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quarta-feira, 29 de novembro de 2023

STF - Cálice transbordante

Alexandre Garcia - Gazeta do Povo

Gota a gota o cálice foi enchendo; agora parece que transbordou. 
Há quatro anos, o Supremo abriu um inquérito por conta própria, sem Ministério Público, baseado no seu regimento interno que, nessa parte, está superado pela Constituição de 1988. 
Afora o ministro Marco Aurélio, que ironizou o feito, chamando-o de “inquérito do fim do mundo”, ninguém mais falou. 
Esperava-se crítica da mídia, da OAB, do Senado, que julga ministros do Supremo; mas ninguém falou. 
E o Supremo foi adiante. Ou continuou, porque seu presidente já havia sancionado um rasgão no parágrafo único do artigo 52, deixando a presidente condenada sem a pena correspondente.
 
O veto de Dilma ao comprovante impresso do voto fora derrubado por 368 deputados e 56 senadores, mas a vontade desses 66% do Legislativo foi anulada por oito ministros do Supremo. 
Até a Constituição se tornou inconstitucional, no marco temporal. 
A despeito de não ser Poder Legislativo, o Supremo legislou sobre drogas, examina aborto... e a Constituição está atualizada com abundância de Adins e ADPFs.
 
E o povo cobrando nas redes sociais, da OAB, da mídia, do Senado o silêncio omisso, a alienação ante fatos que saltam aos olhos de quem quer que leia a Constituição Cidadã. 
O presidente do Senado parece ter encontrado dificuldade em andar por terras mineiras sem ser cobrado. Rodrigo Pacheco e a OAB caíram da cama, sobressaltados pelo pesadelo de que a independência de poderes e o devido processo legal estavam abafados pela toga
Pacheco sentiu que o cálice está transbordando e tocou a emenda que impede um único juiz do Supremo de derrubar a decisão da maioria do Congresso.
A OAB precisou ser sacudida na sua própria carne – ou no seu espírito de corpo, quando viu mais uma vez o regimento interno do STF se sobrepondo à Constituição, no caso da ampla defesa, com sustentação oral em qualquer situação, mesmo agravo. 
Depois da nota em que a OAB afirma que “continuará insistindo para que o tribunal cumpra as leis e a Constituição”, ainda veio um deboche de Moraes, ao negar defesa oral num agravo: “A OAB vai lançar outra nota contra mim, vai dar mais uns 4 mil tuítes”.

Quatro dias depois, em Belo Horizonte, no Encontro Nacional da Advocacia, o presidente do Supremo teve de ouvir o presidente da OAB/MG num veemente protesto, acompanhado por aplausos, gritos e assobios de advogados de todo o país, numa cena em que todos, em pé, ovacionavam, enquanto o ministro Barroso permanecia sentado e calado.

A PEC que impede decisão monocrática está na Câmara, agora. Mas depois que o decano do Supremo, Gilmar Mendes, reagiu chamando de “pigmeus morais” os 52 senadores que aprovaram a PECa inação da Câmara será sinal de repetição da subserviência mostrada na prisão do deputado Daniel Silveira e posterior anulação do indulto concedido por Jair Bolsonaro, com base em poder privativo do presidente conferido pela Constituição. 
O discurso de Gilmar fala de “tacão autoritário escamoteado pela pseudorrepresentação de maiorias eventuais” e praticamente rompe com o Senado, no país sem poder moderador. 
O ingrediente que ainda faltava surgiu no domingo, enchendo quatro quarteirões da Avenida Paulista: o povo, origem do poder, cobrando do Supremo a volta à Constituição
Ao cálice transbordante ainda foi acrescentada a indicação de Flávio Dino para o Supremo. [cabe ao Senado enquadrar de vez o presidente "Da Silva", rejeitando o nome do indicado pelo petista para o STF. Motivos não faltam.]
 
 
Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
 
 
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 7 de junho de 2023

Artrose: uma questão de tempo? - Marcio Attala

O Globo

Desgaste é a palavra que traduz o processo do avanço da idade. Assim como tudo que existe no mundo, nós, seres humanos, também sofremos desgaste com o passar dos anos. E em todas as partes do nosso corpo. Em todos os processos bioquímicos. Em todo nossos músculos e esqueleto. Onde podemos facilmente ver e onde nunca poderemos nem sequer imaginar.

