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terça-feira, 22 de março de 2022

O maior sequestro da história - Percival Puggina

Não, não me refiro a valor do resgate pago a sequestradores. O que tenho em mente é o imenso valor do bem sequestrado, que tem vínculo estreito com o sucesso, ou com o fracasso de uma nação.  

Em nosso país, a Educação foi sequestrada por interesses políticos, ideológicos e corporativos que a mantêm cativa, sob ferrolhos, impedindo-a de cumprir suas funções enquanto muitos dela se aproveitam para os próprios fins.

O art. 206 da Constituição Federal não deixa margem para fanatismos paulofreireanos. Nenhuma “autonomia” do professor, da escola, do departamento, da universidade, do Conselho, do sindicato pode desrespeitar o disposto no inciso III do art. 206 da Constituição Federal quando dispõe que o ensino será ministrado com “pluralismo de ideias e de concepções”. Mas para ler e entender isso é preciso não ser analfabeto.

Há um incompreensível silêncio sobre o dado divulgado em junho do ano passado pelo IMD World Competitiveness Center, que comparou a prosperidade e a competitividade de 64 nações. 
No eixo que avalia a Educação, o Brasil ficou em último lugar! Não surpreende o resultado, num país em que relacionar atividades pedagógicas a expectativas burguesas como competitividade e prosperidade é crime hediondo, punido com “cancelamento” definitivo do infeliz que o fizer. 

Quem desejar um Brasil mais qualificado sob o ponto de vista educacional terá que arrumar um banquinho e aguardar pelo menos uma geração inteira. Isso se começarmos amanhã de manhã bem cedo. Afinal, o fique em casa deixou nossas crianças por dois anos sem aula minimamente proveitosa e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua 2021) apontou um aumento de 66,7% no número de crianças de 6 a 7 anos que não sabem ler nem escrever!

"Uma geração inteira?", talvez exclame, preocupado, o leitor destas linhas. Sim, uma geração inteira porque para podermos alfabetizar melhor nossas crianças será preciso refazer um longo percurso que começa pela formação dos professores naquelas usinas dos recursos humanos do sistema que são as universidades. Ao mesmo tempo, haverá que abrir caminho até os registros e válvulas que comandam a entrada e saída de recursos do erário. E, também concomitantemente, acabar com as iniquidades instaladas na tradição brasileira, entre elas a que faculta ensino superior gratuito a quem pode pagar por ele. Em menos palavras: melhores professores, mais recursos financeiros, mais bom senso.

Por fim, se abrirmos a janela para espiar o Brasil real, será impossível não perceber que se instalou a cultura do não saber. Poucos são os alunos que querem aprender. Menos numerosos ainda os que têm hábitos de leitura. Separa-se o lixo na cozinha, mas não se separa o lixo inserido na Educação e nos meios de comunicação.

É a epifania da ignorância, cultuada em cativeiro e fanatismo.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Guardar R$ 51 mi em dinheiro, comprar joias e gado ou ter conta na Suíça?

Quando a Polícia Federal estourou um ”cativeiro” em Salvador, libertando mais de R$ 51 milhões (R$ 42.643,500,00 e US$ 2.688.000,00) que estavam presos em caixas e malas, nesta terça (5), veio à tona uma preocupação importante destes tempos insanos: como manter a salvo o dinheirinho pelo qual muito político vendeu a alma, rifou o país e até suou a camisa?
 Foto - Divulgação
Foto: Divulgação... - Veja mais em https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2017/09/06/guardar-r-51-mi-em-dinheiro-comprar-joias-e-gado-ou-ter-conta-na-suica/?cmpid=copiaecola%20.&cmpid=copiaecola

A pergunta, claro, não tem uma resposta única. Depende do perfil do envolvido. O imóvel onde ocorreu a maior apreensão de dinheiro na história do país seria usado, segundo investigação da Polícia Federal, por Geddel Vieira Lima. Acusado de corrupção e cumprindo prisão domiciliar, foi ministro de Temer e de Lula. Ele faz o estilo ”cara-de-pau”, do tipo que nem pisca quando vai a um protesto gritar contra a corrupção, mas há opções para todos os gostos. Umas mais cômodas que outras, outras mais fáceis de esconder.

