Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
A conversão de Alckmin é uma forma de demência ainda não examinada por cientistas
Do centro da mesa, Geraldo Alckmin e Luiz Inácio Lula da Silva - Foto:
Wagner Ferreira Vilas Boas/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Alguém sabe de algum torcedor famoso do Vasco que, aos 70 anos, virou dirigente do Flamengo?
Ou de alguém que fez algo parecido com o Palmeiras e o Corinthians, ou que trocou o Grêmio pelo Inter?
Claro que não:uma coisa dessas só acontece com cérebros em pane, e é tão desonrosa quanto a capitulação sem luta.
A mesma regra vale para o mundo político brasileiro, sobretudo depois que Lula dividiu o país em “nós” e “eles”. Em São Paulo, por exemplo, a aguda polarização entre petistas e antipetistas proíbe que um grão-tucanoquase septuagenário abandone o ninho para adorar a estrela vermelha — ou que ocorra o contrário.
Transformar-se em adorador do inimigo que abominou a vida inteira configura uma forma de demência ainda não catalogada por cientistas.
É o que vem demonstrando a bizarra metamorfose de Geraldo Alckmin.
Acordos eleitorais, não custa reiterar, existem desde a primeira disputa pelo poder travada por homens das cavernas. Mais: como aliados dispensam compromissos do gênero, essa espécie de acordo só faz sentido quando se destina a unir indivíduos ou grupos divergentes. Mas um acerto entre forças até então desavindas, como ensinou Tancredo Neves, tem de ser feito em torno de princípios — e, portanto, exige concessões recíprocas. A conversão do ex-governador já quase setentão à seita que tem em Lula seu único deus ignorou essas verdades irrevogáveis — além de mandar às favas a ética, a moral e os bons costumes. Foi uma genuflexão abjeta, uma vigarice de ruborizar o mais debochado negociante de votos.
Interessado em amainar a desconfiança de eleitores avessos a fantasias radicais,disposto a seduzir quem hostiliza a teimosa inclusão no programa de governo de seculares ideias de jerico,o ex-presidiário animou-se com a sugestão apresentada por Márcio França e Gabriel Chalita: completar a chapa com um candidato a vice-presidente sem quaisquer vestígios de esquerdismo no currículo.
Católico praticante,Geraldo Alckmin consolidara a imagem de antipetista, democrata, liberal, moderado, amante da cautela e de entendimentos em voz baixa. E os tiroteios retóricos do passado?
Na campanha presidencial de 2006, por exemplo, Alckmin acusou o adversário de “corrupto” e “chefe da roubalheira”. Lula revidou com palavras de igual calibre. Nada de mais, disseram em coro os dois pistoleiros. Eleição é assim mesmo.
O vice escolhido para roubar eleitores tucanos vai ficando parecido com veteranos petistas
Para provar que as ofensas haviam sido revogadas, o chefão do PT ofereceu ao paulista de Pindamonhangaba a vaga de vice e ordenou aos devotos que chamassem de“companheiro”o adversário que a seita apelidara de “Picolé de Chuchu”.
Sete anos menos idoso que Lula, Alckmin contentou-se com a esperança biológica:da mesma forma que ganhou o cargo de governador com a morte de Mário Covas, em 2001, por que não sonhar com outra ajuda da mão do destino, agora em escala federal?
O acordo foi fechado sem que se alterasse uma única e escassa vírgula do programa do PT.
Lula nada perdeu. Continua o mesmo. Alckmin perdeu o respeito dos que nele enxergavam uma opção antipetista. Perdeu a vergonha. E tornou-se outro, infinitamente pior que o anterior.
“O mais estranho é que ele está feliz como pinto no lixo”, contou-me um amigo depois de jantar com o Alckmin modelo 22. “Você precisa ouvi-lo falar de Lula. É um elogio atrás do outro. É pura admiração, coisa de tiete.” O tucano que não engolia o PT elegeu-se governador de São Paulo três vezes. Sempre derrotando candidatos da seita, tornou-se o político que por mais tempo governou o maior Estado brasileiro. Hoje estafeta de Lula, é pouco provável que conseguisse uma vaga na Câmara de Vereadores da cidade onde nasceu. O vice escolhido para roubar eleitores tucanos vai ficando parecido com veteranos petistas.
