o partido nega-lhe “qualquer resquício de credibilidade”. 

José Casado - O Globo
 
 

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Delatores da Lava-Jato admitem pagamento de R$ 300 mil a filho de Lula

Depoimentos serão encaminhados à Zelotes, que investiga parente de ex-presidente

Os delatores da Lava-Jato Roberto Trombeta e Rodrigo Morales admitiram o pagamento de R$ 300 mil para a Gamecorp, empresa do filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fábio Luíz Lula da Silva, o Lulinha. Os repasses foram feitos a pedido do Grupo Caoa, que é investigado nas operações Zelotes e Acrônico por compra de portarias e medidas provisórias durante o governo Lula. Os dois delatores confirmaram ainda um repasse de R$ 3 milhões ao governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, do PT. O caso envolvendo Lulinha é investigado pela Operação Zelotes. Pimentel é alvo de investigação em outra operação, a Acrônimo. O conteúdo dos depoimentos será compartilhado com as respectivas operações. A Caoa não apareceu na Lava-Jato.


Fábio Luis Lula da Silva, filho do presidente Lula: investigado na Zelotes (30-12-2010) - Greg Salibian / Folhapress/ Agência O Globo
Por ser o primogênito da 'famiglia' da Silva Lula determinou que ele seria o primeiro a ser beneficiado pela corrupção - investimento 'misterioso e generoso' da OI, ex-TELEMAR, em uma empresa de fundo de quintal do 'fenomenal' filho de Lula. A TELEMAR foi autora da primeira corrupção conhecida da 'famiglia' da Silva

Os pagamentos à empresa de Lulinha foram feitos em 2012 e registrados através de notas fiscais encaminhadas pelos delatores ao departamento financeiro da empresa. Segundo Trombeta e Morales, não há comprovação de que o filho do ex-presidente Lula prestou realmente serviços à Caoa. No depoimento feito no dia 29 de abril, Trombeta afirma que não havia “comprovantes de execução de serviços, contratos e/ou relatórios que acompanhassem tais pagamentos”.

No período dos repasses a Lulinha, Trombeta e Morales eram os contadores de todas as empresas do grupo Caoa, aonde atuaram por mais de 20 anos exercendo a atividade de consultoria tributária e contabilidade no Brasil e no Exterior. No depoimento, os delatores afirmaram ainda que, após saírem do comando da contabilidade do grupo, em 2013, atuaram em holdings ligadas à empresa. Em julho 2014, disseram, foram chamados para uma reunião com o presidente do grupo Caoa, Antonio Maciel Neto. No encontro, Neto teria apresentado a Benedito Rodrigues de Oliveira, o Bené, e informado que teriam que fazer repasses a ele.

Em agosto, em novo encontro, na casa de Carlos Alberto de Oliveira Andrade, controlador do Grupo Caoa, Trombeta disse que foi informado que a Caoa iria pagar R$ 3 milhões a Bené. E que ele deveria indicar alguém para pegar os recursos na empresa e entregar a Bené. O delator afirmou a Lava-Jato que “estranhou” ter visto naquele d ia na casa Pimentel, então candidato ao governo de Minas Gerais. 

Os delatores afirmaram que fizeram três repasses de R$ 500 mil a Bené, apontado pela Polícia Federal como operador ligado ao governador mineiro. de acordo com ele, os outros repasses não foram feitos porque Bené foi preso em 7 de outubro daquele ano. 

