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terça-feira, 29 de outubro de 2019

Argentina volta aos peronistas - Míriam Leitão

O Globo

Quando o presidente Maurício Macri tomou posse, em dezembro de 2015, um dólar valia 9,74 pesos. Ele deixará o governo com uma taxa próxima de 60 pesos. A moeda americana teve uma valorização de 500% nesse período. Para um país no qual o dólar sempre foi a grande referência econômica, é uma medida do fracasso. É bem verdade que parte da alta ocorreu agora, desde as primárias, indicando a volta do peronismo, quando subiu de 45 para 60. Ontem, a primeira medida do BC foi apertar mais o câmbio.

O eleitor argentino escolheu trazer os peronistas de volta, uma vez mais, mas ao mesmo tempo deu um sinal à direita de que ela pode continuar no jogo político. Na economia, o presidente eleito, Alberto Fernández, terá que imediatamente sair da ambiguidade que conseguiu manter durante a campanha. Os argentinos deram a ele a Presidência sem saber qual era seu plano econômico, nem quem ele nomearia para os cargos-chave da área. Ontem, o presidente eleito escolheu quatro pessoas para tratar da transição, nenhum deles é economista. A crise não deixará muita margem para esperar: o país está com uma inflação de mais de 50%, um acordo com o FMI em compasso de espera e falta de dólares em reservas. A forte desvalorização após as primárias certamente pressionará a inflação nesta curta transição.

Não foi a lavada que se prenunciava, após as primárias, mas o peronismo-kirchnerista teve uma vitória robusta. Ganhou não só no primeiro turno como venceu com Axel Kicillof na província de Buenos Aires, derrotando a governadora em exercício, María Eugenia Vidal, que é muito ligada a Maurício Macri. Por outro lado, o resultado das urnas reduziu a distância entre vencedor e vencido, e o Cambiemos, de Maurício Macri, terá uma bancada importante na Câmara e no Senado para fazer oposição.


Tudo é volátil na democracia, por isso mesmo o vencedor tem que se manter atento. Há quatro anos, a derrota do kirchnerismo aconteceu com requintes de complicações. O país estava em crise econômica, a inflação subindo e com o índice manipulado, os preços da energia mantidos artificialmente, o país com baixa reserva cambial. O peronismo estava dividido em várias correntes. O movimento sindical também estava dividido entre o apoio ou não ao kirchnerismo. A ex-presidente Cristina Kirchner começava a enfrentar investigações de corrupção.

O presidente Maurício Macri prometeu mudar a economia do país, corrigir os artificialismos, o populismo, combater a inflação, resolver os problemas com reformas liberais. Quando assumiu, afirmou que estava começando a mudar a Argentina “para sempre”. Foi visto como arrogante. E estava sendo mesmo. Ele agravou a crise e agora, quatro anos depois, passará o governo de volta aos peronistas. Ontem, um humilde e educado Macri recebeu para o café da manhã o presidente eleito Alberto Fernández e declarou: “Nunca pensei que fosse terminar líder da oposição.”

De Fernández, pode-se dizer tudo menos que não seja surpreendente. Num país em que não é comum a troca de lado, ele trabalhou na administração de Raúl Alfonsín, no governo de Carlos Menem, foi chefe de gabinete de Néstor Kirchner, depois de Cristina Kirchner, brigou, se afastou do kirchnerismo e agora comanda a sua volta ao poder.  A grande questão agora é que tipo de condução econômica os peronistas vão oferecer ao país. Com cofres exauridos, reservas esgotadas, um acordo com o FMI em suspenso e em recessão, não há espaço para medidas populistas. Além disso, haverá sem dúvida tensão entre o presidente e sua vice, Cristina Kirchner Fernández. Em comum os dois têm apenas o nome. Alberto Fernández tem que consolidar sua liderança, mas sua vice mostrou um grande vigor eleitoral e dificilmente aceitará um papel apagado.

