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sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

O compromisso

Foi dada a largada. O governo Bolsonaro começa repleto de convicções, embalado pelas esperanças dos brasileiros e crivado de desconfianças sobre seus métodos. O presidente que saiu vitorioso das urnas com uma folgada e convincente vantagem de votos, sem alianças, oriundo de um partido nanico e com propostas nada ortodoxas, alcança o poder para provar que tudo pode ser diferente.

Assim pregou durante toda campanha e trajetória até a posse na terça-feira 1, e dele é esperada a confirmação desse preceito. Em pesquisa recente do Ibope, três em cada quatro brasileiros disseram acreditar que o mandatário está no caminho certo e a maioria absoluta (64%) demonstrou confiar em bons resultados do futuro governante. São números representativamente superiores aos de sua votação, refletindo um recuo na rejeição que ele apresentava de início. Na prática, isso significa que as pessoas estão lhe dando um voto de confiança quanto à melhora do Brasil e de suas próprias vidas. Decerto é natural que mesmo os reticentes ao seu estilo de liderança concedam uma trégua e apostem em transformações positivas. Todos querem um País melhor, progredindo no campo social, político e econômico. 

Há condições concretas para que, em tese, o mandatário atinja o objetivo. A economia entrou nos trilhos. O ciclo virtuoso de curto prazo é favorável, desde a correção de rumo adotada após o desastre das administrações petistas. O ambiente político, por sua vez, é habitualmente receptivo a quem chega credenciado pelo voto popular. E, na transição, a montagem da equipe ministerial foi alinhavada sem maiores barbeiragens – salvo aqui, acolá, nomes notoriamente pouco familiarizados às pastas sob seu comando. No geral, com Sergio Moro na direção da Justiça e Paulo Guedes no controle da Economia, os pilares fundamentais para o ataque às carências históricas e agudas da Nação estão erigidos. O que é preciso então para assegurar que os prognósticos positivos se confirmem?

Impõe-se nesse início que o mandatário defina logo quais as linhas mestras de orientação de sua gestão. As prioridades de largada e os caminhos para alcançá-las. O verdadeiro compromisso de mudança, lavrado e reconhecido pela população que colocou Jair Bolsonaro lá no Planalto. O novo presidente deve deixar de lado as pequenas querelas, as agressões verbais a minorias, dar foco e ênfase aos desafios já conhecidos. Reformas estruturais, ajustes de caixa e bom entendimento com o front externo, para começar. Há tempos difíceis pela frente, aqui e lá fora, sem dúvida. E eles só serão superados com uma real disposição e concentração de forças nesse sentido. A distensão dos ânimos ocorrerá apenas com o fim da escalada do desemprego, a melhoria das condições sociais e do ambiente de negócios, a retomada do desenvolvimento e o firme combate à violência. Sem tirar, nem por, esse é o tamanho do caldeirão que vai cozinhar a receita do governo que entra.

Em outras palavras: está aí delineado um esboço sucinto do compromisso que, certamente, será cobrado diretamente de Bolsonaro. O tempo para mostrar serviço, ou ao menos apresentar estratégias, é curto. No máximo seis meses. Depois daí virão pressões enormes. O Congresso não se apresenta exatamente amigável e só dará crédito às iniciativas do capitão reformado enquanto houver suporte popular. Esse, de sua vez, costuma derreter com o passar dos meses. Para todos os fins e efeitos, a própria ideia de uma “democracia direta”, vendida como a panaceia no dia da diplomação, escancarou um perigoso desconhecimento de como as estruturas de poder funcionam e o necessário balé de rituais e relações que o mandatário precisará cumprir para se dar bem. Tomem-se os exemplos, nada desprezíveis, de dois presidentes atualmente encalacrados. Emmanuel Macron, na França, e Maurício Macri, na Argentina. Ambos desembarcaram nos respectivos cargos festejados como fenômenos políticos, prometendo reviravoltas e a tal conversa direta com a população. Sem “intermediários”. Em boa medida, lograram rotundos fracassos. Macron não consegue dialogar com caminhoneiros, que rejeitam suas políticas restritivas a atividades. Também tem a popularidade em queda acentuada pela insatisfação geral com a falta de resultados. O mesmo repete-se com Macri.