ENCONTRO DE TRÊS OPERAÇÕES
As novas confissões de Roberto Trombeta e Rodrigo Morales vieram à tona após a Força-Tarefa da Lava-Jato pedir a anulação dos acordos de colaboração. Em fevereiro, os investigadores instauraram um procedimento para cancelar as tratativas. A Lava-Jato já tinha indícios de que a atuação da dupla não estava restrita a empreiteiras investigadas na Lava-Jato, onde eles admitiram ter atuado em favor da OAS e da UTC. Os investigadores afirmaram na época que eles descumpriram compromissos como a apresentação de documentos e o pagamento de multa, além de omitir informações relevantes sobre a participação deles em empresas offshores

Com a possibilidade de verem seus acordos cancelados, os dois confessaram a participação no pagamento de vantagens indevidas ligadas ao grupo Caoa. Com a confissão, Trombeta e Morales passam a ser o mais novo elo entre as três principais investigações conduzidas pela Polícia Federal hoje no Brasil: Lava-Jato, Zelotes e Acrônimo. Na Lava-Jato, os dois atuaram como operadores das construtoras OAS e UTC fazendo pagamentos a agentes públicos. Além deles, a Lava-Jato já sabe que a empresa Mossack Fonseca atuou na formação de offshores de empresas investigadas nas três operações.

OUTROS LADOS
A defesa de Fábio Luís negou ter havido pagamento de propina pelo grupo Caoa em favor da Gamecorp. Os advogados dizem que os valores recebidos da Caoa referem-se à veiculação de publicidade em espaço da Gamecorp em 2012 e foram todos contabilizados e tiveram seus impostos recolhidos. "Somente o ambiente de perseguição ao ex-presidente Lula e seus familiares, por parte de algumas autoridades, poderia explicar a sua referência nessa delação premiada", informou o escritório dos advogados Cristiano Zanin e Roberto Teixeira. 

Por meio de nota, a Caoa informou que "desconhece a existência de eventual conteúdo das delações premiadas de Roberto Trombeta e seu sócio Rodrigo Morales que lhe faça qualquer menção, sendo curioso que tal suposta informação, coberta por sigilo legal, venha parcialmente ao conhecimento público, sem possibilidade prévia da empresa saber e contrapor os seus termos". A empresa reafirma que "jamais contratou ou pagou, no Brasil ou no exterior, qualquer pessoa ou empresa para angariar vantagens junto a qualquer agente ou órgão público.”


O advogado de Pimentel, Eugênio Pacelli, questionou a credibilidade dos delatores e disse que a delação poderá ser anulada. “É fundamental registrar, antes de qualquer observação, que o referido Sr. Roberto Trombeta é acusado pelo Ministério Público Federal de mentir e ocultar documentos prometidos por ele na negociação do acordo de delação premiada no âmbito da assim chamada Operação Lava-Jato”, diz a nota da defesa".

Pacelli destacou que Pimentel não é investigado pela Lava-Jato e que desconhece a delação dos operadores. "Nada do que foi relatado liga Pimentel a essas supostas tratativas", alegou o advogado.

Fonte: O Globo - Colaborou Silvia Amorim


terça-feira, 27 de outubro de 2015

Corra, Lula! Polícia já encurralou seu filho e Gilberto Carvalho!



Veja o resumão da "promiscuidade" lulopetista revelada pela Operação Zelotes
A semana começou explosiva para a família Lula.

Vamos contextualizar, por partes, as informações.
A Operação Zelotes:
A Operação Zelotes começou investigando um esquema de propinas para reduzir ou cancelar multas milionárias no Carf, conselho responsável pelos processos administrativos tributários e previdenciários, ligado ao Ministério da Fazenda.Com o avanço das investigações, chegou-se à compra de Medidas Provisórias na gestão Lula, que favoreciam empresas automotivas do ponto de vista fiscal.

Fatos sobre o filho de Lula:
A empresa LFT Marketing Esportivo, de Luis Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, recebeu 2,4 milhões de reais da Marcondes e Mautoni Entretenimentos, de Mauro Marcondes, um dos lobistas investigados por negociar a edição e a aprovação, durante o governo Lula, da Medida Provisória 471, que favoreceu montadoras de veículos.
Empresas do setor teriam negociado pagamentos de até 36 milhões de reais a lobistas para conseguir do Executivo um “ato normativo” que resultasse em incentivos fiscais de 1,3 bilhão de reais por ano.

