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quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Enem nem - Alexandre Garcia

"Este Enem serve para se conhecer a que as novas gerações estão submetidas. Querem induzir nos jovens ideias prontas, em lugar de estimular a curiosidade, o estudo e a pesquisa", avalia jornalista

Fiquei assustado com a falta de clareza na prova de domingo do Exame Nacional do Ensino Médio, principalmente depois que o ministro da Educação, Camilo Santana, justificou que o MEC não tem responsabilidade pela elaboração das questões, pois foram feitas por "professores independentes". Ele já está lavando as mãos ante a péssima repercussão do que está contido nas provas.

Lecionei português no ensino médio por quatro anos e linguagem em faculdade de jornalismo, por outros quatro anos. Por isso estou assustado. A querida Dad Squarisi, que já não está entre nós, também se assustaria com a falta de clareza dos enunciados e das opções oferecidas.

Pelas amostras que vi, teria sérias dificuldades em responder à múltipla escolha, por não conseguir entender o que fora proposto e o que realmente estava sendo perguntado. Nem Caetano Veloso, autor de duas músicas sobre as quais pediam pontos comuns, foi capaz de responder — ficou indeciso entre as opções de respostas.

A bancada do agro no Congresso protestou contra o cunho político-ideológico com que a agricultura foi tratada, mas nem preciso entrar nessa questão polêmica. Aqui, no Correio, Luiz Carlos Azedo, no final da sua coluna "Esquerdismo contaminou questões do Enem sobre o agro", resumiu que três questões do exame foram "pautadas por esquerdismo anacrônico".

A militância política exposta na prova é Paulo Freire posto em prática. Não preciso entrar no conteúdo dos enunciados, nem das respostas sugeridas para me assustar com o futuro. Porque se professores redigiram essa prova, é porque eles estão se expressando, nas salas de aula, da mesma forma enrolada. Espero que sejam apenas burocratas que trabalham fora da sala de aula. Mas, se não, fico imaginando como comunicam suas idéias aos alunos, com tanta falta de clareza, de simplicidade, frases gigantescas, enroladas, obscuras. Neurônios caóticos.

Difícil compreensão
O tema da redação é um modelo disso: "Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil". Cruzes! O que seria isso? Lendo o trabalho exaustivo de muitos intérpretes, concluí que o tema seria "escreva sobre a profissional que também é dona de casa".

Pobre do aluno do curso médio, que precisou descobrir o que esses "professores independentes" queriam. O melhores exegetas e filólogos ainda não conseguiram traduzir "pragatização de seres humanos e não humanos", que está no texto usado para propor uma das questões.

Winston Churchill, quando tenente de cavalaria na Índia, em 1898, formulou a receita para escrever bem e se comunicar: "Das palavras, as mais simples; das mais simples, as menores". Em 1940, ele foi o primeiro a resistir ao exército nazista.

Suponho que discípulos de Paulo Freire nunca leram Churchill, embora ele tenha se aliado a Stálin para derrotar Hitler. Mais tarde, no Brasil, Chacrinha sentenciava nos auditórios: "Quem não se comunica, se trumbica!".

É o pessoal do "visualizar", do "disponibilizar", do "colocar", do "protocolizar" palavras quilométricas substituindo curtinhas, para terem tempo de encontrar a palavra seguinte da frase, na falta de vocabulário. 
Enfim, este Enem serve para se conhecer a que as novas gerações estão submetidas. 
Querem induzir nos jovens ideias prontas, em lugar de estimular a curiosidade, o estudo e a pesquisa. 
Não são ensinados a pensar nem a se comunicar.
 
Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Forças Armadas voltam à Rocinha, na Zona Sul do Rio

Danúbia Rangel, mulher do traficante Nem, foi presa do Morro do Dendê nesta terça-feira. Seiscentos homens das Forças Armadas atuam na região.

As Forças Armadas retornaram à comunidade da Rocinha, na Zona Sul do Rio, no início da manhã desta quarta-feira (11). Na terça (10), os agentes realizaram uma ação de varredura na comunidade e chegaram a deixar o local no fim do dia. O objetivo é que a ação desta quarta não seja de permanência, mas de apenas um dia. 


De acordo com o Comando Militar do Leste, a operação desta quarta é um desdobramento da operação realizada no dia anterior, quando a ação dos militares se concentrou do lado do bairro da Gávea. Nesta quarta, no entanto, a ação vai se concentrar do lado de São Conrado. Seiscentos homens das forças armadas estão na comunidade e o espaço aéreo tem restrições. As tropas dão apoio à Polícia Militar na busca de armas, drogas e criminosos nas áreas de mata da Rocinha. 


A mulher do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, foi presa nesta terça. Danúbia Rangel estava escondida na casa de uma amiga no Morro do Dendê, na Ilha do Governador. Ela foi condenada a 28 anos de prisão por tráfico de drogas, associação criminosa e corrupção ativa. 