A transformação que representou sua chegada ao poder ficou pelo caminho. O desejo, por ele manifestado, de “destruir o sistema” e iniciar nova era, perdeu-se na ausência de ações concretas e de apoio parlamentar. Bolsonaro não pode sequer arriscar cair na mesma armadilha. A composição, em bases republicanas naturalmente, é condição vital para o sucesso da sua empreitada. E quanto antes o presidente, que dá início agora a sua jornada, perceber isso, melhor. Afinal, o compromisso dele é o mesmo buscado por todos nós.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Nova direita na Europa cresce embalada por jovens




Grupos extraparlamentares formam base de apoio a partidos extremistas


Um ano depois da vitória de Emmanuel Macron na França, que teve o efeito de frear provisoriamente a ascensão de Marine Le Pen, o fantasma da extrema-direita volta a assustar a Europa. Em Áustria, Itália, Eslovênia, Bulgária ou Dinamarca, populistas de direita participam de governos ou estão preparando-se para assumir o poder. No Leste Europeu, o grupo Visegrad, formado por Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia, desafia a União Europeia com a sua política de tolerância zero com refugiados. Mas o que mais preocupa especialistas é a expansão de uma rede de organizações extraparlamentares com representantes em todos os setores da sociedade que formam a base de apoio aos partidos extremistas. Essa nova cultura juvenil é de extrema-direita, e grupos racistas (como o “movimento identitário”) ganharam fôlego com o tema refugiados e já se veem como a reedição da geração de 68, com a diferença de que, ao contrário dos seus pais, preferem hoje o patriotismo e uma sociedade homogênea do ponto de vista étnico.

Para Johanna Bussemer, da Fundação Rosa Luxemburgo, os partidos e organizações da “nova direita” são perigosos porque cumprem as suas ameaças, como indica a última decisão do governo austríaco de aliança conservadora/extrema-direita de fechar mesquitas e deportar imãs, sob a acusação de praticarem o “Islã politico”.  Considerado pelo embaixador americano em Berlim, Richard Grenell, um “popstar”, o chanceler austríaco, Sebastian Kurz, começou a pôr em prática o programa de governo negociado com o extremista Partido da Liberdade, ao anunciar o fechamento de sete mesquitas. 

Como explicou o próprio Kurz, que na próxima semana visita Berlim, a decisão visa a evitar radicais muçulmanos e o surgimento de “sociedades paralelas”. Mas seus críticos, como Helgard Kramer, socióloga e cientista política da universidade da cidade tcheca de Ostrov, reagiram alarmados:
— Esse programa poderia ter saído também da pena do movimento identitário austríaco.


 Nas ruas. Integrantes do movimento identitário se veem como “a nova geração de 68”, mas em defesa de um continente etnicamente homogêneo - Divulgação



ROCK CONSERVADOR
Os identitários da Áustria são um dos mais fortes da Europa de um movimento que vê a homogeneidade étnica do continente ameaçada pelo excesso de imigrantes de outras etnias. Como o Pegida de Dresden, atuam através da sua rede de apoiadores que praticam ações de grande visibilidade no estilo da ONG Greenpeace para aumentar a popularidade do grupo. Um exemplo do efeito do trabalho das bases da nova direita é Götz Kubitschek, proprietário da Editora Antaios. Com o livro “Finis Germania”, do jornalista Peter Sieferle, a Antaios ajudou o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) e os identitários. A legenda foi eleita pela primeira vez para o Parlamento federal e os identitários ficaram conhecidos em todo o país com a ajuda do mecenas.

“Finis Germania” é um best seller que aborda o “perigo” do desaparecimento da etnia alemã em consequência da imigração em massa, tema que mais movimenta a nova direita. Kubitschek, de 46 anos, é o seu ideólogo. Com a editora — que tem outros títulos, como a revista “Sezession” — ele ajuda a tornar populares os temas de interesse da direita. O debate sobre os assuntos lançados por Kubitschek influencia os jovens a aderir aos partidos e organizações extraparlamentares.  — Esses jovens da nova direita são a nova geração de 1968. Em comum com os 68, eles têm o interesse pela música pop. O rock de extrema-direita é apreciado até por jovens que não se interessam por política, como os irmãos de Daniel Fiss, vice-chefe do movimento identitário da Alemanha.

Mas aí terminam os pontos em comum. Para a nova direita, um elemento importante do espírito patriótico é o restabelecimento da homogeneidade étnica através da “frente ideológica de combate à imigração e ao multiculturalismo”. — Não somos monstros. Queremos apenas abrir o debate sobre quanta imigração a Europa é capaz de absorver — afirmou Fiss.

A biografia do estudante de ciências políticas da Universidade de Rostock é um exemplo sobre como a nova direita procura ser simpática, evita as polêmicas como elogiar nazistas ou negar o Holocausto, mas tem no seu programa a mesma meta racista. Os identitários atuam desde o ano passado no Mediterrâneo para salvar os fugitivos da morte por afogamento, mas devolvendo-os à África.  Para Johanna Bussemer, a nova direita está crescendo também por motivos econômicos.  — A desigualdade social aumentou na Europa, e os mais pobres ficam vulneráveis ao apelo dos extremistas. Isso explica porque ela é mais forte nos países do Leste Europeu — sustentou.

