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domingo, 4 de junho de 2023

Pague com seu rosto: depois do Pix e do cartão por aproximação, biometria facial abre nova era nos pagamentos

Que tal entrar numa loja sem celular, cartão ou identidade e pagar uma compra com apenas um sorriso?  
Essa cena que até parece uma piada já é realidade no comércio brasileiro. Depois dos cartões sem contato e das transferências instantâneas via celular, varejistas e empresas de pagamentos digitais estão investindo em uma nova frente de inovações baseadas na biometria para dar mais comodidade aos clientes e agilizar transações. Para especialistas, essa tecnologia pode revolucionar o setor de pagamentos e, em pouco tempo, se tornar tão popular no Brasil quanto o Pix.

A novidade ainda dá os primeiros passos no mundo, mas vai acelerar seu crescimento até o fim da década, tendo o Brasil como uma das principais frentes. De acordo com o relatório “O Futuro dos Pagamentos”, lançado em abril pela Mastercard, o mercado global de pagamentos biométricos deve crescer 62% até 2030.

É uma das principais tendências na área de pagamento sem contato, que deve movimentar US$ 9,8 trilhões no mundo até 2026. A China é referência nesse tipo de tecnologia, com o uso do reconhecimento facial inclusive em transportes públicos como o metrô.

Para Wagner Cunha, gerente de Estratégia e Inovação para Serviços Financeiros da consultoria BIP, o Brasil tem vantagens em relação a outros países para assimilar rapidamente esse tipo de pagamento, já que o brasileiro adere facilmente a novidades tecnológicas e não tem muito receio em compartilhar dados pessoais quando enxerga vantagens.

Biometria facial é novidade em pagamentos, depois de Pix, cartões e celulares

Biometria facial é novidade em pagamentos, depois de Pix, cartões e celulares

O uso do rosto para autenticação de operações financeiras já é mais comum do que se imagina por aqui, seja na validação de compras com carteira digital, em que o correntista aproxima o celular de uma maquininha de cartão; na abertura de contas em bancos digitais e fintechs; e até para autorizar transferências em aplicativos de grandes bancos. O país caminha agora para a fase em que será comum fazer compras em lojas físicas sem nenhum apetrecho.

Digitalização bancária
Cunha também destaca o fato de o Brasil ter um setor bancário muito digitalizado e um grande número de desenvolvedores capacitados. Ele estima que pagamentos com biometria facial se tornem corriqueiros em cerca de cinco anos, tempo suficiente para a criação de novas soluções que possam democratizar e dar mais segurança à tecnologia:— O Banco Central está mais aberto a inovações, a exemplo do Pix e do real digital. Nosso sistema financeiro é muito seguro comparado aos de outros países, então temos bastante a agregar mundo afora para evitar fraudes. 
 
A C&A é uma das varejistas que já conta com pagamento por biometria facial em lojas de todo o país. Para usar, o cliente precisa baixar antes a carteira digital da rede de vestuário, o C&A Pay, e validar o rosto para pagamento
Depois, pode ir a qualquer unidade fazer compras sem levar nem o celular. Além da captura da imagem no caixa, é necessário digitar o CPF e uma senha para efetuar a compra. O valor dos produtos vai diretamente para a fatura do cartão da loja. 

 
Economia - O Globo  - MATÉRIA COMPLETA
 
 
 

sábado, 27 de junho de 2020

Bancos, fintechs e Facebook buscam controle dos meios de pagamentos - VEJA - Economia

O rápido crescimento no Brasil nos últimos anos corre o risco de desaparecer em ritmo igualmente surpreendente. O hábito de comprar por meio de máquinas de leitura de cartões magnéticos ou com chip pode se tornar obsoleto num futuro próximo. Trata-se de uma tendência inexorável nos chamados meios de pagamento, em que já é possível fazer transações via QR code e reconhecimento facial, sem o uso das máquinas onde se inserem os cartões e digita-se a senha no teclado numérico. Um novo passo nessa reviravolta estava prestes a ser dado no país com a entrada em funcionamento do WhatsApp Pay, operado pelo aplicativo de mesmo nome pertencente ao Facebook, em parceria com a empresa líder em operações de pagamento, a Cielo. O lançamento foi revertido, entretanto, na noite da última terça-feira, 23. O Banco Central, que tem defendido a descentralização do sistema financeiro, determinou que as bandeiras de cartões Visa e Mastercard suspendessem o suporte ao sistema, jogando um balde de água fria (ao menos temporário) na empreitada. Mesmo com a decisão do BC em relação ao Whats­App, o fim das leitoras de cartão é visto como um processo inexorável. “As maquininhas estão com seus dias contados”, vaticina Paulo Caffarelli, CEO da Cielo, que hoje detém 42% do setor.