Manter dinheiro em espécie: Não é tão simples, uma vez que o valor máximo de uma nota no Brasil é de R$ 100,00. Pode ser, portanto, um trabalho hercúleo transportar a carga se ela estiver na casa dos milhões. Cuidado: pilhas de garoupas e onças-pintadas sempre rendem boas fotos para estampar a primeira página de um jornal de circulação nacional. Ou pior: a escalada de notícias do Jornal Nacional. João Batista Ramos (R$ 10,2 milhões), então deputado federal e bispo da Igreja Universal, e Roseana Sarney (R$ 1,3 milhão), então governadora do Maranhão, que o digam.

Guardar joias e ouro: Mais prático, é uma das principais opções do naco da elite brasileira que quer mandar riqueza para fora ou trazê-la para dentro sem despertar muitas suspeitas. Como existe um comércio ilegal desses produtos, há uma certa liquidez do ”investimento” – no que pese ele perder muito o seu valor assim que é retirado da loja. É a opção do coração de Sérgio Cabral, que teria gasto R$ 11 milhões com a aquisição de 189 joias. O ex-governador do Rio de Janeiro refuta a tese de lavagem de dinheiro e diz que os mimos foram comprados com sobras de campanha. O problema é que sempre tem uma H.Stern pronta para bater com a língua nos dentes e confirmar que vendeu sem nota fiscal.

Comprar gado: Bois têm sido, há muito, uma excelente saída para quem quer guardar dinheiro sujo. Primeiro, porque nosso sistema de controle de comércio de animais permite fraudes na compra e venda de animais. Além do mais, o boi é uma lavanderia de dinheiro ambulante, ou seja, dá para transferir para uma fazenda vizinha se ocorrer uma fiscalização ou tocar o investimento até outra cidade. Um exemplo de fã de explicações bovinas é o senador Renan Calheiros. Em 2007, para justificar-se diante das denúncias de que recebia recursos de um lobista de empreiteira para pagar a pensão a uma filha, ele apresentou documentos frios de que havia recebido esse valor através da venda de gado. O suposto comprador disse, contudo, que isso era história para boi dormir. O risco é, durante a engorda do gado, acabar sendo pego por usar trabalho escravo ou desmatamento ilegal.

Contas na Suíça: É muito mais fácil e prático passar um cartão, emitir um cheque ou fazer um DOC/TED do que buscar dinheiro em apartamentos e vender bois ou joias. Mas é preciso ressaltar que o país do chocolate, dos picos nevados e dos escritórios da ONU já não é mais tão seguro para isso – o Ministério Público de lá tem sido menos tolerante com recursos de origem criminosa. O grande exemplo de usufrutuário desse modelo é o ex-presidente da Câmara dos Deputados e hoje presidiário Eduardo Cunha que, um dia após ter dito que não possuía contas no exterior, recebeu um passa-moleque do MP suíço que mostrou que mentira tinha perna curta.

Mas comparado com o montante que o eterno Paulo Maluf mandou para contas na Suíça e na Ilha de Jersey, desviado da Prefeitura de São Paulo, as cadernetas de Cunha, as caixinhas de Geddel, as joiazinhas de Cabral e a vaquinhas de Renan são pó. Estima-se em mais de US$ 1 bilhão degredados e que esperam, um dia, poder voltar para casa. Assim também esperamos nós, paulistanos, que estamos com saudades deles.

Enfim, não precisa se preocupar. Para quem deseja privacidade a fim de curtir uns momentos íntimos com seu dinheiro, há várias formas de guarda-lo longe do olho gordo do povo. Se ele estivesse beneficiando seus devidos proprietários, o povo, estaria sendo torrado em loucuras, como garantir leite para crianças, pagar salários atrasados de professores, adquirir remédios para postos de saúde ou manter as bolsas de pesquisadoras que fazem nossa ciência.