“Não é uma operação de cerco como as demais. Ela é um apoio técnico no sentido de realização de operações de varredura. É um trabalho que emprega detectores de metais e pólvora para detectar materiais que estejam escondidos”, explicou o porta-voz do Comando Militar do Leste, coronel Roberto Itamar, no inicio da manhã desta terça. No total, 1.100 homens atuam na favela, sendo 550 homens das forças armadas (Fuzileiros Navais, Exército e Força Aérea Brasileira) e 550 da Polícia Militar.  

Prisão de Danúbia

"Eu não fiz nada", disse Danúbia, chorando muito, ao ser questionada por repórteres se estava arrependida e se foi expulsa da comunidade. Por volta das 20h20, Danúbia estava na Delegacia de Combate às Drogas, na Cidade da Polícia, prestando depoimento. Em seguida, será encaminhada para o Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste do Rio. 


A prisão de Danúbia foi feita por agentes da 39ª DP (Pavuna) e da 52ª DP (Nova Iguaçu). No fim da tarde, a "primeira-dama do tráfico da Rocinha" foi levada para a Cidade da Polícia. Ao ser presa, Danúbia saía na casa de uma amiga, dirigindo um carro na Rua Carlos Magno, um dos acessos ao Morro do Dendê. Segundo agentes que efetuaram a prisão, Danúbia não quis dar muitas declarações. Disse apenas que que tem poucas informações do marido, já que não podia visitá-lo por estar foragida, e que não sabe praticamente nada da guerra da Rocinha. 



  Danúbia, mulher de Nem, foi presa nesta terça-feira (Foto: Reprodução)


Segundo os policiais, a mulher de Nem estava sendo monitorada há um mês. Há duas semanas, Danúbia conseguiu escapar de uma operação na comunidade Vila Pinheiros.

A criminosa foi expulsa da Rocinha pelo bando de Rogério 157, rival do grupo de Nem na disputa pelo tráfico na comunidade. A batalha sangrenta, intensificada há semanas, levou à realização de operações de segurança quase diárias, inclusive com o reforço das forças militares – nesta terça, houve novos tiroteios. Segundo investigações, mesmo expulsa pela quadrilha rival, Danúbia ainda tem influência na Rocinha. 

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Saiba quais são os presos do Rio que estão em presídios federais

 A relação apresenta os dez mais perigosos

Fernandinho Beira-Mar
O traficante Fernandinho Beira-mar Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi preso em 2002. Passou pelo presídios de Catanduvas, no Paraná e, desde 2012, está em Porto Velho (RO). Em 2015, foi condenado a 120 anos de prisão. Ele comandou uma guerra de facções, em 2002, no presídio de segurança máxima Bangu I, na Zona Oeste do Rio, quando quatro rivais morreram.
 
Nem
Traficante Nem da Rocinha Foto: Reuters
Foto: Reuters
Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico na Favela da Rocinha, está preso em Rondônia. Ele foi preso em novembro de 2011, por policiais militares na Lagoa, na Zona Sul do Rio. O traficante estava no porta-malas do carro do advogado e teria oferecido R$ 30 mil para que os PMs não o levassem.
 
Marcinho VP
O traficante Marcinho VP é um dos presos federais que podem voltar ao Rio Foto: Salvador Scofano / Agência O Globo
Foto: Salvador Scofano / Agência O Globo
Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, é considerado um dos chefes do Comando Vermelho e está detido no presídio federal de Mossoró (RN). Ele frequenta o sistema penitenciário desde 1996, quando foi detido e levado ao presídio de Bangu 1, por tráfico de drogas.
 
 Além dos acima, estão entre os dez mais perigosos do Rio e que estão em presídios federais:

- Fabiano Atanásio da Silva, o FB, ex-chefe do tráfico na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, está no presídio federal de Mossoró (RN). O traficante foi preso em janeiro de 2013 numa casa de luxo em Campos do Jordão, em São Paulo.
 
- Marco Antônio Pereira Firmino da Silva, o My Thor, está desde 1996 no presídio federal de Catanduvas (PR). My Thor era um dos chefes do Comando Vermelho e comandava o tráfico no Morro de Santo Amaro, na Zona Sul do Rio.  

- Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, está detido na penitenciária federal de Mossoró (RN) e é responsável pelo assassinato do jornalista Tim Lopes. 
 
- José Ricardo Couto da Silva, o Ricardo do Paiol, é chefe do tráfico do Turano, no Estácio, e da Reta Velha, em Itaboraí. Responsável pela compra de armas na fronteira do país. Está desde o ano passado no Presídio federal de Mossoró.
 
- O miliciano Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman, está no presídio federal de Mossoró (RN), desde 2009. Em novembro de 2013, ele foi condenado a 30 anos de prisão, apontado como chefe da milícia conhecida como Liga da Justiça.
 
- Natalino José Guimarães, condenado, junto com o irmão, Heterônimo José Guimarães, acusados de chefiar a “Liga da Justiça, a maior milícia do estado, que atuaria em Campo Grande, Guaratiba, Paciência, Cosmos, Santa Cruz e outros bairros da região. Está no presídio federal de Mossoró.
 
- Ricardo Chaves de Castro Lima, o Fu da Mineira, dono do tráfico de drogas do Complexo do Lins, é um dos chefes da ADA. Apontado como um dos responsáveis pelos confrontos nos morros da Mineira, Fallet, Coroa, Catumbi e em Santa Teresa em 2015 que deixaram quatro mortos e cinco feridos.
 