As suspeitas da Operação Zelotes:
– Luis Cláudio, filho de Lula, teria recebido o dinheiro pelo lobby em favor de medida(s) provisória(s) assinada(s) no governo (do partido) do pai.
– Gilberto Carvalho, ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência do governo Dilma e ex-chefe do gabinete pessoal do então presidente Lula, teria sido o principal interlocutor dos lobistas, em especial dos sócios da consultoria SGR (encarregada do lobby para as montadoras), além de ter mantido relações “deveras estreitas” com Mauro Marcondes.

Lula é amigo do lobista:
Gilberto Carvalho disse à Folha que Marcondes “conhece Lula de longa data”, desde a época de metalúrgico.

O “low profile” Carvalho:
Uma mensagem obtida pela PF mostra um pedido de Marcondes ao “amigo” Carvalho para que entregasse documento a Lula “daquela forma informal” e “low profile” que só ele consegue fazer, sem “formalidades” e no momento oportuno.
Daquela forma informal, Carvalho se explicou à Folha,  impedimento outro coleguinha:  “Eu disse que não era da minha área e que poderia ver se o ministro Guido [Mantega] poderia recebê-lo, mas confesso que esqueci e depois soube que ele já estava negociando na Fazenda”.
Aham. Como dizia José Dirceu: “Gilberto Carvalho, para com isso…”

Os rastros de Carvalho:
Estadão informa que “o ex-ministro teria se reunido com representantes das montadoras para tratar dos incentivos fiscais quatro dias antes da edição da MP 471″.
Um encontro consta de uma agenda do lobista Alexandre Paes dos Santos, o “APS”, que tem ligações com a ex-ministra Erenice Guerra, secretária executiva da Casa Civil na época das tratativas.  Em 2006, VEJA já descrevia APS como “homem de relações perigosas e de uma vasta ficha criminal”.

As empresas do lobby:
A investigação revelou “com segurança” que as empresas Marcondes e Mautoni e SGR “nada produzem de lícito. Limitam-se apenas a intermediar interesses espúrios perante a administração pública”.]

Busca e apreensão na empresa do filho de Lula:
A Polícia Federal apreendeu documentos no escritório da LFT Marketing Esportivo, do filho de Lula, na manhã desta segunda-feira (26), em São Paulo.
Os alvos das prisões preventivas nesta fase da operação foram:
– Alexandre Paes dos Santos;
– Mauro Marcondes Machado;
– José Ricardo da Silva;
– Eduardo Gonçalves Valadão;
– Cristina Mautoni Marcondes Machado;
– Halysson Carvalho Silva.

Defesa:
Em nota à imprensa no começo da tarde, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Luis Cláudio, havia argumentado: “A simples observação da data da constituição da empresa” LFT Marketing Esportivo “é o que basta [para] afastá-la de qualquer envolvimento com as suspeitas levantadas”.

Motivo alegado:
“A citada MP foi editada em 2009 e a LFT constituída em 2011 — 2 anos depois. A prestação de serviços da LFT para a Marcondes & Maltone ocorreu entre 2014 e 2015 – mais de 5 anos depois da referida MP e está restrita à atuação no âmbito de marketing esportivo.”

Procuradoria desmente a defesa:
A Procuradoria da República no DF, na prática, desmente a tese da defesa sobre a distância das datas ao observar que o grupo de lobistas atuou entre 2013 e 2014 para RENOVAR a MP de 2009.
Diz a Folha: “Entre 2013 e 2014, segundo a investigação, o grupo de lobistas atuou para renovar uma medida provisória de 2009, com prazo de validade de cinco anos, que na época havia gerado o pagamento de ‘comissões’. A nova empreitada ocorrida entre 2013 e 2014, de acordo com a Zelotes, resultou na edição da medida provisória n° 627, de 2013, que foi convertida na lei nº 12.973, de 2014.”
Os pagamentos ao filho de Lula, portanto, ocorreram logo após a conversão da MP 627 em lei.

