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segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Muita conversa para pouca ação - Carlos Alberto Sardenberg

Com a devida licença poética, foi mais ou menos assim.— Tem bandido cobrando 500 mil de empreiteira que toca obra pública.

Ministro, também no X:

— Tô sabendo. Seu colega de Nova Iguaçu também alertou. Vamo pra cima.

Não foram. Ficaram ocupados consigo mesmos, com as trocas no Ministério da Justiça e Segurança Pública.  
O então ministro interino, Ricardo Cappelli, continua secretário executivo da pasta, mas entrou em férias, depois deixará o cargo
Também se dá como certo que o atual secretário de Segurança Pública, Francisco Tadeu Barbosa de Alencar, será substituído, provavelmente por Benedito Mariano, quadro do PT que participou da transição nas questões de segurança.

As propostas da transição não foram aproveitadas na gestão do ministro Flávio Dino. A julgar pelos resultados, nenhuma outra proposta foi aproveitada, nem sequer formulada no detalhe. Agora, confirmadas as mudanças, Mariano deverá imprimir “nova política”.

Pelo jeito, demorará para o governo federal ir para cima da milícia e do narcotráfico. A Polícia Civil do Rio tentou. Descobriu o nome do bandido que cobrou os R$ 500 mil da empreiteira que toca a obra do Parque da Piedade. Trata-se de Jean Carlos Nascimento dos Santos, o Jean do 18. O Ministério Público apresentou denúncia por extorsão, a polícia foi atrás do sujeito. Não encontrou.

Nada, portanto. Para prender Jean do 18, não era preciso denúncia alguma. Ele está condenado a 66 anos de prisão, é réu em 20 crimes, incluindo homicídios, foi preso em 2017, mas fugiu no começo do ano passado. E voltou às atividades.

O tuíte do prefeito Eduardo Paes trouxe à tona toda essa história. Com mais detalhes. Tinha ocorrido, em novembro passado, uma reunião de Dino e Cappelli com empreiteiros do Rio, que reclamaram justamente das extorsões. Todo mundo que deveria saber, portanto, estava sabendo. Vai ver foi por isso que o prefeito do Rio recorreu ao X. Boca no trombone.

Agora, todos sabemos — nada foi feito, nem ao menos se tem a tal política nacional de segurança. Parece mais fácil formular do que colocar para funcionar o que já existe. Em todas as áreas.

Um ano depois de iniciada a gestão Lula e depois de o presidente ter ido a Roraima para denunciar a tragédia do povo ianomâmi com a titular da nova pasta dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, a situação dos ianomâmis continua uma tragédia.

Repórteres e fotógrafos que foram até lá há uma semana encontraram crianças desnutridas com os ossos à mostra. Explosão de casos de malária e virose. Centenas de mortes. Rios poluídos tomados pela lama. O garimpo ilegal, que nunca saiu totalmente, de volta com força no interior da Floresta Amazônica — como descrevem reportagens e declarações de lideranças locais. Em janeiro de 2023, Lula decretou emergência de saúde pública. Neste mês, revelada a tragédia persistente, fez uma reunião com vários ministros e decretou questão de Estado. A Casa Civil anunciou que tomará “ações estruturantes”.

De novo, não seria mais eficiente levar comida e remédios para lá? Há 27 mil indígenas na Terra Yanomami. [em nosso opinião a causa da tragédia ianomâmi é o excesso de terra pertencente aos indios e que não são adequadamente aproveitadas, em proveito do Brasil e dos brasileiros = o que inclui os indios, que não são mais brasileiros que os milhões e milhões de brasileiros, digamos, comuns.
O absurdo é tamanho que a Terra do Povo Ianomâmi tem 9,5 milhões de hectares = equivalente a 4,36% das terras indígenas do Brasil,  correspondendo, aproximadamente, à área dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo somados.
Tal imensidão de terra  para apenas 27.152 índios (censo de 2022) o que resulta em 349 hectares para cada índio ianomâmi. 
Um hectare equivale a um campo de futebol.
É terra demais, gerando incompreensão das razões que levam  poucos a  terem tanto, enquanto  muitos (a maioria dos brasileiros) nada tem ou tem muito pouco??? ]  -  Não pode ser tão difícil entregar lá comida e remédios. Em janeiro do ano passado, a ministra Sonia Guajajara dizia exatamente isso, que a ação imediata seria levar suprimentos. Combater o garimpo ilegal, um tipo de crime organizado, e tocar o saneamento de rios e matas é mais difícil, claro. Mas levar alimentos?