O Brasil deu ontem vários sinais de animosidade política. Da declaração do presidente Bolsonaro de que não iria cumprimentar o eleito porque “os argentinos escolheram mal”, até o chanceler Ernesto Araújo, que afirmou: “As forças do mal estão celebrando”. Brasil e Argentina já enfrentaram muitas dissonâncias e aprenderam a conviver com elas. A queda do comércio entre os dois países aprofundará a crise dos dois lados da fronteira.

Míriam Leitão, jornalista - Coluna em O Globo
 
 

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Por que não te calas, capitão! - Veja

Ricardo Noblat 

A erupção dos instintos mais primitivos

Se não for pedir demais, roga-se a algum membro sensato do governo, dotado de razoável inteligência e com acesso ao capitão Bolsonaro que explique a ele o risco que corre o Brasil com suas intempestivas declarações a respeito de tudo e de qualquer coisa. Que o faça, é claro, com cuidado, bons modos e didatismo. Se for o caso, em ambiente no qual ele se sinta seguro e acolhido – de preferência na presença da mulher ou de algum dos filhos. E sem medo de alguma explosão de cólera que venha a provocar.

Pois é admissível que o modo de ser do capitão funcione aqui dentro a seu favor, haja vista que se elegeu com folga e governa apesar da quantidade de absurdos já ditos ou justamente por dizê-los. Mas, lá fora, o estrago tem sido grande e poderá piorar. Está bem que por ignorância e falta de assessoria à época ele tenha imaginado que ajudaria Maurício Macri a se reeleger indo à Argentina recomendar o voto nele. Lula e Dilma não se meteram em tantas eleições alheias? Por que ele não poderia copiá-los?  Mas uma vez que os argentinos votaram em eleições primárias e disseram um rotundo “não” a Macri, Bolsonaro reagir, como o fez, com a ameaça de rever o acordo do Mercosul, soará no país amigo como mais uma intromissão em assunto que não lhe compete.

E o que dizer da afirmação de Bolsonaro de que a provável eleição do candidato apoiado pela ex-presidente Cristina Kirchner resultará numa fuga em massa de argentinos para o interior do Rio Grande do Sul como aconteceu com venezuelanos em Roraima? O capitão foi deselegante com o presidente francês e a primeira-ministra alemã Ângela Merkel ao sugerir que não tivera o menor prazer em encontrá-los no Japão durante a reunião dos chefes de Estado das 20 maiores economias do mundo, em janeiro.

O francês e a alemã são figuras chaves para que a comunidade dos países europeus firme um acordo econômico com o Mercosul que se arrasta há 20 anos. O capitão parece pouco ligar para a preocupação deles com a preservação do meio ambiente. Colheu o que plantou: a Alemanha congelou parte do dinheiro que manda para projetos de defesa da Amazônia. A Noruega, outra doadora de dinheiro com igual finalidade, deverá proceder em breve da mesma maneira. E quem perderá com isso?

[A Noruega não pode criticar o Brasil, porque extrai petróleo no Ártico, mata baleias e umaempresa norueguesa provocou um desastre ambiental em Barcarena, no Pará; 

quanto ao interesse norueguês e alemão pela Amazônia, é  porque estão investindo ali e precisam dar satisfação a seus contribuintes.]

Bolsonaro reagiu ao estilo bronco de um capitão, atento acima de tudo aos humores dos seus devotos broncos: querem comprar a Amazônia a prestações, mas ela é nossa. E não precisamos de dinheiro dos outros. (Alô, alô! Como não precisamos cara pálida?) O mais grave é que como o capitão pensam os generais de pijama que o cercam, batem continência e se contentam em garantir seus empregos, além de generais fardados. O capitão melhor do que ninguém desperta os instintos mais rudes e primitivos da tropa.



