Pelo menos três denúncias são apuradas
pela Polícia Civil e pelo Conselho Tutelar. Em uma delas, a representante religiosa
orientou outra fiel a não amamentar o filho recém-nascido
A criança de 7 anos
mantida em cativeiro pela mãe recebeu alta do Hospital Regional de Ceilândia (HRT) após 12 dias internada. A
menina encontrada desnutrida sofreu sérias restrições físicas por quase um mês
por influência da pastora de uma igreja da cidade. Apesar de as duas terem sido
presas no dia do resgate da vítima por policiais militares, a dupla ganhou a liberdade, mas responderá
na Justiça por tortura.
Essa não seria a única situação ligada à líder da comunidade evangélica. Pelo menos três denúncias são apuradas pela Polícia Civil e pelo Conselho Tutelar. Em uma delas, a representante religiosa orientou outra fiel a não amamentar o filho recém-nascido e encaminhá-lo para adoção. A exemplo da violência cometida em Ceilândia, a pastora justificou que a criança era fruto do diabo.
O caso teve início quando a mãe, Roberta*, 38 anos, começou a frequentar a igreja pentecostal no início da gravidez. A pastora se aproximou da mulher. E, a partir daí, a grávida teve na líder uma mentora religiosa. A mulher dizia que o bebê era filho do pecado, pois a mãe não era formalmente casada com o companheiro. O pai da criança, José*, 38, chegou a presenciar cenas em que Roberta socava o ventre. “Ela se machucava, dizendo: ‘Morre demônio, você não vai me matar’”, afirma José. No sétimo mês de gravidez, ela o expulsou de casa. O argumento era de que, se o relacionamento continuasse, a mãe morreria.
No dia do parto, ela impediu a entrada do pai do menino no hospital. José só conheceu o filho dois dias depois do nascimento. A mãe nunca amamentou a criança. “Ela chegou a tomar um remédio para não produzir mais leite”, lembra a tia paterna. Da Certidão de Nascimento, não consta o nome do pai. Com o auxílio do Conselho Tutelar, ele localizou o garoto, que passa bem, mas está na fila da adoção de uma instituição. “Estou lutando na Justiça para conseguir o reconhecimento de paternidade e também a guarda”, conta José.
O Conselho Tutelar acompanha o caso. “Essa suposta pastora estava influenciando essa mãe a maltratar o bebê de 8 meses. Nesse momento, descobrimos que ela havia entregado a criança para a Vara da Infância sob a influência dessa líder religiosa”, detalha a conselheira tutelar Selma Aparecida Costa. “A criança agora está sob custódia do Estado. Dissemos para o pai entrar com o pedido de guarda. Vamos orientar as famílias a criarem a criança”, explica.
Sofrimento
Após o resgate, a criança de 7 anos precisou ser transportada com urgência para o HRC para uma transfusão de sangue devido ao quadro de anemia aguda, desenvolvido pela falta de alimentação e de mobilidade no cativeiro. A vítima também precisará de cadeiras de rodas e passará por sessões de fisioterapia. A suspeita é de que a garota tenha perdido massa muscular por causa das condições de vida. “Estamos fazendo todos os acompanhamentos possíveis. Inicialmente, a criança estava mais arredia com as pessoas, justamente em virtude da violência sofrida. Agora, ela começou a interagir, mas vamos dar todo o acompanhamento psicológico possível para ela”, revela Selma. Ela ficará na casa do pai.
Todas as denúncias, além de serem alvo do Conselho Tutelar de Ceilândia, são investigadas pela Polícia Civil. “Os casos chegam e são apurados com todo o cuidado, justamente por envolverem crianças. Estamos juntando todos os fatos e coletando depoimentos de pessoas envolvidas para identificar se realmente ocorreram outros casos de maus-tratos (na igreja). É tudo muito delicado”, alerta o delegado-chefe da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), André Leite.
Fonte: Correio Braziliense
Essa não seria a única situação ligada à líder da comunidade evangélica. Pelo menos três denúncias são apuradas pela Polícia Civil e pelo Conselho Tutelar. Em uma delas, a representante religiosa orientou outra fiel a não amamentar o filho recém-nascido e encaminhá-lo para adoção. A exemplo da violência cometida em Ceilândia, a pastora justificou que a criança era fruto do diabo.
O caso teve início quando a mãe, Roberta*, 38 anos, começou a frequentar a igreja pentecostal no início da gravidez. A pastora se aproximou da mulher. E, a partir daí, a grávida teve na líder uma mentora religiosa. A mulher dizia que o bebê era filho do pecado, pois a mãe não era formalmente casada com o companheiro. O pai da criança, José*, 38, chegou a presenciar cenas em que Roberta socava o ventre. “Ela se machucava, dizendo: ‘Morre demônio, você não vai me matar’”, afirma José. No sétimo mês de gravidez, ela o expulsou de casa. O argumento era de que, se o relacionamento continuasse, a mãe morreria.
No dia do parto, ela impediu a entrada do pai do menino no hospital. José só conheceu o filho dois dias depois do nascimento. A mãe nunca amamentou a criança. “Ela chegou a tomar um remédio para não produzir mais leite”, lembra a tia paterna. Da Certidão de Nascimento, não consta o nome do pai. Com o auxílio do Conselho Tutelar, ele localizou o garoto, que passa bem, mas está na fila da adoção de uma instituição. “Estou lutando na Justiça para conseguir o reconhecimento de paternidade e também a guarda”, conta José.
O Conselho Tutelar acompanha o caso. “Essa suposta pastora estava influenciando essa mãe a maltratar o bebê de 8 meses. Nesse momento, descobrimos que ela havia entregado a criança para a Vara da Infância sob a influência dessa líder religiosa”, detalha a conselheira tutelar Selma Aparecida Costa. “A criança agora está sob custódia do Estado. Dissemos para o pai entrar com o pedido de guarda. Vamos orientar as famílias a criarem a criança”, explica.
Sofrimento
Após o resgate, a criança de 7 anos precisou ser transportada com urgência para o HRC para uma transfusão de sangue devido ao quadro de anemia aguda, desenvolvido pela falta de alimentação e de mobilidade no cativeiro. A vítima também precisará de cadeiras de rodas e passará por sessões de fisioterapia. A suspeita é de que a garota tenha perdido massa muscular por causa das condições de vida. “Estamos fazendo todos os acompanhamentos possíveis. Inicialmente, a criança estava mais arredia com as pessoas, justamente em virtude da violência sofrida. Agora, ela começou a interagir, mas vamos dar todo o acompanhamento psicológico possível para ela”, revela Selma. Ela ficará na casa do pai.
Todas as denúncias, além de serem alvo do Conselho Tutelar de Ceilândia, são investigadas pela Polícia Civil. “Os casos chegam e são apurados com todo o cuidado, justamente por envolverem crianças. Estamos juntando todos os fatos e coletando depoimentos de pessoas envolvidas para identificar se realmente ocorreram outros casos de maus-tratos (na igreja). É tudo muito delicado”, alerta o delegado-chefe da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), André Leite.
Fonte: Correio Braziliense
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