O governo diz que o desastre foi causado pela gestão Bolsonaro — é verdade — e que conseguiu alguns resultados, como redução no número de mortos. Não foi o que os jornalistas encontraram. Não é o que dizem lideranças indígenas. Além disso, até quando continuarão culpando o governo anterior?

A ministra Sonia Guajajara orgulha-se de ter levado cem indígenas brasileiros em sua delegação para a COP28, em Dubai. Um marco histórico, como ela diz. 
Mas que vale isso diante da tragédia continuada dos ianomâmis?
[o que trouxe de prático, para o povo indígena,  a ida dos 100 indígenas brasileiros  para passear em Dubai?] 
 
 

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - Jornal O Globo - Coluna 13 jan 2024

 

quinta-feira, 7 de julho de 2022

A atuação de ministros do STF para evitar que Bolsonaro incendeie atos do 7 de Setembro - Bela Megale

O Globo

7 de setembro

Com a expectativa de que as manifestações do 7 de setembro sejam tão ou mais radicais do que aquelas realizadas ano passado, [quais? onde?] ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) colocaram em campo uma série de estratégias para tentar atenuar os ânimos. 
A ala de magistrados alinhados a Bolsonaro prometeu a colegas da corte atuar diretamente junto ao presidente, na tentativa de convencê-lo a não ir às ruas em nenhum ato [a tradição impõe que o presidente desfile em carro aberto durante o Desfile Militar de 7 de setembro - tradição que certamente será mantida. 
Quanto a comparecer em outros atos não nos parece democrático que o presidente não tenha liberdade de comparecer a eventos que comemoram 200 anos da Independência do Brasil. A ideia de que o presidente não participe sequer de eventos on line, equivale a manter o presidente recluso, enquanto um dos maiores ladrões do Brasil estará desfrutando de total liberdade.]

O presidente Jair Bolsonaro durante ato contra o Supremo Tribunal Federal na Avenida Paulista, em São Paulo, neste 7 de setembro

Magistrados relataram à coluna que vão se reunir com Bolsonaro para tratar diretamente sobre esse assunto. Eles pedirão que Bolsonaro tenha como agenda única sua presença no tradicional desfile que acontece nesta data em Brasília e que não compareça a eventos de apoiadores que têm tido como principal bandeira ataques ao STF. 
A meta é convencer Bolsonaro a não fazer nem mesmo participações online. Os ministros sabem, no entanto, que a missão é difícil e que a corte não conta com a colaboração de presidente.

O 7 de setembro deste ano será um evento maior que os anteriores, devido à celebração dos 200 anos da Independência. Bolsonaro já disse em entrevista que haverá atos em seu apoio e que poderá participar.

No STF, o esquema de segurança para a data já está com os preparativos em andamento, por ordem do presidente da corte, Luiz Fux. A avaliação é que, no ano passado, os apoiadores do presidente que atacam o Judiciário conseguiram se aproximar demais do prédio do tribunal e que o mesmo erro de segurança não pode se repetir. Para isso, está sendo planejado um esquema de proteção do prédio, em coordenação com as forças de segurança pública, em especial a Polícia Militar do Distrito Federal. [respeitosamente, lembramos o óbvio: esperamos que a proteção a um prédio público não reduza a frágil proteção que a população, especialmente os da periferia do DF, ; recebem é notório que os efetivos da Policia Militar e Polícia Civil do DF, estão bem abaixo do necessário = ao que sabemos são inferiores aos do inicio do século.]

Bela Megale, jornalista  - Blog em O Globo


sexta-feira, 4 de maio de 2018

Moradores relatam achaque e polícia vai investigar ‘aluguel’ em ocupações

A cobrança de “aluguel” em invasões, apontada como achaque e exploração de quem já não tem quase nada, será agora investigada em toda a cidade pela Polícia Civil. A suspeita é de que grupos se associaram para obter benefícios à margem do poder público. As denúncias de moradores sobre essas “taxas” aumentaram com o avanço das invasões em São Paulo nos últimos anos e ganharam atenção após a queda do Edifício Wilton Paes de Almeida, na terça-feira passada, dia 1º.