Desde a formalização do noivado, o agora integrante do Partido Socialista Brasileiro diz e faz o oposto do que disse e fez desde 2001, quando se instalou no Palácio dos Bandeirantes. Vivia recitando que foi um dos fundadores do PSDB. Agora simpatiza com velharias socialistas. No primeiro discurso ao lado de Lula, qualificou de “maior líder da História do Brasil” o homem que desde 2002 acusava de larápio.
Há menos de quatro anos, berrava na campanha eleitoral que era preciso impedir que o delinquente condenado pela Justiça voltasse à cena do crime.
No momento, sonha com uma sala no palácio que funcionou como sede da quadrilha.
Num recente sarau pluripartidário, fingiu com movimentos labiais que sabia cantar o hino comunista cujos primeiros versos exortam os desvalidos de todo o mundo à ação armada: “De pé, ó vítimas da fome!/De pé, famélicos da terra!”.
Até 2018, reiterava em todos os discursos que o PT não lança candidatos; lança ameaças. Hoje faz o que pode para concretizar o perigo. Declarava-se inconformado com a agressão sofrida por Mário Covas em 1998, quando já lutava contra o câncer que, três anos mais tarde, transformaria em governador um vice ainda imerso no semianonimato. “Mário Covas sempre foi meu mentor e modelo”, afirmou incontáveis vezes um Alckmin que já não há.
Covas não escondia o que pensava. O que estaria ouvindo o discípulo de araque se o mestre tivesse vivido para vê-lo no papel de puxadinho do bordel inimigo?
A patética façanha desta semana garantiu a Alckmin, previsivelmente, alguns centímetros nas primeiras páginas e um punhado de segundos nos telejornais: apareceu numa cidade do interior paulista com um boné do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra — o mesmo MST que, nos tempos de tucano, acusava de agitar os campos com invasões criminosas e insolentes pontapés no direito de propriedade.
O antigo Alckmin aprendeu faz tempo que um golpe do destinopode instalar no governo de São Paulo uma cabeça despovoada de ideias.
O Alckmin companheiro de João Pedro Stedile parece achar que nem precisa usar o crânio despovoado de cabelos para virar vice de Lula.
Basta cobri-lo com um boné de terrorista e aprender com José Dirceu como é exatamente a pose do guerreiro do povo brasileiro — em guerra contra o imperialismo ianque. No Brasil, também para o ridículo não existem limites.
Movimentos de rua,
parlamentares e procuradores elevam a pressão contra decisões como veto à
prisão em segunda instância e restrição ao uso de dados fiscais
Por Mariana Zylberkan e André Siqueira
Na madrugada do último dia 18, o acesso ao site do Supremo
Tribunal Federal estava bloqueado. Em uma espécie de protesto
cibernético, um ataque hacker derrubou a página oficial na internet, que
só foi restituída horas depois. Na véspera, grupos de pessoas com
bandeiras do Brasil e roupas verde-amarelas tomaram as ruaspara
protestar contra a mais alta autoridade judiciária brasileira. A maioria
pedia o impeachment dos ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli.
POLÊMICA - Toffoli: críticas ao suspender o compartilhamento de dados fiscais (Jorge William/Agência O Globo)
Em São
Paulo, manifestantes faziam fila para atirar tomates e ovos em fotos de
ambos em banners na Avenida Paulista. As demonstrações públicas de
repúdio, que incluíram a divulgação de dados pessoais de Gilmar Mendes,
como endereço residencial, renda e até o signo, representaram o ápice
até aqui de uma escalada raivosa dirigida aos integrantes da Corte.
Outros ataques vêm de uma informal bancada anti-STF no Congresso,
constituída principalmente por parlamentares da base do presidente Jair
Bolsonaro. Procuradores e entidades do Ministério Público também ajudam a
engrossar o coro de críticas pesadas por meio de notas oficiais ou
posts nas redes sociais.
HOSTILIDADE – Cartaz com Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alcolumbre: tomates na Avenida Paulista (Roberto Vazquez/Futura Press)
Tanto os manifestantes nos carros de som quanto os políticos e
membros do MP atribuem ao Supremo a tomada de decisões que dificultam o
combate à corrupção, como o veto à execução de pena após condenação em
segunda instância e a suspensão por Toffoli do compartilhamento de dados
por órgãos como a Receita e o antigo Coaf — hoje Unidade de
Inteligência Financeira (UIF) — sem autorização judicial, o que
paralisou mais de 900 inquéritos segundo a Procuradoria-Geral da
República. A iniciativa elevou o nível do descontentamento do MP com o
Supremo e foi vista por parte da população como mais um passo da Corte
no sentido de dificultar o enfrentamento do crime de colarinho-branco.
