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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Putin chama autoridades ucranianas de 'neonazistas' e pede para exército 'tomar o poder'

Governo russo diz que está disposto a negociar o fim da guerra, mas pode destituição do poder da Ucrânia

O presidente russo, Vladimir Putin, disse, nesta sexta-feira (25/2), que está disposto a negociar o fim da guerra com a Ucrânia. Porém,  Putin apelou para o exército ucraniano que "tome o poder" do país e destitua o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky"Tomem o poder em suas mãos. Acho que vai ser mais fácil negociar entre vocês e eu", disse.[não somos especialistas (aliás depois das mancadas dos chamados especialistas em covid-19, erraram todos os 'chutes', queremos distância dos assim denominados.) Temos a quase certeza que a saída do Ze4lensky é inevitável. Tem agido como um sem noção - será resquício da  profissão anterior? Deixa a impressão que arrumou uma guerra para outros países guerrearem  e estava preparado para ser espectador.]
 
Em pronunciamento à nação, o líder russo chamou as autoridades ucranianas de "terroristas", uma 'gangue de viciados em drogas e neonazistas'. Ele acusou o país do leste europeu de estar usando civis como escudos humanos. 

Neste momento, o exército russo já está na capital Kiev. Segundo o porta-voz da Rússia, Dmitri Peskov, Putin aceitou enviar uma delegação para Minsk, em Belarus, para discutir o fim da guerra. A cidade já recebeu anteriormente negociações e acordos de paz entre os dois países. Os russos esperam que a Ucrânia renuncie a entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e na União Europeia. 

Correio Braziliense - Com informações da AFP


terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Como Putin converteu Rússia em 'potência masculina mundial' e inspirou líderes como Trump e Bolsonaro - BBC

  • Mariana Sanches - @mariana_sanches
  • Da BBC News Brasil em Washington
Putin e Bolsonaro se cumprimentam durante encontro em 2019

Crédito, Marcos Corrêa/PR - Putin e Bolsonaro já se encontraram anteriormente, em novembro de 2019

Presentes eróticos para comemorar o aniversário de Putin, no poder na Rússia há mais de duas décadas, são apenas um elemento da exaltação pública costumeira a uma característica central na personalidade do líder russo. Putin se tornou um modelo de virilidade e masculinidade a inspirar políticos ao redor do mundo, como o americano Donald Trump, o húngaro Viktor Orban e o brasileiro Jair Bolsonaro, que embarcou nesta segunda-feira (14/2) para Moscou com objetivo de se reunir com o chefe de Estado russo.

Além do episódio do helicóptero dos bombeiros, Putin já se deixou fotografar em uma série de situações másculas. Derrubou adversários num tatame em lutas de judô. Examinou os dentes de um urso polar no Ártico e de um tigre na Sibéria, ambos anestesiados. Pilotou um submarino e um barco e voou em uma espécie de asa delta motorizada

Posou de rifle em punho (e sem camisa) durante caçada na Sibéria. Surgiu de dorso nu em cavalgadas e pescarias. Preparou um churrasco. Exibiu-se com uma pistola em um estande de tiro ao alvo. Ou apenas apareceu em roupas esportivas enquanto treinava os músculos do peitoral, na academia. 

Nenhum dos registros foi fortuito, fruto do trabalho de fotógrafos paparazzi. "É um trabalho de imagem pensado e executado pelo Kremlin. E, como a internet ainda é largamente livre na Rússia, se algo escapa ao controle e ofende ou desagrada, o governo russo pune", disse à BBC News Brasil Valerie Sperling, professora da Clark University, em Massachussets, e autora do livro Sex, Politics and Putin (Sexo, Política e Putin, em tradução livre).

Com altas taxas de popularidade, mesmo quando descontada a possível coerção sobre a população em um regime crescentemente autoritário, especialistas argumentam que Putin deve ao menos em parte ao perfil "machão" a admiração que inspira nos russos.

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Putin

Putin já se deixou fotografar em uma série de situações másculas - Getty Images

Ao chegar ao poder, no fim dos anos 1990, Putin passou a comandar um país que tentava se reerguer dos escombros da União Soviética. O bloco soviético implodira em 1991, e os russos se viam diante de questionamentos de identidade profundos, tendo que se acostumar ao capitalismo, lidar com o fracionamento do território e com a perda do status de potência global. 