A decisão do BC, além de reforçar o interesse da autoridade monetária em se manter como indutora da modernização do mercado financeiro, atende aos apelos dos grandes bancos, que temiam o confronto com uma rede social tentacular na operação de transações financeiras. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) também não via com bons olhos a parceria entre Cielo e Whats­App por acreditar que poderia contribuir com a concentração no mercado — não levando em conta que outras empresas pretendiam entrar na parceria, como a Stone, que negociava a adesão. O BC argumenta que sua determinação tem por objetivo preservar um “ambiente competitivo” em um sistema de pagamentos “interoperável, rápido, seguro, transparente, aberto e barato”.

As características delineadas pelo Banco Central são as mesmas que a instituição usa para defender o PIX, tecnologia de transferência instantânea que deve estrear em novembro no Brasil. Já a proposta de parceria entre Whats­App e Cielo terá de passar por uma série de ajustes e exigências regulatórias para sair do papel. Mas tudo leva a crer que será apenas uma pausa. Apesar da momentânea sobrevida ao sistema tradicional, a decisão não interrompe o ciclo de inovação desse mercado. Segundo um levantamento feito pela consultoria EY, 54% dos brasileiros afirmam que usarão mais serviços financeiros digitais após a pandemia em detrimento do dinheiro vivo.

Em VEJA - Economia - MATÉRIA COMPLETA


domingo, 24 de novembro de 2019

Chegada do Google ao setor bancário assusta instituições tradicionais - VEJA

Por Lucas Cunha

Gigante da tecnologia anuncia a criação de uma conta-corrente; diferentemente das fintechs, a empresa já tem dinheiro e bilhões de usuários



“Se alguém me perguntar se temo as fintechs, eu digo que não. Tenho medo é das big techs” O alerta foi dado por Octavio de Lazari, presidente do Bradesco, durante o Fórum de Investimentos Brasil 2019, realizado em outubro. As startups do mercado financeiro podem até tirar o sono de banqueiros, como o próprio ex-CEO do Itaú Unibanco Roberto Setubal já admitiu, mas, na maioria das vezes, representam ameaças contornáveis pelos grandes bancos. Para compensar essas noites maldormidas, bastou o Itaú desembolsar 5,7 bilhões de reais uma fração dos 7,1 bilhões de reais que obteve de lucro líquido no último trimestre — para adquirir metade das ações da XP, a mais bem-sucedida fintech brasileira. Dinheiro, afinal, não é um problema para essas instituições. É a solução para incorporar inovações e clientes de concorrentes que possam sinalizar algum perigo a seu negócio. A situação muda de figura, porém, quando o entrante em seu mercado é um gigante da tecnologia que vale quase 1 trilhão de dólares. Bancos do mundo inteiro tremeram na semana passada, portanto, quando a Alphabet, empresa controladora do Google, anunciou o projeto Cache: uma conta-corrente que será acessada por meio do celular e vai oferecer a realização de transferências bancárias e a concessão de crédito a seus usuários.

E o Google não está sozinho. Amazon e Apple, ambas no seletíssimo clube do trilhão de dólares, e também o Facebook (“só” 560 bilhões de dólares em valor) têm à disposição ferramentas únicas para conquistar seu espaço no mercado financeiro. Todos possuem informações valiosíssimas sobre o comportamento e os hábitos financeiros de seus usuários, e uma capacidade técnica inigualável em inteligência artificial para aprimorar a efetividade do modelo de negócio e conectar centenas de milhões de pessoas em escala global — muitas delas fora do alcance dos bancos. E, como já fazem parte da vida dos usuários, tornam-se uma opção cômoda para quem tem aversão ao ambiente bancário, mesmo que on-line. “Em muitos mercados, a população está acostumada a usar o Google ou o Facebook regularmente, mas não tem nenhum relacionamento com as instituições tradicionais”, afirma Thad Peterson, analista sênior da consultoria americana Aite Group.