Blog do Noblat - Veja


segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Batistti na Itália, armas, Trump e Davos: Talento à moda Bolsonaro

Presidente embarca para participar do Fórum Econômico Mundial


É inevitável reconhecer, frente ao recente episódio e as repercussões da prisão de Cesare Battisti – o condenado fugitivo precariamente disfarçado, apanhado durante prosaico passeio de fim de tarde na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra: Bolsonaro e seu governo, à moda e seu jeito próprios, têm demonstrado Talento (com maiúscula mesmo) e senso de direção, em seguida à largada mambembe e o bate-cabeça inicial dos novos donos do poder. Destaques exemplares, além do caso Batistti: a assinatura do decreto da posse de armas e o encontro com o colega argentino, Maurício Macri, de forte impacto político continental, que balançou o inerte Mercosul e fez tocar o alarme no regime de Maduro, na Venezuela.

E a cereja do bolo pode estar ainda à espera do mandatário brasileiro, semana que vem, na distante e fria Suíça. Neste domingo, Bolsonaro embarca para participar do Fórum Econômico Mundial de Davos, onde fará sua estréia internacional. Na comitiva leva estrelas de primeira grandeza: os superministros Paulo Guedes, da Economia; Sérgio Moro, da Justiça e Segurança; e o agitador chanceler Ernesto Araújo, de polêmicas garantidas com “as esquerdas” .  Sem as presenças dos presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos (declarado fã do capitão) e da França, Emmanuel Macron, a expectativa é que o mandatário do Brasil se transforme em uma das principais atrações de Davos 2019.

Sei que muita gente – principalmente a turma ligada aos donos do poder nos últimos quase 15 anos, ou deles beneficiária em seus interesses, mamatas e falcatruas – vai torcer o nariz, mas cito fatos jornalísticos. Faço também um esclarecimento de ordem política, conceitual e de princípios, retirado do livro “Rompendo o Cerco”, cujo exemplar recebi pessoalmente das mãos de Ulysses Guimarães – com honrosa e inestimável dedicatória -, depois da cobertura pelo Jornal do Brasil (cuja redação da sucursal eu chefiava então em Salvador), na “noite dos cães selvagens” açulados pelas tropas de elite da PM contra o presidente do MDB, em dramático e insano 1º de Maio, na Bahia, nos Anos 70 de embates contra a ditadura e de quase todas as loucuras.

Talento é o terceiro mandamento do Estatuto do Estadista, cujo enunciado diz: Não há estadista burro. Há de ser talentoso, embora possa não ter cultura. Tiradentes e Juarez não tiveram cultura, mas foram estadistas porque tiveram talento político. Talento é o dom de acertar”…

Fatos
É disso que se trata aqui e agora. Goste-se ou não do que pensa, diz e faz o capitão da reserva do Exército, eleito com mais de 57 milhões votos para mandar no Palácio do Planalto, nos próximos quatro anos (pelo menos). O caso Batistti é exemplo cabal de visão em perspectiva política e histórica, atributo em falta na maioria dos políticos e governantes do País.

Com negociações diplomáticas ágeis e objetivas dos três governos diretamente envolvidos no caso, desde a prisão, no sábado, até o embarque do criminoso, em vôo direto, Santa Cruz de La Sierra/Roma, patrocinado pelo governo italiano, para – depois de 37 anos de fugas e estranhos benefícios, – o condenado pela justiça da Itália começar efetivamente a cumprir pena de prisão perpétua, em penitenciária de máxima segurança, numa ilha na Sicília, de onde ninguém até agora conseguiu fugir.

É isto, por enquanto, e não é pouco. Agora esperemos o que virá em Davos, e depois. A conferir.

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitor_soares1@terra.com.br
Blog do Noblat - Veja
 

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

O compromisso

Foi dada a largada. O governo Bolsonaro começa repleto de convicções, embalado pelas esperanças dos brasileiros e crivado de desconfianças sobre seus métodos. O presidente que saiu vitorioso das urnas com uma folgada e convincente vantagem de votos, sem alianças, oriundo de um partido nanico e com propostas nada ortodoxas, alcança o poder para provar que tudo pode ser diferente.