O inquérito foi instaurado pelo Departamento de Investigações Criminais (Deic), segundo o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa. “É para apurar cobranças. Vamos investigar as associações e não os movimentos que promovem as ocupações. Vamos investigar associações que exploram moradores das ocupações”, afirma. A União, proprietária do imóvel que desabou, também pediu à Polícia Federal que investigue a cobrança de eventuais taxas de “aluguel” dos sem-teto. [essa diferença entre 'movimento' e 'associação' só existe na cabeça de quem quer favorecer a impunidade;
se os tais movimentos, em sua maioria, não possuem personalidade jurídica, suas lideranças são penalmente imputáveis e devem ser autuadas, processadas e condenadas.
Invasor também deve ser punido - invasão de propriedade alheia é crime.]

Em outras invasões, a prática de “aluguel” para sem-teto já foi enquadrada pela Polícia Civil como extorsão, com pena prevista de 4 a 10 anos de reclusão. A cobrança de taxas em ocupações, como o jornal O Estado de S. Paulo mostrou nesta quinta-feira, 3, não é fato isolado. “Custa R$ 200 na Ocupação Rio Branco, o que cobre porteiro 24 horas e despesas de manutenção”, diz Jilmara Abreu Pires da Fonseca, de 60 anos, coordenadora da Frente de Luta por Moradia (FLM). Os movimentos justificam a cobrança para arcar com despesas jurídicas, de limpeza, segurança e manutenção. Sobreviventes do prédio que desabou dizem, porém, que o “resultado” não era visível.
Ex-morador do 4.º andar, o aposentado Miguel Angelo Vargas, de 57 anos, diz que a ocupação do Edifício Wilton Paes de Almeida, que ruiu na terça-feira no centro de São Paulo, foi “a pior” de todas em que já esteve. Além de só ter água fria e nenhum banheiro, ele viu o “aluguel” de um espaço no 4.º andar passar de R$ 100 para R$ 300 em oito anos. E qualquer atraso superior a cinco dias rendia “despejo” imediato. Entre os desabrigados diante da Igreja Nossa Senhora do Rosário, no Largo do Paissandu, Vargas é um dos poucos que aceitam falar sobre o assunto. Por mês, a taxa desembolsada pelo aposentado era de R$ 310 – R$ 10 seria para limpeza e o restante, para a mensalidade. “Estava pagando R$ 210 em um quarto, mas era muito abafado. Passei para um quarto mais ventilado, então comecei a pagar R$ 310”, afirma. “Não tinha banheiro nos quartos. E nos banheiros também não tinha privada, só um buraco. No chuveiro, era só água fria. A água vinha pouco e logo parava. Se o pessoal esquentava água para tomar banho, acabava a luz. A energia, a gente puxava do semáforo, então não tinha força.”

Antes de ir para o Wilton Paes de Almeida, ele tentou alugar um barraco em uma favela, mas alega que o valor era impossível de pagar: R$ 400. Segundo o Conselho Regional de Corretores de Imóveis, um apartamento na região central não tem aluguel inferior a R$ 500, para uma área de cerca de 35 m². Na região, um metro quadrado alugado sai por cerca de R$ 17 (ainda assim, metade da média da capital). Vargas, no entanto, sobrevive com um salário mínimo por mês, valor de um benefício por invalidez. Até esta quinta, a Prefeitura e o Estado haviam cadastrado 56 famílias do imóvel que desabou para receber por 12 meses, a partir desta sexta-feira, 4, auxílio-moradia de R$ 400. Bem mais do que alguns moradores pagavam para ficar ali – cerca de R$ 100. Era o caso da doméstica Neuza Cavalcante, de 55 anos, que morava com um filho de 15. “No meu quarto, caía muita água. Eu tinha medo de inundar.” Além da falta de recursos, a necessidade de documentação – sobretudo no caso de estrangeiros – e de fiador dificultavam as opções para quem pretendia residir nas imediações.