"Havia uma sensação de derrota generalizada, uma instabilidade econômica forte, com a desvalorização da moeda russa, e a derrota na Guerra Fria. A fragilidade era ainda mais evidente entre os pais de família russos, gente em seus 30, 40 e 50 anos que tinha perdido suas economias e seus empregos, que já não conseguia mais sustentar a família enquanto via jovens enriquecendo em novos negócios, e que era alvo de abertas críticas, por sua ausência na vida familiar, por violência doméstica e por problemas como o alcoolismo", afirma Amy Randall, professora de História da Santa Clara University, na Califórnia, e organizadora da edição especial "Masculinidades soviéticas", da publicação acadêmica Estudos Russos em História.

De acordo com Randall, a humilhação e o constrangimento russos perante o mundo nos anos 90 acabaram personificados pelo então líder do país, Boris Yeltsin, flagrado bêbado e em atitudes embaraçosas em eventos internacionais. Ele chegou a fingir que regia uma orquestra em uma solenidade militar e deu declarações sobre o desejo de desarmamento nuclear russo depois de passar da conta na bebida, tendo que ser desmentido por seus auxiliares.

Relativamente desconhecido do grande público, Putin surge no cenário político russo pelas mãos de Yeltsin, a quem viria a suceder. "Putin oferece aos russos essa imagem sóbria de agente durão, das artes marciais, egresso da KGB (o serviço secreto soviético). Se apresenta como o homem que iria levantar a Rússia, então de joelhos, e reestabelecer sua força no cenário internacional", diz Sperling.

É claro que não só de imagem se construiu a trajetória de Putin. Sob seu comando, o Exército russo retomou o controle da Chechênia, invadiu a Geórgia e anexou a Crimeia. Agora, o país vive às voltas com a possibilidade de um conflito armado com a Ucrânia. Desde o fim do ano passado, Putin mantém mais de cem mil soldados na fronteira entre os dois países e exige que a Ucrânia não seja admitida na Organização do Tratado do Atlântico Norte, a OTAN, uma aliança militar liderada por EUA e Europa Ocidental que Putin vê como ameaça à segurança de seu país.Putin e TrumpSegundo professora Amy Randall, Trump tomou seu slogan ("fazer os EUA grandes outra vez) de empréstimo de Putin 

"Sob a liderança de Putin, a Rússia tem se estabelecido como uma potência masculina mundial, exibindo sua virilidade política, sua independência econômica e seu poderio tecnológico e militar. Putin deve sua popularidade - e sua habilidade de se manter por tanto tempo no poder - a mecanismos como seu nacionalismo masculinizado, à ambição de fazer a Rússia grande outra vez, ao seu uso de ideais patriarcais e à noção das diferenças de papéis sociais entre gêneros, além da aberta homofobia".

 'Melhores qualidades masculinas'
Foi a partir dessa perspectiva que Putin disse, em novembro de 2020, que Jair Bolsonaro apresentava "as melhores qualidades masculinas" no comando do Brasil. O elogio aconteceu durante o discurso do mandatário russo no encontro dos BRICS, bloco composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e fazia referência ao modo como Bolsonaro lidou com a pandemia de covid-19. 

"Você até foi pessoalmente infectado por essa doença e resistiu à provação com muita coragem. Sei que aquele momento não deve ter sido fácil, mas você o encarou como um verdadeiro homem e mostrou as melhores qualidades masculinas, como força e força de vontade", disse Putin, segundo transcrição que o próprio governo brasileiro postou.

No léxico de Putin, esse é um elogio típico de quem pretende agradar e conhece bem o interlocutor. Bolsonaro já repetiu a performance de Putin em situações altamente fotografáveis: ele nadou em mar aberto, comandou motociatas, praticou tiro ao alvo, pilotou uma churrascada, jogou futebol, deu cavalo de pau em carro de competição. Quando a covid surgiu, disse que, no seu caso, uma eventual infecção seria leve "graças ao seu histórico de atleta".

Mas, de acordo com Sperling, "apenas mostrar que é durão não esgota as possibilidades de obter legitimidade política a partir da masculinidade".Ela afirma que as demonstrações públicas de tais habilidades costumam se somar também com questionamentos sobre a masculinidade dos oponentes. "E isso é feito, por exemplo, sugerindo que seu adversário não é homem o suficiente, ou é gay, ou ainda dizendo que a mulher dele é feia, não desejável", diz Sterling, que mapeou o comportamento masculino em diferentes líderes mundiais.

Há uma semana, Putin chamou a atenção do mundo com uma declaração em que censurava o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, crítico dos acordos de paz de Minsk. "Goste ou não, minha linda, você tem que aturar", disse Putin, usando uma expressão em feminino para se dirigir ao líder da Ucrânia. 