 

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Tráfico age como milícia na Rocinha e controla comércio - é este o resultado das UPPs do Beltrame e da proteção do 'cabralzinho' aos Amarildo

Polícia investiga compra de água e carvão de um único distribuidor na comunidade

Maior favela do Brasil — são 69 mil habitantes, segundo o Censo 2010 do IBGE, e cerca de 200 mil, de acordo com as associações de moradores locais —, a Rocinha tem hoje um tráfico com cara de milícia. Comerciantes denunciam que uma nova regra foi imposta por bandidos na comunidade: donos de bares, biroscas e mercados foram proibidos de comprar água mineral e carvão de seus fornecedores habituais, devendo adquirir os produtos para revenda num único ponto no morro. 
 A Favela da Rocinha, onde, segundo associações, vivem cerca de 200 mil pessoas: donos de bares, restaurantes e biroscas denunciam que foram ameaçados por bandidos - Custódio Coimbra / Agência O Globo
Com o monopólio decretado por meio de ameaças, caminhões de entrega estão sendo barrados nos acessos à Rocinha há cerca de dez dias, tanto pelo lado da Gávea quanto de São Conrado. E isso acontece apesar de a favela contar com Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), delegacia, Região Administrativa e três associações de moradores. — Nossa preocupação é que, daqui a pouco, façam a mesma coisa com arroz, feijão, frutas, verduras, bebidas, cigarro... Meninos passaram de loja em loja avisando que os caminhões de entrega de água e carvão não poderiam mais entrar na comunidade. E deram um papel do lugar onde a gente poderia comprar. Isso é um abuso. Estou desesperado, perdendo clientes. Não vou comprar de quem está me obrigando, e ainda é muito mais caro — reclama o comerciante X., instalado na Rocinha há algumas décadas.

Cálculo inicial feito por um grupo de comerciantes mostra os lucros que podem estar por trás do monopólio da água na Rocinha. Por dia, só de garrafas de 500ml, são vendidas cerca de três mil unidades.

‘ESTAMOS PEDINDO SOCORRO’
Com a cerveja, há uma “lei” em vigor há algum tempo na Rocinha, lembra o comerciante. Segundo ele, apenas caminhões de distribuição de uma única marca têm autorização para subir o morro. Para garantir a variedade de estoque, conta X., a saída foi passar a buscar a mercadoria de carro na Praia de São Conrado, onde os entregadores param. — Chegaram a dizer que iriam proibir também a gente de pegar a cerveja na praia. Por enquanto, não fizeram nada. Mas não sei qual será o futuro. Estamos pedindo socorro. O Ministério Público poderia nos ajudar — desabafa.

W., que também tem negócio na Rocinha, teme novas proibições: — Daqui a pouco, até com as frutas vão fazer isso. Estão de olho grande.

Outro comerciante, que assim como os demais teme se identificar, engrossa o coro dos descontentes:  — Criaram algo pior do que a milícia. É um absurdo o que estamos passando. É uma ilegalidade.

O pedido já teve eco. Por nota ao GLOBO, o MP informa que “está aberto para receber os comerciantes e investigar o caso”. As denúncias podem ser feitas pessoalmente na Ouvidoria da instituição, de segunda à sexta-feira, das 8h às 20h; pelo telefone 127; pelo formulário eletrônico disponível no site do MP; ou enviando correspondência para a Ouvidoria. A identidade do denunciante será preservada. O cidadão pode ainda fazer a queixa de forma anônima.

De 2010 a 2016, só ao Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gaeco), do Ministério Público, foram apresentadas 125 denúncias sobre tráfico e milícia. A partir delas, 2.025 pessoas foram delatadas à Justiça.


(...)
EPISÓDIOS TRAUMÁTICOS
Desde a prisão do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, em novembro de 2011, o comando da venda de drogas na Rocinha está nas mãos de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157. O bandido é acusado por moradores de ser um dos mais tiranos chefes do tráfico que passaram pela favela. Sob suas ordens, criminosos de sua quadrilha passaram a cobrar pedágio de distribuidoras de bebidas e empresas de serviços, exigindo ainda pagamento de taxas dos comerciantes.

A Rocinha conta com uma UPP desde setembro de 2012, o que possibilitou ao governo do estado instalar ali uma delegacia. A comunidade tem mais de dois mil estabelecimentos comerciais, espalhados numa área de 887.587 metros quadrados, entre a Gávea e São Conrado. Em 1993, virou bairro e teve seu perímetro delimitado.

Um dos mais traumáticos episódios ocorridos na favela foi o sequestro e a morte do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, que desapareceu em 14 de julho de 2013, após ter sido detido por PMs e levado da porta de sua casa para a sede da UPP. Doze policiais foram condenados pelo crime. Cerca de um ano depois, a Justiça descobriu um plano de traficantes, com a ajuda de PMs, de assassinar a major Pricilla Azevedo, ex-comandante da UPP da comunidade. O caso só foi divulgado em setembro deste ano.

Matéria na íntegra, clique aqui