Diante da medida, as associações de classe fizeram atos públicos em todo
o país. A decisão do presidente do STF foi individual, mas o plenário
começou a se debruçar sobre a questão no último dia 20 — o julgamento
foi retomado na quinta-feira 21 e não havia terminado até o fechamento
desta edição. Toffoli foi o único a se manifestar e manteve sua posição,
ainda que de maneira confusa.
Fora dos gabinetes, os protestos são liderados por movimentos que
nasceram da campanha pelo impeachment de Dilma Roussef (PT), como o Vem
Pra Rua e o NasRuas, e outros que surgiram já na esteira da onda
bolsonarista, como o Movimento Brasil Conservador. Pontos em comum: são
antipetistas, de direita, conservadores, apoiam o governo e têm como
bandeira o combate à corrupção. Do sentimento antipetista vem também
parte da ojeriza a Toffoli, ex-advogado do partido e indicado por Lula a
uma vaga no Supremo em 2009.O seu voto para desempatar o julgamento
contra a prisão em segunda instância, que acabou levando à soltura do
ex-presidente após 580 dias preso, só aumentou a insatisfação
Mendes
sempre foi considerado um inimigo da Lava-Jato, e suas críticas à
operação aumentaram muito após o vazamento de diálogos que exibem
comportamentos inadequados da força-tarefa de Curitiba e do então juiz
Sergio Moro, hoje ministro da Justiça de Bolsonaro. Entre outras
revelações constrangedoras, os chats do aplicativo Telegram divulgados
pelo site The Intercept Brasil em parceria com veículos como VEJA
mostraram procuradores tentando investigar tanto Mendes quanto Toffoli e
seus familiares por supostas irregularidades, o que azedou de vez o
clima entre o Supremo e a Lava-Jato. “Gilmar e Toffoli estão fazendo
retroceder os avanços no combate à corrupção que tivemos com a
Lava-Jato”, diz Adelaide Oliveira, líder do Vem Pra Rua, que organizou
atos públicos e levou ao Senado pedido de impeachment dos dois ministros
e de Alexandre de Moraes.
Só neste ano foram protocolados dezessete pedidos de impeachment de
magistrados do STF, sendo Toffoli o campeão, com sete. Com cinco,
aparecem Mendes e Moraes — esse último por ser relator do inquérito que
apura ameaças e fake news contra a Corte, visto por alguns como
uma forma de calar os críticos. Os manifestantes também já apontam o
dedo para o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a quem cabe
dar início efetivo aos procedimentos. “O Brasil esteve nas ruas para
pedir algo que nunca havia pedido na vida, que é o impeachment de
ministros. Não dá mais para dizer que não está acontecendo nada”, afirma
o senador Major Olimpio (PSL-SP), que esteve na Avenida Paulista em ato
contra o STF e é um dos críticos da Corte no Congresso. Considerando-se
o histórico, porém, a probabilidade de esse tipo de iniciativa
progredir é quase nula: nunca um ministro do Supremo sofreu impeachment.
Os únicos casos ocorreram na ditadura militar: Hermes Lima, Victor
Nunes Leal e Evandro Lins e Silva foram afastados em 1969 por terem sido
considerados de esquerda.
O grito das ruas, de certo modo, ecoou no Congresso. Uma das
iniciativas no Parlamento é a busca da criação da CPI da Lava-Toga,
pensada para atingir o Supremo. “Para que a democracia funcione
normalmente, os órgãos e os poderes precisam estar em harmonia, mas o
STF não tem controle, não tem balanço. O quadro de abuso de ministros
vem crescendo alarmantemente neste último ano”, diz o senador Alessandro
Vieira (Cidadania-SE), autor da proposta. Outra estocada parte da
deputada Bia Kicis (PSL-DF), que apresentou projeto para fixar em 70
anos (agora é 75) a idade para a aposentadoria obrigatória de membros do
STF. Se isso for adiante, quatro ministros terão de se aposentar antes
de 2022 (Marco Aurélio Mello, Celso de Mello, Rosa Weber e Ricardo
Lewandowski —todos contra a prisão em segunda instância), o que
permitirá a Bolsonaro levar o perfil do Supremo mais à direita. Outras
iniciativas são duas PECs e um projeto de lei que tramitam na Câmara e
no Senado com o objetivo de ressuscitar a prisão em segunda instância. A
PEC da Câmara avançou: no dia 20, foi aprovada na Comissão de
Constituição e Justiça — agora irá a uma comissão especial e ao
plenário. O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), defensor do projeto,
descarta crise institucional por causa das iniciativas da Casa. “Alguns
parecem esquecer que há tempos o Supremo vem usurpando a competência do
Legislativo”, afirma.
