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quinta-feira, 6 de maio de 2021

CPI VAI INOCENTAR O VÍRUS - Percival Puggina

 A mídia militante foi buscar na covid-19 sua casa de armas. Decidiu que o Brasil deveria ficar fora dessa pandemia e que restavam ao vírus duas possibilidades: 
- ou nos tratava com o devido respeito, 
- ou deveria ser espatifado pessoalmente pelo presidente da República com aquela metralhadora imaginária da campanha eleitoral.
 
Ela, a mídia, assumiu-se como grande reitora das políticas sanitárias do país. Houve momentos em que quis mandar mais do que o STF, imaginem só! Não se espante, não estou inocentando o Supremo. Devo reconhecer, porém, que a Corte, muitas vezes, abre espaço ao contraditório. 
Tal condescendência nada resolve, posto que todos têm opinião formada sobre tudo. Mas o contraditório ao menos fala. Na mídia militante é diferente. O contraditório é relegado ao mutismo
O divergente é lobo solitário, exército de um homem só. Eu vivi isso. 
  
[alguém duvida
 o objetivo da CPI - criada por decisão monocrática,  de um ministro do Supremo, dada em determinação direta ao presidente do Senado Federal, que também preside o Congresso Nacional, que reúne as duas Casas do Poder Legislativo (lembrando que o Poder Legislativo é um dos Poderes da República e ao lado do Poder Executivo e do Poder Judiciário, é harmônico e independente.) = é condenar o presidente Bolsonaro - situação impossível de ocorrer, o presidente não cometeu crime.
 
Diante da impossibilidade de condená-lo, a quem condenar
- às autoridades locais, em sua maioria, ladrões dos recursos públicos?
- aos que compram respiradores em adegas?
- ao 'drácula'?
- a autoridades que integram a CPI e que estão envolvidas em corrupção?
Ou INOCENTAR o CORONAVÍRUS?
Já que os citados são inocentes,  desde que nasceram,  vamos inocentar o vírus = não havendo um condenado oficial, sempre é possível tentar condenar alguém e todos sabem que os inimigos do Brasil possuem um candidato a culpado... vai que cola...]

Vão encontrar alvos para atingir o governo? Claro que sim. Certa feita, ouvi de uma jornalista do PT que “se o adversário não tem rabo a gente põe”. E se a CPI não consegue pôr, a mídia militante põe. 
Ela está com sangue nos olhos. 
Segundo ela, Mandetta comprometeu Bolsonaro. 
Ao que vi e sei, Mandetta comprometeu Mandetta. Foi ele que primeiro mandou não usar máscaras, depois mandou usar. 
Orientou para só procurar hospital com febre ou falta de ar. Provocou um esvaziamento de hospitais, UTIs e consultórios durante meses. 
Firmou inimizade com o tratamento precoce. Para a mídia, porém, na CPI, comprometeu Bolsonaro.
Jamais será reconhecido no foro da comissão e pela mídia militante que (dados de 5 de maio) o Brasil é o 9º país em número de mortes por milhão, o 9º em novas mortes por milhão. 
E é o 11º no quesito percentagem da população que recebeu apenas uma dose.  
Tem 2,7% da população mundial e aplicou 4,2% das vacinas disponibilizadas. 
É o quinto que mais vacinas aplicou. Jamais destacarão o fato de que este último dado o situa atrás, apenas, dos quatro países que as produzem em seus grandes laboratórios – EUA, China, Índia e Reino Unido. 
 
Poderiam os números ser mais elevados? De que jeito? 
Os países produtores seguiram a regra de Mateus – “Primeiro os meus!” – e vêm utilizando em suas populações 62% das 1,175 bilhão de vacinas produzidas até este momento. Fica fácil, então, presumir o esforço comercial e diplomático para conseguir lugar na parte alta da tabela, bem como perceber o esforço político para ocultar tais informações.

Como brasileiro, particularmente, considero de meu dever louvar a importância da Anvisa e de seus protocolos, que sempre foram fator de tranquilidade da nossa população no consumo interno de vacinas e medicamentos. Ela só não é tão veloz como alguns queriam porque seus técnicos são responsáveis, não obedecem ordens da imprensa e conhecem o alto preço de quaisquer falhas nas autorizações que concedem. Especialmente em relação a algo que vai ser distribuído a toda população do país.

Um dos episódios mais lastimáveis dos últimos meses foi a ordem do ministro Lewandowski para que a Anvisa, em 30 dias decidisse sobre a importação da vacina russa Sputnik V pelo Maranhão. Ora, ministro![o ministro Lewandowski ia dormir se considerando 'supremo', continuava se imaginando 'supremo' durante o sono, e acordava com o mesmo pensamento.

