Terceira lista de civis que receberam permissão para sair do enclave palestino em meio à guerra foi divulgada nesta sexta-feira
Pessoas próximas a uma ambulância danificada em ataque israelense em frente ao hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza — Foto: MOMEN AL-HALABI / AFP
'Havia corpos ensanguentados por toda parte', conta médico de ONG sobre bombardeio que atingiu comboio de ambulâncias em Gaza
Médicos Sem Fronteiras dizem que ataque de Israel a ambulâncias do Al-Shifa foi 'violência injustificada'
— Estávamos parados no portão do hospital quando a ambulância foi atingida bem na nossa frente. Havia corpos ensanguentados por toda parte. Muitos morreram imediatamente, enquanto outros foram levados às pressas para a sala de cirurgia para atendimento de emergência — disse Obaid, por meio de uma postagem dos Médicos Sem Fronteiras, na rede social X.
"Apelamos repetidamente a um cessar-fogo imediato e total, para a proteção das instalações de saúde, bem como dos médicos, pacientes e pessoas que aí se abrigam", afirmam os MSF, em comunicado na rede social X. "Os repetidos ataques a hospitais, ambulâncias, zonas densamente povoadas e campos de refugiados são vergonhosos. Quantas pessoas terão de morrer antes que os líderes mundiais acordem e peçam um cessar-fogo?", questionaram.
O ataque ao comboio de ambulâncias causou indignação internacional. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse por meio de nota que ficou "horrorizado. “As imagens dos corpos espalhados na rua em frente ao hospital são comoventes”, acrescentou.
O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou na rede social X (ex-Twitter) estar “chocado com os relatos de ataques a ambulâncias”. “Reiteramos: os pacientes, o pessoal de saúde, as instalações e as ambulâncias devem estar protegidos em todos os momentos. Sempre”, acrescentou.
A Coordenadora de Assuntos Humanitários da ONU, Lynn Hastings, declarou-se “alarmada” com uma operação dirigida contra “pacientes que estavam sendo evacuados” da área para "locais seguros". Segundo informações do jornal The New York Times, os ataques aéreos continuaram a atingir a cidade de Gaza nas proximidades de hospitais e escolas neste sábado. Israel reiterou sua ordem aos civis para deixarem o norte de Gaza . Um porta-voz militar israelense escreveu na rede social X que suas forças no terreno em Gaza “permitiriam o tráfego” na estrada Salah al-Din, a principal do enclave, na parte da tarde deste sábado.
Palestinos feridos e estrangeiros de várias nacionalidades tentam atravessar para o Egito desde o início da guerra, no dia 7 de outubro. Mas a passagem de Rafah permaneceu fechada até a última quarta-feira. Autoridades americanas afirmavam que o Hamas impedia a saída de cidadãos estrangeiros e que o grupo fazia exigências "absurdas", mas sem detalhá-las.
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