“Muito suspeito”:
Para a Procuradoria, “é muito suspeito que uma empresa de marketing esportivo [a do filho de Lula, no caso] receba valor tão expressivo de uma empresa especializada em manter contatos com a administração pública (Marcondes e Mautoni)”.

2ª maior beneficiária:
A Procuradoria concluiu, segundo a Folha, que a firma de Luis Cláudio “estranhamente” foi o segundo maior destino dos R$ 16 milhões obtidos pela Marcondes e Mautoni em 2014 das firmas automotivas MMC e Caoa, as mesmas que são alvo de investigação relativa à MP de 2009.
  
Busca e apreensão justificadas:
Dentro desse contexto”, diz a Procuradoria, “justifica-se a execução de busca e apreensão na sede da empresa” LFT, cumprida nesta segunda (26) em São Paulo.
 LFT,
Três empresas no mesmo endereço:
A Procuradoria apurou que “outras duas empresas, que têm vínculos societários entre si, têm a mesma sede”:
– Touchdown Promoção de Eventos Esportivos Ltda, que organiza o campeonato brasileiro de futebol americano e cuja única sócia seria a LFT;
– Silva e Cassaro Corretora de Seguros Ltda, cujos sócios seriam Lilian e Marcos Cassaro e, com 50% das cotas, Fatima Regina Cassaro da Silva, também sócia da LFT.
Fatima é casada com o próprio Luis Claudio Lula da Silva, que foi sócio da corretora entre 2014 e 2015.

“Promiscuidade”:
“Enfim”, conclui a Procuradoria, “ante o quadro de promiscuidade apresentado, tudo indica que as empresas representam uma única entidade. Nessa linha, não há como, na atual fase da investigação, abrir mão do material localizado no endereço do condomínio empresarial. A unidade das empresas (física e societária) é evidente, tudo girando em torno de Luis Claudio Lula da Silva”.

Conclusão do blog:
Em junho, escrevi aqui o post “Os ganhos pornográficos da família Brahma“, mostrando que, com Lula no poder, a pornografia público-privada no Brasil, que remonta à carta de Pero Vaz de Caminha, atingiu o ápice.

Que a procuradoria fale em “promiscuidade”, é apenas mais um sintoma de toda essa suruba lulopetista.


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Ministério Público considera estranha a origem do dinheiro para a empresa do filho de Lula – empresa de ‘marketing esportivo’ fazendo lobby para redução de impostos para automóveis?



MP considera estranha origem de dinheiro para a empresa de filho de Lula
O Ministério Público Federal (MPF) sustentou ser “muito suspeito” a empresa LFT Marketing Esportivo, que pertence a Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, receber valores “expressivos” de uma firma que mantém “contatos” com o governo.

A juíza Célia Regina Ody Bernardes, da 10ª Vara Federal de Brasília, que autorizou a deflagração da nova etapa da Zelotes, destacou que o filho de Lula foi o segundo maior beneficiário de pagamentos supostamente ilícitos realizados pelo setor automotivo. Os valores teriam sido repassados em troca da aprovação da Medida Provisória 471. “Tem razão o Ministério Público Federal ao afirmar ser ‘muito suspeito uma empresa de marketing esportivo receber valor tão expressivo de uma empresa especializada em manter contatos com a administração pública (Marcondes e Mautoni)’, o que justifica a execução de busca e apreensão na sede da empresa”, escreveu ela ao justificar a medida cumprida pela Polícia Federal nesta segunda-feira.