Mas Fiss, dono de uma gráfica, destacou que ele e seus colegas não têm motivação apenas material. O estudante vive com os pais e dois irmãos na cidade portuária de Rostock, onde praticamente não vivem imigrantes. Mas ainda assim ele se engaja na extrema-direita contra a ameaça fantasma.  — Cada país tem o direito de decidir se quer ou não imigrantes — afirmou Fiss.
Nos eventos do grupo, a formulação é menos cautelosa. No estilo do livro “Finis Germania”, os encontros são realizados com debates contra a globalização e a favor da homogeneidade étnica.

Fundado na França, em 2003, o movimento identitário expandiu-se rapidamente na Europa. No início, não foi visto como extremista pelo seu distanciamento dos nazistas clássicos.  — Nós não negamos o Holocausto, consideramos a ditadura nazista criminosa, mas assim mesmo não queremos ver as nossas cidades com grandes populações de minorias estrangeiras — concluiu.

 

domingo, 30 de julho de 2017

Há um jeito de melhorar

A reforma política só sai se proposta por presidente forte


O Brasil já deve estar farto de ouvir falar em reforma política. E, como há anos só vê a coisa patinar no terreno das piores intenções, tem todo o direito de crer na máxima pessimista segundo a qual não há risco de, por essa via, a política melhorar.  Antes de concluir que assim é e sempre será no mundo inteiro porque a democracia representativa vive uma crise universal, olhemos a França. Às voltas com uma crise política, os franceses rejeitaram fantasias à direita e à esquerda, foram ao centro da questão, apostaram na normalidade e elegeram Emmanuel Macron.

O.k., não se podem usar critérios iguais para realidades diferentes. França é Paris, Brasil, Bra­sília. Há, no entanto, ensinamentos contidos no exemplo. Na posse de força política decorrente da eleição recente e de robusto (59%) apoio popular, Macron deu a largada no mandato propondo ao parlamento uma reforma política: redução de um terço no número de parlamentares (são para mais de 900 por lá), limite à possibilidade de reeleição e substituição do sistema de voto distrital puro por distrital misto.

Mudanças substantivas, difíceis de ser aceitas pelos parlamentares, mas ainda assim postas à mesa. Se elas forem do agrado da população, o Congresso que se vire com a opinião do público. Aqui ocorre o oposto: os presidentes quando eleitos só querem saber da opinião do Congresso sobre a sustentação do governo, o que passa a léguas de distância de uma reforma política digna do nome. Estamos, pela enésima vez, diante da questão: uma proposta de reforma política indigna do nome, cuja ideia básica é criar uma despesa de 3,5 a 6 bilhões de reais, conforme o cálculo da receita líquida da União, para financiar as campanhas eleitorais dos partidos falidos desde que proibidos de receber aportes de empresas ora investigadas por corrupção.

O nome é ironicamente pomposo: fundo especial de financiamento da democracia, criado para capturar 0,5% do Tesouro. Isso além dos 820 milhões de reais reservados ao chamado fundo partidário. Sem contar a renúncia fiscal das emissoras de rádio e televisão decorrente do horário eleitoral. Uma baba, coisa de no mínimo 4 bilhões de reais. Para financiar a democracia? Ora, pois, ela se sustenta em outros pilares, entre os quais o exercício da soberania pelo povo, cujo bolso não está em jogo.

Voltemos um instante à França, para examinar a questão do financiamento de campanha. Há participação de dinheiro público no processo? Há. Da seguinte forma: os candidatos podem requerer reembolso de 47,5% das despesas, desde que obedecido um teto de gastos. Pouco mais de 150 000 reais para deputados e uma faixa entre 59 milhões e 80 milhões de reais para os candidatos à Presidência, considerados os dois turnos da eleição.

De onde a discussão da reforma política na França não é sobre “quanto” se gasta, mas sobre “como” e “por que” se elege um candidato. Um exemplo, se não a ser seguido, ao menos a servir como caso a pensar.
 
Fonte: VEJA - Dora Kramer
 
 

quinta-feira, 15 de junho de 2017

A falta que nos faz um Macron

Não tem Lava-Jato na França, mas há uma clara rejeição à roubalheira, aos privilégios e ao modo de ser dos políticos

Em abril de 2016, Emmanuel Macron, então ministro da Economia da França, fundou um novo partido, o Em Marcha. Apenas 13 meses depois, elegeu-se presidente do país. E no próximo domingo, no segundo turno das eleições legislativas, seu partido deve conseguir mais de 400 cadeiras, uma maioria inédita na Assembleia Nacional, que tem 577 deputados.  E tudo isso sem um pingo de populismo. Ao contrário, marcou claras posições nos temas considerados mais delicados. No último debate da campanha presidencial, o moderador perguntou aos candidatos: qual sua posição em relação à Previdência?
Respondeu primeiro Marine Le Pen, da extrema-direita: “Vou reduzir a idade mínima de aposentadoria de 63 para 60 anos”.  Macron não se assustou. Não apenas disse que manteria os 63 anos, como afirmou que essa idade seria progressivamente elevada, conforme as taxas de envelhecimento da população.
Ganhou com 66% dos votos.