As críticas ao STF são normais em uma democracia, principalmente
quando a Corte toma decisões como a proibição da execução da pena após
condenação em segunda instância, contrariando o que o próprio tribunal
havia decidido anteriormente. Isso, de fato, cria um ambiente de
insegurança jurídica que prejudica o país e representa um retrocesso no
esforço para colocar corruptos na prisão antes do fim da tramitação de
todos os recursos, o que, no sistema judicial brasileiro, pode
significar impunidade, demora na aplicação da Justiça e até prescrição
do crime. Essas críticas, porém, não podem resvalar para extremismos,
saídas inconstitucionais ou mesmo o apoio à quebra da ordem
institucional, como defender o fechamento da Corte, prática comum em
algumas manifestações e até no discurso de gente próxima ao presidente
da República, como o filho do capitão, o deputado federal Eduardo
Bolsonaro (PSL-SP), que chegou a dizer, em 2018, que bastavam um cabo e
um soldado para fechar o mais importante tribunal do país. O STF é um
dos poderes da República e, portanto, guardião da democracia. Pode-se
não concordar com suas decisões, mas defender o seu fechamento é
inaceitável.
Embora o tribunal nem sempre acerte, é importante ressaltar que ele
tem tomado decisões que representam um importante avanço para o país.
Por isso as paixões não devem regular a avaliações do seu trabalho.
Ouvir a voz das ruas, de entidades e de outras instituições do sistema
republicano é necessário (e salutar) para o STF, mas tomar decisões na
contramão do que pensam setores da sociedade não pode ser visto como um
demérito do Supremo — muito menos como motivo para propor uma
intervenção no órgão. [o maior inimigo do STF é a INsegurança Jurídica que ele dissemina - uma Corte mudar de opinião, sem mudar sua composição, convenhamos que não está entre os procedimentos mais éticos. Mudança sem motivação de opinião,é até aceita, com ressalvas, quando ocorre com políticos.] Em alguns momentos, é até crucial, porque cabe à
Corte fazer o papel de freios e contrapesos na aplicação da Carta Magna e
na defesa de pautas que considere “iluministas”, destinadas a fazer
valer princípios básicos do regime democrático, como regulamentar temas
espinhosos que envolvem direitos fundamentais. Quando foi provocado, o
STF não se furtou a esse papel, como no caso da liberação do uso de
embriões em pesquisas com células-tronco em 2008, do reconhecimento da
união homoafetiva como entidade familiar em 2011 e, em junho deste ano,
quando aprovou a tipificação da homofobia como crime.
Costuma-se dizer que os ministros do Supremo são onze ilhas, cada um
deles com interesses e objetivos específicos. Em parte, isso é verdade.
Mas nos últimos anos pelo menos dois grupos têm atuado em conjunto, e o
que os une é a defesa ou a oposição aos métodos da Lava-Jato. De um
lado, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Lewandowski, Marco Aurélio e Celso de
Mello, com uma visão mais garantista dos processos. Do outro, Barroso,
Fachin, Cármen Lúcia e Fux. Rosa Weber e Alexandre Moraes meio que
flutuam entre os dois polos. Portanto, são raras as ocasiões em que um
deles surpreende com uma mudança brusca de entendimento.
Essa tendência
acaba sendo exacerbada pelo fato de o Brasil ser um dos poucos países do
mundo a televisionar as sessões da Suprema Corte. “As pessoas sabem
mais o nome dos onze ministros do STF do que o dos jogadores da seleção
brasileira”, compara o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Junior.