Segundo a manicure Keliane Mendes, de 34 anos, o valor pago no Largo do Paissandu, de até R$ 350, dependia da quantidade de pessoas por cômodo. Outro critério para a definição da taxa incluía até a amizade com os líderes. Mas a falta de condições de segurança no prédio levantou, até entre os residentes, insinuações de que a “taxa” não seria devidamente utilizada. Mesmo sentimento teve a psicóloga Cássia Fellet, que visitou uma ocupação do Movimento de Luta Social por Moradia (MLSM), grupo responsável pela invasão no prédio, entre o fim de 2015 e o início de 2016, para o mestrado. Ela recorda que não havia “ação coletiva” entre os moradores, como mutirões de limpeza ou assembleias típicas de outras ocupações. “Eu tive certeza de que aquilo não era um movimento por moradia.”
Investigação
Um trabalho da Polícia Civil será identificar se há uma organização criminosa por trás da cobrança. Era o que acontecia, por exemplo, no Edifício Cine Marrocos, também no centro, alvo de invasão do Movimento Sem Teto de São Paulo (MSTS): um grupo de “fachada”, a serviço do Primeiro Comando da Capital (PCC).  Em agosto de 2016, uma ação policial ligou os líderes do MSTS ao tráfico de drogas e ao “desvio” de aluguel, então de R$ 200. A polícia, porém, não tem informação de que isso ocorria na Wilton Paes.
Segundo ex-moradores, dois homens eram responsáveis pela ocupação – Ananias Pereira dos Santos, o Nilton, e Hamilton Resende -, que deixariam carros caros estacionados na garagem do prédio. Desde a tragédia, não apareceram para dar assistência aos desabrigados. Uma aliada alegou que estão preocupados com “as denúncias de aluguel”. Ananias e Hamilton são investigados pelo Ministério Público por achaque em ocupações em 2015. No ano seguinte, o MP recomendou e a polícia abriu inquérito por extorsão. O processo corre em segredo de Justiça.

Outro dos chefes do movimento é Ricardo Luciano. Ele nega o pagamento de mensalidade e fala em “taxa” de R$ 86 de manutenção – por família. “Ananias é um herói. Tira dinheiro do seu bolso para ajudar as famílias.” Segundo ele, o líder, que seria dono de barracas comerciais no Brás e Santa Ifigênia, teria morado em outras ocupações. “Sempre foi um dos nossos. Vivia em ocupação. Depois disso, ele teve condições de passar para o nosso lado e ajudar.” 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

sábado, 11 de março de 2017

MP analisará atuação de militares suspeitos de destruírem provas

Integrantes do Ministério Público se reunirão com o comandante-geral da PMDF para buscar informações sobre a denúncia da Polícia Civil de que houve destruição de provas durante uma operação que apreendeu armas

 Uma das denúncias da Polícia Civil é de que o dinheiro apreendido com os bandidos foi devolvido ao advogado
O Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT) vai analisar a regularidade da atuação de policiais militares numa das maiores apreensões de armas da capital, ocorrida na última quarta-feira, na QE 7 do Guará I. Integrantes de Promotorias Militares e do Núcleo de Controle da Atividade Policial (Ncap) discutiram o assunto, ontem pela manhã, e vão trabalhar em parceria. Eles marcaram uma reunião com o comandante-geral da PM, coronel Marcos Antônio Nunes, para a próxima segunda-feira, em busca de informações sobre o trabalho das equipes na ocorrência. 

A Polícia Civil apontou, ao lavrar o flagrante, que houve destruição de provas e que o dinheiro apreendido com as armas e as munições foi restituído indevidamente para o advogado de um dos suspeitos, antes de ser entregue ao delegado. Para o promotor de Justiça Paulo Gomes, da Promotoria Militar, é importante entender o contexto para avaliar se houve alguma irregularidade na operação e se esta foi provocada por má-fé ou não. O primeiro passo será a análise das circunstâncias, na reunião com o comando da PM. À frente da investigação relacionada à apreensão, o delegado-chefe da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), Fernando César Costa, acionou a corregedoria da Polícia Civil para investigar a conduta dos militares.
 
A PM fez a apreensão depois receber informações coletadas pela Polícia Militar de Goiás, que interrompeu uma tentativa de assalto a uma mineradora em Crixás, município a 388km de Brasília. No Guará, na loja Geral Elétrica JK, os militares do DF encontraram um fuzil M16 calibre 556 Colt, uma escopeta calibre 12, um revólver calibre 22, três revólveres calibre 38, uma pistola calibre 380, além de projéteis de diversos calibres, uma prensa para fabricação de balas e partes avulsas de armas, como canos, coronhas e tambores. Os PMs prenderam, em flagrante, por porte ilegal de armas de fogo, o proprietário do local, José Aparecido Fernandes, e o irmão dele, Jozivaldo Fernandes Gonçalves. Eles são irmãos de um policial militar.
 