A artrose acontece para todas as pessoas que vivem bastante. Não tem como fugir. Ela é o processo de desgaste das juntas ou articulações. Isso não ocorre com todas as juntas de nosso corpo. As do crânio, por exemplo, quase não se movem e por isso sofrem menos desgaste. Mas, as juntas de movimento médio, ou ainda mais, as de movimento amplo, como joelhos e ombros, são mais suscetíveis ao desgaste. 
 
O que permite que um osso deslize sobre o outro sem que sintamos dor, é a presença da cartilagem, que também sofre desgaste com o tempo. 
 Outros fatores que podem aumentar a deterioração dela são as fraturas e inflamações crônicas, como a gota (excesso de ácido úrico) ou a artrite reumatoide. Com o desgaste da cartilagem, começa o processo de artrose. 
 
A artrose é a doença mais frequente dentro do grupo das complicações reumatológicas, representando cerca de 30 a 40% dos casos. E como está diretamente associada ao envelhecimento, e nossa expectativa de vida aumentou, é quase certo que todas as pessoas que ultrapassem os 60 anos de idade tenham essa condição. 
Principalmente as mulheres, que são as maiores vítimas desse quadro. 
A sorte é que se trata de uma doença que não está associada à morte. Ou seja, seu aparecimento não é condição fatal, mas os desconfortos que provoca, podem ser terríveis.

Artrose nas mãos, por exemplo, faz com que os dedos fiquem tortos, provoca deformidade em toda a mão e causa dores. Na coluna, mais especificamente na coluna cervical e lombar, os conhecidos bicos de papagaio, podem provocar além de dor, fadiga muscular, formigamento, rigidez e limitação dos movimentos. Nos joelhos e quadril também geram deformidades, inchaço e muita dor. Muitos casos devem ser tratados com substituição das articulações por próteses.

Apesar de ser uma doença praticamente impossível de se evitar, é totalmente possível de ser amenizada e postergada, com cuidados no dia a dia. Primeiro, é manter o peso corporal dentro dos padrões. 
O sobrepeso não é causa da artrose, mas é um fato importante não apenas para desenvolver a doença, como para torná-la um quadro grave. O sedentarismo é outro comportamento que apresenta risco, porque uma musculatura fraca e hipotrofiada provoca sobrecarga nas articulações. 
Por outro lado, o excesso de exercício, ainda mais feito com muito peso ou alto impacto, também, pode ser fator de desenvolvimento da inflamação nas juntas. 
 
Também não existe um tratamento que faça com que a artrose desapareça. Uma vez instalada, não tem como regredir
Por isso, é fundamental ter atenção aos sintomas, procurar evitar os processos que provocam inflamações, como por exemplo, o excesso de álcool que acaba ocasionado o surgimento da gota. 
 
A malhação é importante, músculos fortes dão melhor suporte às articulações
Então é fundamental pegar peso, sim. Na dose certa, sem exageros. Outros exercícios, como alongamento ou Pilates também são muito recomendados porque ajudam a melhorar a postura e ganhar amplitude articular. 
Palmilhas e joelheiras podem ajudar a dar conforto quando a artrose já está estabelecida. 
E com relação a fazer gelo ou calor, não há nenhuma comprovação científica da eficácia de nenhum dos dois, mas se promover alivio, não há contraindicação alguma. 
A ideia é melhorar a qualidade de vida e reduzir o desconforto ao máximo.

Marcio Attala, colunista - Espiritualidade e Bem-estar - O Globo 

 

sexta-feira, 19 de maio de 2023

Cassação de Dallagnol pode ser a gota que faltava para o Congresso reagir - Alexandre Garcia

Relação entre poderes

Após voto de Benedito Gonçalves contra Deltan Dallagnol, ministros levaram um minuto para votar junto com ele.

Após voto de Benedito Gonçalves contra Deltan Dallagnol, ministros levaram um minuto para votar junto com ele.| Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

Que ironia, o desemprego subiu mais em estados onde Lula ganhou. [e vai continuar subindo - quase todos serão atingidos pelo desemprego, recessão, inflação, mas por uma questão de Justiça, a turma que fez o L, que votou no apedeuta petista tem que sofrer mais.] Subiu mais na Bahia, subiu no Amapá e em Pernambuco. As melhores situações de emprego estão em Santa Catarina, Rondônia e Minas Gerais. Em Minas sabemos que Lula ganhou – apertado, mas ganhou, e até dizem que foi decisivo para a eleição.