Os argumentos da Procuradoria embasaram a busca e apreensão na sede da LFT, nesta segunda-feira, 26, em São Paulo, autorizada pela juíza Célia Regina Ody Bernardes, da 10ª Vara Federal de Brasília. Conforme a decisão, obtida pela reportagem, uma empresa de Mauro Marcondes Machado, um dos lobistas presos por suspeita de “comprar” medidas provisórias no governo, recebeu da MMC Automotores, que fabrica veículos Mitsubishi, e da CAOA, que monta modelos Hyundai, um total de R$ 16,8 milhões.

As duas montadoras dividiram o valor pago. O objetivo seria emplacar a MP 627/2013, que trata de incentivos fiscais, editada e convertida em lei no governo da presidente Dilma Rousseff. Os valores pagos foram declarados ao Fisco pela Marcondes e Mautoni Empreendimentos, que pertence a Mauro Marcondes, em 2014 No mesmo ano, a empresa pagou R$ 1,5 milhão à LFT, de Luís Cláudio. Ainda receberam valores a mulher e sócia de Marcondes, Cristina Mautoni (R$ 1 milhão), que também foi presa nesta segunda-feira, na nova etapa da Zelotes. Segundo a investigação, a SGR Consultoria, do lobista José Ricardo da Silva ficou com R$ 200 mil, – ele também foi detido -, e o próprio Marcondes (R$ 3 milhões).

A LFT recebeu pagamentos da Marcondes e Mautoni. A empresa de Luís Cláudio confirmou, em nota, que o valor das transações entre 2014 e 2015 alcançou R$ 2,4 milhões e foi “declarado”.

Segundo investigadores ouvidos pela reportagem, além da MP 623/2013, estão sob suspeita as MPs 471 e 512, editadas entre 2009 e 2010, sobre as quais já há mais elementos de irregularidades, além da 638/2014. Todas tratam de incentivos fiscais para montadoras. A nova fase da Zelotes foi deflagrada nesta segunda pela Polícia Federal, Receita e Ministério Público Federal.

Afastamento – A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) suspendeu nesta segunda-feira, 26, por prazo indeterminado, o vice-presidente tesoureiro da entidade, Mauro Marcondes. O executivo foi preso nesta manhã pela Polícia Federal, em mais uma fase da Operações Zelotes.

De acordo com a Anfavea, a decisão foi tomada pelo presidente da associação, Luiz Moan, após as reportagens publicadas nesta segunda-feira sobre a Operação Zelotes. Em nota assinada por Moan, a entidade informou que a suspensão se dará “pelo período necessário para defesa e conclusão do processo investigativo pelos órgãos institucionais”.

Na Anfavea, Marcondes representava a MMC Automotores do Brasil, responsável pela produção de veículos da Mitsubishi no País. Como revelou o jornal O Estado de S.Paulo com exclusividade no início do mês, o executivo é investigado pela PF por suposto lobby para compra de Medida Provisória por parte de montadoras no segundo governo Lula.

Veja a nota:
“Tendo em vista as reportagens publicadas hoje pela imprensa sobre a Operação Zelotes, reiteramos que tratam-se de casos particulares dos citados. Contudo, em defesa da coletividade e dos interesses de nossas associadas, a entidade está suspendendo temporariamente o atual representante da MMC Automotores do Brasil Ltda. de sua Diretoria pelo período necessário para defesa e conclusão do processo investigativo pelos órgãos institucionais”.

sábado, 1 de agosto de 2015

Os R$ 2 milhões da montadora Caoa para o operador de Pimentel - tudo que envolve o consultor fantasma, Fernando Pimentel, é vago e genérico = tipo fantasmagórico



Amigo do governador de Minas Gerais, Bené usava empresas de fachada e é suspeito de intermediar negócios com o BNDES 

Bridge, em inglês, significa ponte. Localizada em Brasília, a Bridge Participações é propriedade do empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené. Bené é amigo de Fernando Pimentel (PT), governador de Minas Gerais. Um ótimo amigo: já emprestou avião e pagou R$ 12 mil para Pimentel e a mulher passarem férias num resort na Bahia. Pimentel e Bené são investigados pela Polícia Federal, na Operação Acrônimo, por lavagem de dinheiro – e por suspeita de, justamente, fazer uma ponte. Entre empresas que desejam empréstimos no BNDES e o próprio BNDES. 

