O Correio lista 10 pontos inéditos da disputa presidencial. Da ausência de protagonismo de marqueteiros às fake news, passando pela perda de importância de alianças e da tevê, os eleitores vão às urnas na corrida mais inusitada na história do país
(foto: Editoria de Arte/CB/D.A Press)
A campanha de primeiro turno que começou com um presidiário exibindo os
melhores índices nas pesquisas e chegou à última semana com um
convalescente na dianteira dos levantamentos de intenção de votos tem
outras particularidades. [não pode ser olvidado que caracterizando o caráter de organização criminosa da qual o presidiário foi e continua sendo o 'chefe', o 'Capo di tutti capi', o lançamento do poste-laranja para substituir o chefão (que continua engaiolado) ocorreu na porta da penitenciária.]
Desde a ausência de protagonismo dos
marqueteiros aos estragos das fake news, passando pela perda de
importância das alianças, a atual corrida presidencial pode ser
considerada a mais inusitada da história do país. Ao longo dos últimos
dias, o Correio conversou com políticos, acadêmicos e publicitários. Em
comum, todos concordam com o ineditismo desta eleição. Um detalhe:
vários dos pontos listados pela reportagem possivelmente serão alterados
no segundo turno.
Um exemplo: o rádio, a televisão e os acordos entre caciques
políticos — que valeram pouco na disputa pelo Palácio do Planalto até
agora — devem ter relevância na segunda etapa. “Se, até agora, os
programas eleitorais não foram completamente relevantes como nas
campanhas passadas, ganharão mais destaque no segundo turno”, diz Carlos
André Machado, diretor do Instituto Opinião Política, responsável por
fazer os levantamentos encomendados pelo Correio. É importante notar
que, mesmo sem interferir positivamente na campanha do tucano Geraldo
Alckmin — pelo menos como os assessores esperavam —, o horário político
reforçou algumas estratégias. “É possível afirmar que, pelo menos em
parte, os ataques de Alckmin a Jair Bolsonaro (PSL) frearam o
crescimento do capitão”, afirma Ivo Coser, coordenador do grupo de
teoria política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). E, a
partir daqui, pode-se criar cenários para o segundo turno.
Assim,
uma eventual ausência de Alckmin na segunda etapa é preciso ser
considerada pelos líderes. A campanha no rádio e na tevê vai até
quarta-feira, e volta 48 horas depois que o resultado for proclamado.
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a propaganda eleitoral dura
15 dias e terá dois blocos diários de 10 minutos. “Caso se conforme a
ida de Bolsonaro ao segundo turno, a campanha que hoje é voltada toda
para as redes sociais voltará a ser ‘analógica’. Por isso, estamos nos
últimos acertos para fechar com um marqueteiro experiente nos programas
de rádio e televisão”, afirma um integrante de um dos núcleos de
assessoria do capitão reformado.
“Tivemos muita
coisa nova. Nem eleitores, nem candidatos estavam prontos. Comunicação,
impulsionamento, arrecadação de recursos, protagonismo da mídia
social... Não se entendeu muito bem como usar todas essas ferramentas.
Um dos grandes desafios é a mudança na cultura da doação. O brasileiro
não tem essa disposição. Sem o dinheiro dos eleitores, fica tudo mais
difícil”, detalha o especialista em marketing digital Marcelo Vitorino.
Militantes de internet
Outro
ponto observado por especialistas é a participação incisiva dos
militantes na internet. Eles usam as redes sociais para defender os
pontos de vista e, muitas vezes, falam até em nome dos partidos. “As
pessoas foram treinadas para agir assim. Criou-se uma animosidade em
torno das celebridades, por exemplo. A tática de vincular o nome de um
candidato a uma figura pública é antiga. O problema é quando os
seguidores cobram que uma pessoa famosa se posicione politicamente”,
explica o professor de ciência política da Universidade Estadual de
Goiás (UEG) Felippo Cerqueira.
Sem a presença
do petista Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, nos primeiros
debates, e com Bolsonaro, internado em hospital, nos últimos encontros,
os embates no rádio e na televisão perderam a capacidade de mobilização
no primeiro turno. “Os temas acabaram entrando na campanha de qualquer
forma. Veja, por exemplo, a questão da corrupção e da segurança
pública”, afirma Amaro Grassi, sociólogo e coordenador da Diretoria de
Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV/DAP). “As
discussões sobre economia, a partir da história da CPMF, do economista
de Bolsonaro, Paulo Guedes, acabaram mostrando aumento de volume nas
redes.”
O mais significativo nas mudanças é a
velocidade da campanha na internet, principalmente no WhatsApp, a partir
dos grupos fechados, avalia o professor da FGV. Em tal ambiente
circulará a maioria das fake news, como mostrou o Correio na semana
passada. A estrutura das notícias falsas migrou dos textos que tentavam
reproduzir o formato jornalístico para áudios e vídeos, principalmente
depois que plataformas derrubaram páginas de produtores de fake news.
MATÉRIA COMPLETA, Correio Braziliense
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2018/09/30/interna_politica,709172/eleicoes-mais-inusitadas-do-pais-confira-10-pontos-ineditos-em-2018.shtml
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