As armas das big techs proporcionam uma boa briga, mas, por enquanto, não garantem a vitória. O Facebook, por exemplo, já sofreu um revés e tanto recentemente, antes mesmo de lançar seu produto financeiro. A empresa anunciou uma parceria com mais de vinte companhias, entre elas MasterCard, Visa, PayPal e Mercado Pago, para lançar a própria criptomoeda: a libra. A reação dos bancos centrais de todo o mundo, inclusive o de seu país natal, os Estados Unidos, foi tão agressiva que os principais sócios no projeto abandonaram o barco. O público também se mostrou receoso, afinal a rede social já teve notórios problemas com vazamento de dados, sempre seguidos de desastradas tentativas de jogar a culpa em terceiros. “Há o temor de que a libra substitua as moedas emitidas pelos Estados, ameaçando, assim, a soberania monetária das nações com a privação do controle dos sistemas de pagamento vinculados ao dólar e da aplicação de sanções”, explica Katharina Pistor, professora de direito comparado na Universidade Columbia.

Em menor escala, a Apple encarou uma crise de imagem ao ter seu cartão de crédito, lançado em parceria com o banco Goldman Sachs, acusado de usar um algoritmo sexista por oferecer mais crédito a homens do que a mulheres com o mesmo perfil financeiro e agora está sob investigação do Departamento de Serviços Financeiros de Nova York. O próprio Google teve revelado um plano secreto denominado Project Nightingale, cujo objetivo era recolher e analisar dados de saúde sobre milhões de americanos. A coleta dessas informações teria sido feita sem o conhecimento dos pacientes.   A verdade é que se trata de um caminho sem volta. Mesmo que especialistas tenham suas desconfianças, todas as empresas citadas acalentam projetos para invadir o setor financeiro. Por outro lado, elas não são infalíveis. O Google, por exemplo, tentou inúmeras vezes lançar sua rede social e fracassou em todas elas. 

A Amazon ainda não conseguiu emplacar marcas próprias de produtos, mesmo dando um empurrãozinho e tanto a elas em seu algoritmo de vendas. “O fator-chave de sucesso para entrar no jogo as big techs já têm: grande quantidade de usuários. Mas isso não é garantia de que os empreendimentos serão bem-sucedidos”, afirma Paulo Furquim de Azevedo, coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper.  

O barulho causado pelas big techs no setor financeiro ainda não é motivo para insônia, mas é bom os bancos ficarem de olhos abertos.




domingo, 11 de fevereiro de 2018

Por que o crédito continua caro?

Os juros básicos da economia estão no patamar mais baixo da história: 6,75% ao ano. Apesar disso, as taxas cobradas pelos bancos seguem extorsivas

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu na quarta-feira 7 a taxa de juros básicos da economia brasileira, a Selic, para 6,75% ao ano. Foi o décimo primeiro corte consecutivo, levando a taxa ao menor patamar da história. Há dois anos, estava em 14,25%. A queda constante da Selic é um ótimo indicador da saúde econômica do País: com juros menores, as empresas têm mais condições de financiar os investimentos necessários para crescer. Mas enquanto a taxa de juros básicos caiu pela metade, o mesmo não vem ocorrendo com o custo do crédito ao consumidor — pelo contrário. Os valores cobrados pelos bancos para quem usa cheque especial ou parcela a fatura do cartão de crédito continaram crescendo. Em dezembro de 2017 as taxas eram, respectivamente, 323% e 169,2% ao ano. O resultado prático dessas taxas é o aumento das dívidas de quem pega dinheiro emprestado e não consegue honrar os pagamentos. “Eu comecei com uma dívida de R$ 4 mil no cheque especial. Já paguei várias parcelas e ainda devo quase R$ 5 mil”, diz a designer Dayan Rubian, que precisou de um empréstimo bancário ao mudar de casa. A situação é semelhante à do médico Rodrigo Couto, que resolveu empreender e, após esgotar o crédito consignado, recorreu ao cheque especial e ao cartão rotativo. “Peguei R$ 40 mil e, em cinco meses, a dívida subiu para R$ 132 mil. Hoje gasto metade da minha renda com o pagamento dos empréstimos”, diz ele.