A chefe do Departamento de Polícia Especializada (DPE) da Polícia Civil, Mabel Alves de Faria, afirmou que a conduta da PM “é passível de se investigar”. “A gente vê que existe, talvez, um erro procedimental. Quando fazemos algo que não concerne a nós, a chance de errar é grande. A conduta mais adequada era comunicar à Delegacia de Polícia mais próxima para eles acionarem a perícia. [até que poderia ser a conduta  mais adequada; mas, será que a Delegacia de Polícia mais próxima estava no horário de expediente?
Esperar que fosse localizada uma Delegacia funcionando poderia haver extravio de provas e outros inconvenientes.
Polícia funcionando em horário comercial não é o melhor para a celeridade no combate ao crime.]  Os agentes fariam o levantamento e a arrecadação dos valores. Os suspeitos disseram que o dinheiro era fluxo de caixa, mas, ainda assim, era objeto de investigação, até por conta da quantidade de armamento encontrado no local. O olhar atento à prova é o do policial civil, e não o da PM, que faz o trabalho preventivo”, disse.
 
Ainda segundo a delegada, a forma de proceder da PM foi prejudicial à imagem da própria força de segurança. “O papel das corporações é definido constitucionalmente. Nenhuma é mais importante, mas cada qual deve cumprir seu papel. Nada tiraria o mérito da PM, que chegou ao local e se deparou com o fato. A DRF faz um trabalho de excelência, mas é difícil trabalhar com algo que não se chega absolutamente claro à delegacia. O princípio do judiciário é o da liberdade. A prova tem que ser inquestionável, para se ter uma condenação. Em qualquer rivalidade (entre as corporações), só quem ganha é o criminoso.” 
 
Resposta 
A equipe do Correio enviou um e-mail à Polícia Militar, questionando ponto a ponto as críticas feitas pelo delegado Fernando César Costa, chefe da DRF, à apreensão na última quarta-feira. A PM respondeu por nota. Sobre o repasse do dinheiro, a PM informou que “a quantia encontrada foi estimada no momento da apreensão em aproximadamente R$ 40 mil e, durante todo o período da ocorrência, o advogado dos suspeitos acompanhou pessoalmente o andamento dos fatos.” Ainda de acordo com a nota, os militares agiram para “resguardar a lisura da ação”, já que, em primeira análise, “faziam parte do fluxo de caixa da loja”. “Ocorre que, em um momento posterior, decidiu-se por apresentar o montante à delegacia para compor os autos, fato esse realizado pelo advogado, por ser o defensor legal dos suspeitos”, conclui o texto.
 
Sobre a presença de um irmão do acusado, que é policial militar, a comunicação da corporação disse que ele apareceu somente no fim da ocorrência. “Ressaltamos, ainda, que os policiais que participaram dessa operação não tinham conhecimento do parentesco entre eles, mas, de qualquer forma, a presença desse policial em nada interferiu no andamento da ocorrência”, afirma a nota. Sobre a destruição de provas, eles se resumiram a dizer que “a perícia foi acionada assim que os policiais fizeram a ocorrência na delegacia”. Procurado, o advogado João Marcelo Caetano Costa, que recebeu o dinheiro da PM, disse que não representa mais o suspeito e que não tinha nada a declarar. 
 
Fonte: Correio Braziliense
 
 



 

domingo, 27 de novembro de 2016

Planilha do PCC apreendida na Ethos mostra pagamento a policiais

Propina serviria para liberar presos, armas ou drogas apreendidas por agentes corruptos; PCC chamava a ação de "liberdade alternativa"

Uma planilha da contabilidade do Primeiro Comando da Capital (PCC) apreendida pela Polícia Civil do Estado de São Paulo na Operação Ethos aponta o pagamento de propina a policiais em pelo menos quatro oportunidade diferentes. Os agentes recebiam o dinheiro ilícito das mãos de advogados da facção que pertenciam à chamada “célula R” e foram presos na semana passada, junto com o conselheiro de direitos humanos Luiz Carlos dos Santos. Nas planilhas, membros da facção chamam a prática de corromper agentes do Estado de “Liberdade Alternativa”.

