No inferno, os lugares mais quentes são reservados àqueles que se omitem em tempos de crise.
(Frase atribuída a Dante Alighieri por John F.Kennedy)
Há
poucos dias das eleições de 30 de outubro, quero dirigir-me aos nossos
irmãos profissionais liberais, funcionários públicos, jornalistas,
youtubers, empresários, influencers, terceirizados, autônomos, donas de
casa, enfim, a todos os cidadãos ou cidadãs que a esta altura do
campeonato ainda se colocam na posição de indecisos ou isentos, ou seja,
“acima” da disputa entre Bolsonaro e Lula.
Quero lhes dizer algumas
coisas que talvez os faça refletir melhor sobre seu voto e o pleito.
O
texto é um pouquinho mais longo do que de costume, pelo que peço
desculpas.
Não se trata,
nessa quadra da vida brasileira, da escolha entre dois homens, não é
falar de pessoas e das culpas ou acusações que carregam, mas do Brasil,
do seu futuro que, aliás, já no presente, dá mostras inequívocas do rumo
lastimoso que poderá seguir se o ex-presidiário voltar.
Olhe bem para o
que está acontecendo e verá os sinais da ditadura, expressos em
decisões desarrazoadas, em prisões sem causa definida nem processo
legal, em negação do direito de defesa, em cerceamento da livre
expressão, em parcialidade fragorosa de decisões sobre o que pode e o
que não pode ser dito em na campanha eleitoral, não apenas por um
candidato, [o presidente Bolsonaro, - praticamente, nada pode falar, tudo lhe é proibido - tanto que se a campanha durasse mais uns 15 dias seria proibido dela participar, e o descondenado do perda total, teria o direito de avisar em seus discursos no horário eleitoral que o presidente Bolsonaro não era mais candidato - mesmo sendo uma mentira deslavada, ele está isento da obrigação de cumprir as leis.
Um exemplo: a campanha do presidente Bolsonaro está proibida de veicular vídeo na qual o descondenado petista declara agradece a natureza, por ter criado o vírus da covid-19.] mas por jornalistas e por nós mesmos em nossas redes sociais.
Fatos
provados e comprovados, cujos autores foram longamente processados,
julgados e condenados estão proibidos de serem mencionados sob pena de
ferirem a “ordem eleitoral” (na verdade, os interesses de um dos lados).
No caso recente da empresa Brasil Paralelo,
magnífica plataforma onde se pode ver filmes e documentários e cursos
extraordinários, que anunciou para esta semana uma produção sobre a
tentativa de assassinato sofrida pelo presidente Bolsonaro, chegaram ao
cúmulo de fazerem censura PRÉVIA, quer dizer, antes de algo ser dito, os
autores foram proibidos de dizê-lo.
Ninguém, a não ser os autores sabem
o que está dito no vídeo sobre a tentativa de assassinato (alguma
dúvida de que é um fato?), mas ainda assim estão proibidos de dizê-lo.
Calem-se! Disseram suas excelências antes que os autores abrissem a
boca. A empresa se manifestou em nota e dezenas de jornalistas protestaram. Tá na rede.
No caso da Jovem Pan,
uma empresa com 80 anos de serviços prestados à informação do povo
brasileiro, a decisão emanada estabelece limites ao que o jornalista ou
comentarista pode ou não referir em seu trabalho.
Palavras que possam
ser tidas como ofensivas por determinado candidato não podem ser
pronunciadas. Genocida! Pode. Ditador! Pode. Negacionista! Pode. Mesmo
sendo mentiras óbvias, narrativas vãs, se for contra o Bolsonaro, pode.
Ex-presidiário! Não pode. [mesmo sendo óbvio, vale destacar que o cara esteve preso, foi condenado várias vezes, nove juízes o condenaram, todas as condenações foram confirmadas em três instâncias, mas não pode ser chamado de ex-presidiário = que, sob qualquer ângulo, em qualquer dicionário é o termo mais adequado para definir quem esteve preso = e ELE ESTEVE PRESO.] Corrupto! Não pode. Promotor do petrolão!
Não pode. Mesmo sendo verdade, mesmo sendo resultado de anos de
investigação e trocentas condenações, não pode porque é contra o Lula. O
leitor está me entendendo? Tem a medida do que está acontecendo?
Juristas do quilate de Ives Gandra Martins, Modesto Carvalhosa e o
próprio ex-Presidente do STF Marco Aurélio de Mello se manifestaram
publicamente contra essa obtusidade do TSE.
É uma espécie de
chicoteamento da Constituição Federal no que refere à liberdade de
expressão. Neste caso até a ABERT, controlada pela velha mídia, se obrigou a contestar.
Quem pediu
essa decisão judicial absurdamente autoritária foi um partido político, o
PT, que usa o TSE como se fosse seu braço jurídico e demonstra já no
pedido a sua natureza autoritária, controladora e afrontosa à liberdade
de expressão.
A esquerda mostra assim um pouco de sua face horrenda ao
pretender tratar o TSE como um mamulengo, e ainda há quem tenha a
desfaçatez de nomear “extremista de direita” quem clama por liberdade. É
kafkiano que o censor seja “democrata” e o censurado seja um
“autoritário”.