O custo do crédito é exorbitante no Brasil e suas consequências diretas são reprimir o poder de consumo das famílias e impedir o crescimento da economia. “O mercado nunca se orgulhou e não se orgulha das taxas”, diz Ricardo de Barros Vieira, diretor-executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). “A realidade leva a isso porque, em caso de inadimplência, por exemplo, todo o custo recai sobre os bancos”, afirma. O argumento das instituições financeiras perde força quando os números mostram que a inadimplência está em queda. Mesmo com o consumidor honrando suas dívidas, as instituições financeiras não abrandam o valor dos juros. A diferença entre o custo do dinheiro para o banco e o quanto ele cobra do cliente é conhecido como spread bancário – e o Brasil possui um dos spreads mais altos do mundo. Por último, e esse pode ser o fator mais importante, está a concentração do mercado, que impacta no lucro das instituições. “Hoje os cinco maiores bancos respondem por mais de 80% das operações de crédito do País. Eles praticamente determinam as regras do mercado”, diz Ione Amorim, economista do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).

Para tentar tornar o sistema financeiro mais saudável, os agentes reguladores estão de olho no setor bancário. Foi assim, com uma resolução do Conselho Monetário Nacional, que caiu o número de clientes enforcados no rotativo do cartão de crédito, modalidade com um dos mais altos juros. Desde abril de 2017, os bancos devem transferir para o cartão parcelado os clientes há mais de 30 dias no rotativo. Agora se espera um posicionamento da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) sobre o cheque especial. “Estamos aguardando uma autorregulação”, diz Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central (BC). “O que se imagina são linhas de educação financeira que levem a não utilização do crédito mais caro, somadas a normas que limitem seu uso”, diz ele. Os bancos, por sua vez, parecem não estar com pressa. “A Febraban elabora propostas para melhorar o instrumento e as anunciará, neste ano, quando forem concluídas”, afirmou a instituição por meio de nota. A Secretaria de Comunicação da Presidência esclareceu que o governo não está preparando mais medidas além das já tomadas e que não existe a possibilidade de reduzir os juros dos bancos estatais para influenciar o mercado.

Enquanto os consumidores aguardam as regulações, há uma nova opção cada vez mais atraente: as fintechs, instituições que oferecem taxas mais baixas por trabalhar com custos menores do que os dos bancos e também por não deixar que os maus pagadores entrem. “Nosso spread também é muito menor, de apenas 5%”, diz Marcelo Ciampolini, CEO e fundador da Lendico, que oferece empréstimos de R$ 2,5 mil a R$ 50 mil por uma taxa que varia de 38,78% a 117% ao ano. É o momento dos bancos prestarem mais atenção em suas práticas de crédito, eis que novas alternativas estão surgindo como opção mais interessante para o consumidor, (aqui) já cansado de ser refém do endividamento. Entre as fintechs destaque para a associação NuBank e  Mastercard.

 IstoÉ

 

 

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O que são Fintechs?

Quando você precisa transferir dinheiro ou pagar contas, provavelmente recorre a bancos e instituições semelhantes, correto? Mas um tipo de empresa que une tecnologia com serviços financeiros está mudando esse cenário: as fintechs. O Brasil é muito bem representado nesse segmento com startups como Nubank, Controly e GuiaBolso.

Mas o que é exatamente uma fintech? Como serviços do ramo funcionam? Por que esse tipo de empresa pode mudar a forma como as pessoas administram o dinheiro? É o que você descobrirá nos próximos parágrafos.

O que são fintechs?
O termo 'fintech' surgiu da combinação das palavras em inglês financial (finanças) e technology (tecnologia). Esse nome, por si só, resume bem a ideia: fintech é toda empresa que oferece serviços financeiros que se diferenciam pelas facilidades proporcionadas pela tecnologia e, com efeito, pela internet.

Sob esse ponto de vista, talvez você não veja muita diferença em relação aos serviços oferecidos pelos bancos. Instituições bancárias trabalham com tecnologias bastante sofisticadas para atribuir acesso e segurança às transações financeiras. Isso vale para gerenciamento de contas correntes, empréstimos, serviços de cartão de crédito, investimentos, entre outros.  Mas, em uma fintech, a tecnologia é utilizada essencialmente para trazer conveniência por meio da inovação: as empresas do ramo utilizam recursos tecnológicos amplamente disseminados para criar metodologias, processos e ferramentas que facilitam o acesso a serviços financeiros. O resultado desses esforços aparece para o usuário na forma de praticidade, burocracia reduzida, custos baixos, maior controle sobre operações financeiras e por aí vai.