Falando em Minas, agora esperamos a manifestação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, depois do libelo, na tribuna, do senador Hamilton MourãoEle, que é senador pelo Rio Grande do Sul, deixou a palavra final com Pacheco, representante de Minas Gerais, para que dê uma resposta a essas agressões contra as prerrogativas do Legislativo, contra a democracia, contra as liberdades fundamentais. Segundo Mourão, tais agressões estão ferindo a democracia e culminaram com a cassação do mandato do deputado Deltan Dallagnol. O próprio presidente da Câmara já se manifestou, dizendo que é a Câmara que cassa, que vai ouvir o corregedor da casa, e que o deputado tem cinco dias para se defender. [o Pacheco, o omisso, não se pode contar com ele - está sempre de joelhos perante o Supremo; resta a Câmara que deveria ter reagido quando da prisão em 'flagrante perpétuo' do deputado Daniel Silveira, se omitiu e deu no que deu.A HORA DA REAÇÃO - dentro da Constituição, dentro das leis - É AGORA. OU REAGE AGORA OU nunca.]

Foi uma coisa incrível, um julgamento que demorou um minuto na hora da votação, com base em fatos que ainda poderiam acontecer no futuro, é como em Minority report –  a nova lei, filme de Spielberg com Tom Cruise. Descobriam que o sujeito poderia cometer um crime no futuro, então já resolviam antes disso para ele não cometer o crime. Havia diligências contra Dallagnol, muitas queixas contra ele, mas não havia nenhum processo administrativo disciplinar aberto.  

O ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello disse que está perplexo, que nunca viu uma coisa dessas. Não é justiça, é justiçamento, o que está acontecendo? Não havia nenhuma justificativa; no entanto, cassaram o registro de Dallagnol, depois de um fato consumado.

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná confirmou o registro, nessa mesma ação movida pelo PT, pelo PCdoB e pelo PV; o próprio Ministério Público disse que não havia nada contra Deltan que impedisse o registro. Ele foi registrado, gastou dinheiro na campanha, 345 mil eleitores depuseram a sua representatividade nas mãos de Dallagnol, e agora ficaram na mão?

Mas isso é só uma gota. Não sei se é a gota que vai transbordar o cálice ou não, mas é só mais uma gota. O ministro Nunes Marques deixa isso bem claro em seu voto naquela primeira votação, do primeiro lote de 100 denunciados do 8 de janeiro, dizendo que, em primeiro lugar, o Supremo não é o tribunal apropriado; em segundo lugar, Alexandre de Moraes não é o juiz natural para isso; em terceiro lugar, não há a mínima justa causa em termos de indício de prova contra as pessoas envolvidas. E, em quarto lugar, não há individualização da conduta de cada pessoa.

Está tudo completamente fora do quadrado do devido processo legal, tudo isso preocupa muito. A Transparência Internacional se manifestou defendendo Deltan, deputados e senadores também falaram

Enfim, isso aconteceu para talvez transbordar o cálice. Enquanto isso, muitos estão preocupados com o futuro do ex-juiz e senador Sergio Moro, porque parece que há uma motivação de vingança, de revanche. O próprio ministro da Justiça chegou a se manifestar, não sei se fazendo brincadeira ou não, que ele fazia parte dos Vingadores. É o que estamos vivendo.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
 
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 

quinta-feira, 18 de março de 2021

Colchicina funciona contra a Covid-19? O que sabemos até agora - VEJA

Saúde - Medicina 

Depois de cloroquina, ivermectina e tantos outros, é a vez da colchicina, anti-inflamatório usado no tratamento de gota, despontar como nova esperança contra o coronavírus. Uma nova pesquisa mostra benefícios discretos como tratamento precoce, enquanto outra traz notícias promissoras para casos graves. Mas ambas levantam dúvidas.

Vamos começar com um trabalho brasileiro que se concentrou nos quadros mais severos de Covid-19. Conduzido na Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, ele é do tipo randomizado, controlado e duplo-cego, considerado o mais confiável para esse tipo de análise. Após dar colchicina para parte dos 72 voluntários hospitalizados com casos moderados ou graves da doença, os cientistas notaram que a colchicina reduziu o tempo de internação. “No nosso trabalho, há indícios de que ela funciona para quem apresenta uma inflamação sistêmica”, explica o reumatologista Renê Oliveira, coordenador da pesquisa, cujos achados preliminares haviam sido divulgados sem revisão em agosto.