Segundo o inquérito, foi pago 30.000 reais para um policial do 98º DP, no bairro Jardim Miriam, na Zona Sul de São Paulo, no dia 7 de janeiro de 2015; 2.500 reais para alguém do 6º DP de Santo André, no ABC paulista, em 3 de fevereiro de 2015; e um valor indefinido para um agente do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), em 23 de março de 2015.

Os investigadores suspeitam que a propina foi paga para liberar presos, drogas ou armas apreendidas pela polícia. Num e-mail interceptado, um advogado da célula R diz que pagou 100.000 reais a policiais rodoviários “relacionado a objetos ilícitos que foram apreendidos com integrantes da organização”, conforme diz o inquérito. Os integrantes do PCC costumam prestar contas de todos os seus gastos à cúpula da organização criminosa, que age dentro e fora dos presídios e que tem como principal fonte de renda o narcotráfico.

O delegado Éverson Contelli, que coordena as apurações, disse que vai compartilhar as informações com a Corregedoria da Polícia Civil para que sejam tomadas as devidas providências. O promotor Lincoln Gakiya, que também integra a força-tarefa, afirmou que, apesar de não ser revelada a identidade dos agentes, não é difícil localizá-los a partir da data e dos DPs indicados. “É só ver quem estava de plantão”.

Perguntado sobre a suspeita do envolvimento de policiais com o PCC na última terça-feira, o delegado-geral da Polícia Civil, Youssef Abou Chahin, afirmou que “pau que bate em Chico, bate em Francisco”.

 Fonte: Revista VEJA



quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Se a Polícia Civil não quer investigar, a Polícia Militar tem o DEVER e o DIREITO de investigar - Em coletiva, PM afirma que continuará a lavrar termos circunstanciados



Para PCDF, PM age como na ditadura militar ao insistir em investigar crimes
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio de nota, declarou, na tarde desta quarta-feira (21/9), que considera a prática da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que insiste em lavrar Termos Circunstanciados de Ocorrência, ilegal. Os civis alegam que o exercício fere a Constituição Federal. "Constitui retrocesso histórico, em um regime civil, submeter os cidadãos ao poder da caserna, como se estivéssemos sob a égide do regime militar.”

Em contrapartida ao que o alto-comando da PMDF alega, que o objetivo do uso dos TC seria para otimizar o serviço e poupar recursos públicos, a PCDF afirma que a sociedade não precisa que as duas polícias façam o mesmo trabalho. "A sociedade clama que os militares voltem a se empenhar no trabalho preventivo e ostensivo, fazendo-se presentes às ruas do Distrito Federal", disse o diretor de Comunicação da corporação, Miguel Lucena, na nota. 

Ainda de acordo com a publicação, os policiais civis chamam a atenção para o fato de que neste mês foram registrados 2.700 roubos no Distrito Federal, com 2.040 a pedestres em vias públicas. Segundo eles, a PMDF atuou somente em 3% dos casos.   A Polícia Civil do DF afirma que adotará providências para reverter a situação. 

Policiais formados em direito continuarão realizando o procedimento após as ocorrências de menor potencial ofensivo. O objetivo seria otimizar o serviço e poupar recursos públicos

O alto-comando da Polícia Militar deu uma coletiva de imprensa, na manhã desta quarta-feira (21/9) para esclarecer o uso dos Termos Circunstanciados de Ocorrência. O Coronel Helbert Borges, chefe do centro de comunicação social da PM, informou que, inicialmente, os policiais formados em direito continuarão realizando o procedimento após as ocorrências de menor potencial ofensivo. O objetivo seria otimizar o serviço e poupar recursos públicos. Borges ainda afirma que o efetivo está preparado para atender as demandas e que treinamentos serão realizados para capacitar toda a equipe. 

Desde o último mês, foram realizados quatro Termos Circunstanciados pela PM. De acordo com o chefe de comunicação, a polícia tem o objetivo de atender o anseio da comunidade local. "Estamos focados no trabalho preventivo e ostensivo com o intuito de agilizar a demanda. Vamos realizar este trabalho com maestria", afirma.  Outra situação apontada pelos profissionais, é a demora que o processo leva para ser realizado em uma delegacia. Segundo eles, já ocorreram situações em que um registro demorou cerca de 15 horas para ser feito. Os militares também relataram que em abril, o Supremo Tribunal Federal determinou que a Polícia Militar do DF poderia realizar o serviço.