Quais serviços as fintechs oferecem?
As fintechs podem oferecer uma ampla variedade de serviços, tanto para usuários domésticos (pessoas físicas) quanto para empresas e demais instituições (pessoas jurídicas).  Alguns desses serviços não diferem muito do que encontramos em bancos e afins: fornecimento de cartão de crédito (inclusive pré-pago), meios de pagamentos, financiamentos, transferência de recursos, entre outros.  Outros serviços diferem bastante, como os que oferecem plataformas para que o cliente possa gerenciar as suas finanças com mais clareza ou que permitem que outros usuários — e não bancos — ofereceram pequenos empréstimos (nos países em que esse tipo de atividade é permitido).
Em todos os casos, o principal diferencial está no foco que é dado à experiência do usuário: como já dito, os recursos tecnológicos devem trazer praticidade, facilidade de uso, redução de burocracia, etc.

Como as fintechs funcionam?
Cada fintech tem um modelo próprio de negócio e, portanto, não dá para esmiuçar cada um deles. Mas, via de regra, as empresas do setor direcionam seus esforços no desenvolvimento de soluções que cobrem "deficiências" ou limitações de serviços financeiros tradicionais.

Em outras palavras, as fintechs utilizam tecnologia — sobretudo no âmbito da internet para dar aos usuários recursos que bancos e afins não disponibilizam ou que até são oferecidos por essas instituições, mas de modo muito conservador.  Esse diferencial todo é possível porque, na maioria dos casos, as fintechs são formadas por startups. Esse é o nome dado a um tipo de empresa, geralmente com pouco tempo de existência, que cria e explora ideias criativas para oferecer serviços e produtos inovadores.

Uma startup tecnológica, basicamente, identifica uma oportunidade — um produto ou serviço que supre uma demanda não atendida ou que pode fazer algo melhor do que aquilo que já é oferecido pelo mercado —  e utiliza a tecnologia para criar meios para explorá-la. É o que acontece com as fintechs. Note, porém, que é importante que a startup adote desde o início medidas para aperfeiçoar com agilidade serviços e produtos oferecidos, suportar aumentos expressivos da demanda e transmitir ao usuário percepção de valor. O melhor jeito de fazer isso é focando em qualidade, não em quantidade: convém disponibilizar poucos, mas excelentes serviços ou produtos do que oferecer vários deles, mas correr o risco de perder o controle sobre eles por conta da diluição do foco.

Nas fintechs esse princípio é levado bem a sério: boa parte das empresas do segmento oferece serviços ou produtos bem específicos. Na maioria dos casos não há, como nos bancos, uma ampla cesta de serviços ou qualquer coisa parecida. Isso é positivo porque a empresa consegue ficar focada em melhorar os seus processos. Desse modo, os clientes em potencial compreendem rapidamente o que cada uma delas oferece.

Um estudo de caso: a Nubank
Até aqui, a abordagem acerca do universo das fintechs tem sido teórica. Para facilitar a compreensão, é melhor estudarmos um caso real de sucesso. Utilizaremos para esse fim a proposta da Nubank, empresa que provavelmente ocupa o posto de fintech mais popular do Brasil.

A Nubank Brasil surgiu em 2013, mas começou a operar em 2014 disponibilizando apenas um produto: um cartão de crédito internacional com bandeira MasterCard. Até aí, nada demais. Tudo o que é banco oferece cartão de crédito. Assim, o que há de inovador aí? A forma como a Nubank oferece esse produto.  Para começar, o cartão não tem anuidade, tampouco cobra outras tarifas. Sim, há bancos e operadoras que também não cobram anuidade do cartão, mas na maioria das vezes há condições associadas: o cliente deve realizar pelo menos um gasto por mês com o cartão ou ter um longo tempo de relacionamento com a empresa, por exemplo. Com a Nubank não há nada disso: nenhum cliente paga anuidade e outras tarifas, não importa o seu perfil de renda ou se o cartão é pouco usado.