Pergunto ao
senhor jornalista, senhor médico, senhora professora, senhor músico,
senhora poeta, senhora dona de casa... vocês têm a dimensão da gravidade
deste momento? Preciso lhes dizer? Pois digo.
Significa que a
representação do SEU pensamento através da linguagem está sob controle
antes mesmo que seja expressa.
Nem a ditadura militar foi capaz disso.
Naquela época, ao menos o regime esperava conhecer a obra antes de
censurá-la.
Hoje estamos sendo forçados a segurarmos a “nossa língua”
sobre fatos, fatos! O mensalão não existiu? O petrolão não existiu?
A
lavajato foi um sonho? Não há um ex-presidiário concorrendo às eleições?
Sim, Existiram, tem culpados, mas a “justiça” proibiu que se falasse no
assunto porque o chefe da organização criminosa não gosta.
O que estamos
vendo agora com a possibilidade da eleição do ex-presidiário é a
véspera do parto de um regime historicamente assassino e cruel.
Nossas
liberdades estão por um fiapo, com a conivência de congressistas, de
OAB, de intelectuais e até de jornalistas que deveriam se rebelar contra
essa ignomínia.
Onde estão os milhares que assinaram a tal “carta pela
democracia”? Cadê os artistas que tanto falam de liberdade? Eu sei.
Estão cagando para a democracia, estão omissos achando que do regime
autoritário vão tirar proveito, receber migalhas de poder.
E nós, os
homens e mulheres livres, onde estamos?
Eles estão nos calando e não
estamos fazendo nada.
Estão prendendo inocentes e não estamos fazendo
nada, estão fraudando um processo que deveria ser livre, isonômico e
imparcial.
Estão rasgando a lei à nossa vista e não estamos fazendo
nada.
Os senhores todos acham que poderemos fazer algo depois?
Pois lhes
digo que não. Depois, será tarde e sangrento.
A hora de fazer algo é no
dia 30 de novembro.
Se for preciso, tape o nariz, vire o rosto, mas
vote na liberdade contra o autoritarismo.
Quer conhecer
um cisco sobre o que significa o monstro que está sendo parido nessas
eleições em que a justiça tem lado? Facilito.
Numa tarefa simples, sem
teorização de doutos, leia “O livro Negro do Comunismo”, de Stéphane Courtois, Nicolas Werth, Jean-Louis Panné e Andrzej Paczkowski.
Recomendo também que conheça os discursos dos líderes socialistas no
Foro de São Paulo, prometendo fazer da América Latina uma grande pátria,
integrada politicamente, socialmente, economicamente, culturalmente, ou
seja, com mais de cem anos de atraso, está para nascer no hemisfério
sul uma espécie de União das Repúblicas Socialistas. [criaram até uma sigla: URSAL - União das Repúblicas Socialistas da América Latina; não desistiram, estão apenas reunindo forças para atacarem; cabe a nós, brasileiros e patriotas, no próximo dia 30, eliminarmos pelo VOTO tão maldita ideia. BOLSONARO, neles.] É como se essa
gente tivesse dormido antes da revolução russa e acordasse agora.
Não
viram, ou, não se importam com a tragédia de 100 milhões de mortos que
pesam sobre os ombros do comunismo/socialismo, afinal, segundo Trotsky a
moral que conhecemos é apenas a moral burguesa e não a moral
revolucionária à qual TUDO é permitido.
Enquanto
muitos estão sendo sacrificados e mortos em países socialistas na
vizinhança, por aqui os “isentos” simplesmente pensam que “isso é lá com
eles”. Não é não. É com você, é com seus filhos e netos. Outro dia, um
jovem universitário me perguntou: “eles governaram durante 14 anos e não
fizeram, por que fariam hoje?”. Inocente! Já estão fazendo. Um dos
pilares da democracia já foi tomado.
Vejam aqui o que disse o Lula ao seu amigo Boff e aqui,
secundado pelo ex-presidiário Zé Dirceu recentemente. Experimente
conversar com os venezuelanos que se mandaram de lá para cá, ouça suas
histórias e chore se tiver um coração aí dentro.
Bastaria a
censura que nos impuseram para denunciar o tipo de institucionalidade
que pretendem implantar e, mesmo assim, você vai ficar de biquinho pelas
frases ou gestos infelizes do Bolsonaro? Peço que não, amigo. Peço
fraternalmente para você sair de casa no dia 30 e, pensando no Brasil de
seus filhos e netos, votar em defesa da liberdade, ainda que ela não
venha dourada de promessas “politicamente corretas” ou num prato de
picanha fictícia. Liberdade apenas para ser livre e, creia, não há nada
mais importante a perder. [fechamos mencionando que acabou de ser criado o CRIME DE CONCLUSÃO; o que é: você ler uma matéria sobre determinado assunto e chega a uma conclusão; inadvertidamente, divulga tal conclusão, que o 'ministério da verdade' os 'tribunais da verdade', não consideram certa. Resultado: sua conclusão é errada e você terá que prestar contas pela prática do CRIME DE CONCLUSÃO.]
Valterlucio Bessa Campelo escreve às sextas-feiras no site ac24horas e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do Puggina, na revista Navegos de Franklin Jorge e em outros sites.