Agora os dados foram submetidos ao escrutínio de outros especialistas e publicados no periódico científico Rheumatic & Musculoskeletal Diseases (RMD Open). “A finalização do estudo permite afirmar que, além da alta mais rápida, observamos uma diminuição da proteína C-reativa, um marcador de inflamação sistêmica”, afirma Oliveira. 
O grupo que tomou o fármaco foi dispensado do hospital, em média, três dias mais cedo
Ele também deixou de usar oxigênio três dias antes do grupo controle, que recebeu o tratamento padrão. 
Por outro lado, o próprio artigo informa que ainda não dá pra saber se essa droga reduz a mortalidade. “Os resultados sugerem que a colchicina contribui em casos de pessoas já internadas”, defende Oliveira.

Seu principal mecanismo de ação seria auxiliar no combate à tempestade inflamatória, típica das evoluções mais graves da doença.“O estudo é bem feito, mas tem uma limitação, que é o número pequeno de pessoas avaliadas”, comenta a pneumologista Letícia Kawano-Dourado, do painel da Organização Mundial da Saúde (OMS) que elabora diretrizes de tratamentos para a Covid-19. Ou seja, investigações maiores e criteriosas precisam confirmar o papel do medicamento nos internados.[o animador é que há dúvidas sobre a validade do fármaco como curativo, mas não ocorreram eventos negativos.] 


Chloé Pinheiro - Saúde/Medicina  - VEJA


sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

No mundo do jet ski - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Motivos para processo de impeachment há, o que não há são condições políticas e objetivas

Que o governo Jair Bolsonaro é um desastre nas mais variadas áreas, senão em todas, ninguém minimamente informado e conectado à realidade tem dúvida. Daí a imaginar que o impeachment está à vista é apenas um sonho de verão, ou de tempos de pandemia. Motivos há de sobra. O que falta são ambiente político e condições objetivas, por enquanto.

Como esquecer a reação do presidente quando o Brasil ultrapassou cinco mil mortes por covid-19:E daí? Querem que faça o quê?”. Como esquecer a cena do presidente passeando de jet ski no dia em que o número de mortos passou de dez mil? A gota d’água é a falta de gotas de vacina. “Querem que eu faça o quê?” Que governe o País, garanta e defenda as vacinas, salve vidas. [Cara Colunista, com todo o respeito e pedindo desculpas pela nossa ignorância - que nos impede de ler por trás do que está escrito - pedimos que responda: as duas perguntas grifadas tipificam qual crime? crime desses tipificados em leis, não valendo a vontade da escriba.]

Bolsonaro, porém, nunca deixou de passear no seu jet ski pela realidade virtual em que vive, feliz, todo sorrisos, fazendo campanha antecipada pela sua reeleição, em vez de fazer campanha imediata pela vacinação. Ultrapassa todos os limites de provocação, irresponsabilidade, falta de respeito e bom senso. E é o principal culpado por trazer de volta a palavra impeachment ao cotidiano nacional.

Pelo temor de a pandemia gerar processo de impeachment e descambar para crise social, política e institucional, o procurador-geral da República, Augusto Aras, deixou o País de prontidão com uma nota em que admite até estado de defesa, previsto pelo artigo 136 da Constituição [a Constituição vigente, a 'constituição cidadã' de 1988, a democrática Constituição que sustenta o 'estado democrático de direitos.] para restringir liberdades individuais em cenários de caos.

Soou como ameaça, por vários motivos: Aras é aliado e se sente devedor do presidente, que o pinçou para a PGR fora da lista tríplice; Bolsonaro ultrapassa limites todo santo dia; a incúria do governo compromete a vacinação da população; o auxílio emergencial acabou e milhões ficarão na miséria, cara a cara com a fome. Logo, a hipótese de impeachment não é mais absurda.

A reação a Aras foi forte, de ministros do Supremo, parlamentares e dos próprios procuradores, que focaram em dois pontos da nota: 
1) a ameaça de estado de defesa, num ambiente em que o presidente enaltece ditadores e atiça as Forças Armadas e 
2) a versão de Aras de que crimes de responsabilidade praticados por agentes públicos são de competência do Legislativo. 
A avaliação [avaliações, especialmente contra o presidente Bolsonaro, costumam ser baseadas em suposições, interpretações = os inimigos do presidente Bolsonaro, que são também inimigos do Brasil, arautos do pessimismo e adeptos do 'quanto pior melhor', padecem de uma cônica aversão aos fatos.]  é de que o procurador tenta lavar as mãos e que uma autoridade saber com antecedência do risco iminente de falta de oxigênio e não evitar que pessoas morram sufocadas é crime comum, logo, compete aos tribunais e ao Ministério Público.