Assim pregou durante toda campanha e trajetória até a posse na terça-feira 1, e dele é esperada a confirmação desse preceito. Em pesquisa recente do Ibope, três em cada quatro brasileiros disseram acreditar que o mandatário está no caminho certo e a maioria absoluta (64%) demonstrou confiar em bons resultados do futuro governante. São números representativamente superiores aos de sua votação, refletindo um recuo na rejeição que ele apresentava de início. Na prática, isso significa que as pessoas estão lhe dando um voto de confiança quanto à melhora do Brasil e de suas próprias vidas. Decerto é natural que mesmo os reticentes ao seu estilo de liderança concedam uma trégua e apostem em transformações positivas. Todos querem um País melhor, progredindo no campo social, político e econômico. 

Há condições concretas para que, em tese, o mandatário atinja o objetivo. A economia entrou nos trilhos. O ciclo virtuoso de curto prazo é favorável, desde a correção de rumo adotada após o desastre das administrações petistas. O ambiente político, por sua vez, é habitualmente receptivo a quem chega credenciado pelo voto popular. E, na transição, a montagem da equipe ministerial foi alinhavada sem maiores barbeiragens – salvo aqui, acolá, nomes notoriamente pouco familiarizados às pastas sob seu comando. No geral, com Sergio Moro na direção da Justiça e Paulo Guedes no controle da Economia, os pilares fundamentais para o ataque às carências históricas e agudas da Nação estão erigidos. O que é preciso então para assegurar que os prognósticos positivos se confirmem?

Impõe-se nesse início que o mandatário defina logo quais as linhas mestras de orientação de sua gestão. As prioridades de largada e os caminhos para alcançá-las. O verdadeiro compromisso de mudança, lavrado e reconhecido pela população que colocou Jair Bolsonaro lá no Planalto. O novo presidente deve deixar de lado as pequenas querelas, as agressões verbais a minorias, dar foco e ênfase aos desafios já conhecidos. Reformas estruturais, ajustes de caixa e bom entendimento com o front externo, para começar. Há tempos difíceis pela frente, aqui e lá fora, sem dúvida. E eles só serão superados com uma real disposição e concentração de forças nesse sentido. A distensão dos ânimos ocorrerá apenas com o fim da escalada do desemprego, a melhoria das condições sociais e do ambiente de negócios, a retomada do desenvolvimento e o firme combate à violência. Sem tirar, nem por, esse é o tamanho do caldeirão que vai cozinhar a receita do governo que entra.

Em outras palavras: está aí delineado um esboço sucinto do compromisso que, certamente, será cobrado diretamente de Bolsonaro. O tempo para mostrar serviço, ou ao menos apresentar estratégias, é curto. No máximo seis meses. Depois daí virão pressões enormes. O Congresso não se apresenta exatamente amigável e só dará crédito às iniciativas do capitão reformado enquanto houver suporte popular. Esse, de sua vez, costuma derreter com o passar dos meses. Para todos os fins e efeitos, a própria ideia de uma “democracia direta”, vendida como a panaceia no dia da diplomação, escancarou um perigoso desconhecimento de como as estruturas de poder funcionam e o necessário balé de rituais e relações que o mandatário precisará cumprir para se dar bem. Tomem-se os exemplos, nada desprezíveis, de dois presidentes atualmente encalacrados. Emmanuel Macron, na França, e Maurício Macri, na Argentina. Ambos desembarcaram nos respectivos cargos festejados como fenômenos políticos, prometendo reviravoltas e a tal conversa direta com a população. Sem “intermediários”. Em boa medida, lograram rotundos fracassos. Macron não consegue dialogar com caminhoneiros, que rejeitam suas políticas restritivas a atividades. Também tem a popularidade em queda acentuada pela insatisfação geral com a falta de resultados. O mesmo repete-se com Macri.