No discurso de posse, confirmou sua agenda definida como “radical de centro”: reformas da Previdência e da legislação trabalhista, maior rigor e restrição na concessão de seguro-desemprego, tornar o ambiente de negócios mais amigável para os empreendedores e privatizações.  Começou, aliás, por preparar a privatização dos aeroportos, da Infraero lá deles. Por aqui, o leitor e a leitora já percebem por que estamos falando disso. Há muitas lições para o Brasil vindas da França de hoje.

Antes de fundar seu partido, Macron cabia bem na definição de capitalista, humanista e tecnocrata. Tinha sido banqueiro (sócio no Rotschild), com formação de filósofo, administrador e economista. Chegou ao Ministério da Economia (do governo de François Hollande) sem nunca ter disputado uma eleição.  Deixou o governo quando confirmou que a velha política era velha mesmo, incapaz da mudança de rumos de que a França precisava.

Desde o início dos anos 2000, as lideranças políticas e sociais debatem sobre como tirar a França da armadilha do baixo crescimento, desemprego alto e perda de investimentos. Perda para a Alemanha, por exemplo, que fez as reformas em 2002 — essas agora encaminhadas por Macron.  Por aí se vê que, embora tenha estado na velha política, Macron representou o novo na economia e na política.

Sabem como o Em Marcha escolheu candidatos para as eleições legislativas? Abriu inscrições pelo site. Mais de 19 mil franceses se inscreveram, em igualdade de condições. Quer dizer, o fato de ser deputado ou vereador não fazia diferença.  Feita a seleção interna, o partido apresentou 525 candidatos, dos quais 251 nunca haviam disputado uma eleição. O primeiro turno foi domingo passado. O Em Marcha venceu de lavada, e as projeções indicam que pode levar mais de 400 cadeiras no segundo turno, domingo que vem.

Os dois partidos tradicionais, que vinham se alternando no governo, o Socialista e o Republicano, estão sendo arrasados. Idem para os partidos extremistas à esquerda e à direita. Aqui, a velha política é arrasada pela corrupção. Não tem Lava-Jato na França, mas há uma clara rejeição à roubalheira, aos privilégios e ao modo de ser dos políticos. Por exemplo, o candidato favorito pelas pesquisas era o conservador François Fillon, considerado um quadro sério. Despencou quando se revelou que ele empregava mulher e filho em seu gabinete de deputado, sendo que uma e outro nunca eram encontrados no local de trabalho.

Fillon ainda tentou explicar. Disse que sua mulher corrigia seus discursos. Não colou, claro.
Temos muitos Fillons por aqui. E gente pior.  Onde estará nosso Macron?  Aos pretendentes, a agenda apresentada pelo francês é muito clara. Trata-se de uma verdadeira revolução democrática. O candidato deve ser conservador em matéria de economia equilíbrio das contas públicas, redução do tamanho do Estado, simplificação e redução da carga tributária, além das reformas. Em resumo, livre mercado e globalização — um sistema no qual a competição e a eficiência valham mais que as relações de bastidores com os governantes e seus partidos.

No social, a agenda é progressista: pelo amplo direito de aborto; casamento é união entre duas pessoas, sejam de sexos diferentes ou do mesmo; pelos direitos LGBT; as famílias mudam ao longo da vida; os imigrantes são bem-vindos. [em termos econômicos Macron tem um excelente programa - alguns itens estão entre os que Temer pretende realizar, se deixarem; 
já no aspecto social seu programa é uma porcaria, uma droga, uma m ...; deve ser combatido e rejeitado com rigor. Pretende começar pelo assassinato de seres humanos inocentes e indefesos, destruir a FAMÍLIA e imigração livre, mesmo que isso prejudique aos nascidos na França.] 

Em resumo, nosso Macron não pode ser uma pessoa alheia à política atual, mas precisa ser capaz de separar-se dela e ser franco em relação à sua agenda. E, claro, fora da Lava-Jato.
Conhecem alguém? [felizmente nas eleições 2018 o Brasil terá o seu Macron, sem os defeitos que o da França possui na agenda social.]

Fonte: O Globo - Carlos Alberto Sardenberg, jornalista