Mas a parte mais interessante — a que torna a empresa inovadora fica no smartphone do usuário: é necessário instalar um aplicativo do Nubank em um dispositivo móvel (Android, iOS ou Windows). Essa ferramenta permite ao usuário ter absoluto controle sobre o seu cartão.  Toda vez que o cliente usar o cartão, o aplicativo mostrará, tão logo a transação for confirmada, o nome da empresa que recebeu o pagamento, assim como a localização desta em um mapa. As informações sobre todas as transações ficam disponíveis em uma linha do tempo. Dessa forma, o usuário sempre consegue saber quando e onde realizou cada gasto.

Tem mais: o aplicativo também mostra qual o limite do usuário e quanto deste já foi gasto. Esse é um detalhe importantíssimo. A maioria dos bancos oferece, no máximo, uma notificação por SMS toda vez que uma transação é realizada. O usuário não tem, porém, um jeito fácil de saber o quanto já gastou no mês. Muitas vezes é possível ter essa informação no site ou no aplicativo móvel do banco, mas pode demorar dias para que uma transação realizada com o cartão apareça ali.

Isso é perigoso. Como as informações sobre gastos são pouco claras, muitos usuários acabam não percebendo que gastaram demais e não conseguem pagar a fatura na íntegra no final do mês. A consequência, muitas vezes, é o endividamento, pois os juros cobrados nos cartões emitidos no Brasil são absurdamente elevados.

Com o Nubank as chances de endividamento são menores porque o usuário tem uma visão geral sempre atualizada de seus gastos e, se não conseguir pagar a fatura na íntegra no final do mês, encontrará juros mais baixos (embora não muito) do que os cobrados por instituições convencionais.  Usando o aplicativo, o usuário também consegue solicitar aumento de limite, deixar esse limite abaixo do disponível, bloquear o cartão temporariamente e contatar o suporte da Nubank via chat — canal que atende muito bem, por sinal.

Fintechs versus bancos
Há uma pergunta que é frequente no universo das fintechs: essas empresas podem rivalizar diretamente com os bancos? A resposta curta é ‘sim, mas não é sempre’.
O modelo de negócio da Nubank é, novamente, um exemplo a ser citado: a empresa trabalha com um produto que existe em praticamente qualquer banco, mas aposta na experiência para concorrer com essas instituições.

Porém, veja que o objetivo aqui não é exatamente fazer frente aos bancos, mas oferecer alternativas para problemas que os clientes frequentemente encontram nessas instituições. Entre esses problemas estão usuários que não conseguem aproveitar bem os serviços bancários por não terem como comprovar renda ou porque moram em regiões desprovidas de agências ou caixas eletrônicos.

Também é o caso das fintechs que trabalham com cartão de crédito pré-pago. Se o usuário tiver dívidas ou não puder comprovar renda não terá o serviço negado, pois o cartão só permitirá que ele gaste o valor que tiver sido carregado como crédito. Logo, não há risco de ele ficar devendo para a instituição. Bancos tradicionais não gostam muito dessa modalidade de serviço.

Outro exemplo vem das empresas que disponibilizam plataformas para que o usuário faça controle financeiro. Essas ferramentas permitem que a pessoa administre melhor suas despesas e contas bancárias, outro tipo de recurso que normalmente não é oferecido pelos bancos.  O fato de as operações das fintechs serem quase que exclusivamente on-line também é um diferencial importante. Os serviços dessas empresas se integram com a "rotina digital" do usuário: o alvo são clientes que já estão acostumados a utilizar smartphones ou serviços on-line a partir do PC. Não por menos, a principal clientela das fintechs é o público na faixa etária dos 18 aos 34 anos, os mais familiarizados com a tecnologia.

Bancos, ainda que estejam cada vez mais focados em atendimento eletrônico, dependem muito de processos burocráticos que muitas vezes acabam sendo inconvenientes para o cliente (ele precisa ir a uma agência para resolver certos problemas, por exemplo). Quando há serviços que sobrepõem o que é ofertado pelas instituições bancárias, predomina aí o senso de concorrência: alguns bancos já vêm se inspirando nos modelos de negócio das fintechs para oferecer recursos semelhantes, como aplicativos para controle do cartão de crédito.

Não é que esses recursos já não tenham sido estudados ou ao menos cogitados antes do fenômeno das fintechs: é que os bancos, pela estrutura consolidada e tradicional da qual dispõem, normalmente têm outras prioridades. Logo, aplicativos ou plataformas na web sempre estiveram mais para recursos adicionais do que para diferenciais.

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