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segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Gente de memória curta - Percival Puggina

Ainda se contavam os votos em vários estados norte-americanos e a mídia militante brasileira já criticava o presidente Bolsonaro por não haver, ainda, felicitado Joe Biden pela vitória. Aquilo seria um terrível erro tático da diplomacia nacional, que iria custar caríssimo ao Brasil! 


Cada vez que Bolsonaro cumpre o ritual de abertura na Assembleia Geral da ONU, a mídia militante o critica por expressar uma mensagem de soberania do próprio país acossado por governos de esquerda e por interesses dos agricultores europeus. 
Quando eleva o tom com o presidente francês que sugere internacionalizar a Amazônia, a mídia militante o critica.

Até parece que nos governos Lula e Dilma, a diplomacia brasileira comandada, na real, pelo falecido Marco Aurélio “Top Top” Garcia, andou nos esmerados padrões do Barão do Rio Branco...

Esqueceram que, durante aquele longo período, o Brasil associou-se aos mais desprezíveis e deploráveis ditadores, buscados a dedo no mapa das nações. O tráfego entre Havana e Brasília, de tão intenso, quase exigia uma ponte aérea. Sempre havia um negociante oferecendo dinheiro do BNDES. Sempre havia algum líder esquerdista deixando uma lágrima de emoção nos ombros já arqueados de Fidel Castro. Na volta ao Brasil, qualquer pergunta sobre presos políticos, acionava um discurso decorado sobre Guantánamo e “bloqueio” americano. E ficava por isso mesmo. Presos de direita não são humanos nem tem direitos. 

Essa afinidade entre nossos governantes de então e os líderes cubanos era carnal, como unha e dedo. Quando se separam, dói. Noutra perspectiva, parecia, também, algo estreitamente familiar. Fraternal na afinidade dos iguais e crescentemente filial, como quem busca a bênção do veterano e sábio pai pelo apoio político, moral e financeiro à velhice dos rabugentos ditadores. E lá se foi dinheiro nosso para consertar o estrago que a ditadura já leva mais de sessenta anos produzindo.

Um pouco diferente, mas ainda assim consistente e comprometida, solidária e ativa, a relação dos nossos ex-presidentes com o delirante Hugo Chávez e seu fruto Maduro. Ali também se estendeu a mão solidária do governo petista. Podia faltar dinheiro para as penúrias humanas do nosso semiárido, para os portos e aeroportos nacionais, mas que não faltassem recursos para grandes obras em Cuba, Venezuela, Equador, Peru, Angola, Moçambique, e sabe-se lá onde mais. Foram longos anos bíblicos de perdão de dívidas! Onde houvesse um tiranete africano ou ibero-americano, lá ia o Brasil rasgar seus títulos de crédito.

Haveria muito, mas muito mais, do mesmo. Isso, porém, me basta. Percebam os leitores que em todos os casos, a reverência, o apreço, a dedicação fluíam para as pessoas concretas dos líderes políticos, membros do clube, e não para os respectivos povos. 
Não eram os cubanos, mas os Castro. 
Não eram os venezuelanos, mas os bolivarianos Chávez e Maduro. Não eram os paraguaios, mas bispo fajuto D. Lugo. 
Não eram os bolivianos ou os nicaraguenses, mas Evo e Ortega. Não eram os povos africanos, mas seus ditadores. 
Havia algo muito errado em nossa política externa. Tão errado que me levou um dia a proclamar: “Isso não é o Brasil, senhores, isso é Lula, Dilma e seus companheiros!”.
 
Não bastassem tantos casos concretos, tratados pela mídia militante com cortesia e tolerância, caberia uma indagação final. Seria você capaz de identificar uma nação ou um estadista realmente democrático, uma democracia estável e respeitável, que colhesse daqueles nossos ex- governantes uma consideração semelhante à que foi concedida nos vários exemplos que acabo de citar? 
Pois é, não tem. A mídia militante abordou esse assunto? Também não. Mas a diplomacia de hoje é dita radical e prejudicial ao Brasil.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.


sábado, 26 de setembro de 2015

Socialismo de porta de cadeia

Os tesoureiros do PT ordenharam todo tipo de empresa no caixa dois do mensalão e no caixa um do petrolão

O dólar e os termômetros andam apostando corrida para ver quem derrete o Brasil primeiro. Os dois vão perder, porque vilão aqui não tem vez. O país já está sendo desmilinguido pelos heróis do povo. Veja a cena: João Vaccari, o tesoureiro da revolução, é condenado a 15 anos de prisão na Operação Lava-Jato; ao mesmo tempo e no mesmo planeta, o PT vira líder da proibição de doações eleitorais por empresas exatamente onde Vaccari fez a festa para abarrotar os cofres do partido. Enquanto você olhava para esta cena de moralização explícita, os companheiros no STF enfiavam a faca na Operação Lava-Jato em mais uma ação heroica para salvar o Brasil da gangue de Sergio Moro.