Bené é o principal caminho para a PF investigar a caixa-preta do banco estatal e deve ser um dos focos da CPI do BNDES, a ser instalada no próximo dia 5 na Câmara dos Deputados. ÉPOCA obteve cópias de notas fiscais da Bridge e de outra empresa de Bené, a BRO. A história das notas fiscais é repleta de coincidências, envolvendo as duas empresas e seu dono, a montadora Caoa, que fabrica e revende carros da sul-coreana Hyundai no Brasil, e Fernando Pimentel – que, antes de ser governador de Minas, era ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Pasta a que o BNDES é subordinado. Para a polícia, nem sempre coincidências são meras coincidências.

Em fevereiro de 2012, o BNDES financiou a construção de uma fábrica da Hyundai em Piracicaba, São Paulo, por R$ 218 milhões. Ainda em 2012, o governo lançou o programa Inovar Auto, como forma de modernizar a indústria automobilística em troca de isenções fiscais. Em 2013, a montadora foi habilitada para iniciar a produção do veículo ix35, além de importar carros com desconto no IPI. Uma das portarias assinadas por Pimentel autoriza a importação de 2 mil veículos. Uma das principais apostas da Caoa, a linha de produção do ix35 foi inaugurada em 17 de outubro de 2013, com a participação de Pimentel. Na ocasião, o fundador da Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, deixou claro qual era a importância da relação com o governo. “O Inovar Auto é que viabilizou esse nosso investimento de mais de R$ 600 milhões”, afirmou Andrade. É nesse ponto da cronologia que entram as notas fiscais a que ÉPOCA teve acesso. De acordo com elas, a Caoa repassou R$ 2,21 milhões às duas empresas de Bené, Bridge e BRO, entre outubro de 2013 e junho de 2014. Um desses depósitos, no valor de R$ 240 mil, foi realizado no dia 22 de outubro, cinco dias depois do discurso de Carlos Alberto e da visita de Pimentel à fábrica.

Um dos fatores a despertar a curiosidade era a natureza dos serviços prestados, sempre extremamente vaga. De acordo com uma das notas fiscais obtidas pela reportagem,  “estudo de processo produtivo usando como meio de pesquisa a internet”. O que significa isso? Procurar no Google? Talvez algo mais, pelo preço: R$ 265 mil. Outra nota segue a mesma lógica. “Estudo e planejamento de ações usando ferramentas tecnológicas existentes no mercado.” Bené, denunciado na quinta-feira, dia 30, pelo Ministério Público Federal por desvio de R$ 2,9 milhões em 14 contratos irregulares para a realização de eventos do Ministério das Cidades no período de 2007 e 2009, agora se revela um expert no uso de “ferramentas tecnológicas”. Segundo a Caoa, foram as empresas – de mesmo dono, vale dizer – que “ofereceram propostas de prestação de serviços, como é usual no mercado”. A Caoa não mostrou qualquer comprovante dos serviços prestados. A montadora afirma ainda que foram feitos estudos mercadológicos e estratégias comerciais no setor automobilístico.

Dos R$ 2,21 milhões recebidos da Caoa, a maior parte foi para a Bridge: R$ 1,46 milhão. Essa empresa foi o primeiro foco da investigação da PF, por ter sido usada para comprar um avião para Bené – o mesmo que foi alvo de uma batida policial em outubro do ano passado. O diretor é Ricardo Guedes, funcionário de Bené contratado por R$ 7 mil. À PF, ele disse que sabia apenas de um empreendimento, para a exploração de garimpo em Serra Pelada – nada a ver com as proezas tecnológicas contratadas pela Caoa. O próprio diretor da Bridge colocou dúvidas sobre os serviços da empresa. “A respeito da contabilidade da Bridge, informa que não tem certeza se os serviços referentes ao faturamento foram todos prestados”, disse em depoimento à PF obtido por ÉPOCA. A Bridge foi criada em 2011 pelo empresário José Appel (que assumiu o cargo de contador) e, desde 2013, é controlada por Bené por meio de Guedes (que já admitiu à PF que Bené é o verdadeiro dono).