A nota de Aras embola Bolsonaro, pandemia, os erros do governo e algo de imensa importância no mundo e no Brasil, que é a troca de Donald Trump por Joe Biden nos EUA. O governo é um desastre internamente e o último fiapo da política externa esgarçou. Em vez de reagir corrigindo os erros, Bolsonaro dobra a aposta e teme-se que, acuado, sinta-se tentado a chutar o pau da barraca, recorrendo a instrumentos excepcionais, como o estado de defesa.

Como imaginar impeachment, porém, se o candidato de Bolsonaro é favorito a presidente da Câmara, o PT apoia o candidato dele no Senado, governadores e prefeitos são investigados por desvios de recursos para leitos e respiradores e, agora, políticos, empresários e imorais de toda sorte furam fila para roubar as (já poucas) vacinas dos profissionais de saúde?

É dramático admitir, mas Bolsonaro é resultado e parte desse descalabro e conta com súditos fiéis para garantir pontos nas pesquisas e até bater bumbo pelas duas milhões de doses que devem pingar hoje no País, vindas da Índia. Chegam atrasadas, não resolvem nada, são uma gota no oceano para os brasileiros, mas os seguidores de Bolsonaro são craques em trocar a realidade pela versão do mito. Que vai ficando.[Bem pior é o Joãozinho, o Doria, que desde outubro fala, grita, espinafra o presidente, e a vacina dele não deu nem para começar e do alto de sua (in) competência, esqueceu que a vacina dele por ser parceria com uma empresa chinesa, instalada em solo chinês,corre o risco de fracassar por não ter insumos, o IFA - cuja remessa depende da boa vontade dos chineses; quando a vacina da Fiocruz o IFA será remetido por uma fábrica da ASTRAZENECA, instalada em solo chinês mas que não é chinesa, tendo autonomia para enviar os insumos.]

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo

 

terça-feira, 26 de maio de 2020

CONFESSA VÍDEO! CONFESSA! - Percival Puggina

Não é difícil entender o que se passa nos grandes veículos de comunicação. É compreensível seu desalento face sucessivas frustrações que os fazem migrar permanentemente de uma pauta para outra, com esperanças saltitantes em busca de alegrias incertas. Os eventos pelos quais passeavam ansiosas suas manchetes vinham, sempre, acompanhados do adjetivo “devastador!” porque ali adiante derrubaria o governo e silenciaria a voz na garganta daqueles chatos afeiçoados à bandeira do Brasil. A unanimidade monocromática dos grandes veículos era pouco convincente e seu objetivo... devastador.

Na manhã do dia 24 de abril, quando Moro proferiu seu epílogo como ministro da Justiça, essa mídia bebeu à última gota a taça da vitória. A nação, tanto pelo sim quanto pelo não, quase foi, inteira, para o respirador artificial. E ali ficou até o fim da tarde, quando o presidente expôs sua versão dos mesmos fatos e milhões de brasileiros voltaram a respirar por meios naturais. A mídia, porém, não se deu por achada e desviou sua atenção para o delegado Valeixo, que seria a vítima das soturnas intenções de Bolsonaro. Não funcionou, Valeixo disse que nunca foi pressionado. De Valeixo, os veículos pularam para o inquérito solicitado por Aras e autorizado por Celso de Mello. Os depoimentos, tornados públicos, deram em nada. Mudaram-se para uma presumível reação militar ante a forma como foram tratados os três generais convocados a depor. Mais uma vez, nada. Da soma dos depoimentos, nem Celso de Mello achou algo que proporcionasse alento ao tal efeito devastador.

Restava o vídeo. Ali, na íntegra, toda a reunião, face to face, haveria de emergir a devastadora verdade. E foi o que se viu. Até Janaína concluiu que Bolsonaro saiu reeleito daquela absurda sessão de cinema. Assim, a partir do dia 22 de maio, o dólar caiu, a bolsa subiu e a saltitante mídia disfarça seu inferno astral esquartejando o vídeo e submetendo-o, frase por frase, a um pau de arara analítico, exigindo-lhes a confissão do que elas se recusam a contar.

Com quanto orgulho se dizem comprometidos com a verdade, enquanto assim procedem! No entanto, não é a verdade que buscam, mas uma confirmação da narrativa – devastadora! – que já fizeram e que sumiu dos acontecimentos sob os olhos atentos do seu próprio público.

Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.