Fonte: CB

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Pastora acusada de tortura responde a mais acusações de maus tratos



Pelo menos três denúncias são apuradas pela Polícia Civil e pelo Conselho Tutelar. Em uma delas, a representante religiosa orientou outra fiel a não amamentar o filho recém-nascido

A criança de 7 anos mantida em cativeiro pela mãe recebeu alta do Hospital Regional de Ceilândia (HRT) após 12 dias internada. A menina encontrada desnutrida sofreu sérias restrições físicas por quase um mês por influência da pastora de uma igreja da cidade. Apesar de as duas terem sido presas no dia do resgate da vítima por policiais militares, a dupla ganhou a liberdade, mas responderá na Justiça por tortura.

Essa não seria a única situação ligada à líder da comunidade evangélica. Pelo menos três denúncias são apuradas pela Polícia Civil e pelo Conselho Tutelar. Em uma delas, a representante religiosa orientou outra fiel a não amamentar o filho recém-nascido e encaminhá-lo para adoção. A exemplo da violência cometida em Ceilândia, a pastora justificou que a criança era fruto do diabo.

O caso teve início quando a mãe, Roberta*, 38 anos, começou a frequentar a igreja pentecostal no início da gravidez. A pastora se aproximou da mulher. E, a partir daí, a grávida teve na líder uma mentora religiosa. A mulher dizia que o bebê era filho do pecado, pois a mãe não era formalmente casada com o companheiro. O pai da criança, José*, 38, chegou a presenciar cenas em que Roberta socava o ventre. “Ela se machucava, dizendo: ‘Morre demônio, você não vai me matar’”, afirma José. No sétimo mês de gravidez, ela o expulsou de casa. O argumento era de que, se o relacionamento continuasse, a mãe morreria.

No dia do parto, ela impediu a entrada do pai do menino no hospital. José só conheceu o filho dois dias depois do nascimento. A mãe nunca amamentou a criança. “Ela chegou a tomar um remédio para não produzir mais leite”, lembra a tia paterna. Da Certidão de Nascimento, não consta o nome do pai. Com o auxílio do Conselho Tutelar, ele localizou o garoto, que passa bem, mas está na fila da adoção de uma instituição. “Estou lutando na Justiça para conseguir o reconhecimento de paternidade e também a guarda”, conta José.

O Conselho Tutelar acompanha o caso. “Essa suposta pastora estava influenciando essa mãe a maltratar o bebê de 8 meses. Nesse momento, descobrimos que ela havia entregado a criança para a Vara da Infância sob a influência dessa líder religiosa”, detalha a conselheira tutelar Selma Aparecida Costa. “A criança agora está sob custódia do Estado. Dissemos para o pai entrar com o pedido de guarda. Vamos orientar as famílias a criarem a criança”, explica.

Sofrimento
Após o resgate, a criança de 7 anos precisou ser transportada com urgência para o HRC para uma transfusão de sangue devido ao quadro de anemia aguda, desenvolvido pela falta de alimentação e de mobilidade no cativeiro. A vítima também precisará de cadeiras de rodas e passará por sessões de fisioterapia. A suspeita é de que a garota tenha perdido massa muscular por causa das condições de vida. “Estamos fazendo todos os acompanhamentos possíveis. Inicialmente, a criança estava mais arredia com as pessoas, justamente em virtude da violência sofrida. Agora, ela começou a interagir, mas vamos dar todo o acompanhamento psicológico possível para ela”, revela Selma. Ela ficará na casa do pai.

Todas as denúncias, além de serem alvo do Conselho Tutelar de Ceilândia, são investigadas pela Polícia Civil. “Os casos chegam e são apurados com todo o cuidado, justamente por envolverem crianças. Estamos juntando todos os fatos e coletando depoimentos de pessoas envolvidas para identificar se realmente ocorreram outros casos de maus-tratos (na igreja). É tudo muito delicado”, alerta o delegado-chefe da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), André Leite.

Fonte: Correio Braziliense