O Supremo Tribunal companheiro só vai conseguir cozinhar a Lava-Jato se você continuar olhando para a cena errada. Caso contrário, a operação prosseguirá mais abrangente e infernal que um arrastão no Arpoador. Podem fatiar à vontade, podem mandar processo até para o quintal do Sarney, que a maior investigação da história da República haverá de varrer inexoravelmente tudo, como água morro abaixo e fogo morro acima. Mas se você zapear para o Discovery Channel, onde a reforma política do PT está salvando a democracia das garras do capitalismo selvagem, a Lava-Jato poderá virar um retrato na parede de um triplex no Guarujá.

Quem achava que tinha chegado ao fim a capacidade do brasileiro de ser ludibriado pela demagogia coitada, errou feio. Eis que surge o Partido dos Trabalhadores, todo melecado de pixulecos de variados calibres, no centro de uma orgia bilionária onde inventou a propina oficial com doações eleitorais de empresas, propondo o fim das... doações eleitorais de empresas. Você teve que ouvir: o PT quer purificar o processo eleitoral brasileiro, protegendo-o da influência do poder econômico. É o socialismo de porta de cadeia.

O Brasil cai em todas, e não deixaria de cair em mais essa. O companheiro monta em cima, rouba, estupra, enfia a mão na bolsa da vítima tentando arrancar mais uma CPMF, e ao ser pego em flagrante, grita: vamos discutir a relação! A vítima se senta, acende um cigarro, faz um ar inteligente e começa a debater o celibato das empresas no bordel eleitoral. Contando, ninguém acredita.
 
Boa parte das democracias no mundo permite a doação eleitoral de empresas. E também há várias que não permitem. Evidentemente, o problema não é esse. Os tesoureiros do PT ordenharam todo tipo de empresa no caixa dois do mensalão, no caixa um do petrolão, e saberão atualizar seu manual de extorsão de acordo com qualquer nova legislação vigente. Bandido é bandido — e não é para eles que se legisla. O problema é que o Brasil tem bandidos do bem, progressistas e humanitários. E quando eles gritam contra o poder econômico — mesmo já sendo podres de ricos — os brasileiros se comovem.

Com a missão cumprida, tendo colado o selo oficial de caloteiro na testa do Brasil após 12 anos de pilhagem, o governo popular voltou-se para seu hobby predileto — a “construção de narrativas”, como definiu o filósofo Gilberto Carvalho. Como a narrativa em curso é a de um governo prestes a ser posto na rua, fez-se necessário recorrer aos efeitos especiais. Os companheiros devem ter se perguntado se ainda havia algum otário capaz de embarcar nas suas fantasias de esquerda, e a resposta provavelmente foi: sempre há! Resposta certeira. Com um trabalho impecável da co-irmã OAB (apelidada injustamente de Ordem dos Aloprados do Brasil) e do companheiro Luis Roberto Barroso (o que decidiu que a quadrilha não era quadrilha) o disco voador da moralização eleitoral petista pousou no Supremo.

Como todo disco voador que se preze, ele trazia uma mensagem dos ETs tornando sumariamente inconstitucionais as doações eleitorais de empresas. Perfeitamente sintonizado com o mundo da Lua (e da estrela), o STF do companheiro Lewandowski assinou embaixo. Spielberg talvez achasse um pouco forte, mas dane-se o Spielberg. Ele entende de ET, não de PT — ou seja: em termos de truques, é uma criança.

E foi assim que o Brasil inteiro se viu de repente coçando a cabeça, como num arrastão de piolhos, tentando entender o que vale e o que não vale nos mandatos vigentes e vindouros. Dá até para imaginar os heróis da luta contra o capitalismo fumando seus charutos diante da TV e fazendo o célebre TOP TOP de Marco Aurélio Garcia: delícia de lambança. Do alto de sua narrativa surrealista, Dilma Rousseff, a presidenta mulher, confirma a manobra do STF e salva a democracia nacional do capitalismo selvagem.
 
 
Marco Aurélio TOP TOP Garcia na magistral cena na qual comemora com um aspone, com um gesto conhecido como obsceno, a não culpa do governo na morte dos 2oo passageiros da TAM no Aeroporto de Congonhas
Foi o gesto que produziu a alcunha TOP TOP que o acompanhará até o inferno
Marco Aurélio Garcia (Foto: YouTube)
 
Aí só fica faltando narrar um capítulo da história: os capitalistas selvagens foram assaltados pelos oprimidos e o produto do roubo elegeu Dilma Rousseff, conforme indica a Operação Lava-Jato. A não ser que queira se refundar como cleptocracia, o Brasil terá que mandar os oprimidos selvagens procurar seu final feliz na suíte do companheiro Vaccari.
 
Fonte: Guilherme Fiúza - Época