A mídia
militante foi buscar na covid-19 sua casa de armas. Decidiu que o Brasil
deveria ficar fora dessa pandemia e que restavam ao vírus duas
possibilidades:
- ou nos tratava com o devido respeito,
- ou deveria ser
espatifado pessoalmente pelo presidente da República com aquela
metralhadora imaginária da campanha eleitoral.
Ela, a
mídia, assumiu-se como grande reitora das políticas sanitárias do país.
Houve momentos em que quis mandar mais do que o STF, imaginem só! Não se
espante, não estou inocentando o Supremo. Devo reconhecer, porém, que a
Corte, muitas vezes, abre espaço ao contraditório.
Tal condescendência
nada resolve, posto que todos têm opinião formada sobre tudo. Mas o
contraditório ao menos fala. Na mídia militante é diferente. O
contraditório é relegado ao mutismo.
O divergente é lobo solitário,
exército de um homem só. Eu vivi isso.
[alguém duvida?
o objetivo da CPI - criada por decisão monocrática, de um ministro do Supremo, dada em determinação direta ao presidente do Senado Federal, que também preside o Congresso Nacional, que reúne as duas Casas do Poder Legislativo (lembrando que o Poder Legislativo é um dos Poderes da República e ao lado do Poder Executivo e do Poder Judiciário, é harmônico e independente.) = é condenar o presidente Bolsonaro - situação impossível de ocorrer, o presidente não cometeu crime.
Diante da impossibilidade de condená-lo, a quem condenar?
- às autoridades locais, em sua maioria, ladrões dos recursos públicos?
- aos que compram respiradores em adegas?
- ao 'drácula'?
- a autoridades que integram a CPI e que estão envolvidas em corrupção?
Ou INOCENTAR o CORONAVÍRUS?
Já que os citados são inocentes, desde que nasceram, vamos inocentar o vírus = não havendo um condenado oficial, sempre é possível tentar condenar alguém e todos sabem que os inimigos do Brasil possuem um candidato a culpado... vai que cola...]
Vão
encontrar alvos para atingir o governo? Claro que sim. Certa feita, ouvi
de uma jornalista do PT que “se o adversário não tem rabo a gente põe”.
E se a CPI não consegue pôr, a mídia militante põe.
Ela está com sangue
nos olhos.
Segundo ela, Mandetta comprometeu Bolsonaro.
Ao que vi e
sei, Mandetta comprometeu Mandetta. Foi ele que primeiro mandou não usar
máscaras, depois mandou usar.
Orientou para só procurar hospital com
febre ou falta de ar. Provocou um esvaziamento de hospitais, UTIs e
consultórios durante meses.
Firmou inimizade com o tratamento precoce.
Para a mídia, porém, na CPI, comprometeu Bolsonaro.
Jamais será
reconhecido no foro da comissão e pela mídia militante que (dados de 5
de maio) o Brasil é o 9º país em número de mortes por milhão, o 9º em
novas mortes por milhão.
E é o 11º no quesito percentagem da população
que recebeu apenas uma dose.
Tem 2,7% da população mundial e aplicou
4,2% das vacinas disponibilizadas.
É o quinto que mais vacinas aplicou.
Jamais destacarão o fato de que este último dado o situa atrás, apenas,
dos quatro países que as produzem em seus grandes laboratórios – EUA,
China, Índia e Reino Unido.
Poderiam os
números ser mais elevados? De que jeito?
Os países produtores seguiram a
regra de Mateus – “Primeiro os meus!” – e vêm utilizando em suas
populações 62% das 1,175 bilhão de vacinas produzidas até este momento.
Fica fácil, então, presumir o esforço comercial e diplomático para
conseguir lugar na parte alta da tabela, bem como perceber o esforço
político para ocultar tais informações.
Como
brasileiro, particularmente, considero de meu dever louvar a importância
da Anvisa e de seus protocolos, que sempre foram fator de tranquilidade
da nossa população no consumo interno de vacinas e medicamentos. Ela só
não é tão veloz como alguns queriam porque seus técnicos são
responsáveis, não obedecem ordens da imprensa e conhecem o alto preço de
quaisquer falhas nas autorizações que concedem. Especialmente em
relação a algo que vai ser distribuído a toda população do país.
Um dos
episódios mais lastimáveis dos últimos meses foi a ordem do ministro
Lewandowski para que a Anvisa, em 30 dias decidisse sobre a importação
da vacina russa Sputnik V pelo Maranhão. Ora, ministro![o ministro Lewandowski ia dormir se considerando 'supremo', continuava se imaginando 'supremo' durante o sono, e acordava com o mesmo pensamento.
Usamos o passado, já que quando percebeu a firmeza da decisão da Anvisa e que desobedecer tal decisão, poderia complicar a sua suprema supremacia, optou pelo obsequioso silêncio.]
Com sua licença, prezado leitor, vou parar por aqui, pois é hora de assistir o circo montado no Senado Federal. [Prezado Percival! fique tranquilo que haverá sempre local no circo montado no local no circo montado no Senado Federal;
afinal, o relator senador Calheiros (até o momento nenhum ser humano pensante conseguiu entender o interesse do 'cabeleira' por exercer tal cargo na CPI) sempre atento ao bom uso do dinheiro público e ao conforto do contribuinte já pensa em montar, na Esplanada dos Ministérios - com direito a lona, arquibancada e picadeiro - um circo de verdade = afinal, para a CPI o que interessa é plateia.]
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de
dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+.