Já Bolsonaro, no auge de suas discussões com o presidente Emmanuel Macron acerca das queimadas na Amazônia, em 2020, republicou uma postagem que comparava a primeira-dama Michelle Bolsonaro, de 39 anos, com Brigitte Macron, de 68. A postagem dizia: "entende agora por que Macron persegue Bolsonaro?". E o próprio presidente comentava "Não humilha, cara Kkkkkk". 

Outra tática comum é fazer "piadas" com estupro e misoginia. Em 2014, em discussão com a colega Maria do Rosário, do PT, o então deputado Jair Bolsonaro afirmou que "Jamais estupraria você, porque você não merece." Bolsonaro explicou que Rosário seria feia demais para seu gosto. Já Putin, em 2006, teria dito a um repórter israelense, a propósito de acusações de estupro contra o então presidente de Israel Moshé Katsav: "Diga olá a seu presidente. Ele se mostrou um sujeito muito poderoso. Estuprou dez mulheres. Estamos todos surpresos. Todos o invejamos". Depois da repercussão negativa do episódio, o Kremlin culpou uma falha na tradução pelo teor do comentário.

Em 2014, quando a então secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, comparou a invasão da Crimeia ao assalto do alemão Adolf Hitler sobre a Polônia, Putin foi sucinto: "Melhor nem discutir com mulheres". Disse ainda que o comentário de Hillary revelava "fraqueza". E que "fraqueza não é algo necessariamente ruim em mulheres". Já Bolsonaro, em 2017, afirmou sobre sua filha Laura: ""Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, aí no quinto eu dei uma fraquejada e veio uma mulher".

Sperling nota que esse tipo de recurso à masculinidade para legitimar - ou deslegitimar - políticos não é uma exclusividade da direita. Mas que talvez fique mais evidente entre políticos direitistas cuja pauta é socialmente conservadora, categoria em que tanto Bolsonaro quanto Putin se enquadram. 

Putin e Orban

Crédito, EPA - Putin se tornou um modelo de virilidade e masculinidade a inspirar políticos ao redor do mundo como Donald Trump, Viktor Orban (foto) e Jair Bolsonaro

Putin se coloca como feroz defensor da família nuclear tradicional. "Quanto a esse papo de 'pai número 1' e 'pai número 2', já falei publicamente sobre isso e vou repetir novamente: enquanto eu for presidente isso não vai acontecer. Haverá papai e mamãe", disse Putin, em 2020. Em 1997, quando era deputado, Bolsonaro afirmou: "ninguém gosta de gay. A gente suporta".

Ao contrário do Brasil, no entanto, na Rússia o casamento homossexual é ilegal. Casais homoafetivos também não podem adotar crianças em conjunto. Se feita, a adoção é registrada apenas no nome de um dos pais.

Quanto à questão da violência doméstica, no Brasil, a Lei Maria da Penha completou 15 anos. Já na Rússia, a agressão de companheiros contra mulheres foi descriminalizada em 2017. A partir de então, apenas agressões dos maridos que provoquem graves lesões corporais nas esposas são passíveis de punição legal.

A mudança legislativa representou um ganho do governo Putin, que tem ficado cada vez mais conservador com o passar dos anos. "Putin e Bolsonaro se admiram e juntos reforçam esse senso de orgulho em relação à masculinidade. Bolsonaro tem claramente tentado emular Putin em suas posturas misóginas e homofóbicas, e em sua confrontação de lideranças europeias e multilaterais. Ele claramente vê em Putin um homem forte. E essa imagem do homem forte tem se tornado mais e mais popular e prevalente no mundo atual", diz Randall.

BBC News Brasil -  Mariana Sanches 

 

 

domingo, 14 de novembro de 2021

Refugiados - Lixo humano - O Globo

Alexander Lukashenko costuma ser astuto em sua desumanidade. Currículo para isso ele tem, como primeiro e único “presidente” da Bielorrússia desde que esse antigo Estado-satélite da União Soviética tornou-se república, em 1990. Na última das eleições fraudulentas realizadas no país — a de 2020, para um sexto mandato de Lukashenko —, ele proclamou ter obtido 80% dos votos. E foi logo avisando ao mundo democrático: “A menos que vocês me matem, não haverá mais eleições”. O cara vive às turras com a União Europeia (UE), que lhe aplica sanções múltiplas por seus modos ditatoriais, e alinha-se com fervor à Rússia de Vladimir Putin, o vizinho imperial da fronteira leste.