Tanto Bridge quanto BRO, constatou a PF, são empresas de fachada. A BRO tem como sócios Bené e seu filho Paulo, de 21 anos. A empresa divide endereço com outras firmas do empresário, todas na lista de investigadas no inquérito da Operação Acrônimo. Bené é suspeito de fazer “confusão patrimonial” e ser o operador de Pimentel. Assim escreveu a PF:  Fernando Pimentel seria o chefe da organização criminosa operada financeiramente por Benedito, grupo criminoso especializado em lavagem de capitais oriundos de desvio de recursos públicos e aplicação de parte dos valores branqueados em campanhas. Pimentel teria recebido diretamente vantagem ilícita em razão do cargo então ocupado”.

O advogado de Bené, José Luis Oliveira Lima, diz não poder se manifestar em razão do sigilo do inquérito. “No momento oportuno, meu cliente prestará os esclarecimentos devidos.” Procurado, Pimentel diz, por meio de seu advogado, desconhecer as contratações. Segundo Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, Pimentel “jamais fez qualquer pedido”. “A investigação tem se desenvolvido, infelizmente, com uma conotação política e a PF não possui nenhum indício sequer de qualquer irregularidade da conduta do governador”, afirma o advogado.

O BNDES afirma que não houve financiamento à Caoa, e sim à Hyundai, para a construção da fábrica para produzir o carro HB20. A Caoa afirma não ter relação com o financiamento à Hyundai. A montadora informa ainda que o Inovar Auto beneficiou outras empresas. “É um programa importante para a Caoa e para todas as outras 23 empresas do setor que participam igualmente do Inovar Auto.” A empresa afirma que os contratos com a Bridge e BRO foram regulares. Nem a Caoa nem o Ministério do Desenvolvimento informam o valor total das isenções fiscais recebidas pela montadora no Inovar Auto. Segundo a Pasta, não houve privilégios à Caoa e a apuração é feita pela Receita Federal. O advogado de José Appel, Daniel Gerber, afirma que a Bridge só passou a emitir notas quando Bené assumiu a empresa. “A relação com todos os clientes sempre foi pautada pelos limites da profissão, não cabendo ao contador questionar a documentação aparentemente legal que seus clientes apresentam. Estaremos  à disposição do Judiciário.”

Os repasses para a Bridge e BRO são o terceiro indício para uma mesma suspeita da PF: os incentivos do BNDES e do Ministério do Desenvolvimento podem ter sido facilitados por repasses a Fernando Pimentel. A mulher de Pimentel, Carolina Oliveira, é uma das principais suspeitas, junto com Bené. Ela recebeu R$ 236 mil da Pepper, que prestou serviços ao BNDES. E recebeu outros R$ 2,5 milhões do consultor Mário Rosa, que prestava serviço a empresas que receberam financiamentos do BNDES. Agora, ÉPOCA revela um novo caminho do dinheiro, por meio de Bené. O empresário, aliás, já era investigado por lavagem, depois de ter sido pego com R$ 113 mil em seu avião, durante a eleição do ano passado. Também é denunciado pelos desvios nos contratos com o  Ministério das Cidades. Faltava, contudo, desvendar como Bené ganhava dinheiro ligado à atuação de Pimentel no governo. Os documentos revelados por ÉPOCA fornecem novas pistas nesse sentido. O caso, em razão de Pimentel ser governador, é investigado no Superior Tribunal de Justiça


Fonte: Revista Época