A transformação que representou sua chegada ao poder ficou pelo caminho. O desejo, por ele manifestado, de “destruir o sistema” e iniciar nova era, perdeu-se na ausência de ações concretas e de apoio parlamentar. Bolsonaro não pode sequer arriscar cair na mesma armadilha. A composição, em bases republicanas naturalmente, é condição vital para o sucesso da sua empreitada. E quanto antes o presidente, que dá início agora a sua jornada, perceber isso, melhor. Afinal, o compromisso dele é o mesmo buscado por todos nós.

domingo, 6 de maio de 2018

Novo estelionato em construção

Dizer que aumento do gasto público é autofinanciável é populismo explícito

O professor do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas, “meca” do pensamento heterodoxo brasileiro) Marcio Pochmann, responsável pelo programa do candidato do PT, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no domingo passado (29), afirmou: “O fundamental no início do governo é um programa de emergência, que permita ao país sair da crise e voltar a crescer. Nós entendemos que a questão fiscal se resolve com volta do crescimento”.

É tanta bobagem que tenho dificuldade de acreditar que Pochmann de fato acredita no que falou. O crescimento já voltou —no ano passado, crescemos 1%, e, neste ano, a expansão será próxima de 2,6%—, além de sabermos que a economia não atende as condições do moto-perpétuo. Isto é, impulso fiscal não gera crescimento suficientemente forte para reduzir a dívida como proporção da renda nacional.  A política do pé na máquina foi empregada inúmeras vezes no Brasil. Antonio Delfim Netto no fim dos anos 1970, Dilson Funaro em 1985 e, mais recentemente, Dilma Rousseff em seu primeiro mandato. Sempre com resultados desastrosos.  Donald Trump aparentemente concordaria com cada palavra de Pochmann. Também o governo de Cristina Kirchner aplicou a ideia do moto-perpétuo. Mauricio Macri luta até hoje, sem grande sucesso, para reduzir inflação que insiste em rodar a 25% ao ano. Sem falar do caso da Venezuela.
Por outro lado, Pochmann foi contra o ajuste fiscal promovido pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, que está na raiz do bom desempenho dos oito anos daquela administração.

Ou seja, Pochmann está simplesmente errado. A estultice contida na fala dele não está associada a proposições que tipicamente polarizam esquerda e direita. Pode-se defender maior progressividade dos impostos para combater a desigualdade. Seria uma proposição de esquerda, segundo Norberto Bobbio. Pode-se argumentar que a maior progressividade teria efeitos perversos sobre a eficiência e, consequentemente, o crescimento. Seria proposição de direita, segundo Norberto Bobbio. Ambas as proposições são defensáveis, e um economista, além de medir os custos e os benefícios de cada uma delas, nada teria mais a dizer sobre elas. São temas eminentemente políticos. É necessário um juízo de valor subjetivo para decidir. Somente a política tem essa delegação.

Já a proposição de que o aumento do gasto público é automaticamente autofinanciável é simplesmente errada.  Não estamos no terreno do debate de ideias esquerda versus direita. Trata-se de populismo explícito. Há profissionais de economia que se prestam a esse serviço. Tanto na esquerda quanto na direita. Assim, minha interpretação é que o grupo político ao qual Pochmann está associado tem a avaliação de que é de seu interesse embarcar em uma campanha eleitoral escondendo da população, como fizera em 2014, os reais desafios do país. Um novo estelionato eleitoral encontra-se em gestação.

Tudo o que um político deseja é um profissional de economia, com alguma credencial acadêmica, que diga que os problemas se resolvem estimulando o crescimento. Nos meus 55 anos de vida, já vi esse discurso, pela direita e pela esquerda, inúmeras vezes. Nunca terminou bem.  Vale lembrar que Pochmann foi também contrário à focalização do gasto social nas famílias de menor renda, embrião do programa Bolsa Família. Era política pública dos neoliberais do Banco Mundial.

Samuel Pessôa, pesquisador do Ibre-FGV