Melhor que fique, portanto, bem guardadinho, nas mãos de quem vai transformá-lo em luxo, usá-lo para fazer mais dinheiro ou comprar algo que realmente importa, ou seja, outro político.



quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Pastora acusada de tortura responde a mais acusações de maus tratos



Pelo menos três denúncias são apuradas pela Polícia Civil e pelo Conselho Tutelar. Em uma delas, a representante religiosa orientou outra fiel a não amamentar o filho recém-nascido

A criança de 7 anos mantida em cativeiro pela mãe recebeu alta do Hospital Regional de Ceilândia (HRT) após 12 dias internada. A menina encontrada desnutrida sofreu sérias restrições físicas por quase um mês por influência da pastora de uma igreja da cidade. Apesar de as duas terem sido presas no dia do resgate da vítima por policiais militares, a dupla ganhou a liberdade, mas responderá na Justiça por tortura.

Essa não seria a única situação ligada à líder da comunidade evangélica. Pelo menos três denúncias são apuradas pela Polícia Civil e pelo Conselho Tutelar. Em uma delas, a representante religiosa orientou outra fiel a não amamentar o filho recém-nascido e encaminhá-lo para adoção. A exemplo da violência cometida em Ceilândia, a pastora justificou que a criança era fruto do diabo.

O caso teve início quando a mãe, Roberta*, 38 anos, começou a frequentar a igreja pentecostal no início da gravidez. A pastora se aproximou da mulher. E, a partir daí, a grávida teve na líder uma mentora religiosa. A mulher dizia que o bebê era filho do pecado, pois a mãe não era formalmente casada com o companheiro. O pai da criança, José*, 38, chegou a presenciar cenas em que Roberta socava o ventre. “Ela se machucava, dizendo: ‘Morre demônio, você não vai me matar’”, afirma José. No sétimo mês de gravidez, ela o expulsou de casa. O argumento era de que, se o relacionamento continuasse, a mãe morreria.

No dia do parto, ela impediu a entrada do pai do menino no hospital. José só conheceu o filho dois dias depois do nascimento. A mãe nunca amamentou a criança. “Ela chegou a tomar um remédio para não produzir mais leite”, lembra a tia paterna. Da Certidão de Nascimento, não consta o nome do pai. Com o auxílio do Conselho Tutelar, ele localizou o garoto, que passa bem, mas está na fila da adoção de uma instituição. “Estou lutando na Justiça para conseguir o reconhecimento de paternidade e também a guarda”, conta José.

O Conselho Tutelar acompanha o caso. “Essa suposta pastora estava influenciando essa mãe a maltratar o bebê de 8 meses. Nesse momento, descobrimos que ela havia entregado a criança para a Vara da Infância sob a influência dessa líder religiosa”, detalha a conselheira tutelar Selma Aparecida Costa. “A criança agora está sob custódia do Estado. Dissemos para o pai entrar com o pedido de guarda. Vamos orientar as famílias a criarem a criança”, explica.

Sofrimento
Após o resgate, a criança de 7 anos precisou ser transportada com urgência para o HRC para uma transfusão de sangue devido ao quadro de anemia aguda, desenvolvido pela falta de alimentação e de mobilidade no cativeiro. A vítima também precisará de cadeiras de rodas e passará por sessões de fisioterapia. A suspeita é de que a garota tenha perdido massa muscular por causa das condições de vida. “Estamos fazendo todos os acompanhamentos possíveis. Inicialmente, a criança estava mais arredia com as pessoas, justamente em virtude da violência sofrida. Agora, ela começou a interagir, mas vamos dar todo o acompanhamento psicológico possível para ela”, revela Selma. Ela ficará na casa do pai.

Todas as denúncias, além de serem alvo do Conselho Tutelar de Ceilândia, são investigadas pela Polícia Civil. “Os casos chegam e são apurados com todo o cuidado, justamente por envolverem crianças. Estamos juntando todos os fatos e coletando depoimentos de pessoas envolvidas para identificar se realmente ocorreram outros casos de maus-tratos (na igreja). É tudo muito delicado”, alerta o delegado-chefe da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), André Leite.

Fonte: Correio Braziliense