O grande salto de popularidade se deu com o julgamento do mensalão,
em 2012, e a condenação de vários membros da cúpula do PT. Com isso,
tornou-se quase inevitável a politização do Judiciário. “Algumas
críticas exageradas ocorrem porque estamos em processo de crescimento e
amadurecimento democrático”, diz Luciana Berardi, advogada especializada
em direito constitucional. Além disso, a polarização política em voga
no país acende a sanha punitivista intrínseca à sociedade, que defende
castigos de forma irracional a seus inimigos. “No exercício do direito,
há divergências, há conflitos de opinião e diversos entendimentos para
um mesmo artigo da lei. O STF não pode, portanto, ceder ao clamor de
quem deseja punir o inimigo político”, diz Reale Junior. A pressão nesse
sentido continua. Além da decisão sobre o compartilhamento de dados
fiscais, que deve ter um desfecho nos próximos dias, o Supremo vai se
debruçar no início de 2020 sobre o pedido da defesa de Lula para
decretar a suspeição do então juiz Sergio Moro. Se o STF chancelar a
pretensão, o ex-presidente terá suas condenações anuladas e poderá de
novo disputar eleição. É mais um motivo para a arquibancada de oposição
fazer barulho e colocar o STF no banco dos réus. Sempre que foi testada
nos últimos anos, a instituição deu respostas à altura, sem ceder aos
encantos fáceis da demagogia barata dos que aceitam rasgar as leis em
situações que prejudicam seus inimigos. O Brasil precisa que esse
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Publicado em VEJA,edição nº 2662, de 27 de novembro de 2019
Não, não é coincidência, nem má
interpretação. A família Bolsonaro vem, há anos, dando sinais de que não
considera a democracia um valor em si mesma. “Através do voto, você não
muda nada no país. Tem que matar uns 30 mil”, já dizia o patriarca em
entrevista em 1990. Deputado do baixo clero, ninguém deu bola, e
deu no que deu. Está na presidência do país. Agora vem o filho, também
do baixo clero da Câmara do Rio, vereador Carlos Bolsonaro, dizer que
“por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá
na velocidade que almejamos… e se isso acontecer”.
[a democracia no Brasil tem algumas especificidades bem curiosas.
Exemplo: como é possível que um cidadão apronte algumas no Brasil, viaja para os Estados Unidos, retorna ao Brasil, se candidata ao cargo de deputado, às vésperas da eleição - sem ser conhecido no Brasil, os poucos que o conhecem não tem boa recordação - e é eleito.?]
Depois da
péssima repercussão, disse que “canalhas” da imprensa distorceram seus
pensamentos. Só que a advertência sobre a ineficácia da democracia é a
continuação de outro post, no qual diz que “o governo Bolsonaro vem
desfazendo absurdos que nos meteram no limbo e tenta nos recolocar nos
eixos. (...) Os avanços ignorados e os malfeitores esquecidos”. Muita
gente acha que Bolsonaro é um Jânio menos ilustrado. Em uma época em
que não havia os novos meios digitais, Jânio renunciou acusando “forças
ocultas” de não o deixarem governar. Pensou que voltaria nos braços do
povo, mas não aconteceu.
Bolsonaro acha que será seguido se
“levantar a borduna”. Disse isso em recente entrevista à Folha de S.
Paulo. Anteriormente, havia compartilhado por WhatsApp um texto que
afirmava que o Brasil, “fora dos conchavos”, é ingovernável. Os
ataques à “velha política” foram compartilhados, no texto que afirmava
que o país está “disfuncional”, mas não por culpa de Bolsonaro. O
presidente já criticara anteriormente a classe política, afirmando em
discurso para empresários: “É um país maravilhoso, que tem tudo para dar
certo, mas o grande problema é a nossa classe política”.
É
verdade que, depois disso, com as investigações da Polícia Federal sobre
diversos tipos de corrupção a partir do gabinete do senador Flavio
Bolsonaro quando era deputado estadual, a relação do presidente com o
Congresso ficou mais amena, enquanto ficou mais tensa com a Polícia
Federal, cujo superintendente quer substituir. A família
Bolsonaro costuma fazer comentários que soam como uma ameaça à
democracia. O deputado federal Eduardo Bolsonaro, que quer ser
embaixador do Brasil nos Estados Unidos, já disse que para fechar o STF
basta um soldado e um cabo. Bolsonaro já disse que deve respeito,
sobretudo, ao povo. Ele, ao contrário do que pensa, deve obediências às
instituições nacionais, deve obediência às leis.
Os Bolsonaro
têm uma visão de democracia muito relativa. Em qualquer estado do
Brasil, um vereador que escrevesse o que ele escreveu, estaria sendo
passível de cassação diante de uma Comissão de Ética. Não se comportou
como exige o decoro parlamentar. Os Bolsonaro não levam em conta
os limites que as instituições da democracia impõem. O principal aspecto
é que ele se elegeu presidente com cerca de 60% dos votos, mas [parte, desse] esse
eleitorado não votou nele por convicção, mas por necessidade. A maioria
foi de eleitores circunstanciais, de ocasião.