Em tempos recentes, Lukashenko encontrou a maneira mais infame de ostentar seu poder e azucrinar a Europa democrática. Passou a importar como gado humano milhares de errantes de nações desintegradas do Oriente Médio e da África do Norte, para socá-los na soleira da porta trancada da sonhada União Europeia — mais precisamente, nas fronteiras com a Polônia, a Lituânia e a Letônia, todos países-membros da UE.

Seu esquema é tão azeitado quanto vil. Primeiro, agentes de viagens bielorrussos instalados no Iraque, Turquia e outros países oferecem voos, vistos de entrada e um possível recomeço de vida no Ocidente. Ao custo de alguns milhares de dólares por cabeça, aviões de carga da estatal Belavia transportam a carga humana até Minsk, capital da Bielorrússia. Mas dali são transferidos para uma viagem terrestre sem volta. Quando descarregados, têm à frente uma intransponível muralha de arame farpado como fronteira e, às costas, a guarda armada da Bielorrússia a impedi-los de sair dali. Pelas contas da revista The Economist, perto de 2 mil migrantes já foram estocados nesse limbo em pleno início de inverno, e outros 20 mil estariam aguardando seu destino em outros cantos do país-cilada.

A lógica de Lukashenko consiste em gerar uma crise política europeia semelhante à de seis anos atrás, quando uma avalanche migratória de proporções bíblicas, vinda do mar, quase derrubou vários governantes. Na tentativa de forçar a UE a levantar as sanções impostas contra seu regime, o homem forte de Minsk também ameaça interromper o trânsito de gás natural russo que atravessa a Bielorrússia antes de aquecer e manter a Europa em funcionamento. 
Por ora, esse plano B de Lukashenko tem poucas chances de ser levado adiante, pois não atende aos interesses atuais de Putin. 
Essa é uma arma cujo direito a eventual uso somente o Kremlin quer ter. Mas resta a massa de manobra de quem hoje foge da miséria e da violência. Expulsos de suas raízes, arriscam-se por caminhos incertos, sem rumo claro, a esperança minguando.

Nem sempre foi assim. Basta ver o notável acervo de fotografias reunido pelo chefe do Departamento de Registros de Ellis Island, Augustus Frederick Sherman, entre 1905 e 1914, nos Estados Unidos. Por aquela ilha vizinha à Estátua da Liberdade, fincada na Baía de Nova York, passaram mais de 12 milhões de imigrantes entre sua inauguração como porta de entrada nos EUA e novembro de 1954, ano em que se tornou obsoleta. Mais especificamente, imigrantes de terceira classe, pois passageiros marítimos da primeira e segunda classes podiam desembarcar diretamente nos cais de Nova York e Nova Jersey.

É extraordinário o garbo com que esses desprovidos da terceira classe procuravam se apresentar no desembarque, para a inspeção médica contra doenças contagiosas e regulamentação de documentos
Fosse o recém-chegado ao Novo Mundo um pastor de ovelhas da Romênia ou um mineiro da Baviera, um padre ortodoxo da Grécia ou um soldado albanês, uma família de ciganos da Sérvia ou uma mãe com duas filhas vindas da Holanda, quanto zelo em se mostrar com a melhor roupagem! 
Graças ao interesse pessoal do funcionário Sherman por fotografia, existe um registro impactante e comovente dessa gente. Vale a pena consultar esses retratos de fácil acesso na internet para admirar o zelo orgulhoso de indivíduos e famílias ao pisar em Ellis Island. Portavam o que tinham de mais bonito, mostrando suas raízes. 
Tinham motivo para desembarcar esperançosos, pois, apesar das agruras e sacrifícios que só desterrados conhecem, haviam chegado ao destino escolhido.
 
O que dizer do amontoado de vidas na fronteira bielorrussa? Não há garbo possível nem orgulho identitário nos agasalhos de plástico, jeans e tênis surrados, nem em bonés, toucas de lã ou xales misturados. No fundo, seja em terras europeias ou rumo aos Estados Unidos via México, o desterrado de hoje veste uniforme globalizado: quase tudo made in China ou em Bangladesh. Das 60 toneladas de roupas descarregadas anualmente no porto chileno de Iquique, para revenda na América Latina, mais da metade encalha e forma pirâmides de lixo no Deserto de Atacama, como noticiado nesta semana. 
Esse lixo de roupas usadas e descartadas nos Estados Unidos, Europa e Ásia por consumidores globalizados forma um triste retrato do capitalismo perverso. Na outra ponta, temos os descartados de suas terras a perambular pelo mundo. É torcer para que não venham, também, a ser considerados lixo.
 
 Dorrit Harazim, colunista - O Globo