Usamos o passado, já que quando percebeu a firmeza da decisão da Anvisa e que desobedecer tal decisão, poderia complicar a sua suprema supremacia, optou pelo obsequioso silêncio.]

Com sua licença, prezado leitor, vou parar por aqui, pois é hora de assistir o circo montado no Senado Federal. [Prezado Percival! fique tranquilo que haverá sempre local no circo montado no local no circo montado no Senado Federal;

afinal, o relator senador Calheiros (até o momento nenhum ser humano pensante conseguiu entender o interesse do 'cabeleira' por exercer tal cargo na CPI) sempre atento ao bom uso do dinheiro público e ao conforto do contribuinte já pensa em montar, na Esplanada dos Ministérios - com direito a lona, arquibancada e picadeiro - um circo de verdade = afinal, para a CPI o que interessa é plateia.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


segunda-feira, 27 de julho de 2020

ACONTECEU! - Percival Puggina.

Pois aconteceu. Numa infeliz combinação de desacertos, as orientações iniciais referentes à covid-19 transformaram os estados sulinos nas grandes vítimas da política e do jornalismo militante. Este último, ao adotar a mesma orientação geral em suas ações desde a proclamação do resultado da eleição de 2018, apoiou com severidade a irracional paralisação das atividades. Afinal, se o presidente, preocupado com a recessão e o desemprego, era contra a indiscriminada quarentena nacional, impunha-se fazer soar cotidianamente contra ele as trombetas de Jericó da mídia militante.

 Para reforçar a crise, assim que o vírus chegou ao Brasil, começaram aquelas reuniões vespertinas com o Dr. Mandetta. Simpático, falastrão, bom comunicador, louvado pela mídia e em rota de colisão com o presidente da República, o ministro da Saúde era tudo de que o noticiário precisava. O Dr. Mandetta dizia que era para não usar máscara. Depois, que era para usar máscara. Seguiam-se lições sobre distanciamento.

Conselhos eram dados para só procurar o hospital quem sentisse falta de ar ou febre. Tratamento precoce parecia fora de qualquer cogitação. Em seguida, sobreveio o fechamento de shoppings, escolas, comércio de rua, e uma lista infinita de atividades sentenciadas à míngua. Tudo por “quinze dias” que duraram meses. Se o vírus estava em multiplicação em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Nordeste e no Norte do país, aqui no Sul nem havia chegado. Mas a ordem era parar tudo e ai de quem mostrasse um pouco de bom senso!
O conhecido médico gaúcho Dr. Júlio Pereira Lima, em recente artigo, afirma a esse respeito:
Entre 15/3 e 31/5, os médicos assistiram à maior epidemia de saúde de nossa história. Hospitais vazios, UTIs vazias, ambulatórios despovoados.
A bem descrita cena, que por circunstâncias particulares acompanhei de perto, atesta insensibilidade e irracionalidade. A economia do Rio Grande do Sul foi gravemente ferida. Se você considerar que no intervalo de datas acima os três estados sulinos atrelaram-se desnecessariamente à quarentena nacional, não há como não se indignar com o monstruoso prejuízo causado à sua população, suas empresas e suas economias.

[e a pregação por  distanciamento e isolamento sociais continua; fique em casa, continua forte, obsessivo.
Números são manipulados, os ruins enfatizados, os bons não citados - quando o são é no meio do pacote, com destaque zero.
Em Brasília, desde que começou a se verificar que o número de recuperados nas últimas 24h, superava o dos confirmados no mesmo período, o último deixou de ser citado nos noticiários - para obtê-los só via Secretaria de Saúde.]

E o fizeram desnecessariamente, induzidos por políticos e pelo jornalismo militante. Cirurgias não emergenciais adiadas, consultas postergadas, exames cancelados. Moléstias variadas se expandindo, escondidas de um vírus que não estava aqui. E uma crise descomunal, que afetava tanto a lojinha de capa de celular quanto o grande hospital privado, forçados a despedirem funcionários por prolongada falta de demanda.

Agora, chegado o inverno, tempo de hospitais, emergências e UTIs habitualmente lotados, o novo coronavírus chegou à região. E a recomendação, depois de meses com atividades suspensas, sem qualquer pedido de desculpas – sem sequer um Oops! Erramos... – é manter as portas fechadas. E não falar mais no que ficou para trás.

 Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.