Eram antipetistas
que não viram outro candidato de centro capaz de derrotar Fernando
Haddad. Outros votaram nele pelo Paulo Guedes, acreditando que a crise
econômica e o desemprego seriam vencidos, ou preocupados com a
insegurança. Bolsonaro teve muita perspicácia política para
indicar antecipadamente Paulo Guedes para o ministério, o que levou
muita gente que nunca votaria nele a sentir confiança nos rumos da
economia, mesmo que a história pregressa do Bolsonaro não tenha nada de
liberal. Teve a sensibilidade política de entender o que as
pessoas queriam. Mas Bolsonaro recebeu votos de muita gente que não
concorda com a maneira de ele se comportar, muita gente se enganou,
achando que ele, assumindo a presidência, iria se conter, ou ser
controlado pelo militares a seu redor. governo Bolsonaro é, em
virtude de sua maneira de dirigir o país, em busca sempre de um
adversário, muito tenso, o que se reflete no dia a dia da população, e
justifica a queda de popularidade, além das dificuldades naturais de
governar em uma democracia. Essa de Carlos Bolsonaro, como as
anteriores de seu irmão Eduardo, e do pai, são bravatas típicas
políticos autoritários, e no momento não encontram eco na realidade. As
instituições que o presidente ataca com freqüência, Congresso,
Judiciário, imprensa, reagem a cada tentativa de ultrapassar os limites
democráticos. Não se pode normalizar uma declaração dessas.
Que coisa! É Lula quem está a depender de uma decisão do STF para não
ser preso antes do trânsito em julgado de sentença condenatória, mas
quem vive seu patético momento é o campo não petista. E aí vale tudo.
Até apelar a Luciano Huck, que não viria de táxi, mas de avião movido a
BNDES…
Não me surpreende. Política não se
esgota na matemática. Também não é inteiramente explicável pela lógica.
Mas pobre do tolo que desprezar o saber objetivo em favor de achismos,
impressões e estreitezas ideológicas. Análise política, por sua vez, não
é profecia, jogo de búzios, arcanos de tarô. Andará bem aquele que
fizer seus diagnósticos e prognósticos levando em conta os valores que
estão sendo agredidos ou incensados.
Há precisamente um ano, no dia 17 de fevereiro de 2017, escrevi neste espaço o seguinte: “Ainda
é cedo, claro! Mas uma sociedade diz alguma coisa de si mesma, do
processo político e do futuro quando uma média de 30% dos eleitores,
mesmo depois de tudo, está com Lula. E poderia ser diferente? A
indignação com a corrupção e os desmandos do PT degenerou depressa em
moralismo tacanho, em ódio à política, em contínua depredação de
procedimentos mesmo os mais corriqueiros da atividade. Se todos são
mesmo iguais, então Lula é melhor.”
Mas quê… Não só o campo não petista
continuou apegado ao túmulo da moral como insistiu em endossar as
ilegalidades da Lava Jato, que atingiriam o estágio do sublime com a
patranha que uniu Rodrigo Janot, Joesley Batista, Edson Fachin e Cármen
Lúcia. A articulação, com apoio escancarado dos veículos do Grupo Globo
—cadê o endosso do presidente à compra do silêncio de Eduardo Cunha ou o
pedido de desculpas?—, buscava derrubar Michel Temer em uma semana. O
presidente não caiu.
Mas a inflação despencou de 10% para menos de 3%; a
Selic mergulhou do trampolim dos 14,25% para 6,75%;a economia saiu de
uma recessão de 3,6% para um crescimento de estimáveis 3,5% neste 2018. E
só não temos uma reforma da Previdência robusta por causa da tramoia
dos açougueiros de instituições.
E Lula chegou a roçar o patamar dos 40%. [Lula é uma coisa que não mais existe e que sequer será considerado nas próximas eleições;
quanto a Temer não caiu mas com essa intervenção federal que não é uma intervenção federal convencional e sim uma 'intervenção a La Temer', ou muita coisa terá que ser adaptada na Constituição Federal ou Temer cai ou as Forças Armadas sairão desmoralizadas.
O Brasil dos homens e mulheres de BEM torce para que as Forças Armadas não saiam desmoralizadas, saiam vitoriosas, mesmo que tenham que fazer tudo que for necessário para vencer a guerra contra o crime organizado.]
(…) Íntegraaqui