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terça-feira, 19 de julho de 2022

Os ecoterroristas - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

Paris, França | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Paris, França | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Com a pandemia arrefecendo e a vida voltando ao normal, é preciso outra “ameaça global”. Embora há décadas estejamos ouvindo as promessas de que o mundo vai acabar nos “próximos dez anos”, parece que agora os ecoterroristas que amam suas guilhotinas estão mais do que nunca de mãos dadas com os jacobinos bilionários globalistas. 
Não basta apenas apontar o dedo e tentar o já velho cancelamento virtual, é preciso mais. E esse “mais” chega com a sigla ESG (Environmental, Social, and Governance), movimento que se refere a investimentos realizados seguindo critérios supostamente mais benéficos para o meio ambiente. O ESG é um novo mantra corporativo que está mudando o capitalismo dos acionistas (shareholders) para o capitalismo dos stakeholders, aqueles que têm interesse no desempenho de uma empresa por outros motivos que não o desempenho ou a valorização das ações.

Nos últimos anos, vimos grandes corporações virarem manchetes por seu ativismo político. Aqui nos Estados Unidos, por exemplo, o PayPal boicotou a Carolina do Norte por causa de um projeto de banheiro transgênero, a Coca-Cola denunciou um projeto de lei eleitoral na Geórgia e, claro, a Disney, que, recentemente, se opôs a uma lei da Flórida que proibia as escolas públicas de instruírem sobre sexualidade e identidade de gênero crianças do jardim de infância até a 3ª série. A explicação que ouvimos com frequência é que funcionários ativistas, os típicos millenials, estão comandando o show. Mas isso não é a história completa. Ativistas e empresas de investimentos também estão impulsionando a tendência ESG nos bastidores.

Historicamente, muitos investidores adicionaram a sobreposição de “valores” às suas preferências de investimento. As duas principais abordagens baseadas em valores são o Socially Responsible Investing (SRI) e o Impact Investing (IR). A estes foi adicionado um novo acrônimo, Environmental, Social, and Governance (ESG), e, embora esses termos sejam frequentemente usados de forma intercambiável, é importante entender algumas diferenças críticas para ver por que o ESG é tão problemático. Muitas pessoas ainda não entendem o ESG, até porque, embora haja um gigantesco pedágio ideológico a ser pago, muitas ações são desenhadas estrategicamente com discrição.

Como alguém pode alegar estar lidando com as “mudanças climáticas” e a “a salvação do planeta” investindo na China, o pior emissor de gases de efeito estufa?

Nos Estados Unidos, as igrejas, por exemplo, usam o SRI. A estratégia de RI já é investir em empresas com potenciais soluções para problemas importantes para um investidor. Tanto o SRI quanto o IR são estratégias legítimas de investimento baseadas em valores que operam dentro dos parâmetros do capitalismo de livre mercado. Eles representam formas construtivas para os investidores expressarem suas opiniões, encontrarem soluções para problemas significativos e participarem do mercado de capitais sem comprometer seus valores.

O famigerado ESG é essencialmente uma pontuação de crédito (credit score) para negócios. Por exemplo, uma empresa pode melhorar sua pontuação ESG comprometendo-se a reduzir as emissões de carbono, contratando um “gerente de diversidade” ou doando para uma causa política. E essa pontuação tem implicações financeiras. A primeira coisa a perceber é que esse movimento é incrivelmente perverso e perturbadoramente incorporado ao sistema financeiro. Já há livros sendo escritos sobre como esse movimento está revolucionando o mundo corporativo. Basicamente, o ESG é uma métrica que pontua as empresas com base em suas posições políticas e suas atividades. Mas esta é a chave do cofre: as chamadas “posições corretas” são quase exclusivamente de esquerda.

E quem emite a pontuação? No momento, isso não é totalmente centralizado. Existem algumas empresas de gestão de fundos muito grandes, como a Black Rock, a maior gestora de ativos do mundo, que têm seus próprios departamentos internos que definem suas prioridades. Mas também existem algumas empresas de analistas financeiros que fornecem pontuações com base em suas próprias prioridades. A maior dessas empresas é a Institutional Shareholder Services (ISS) — algo como “Instituição de serviços aos acionistas”. Mas aqui está o problema: o ISS também é conhecido como um serviço de proxy. Isso significa que qualquer um desses investidores que possuem ações de várias empresas paga a ISS não apenas para fornecer essas pontuações, mas também para votar nas assembleias de acionistas. O que especialistas alertam, no entanto, é que há uma tonelada de conflitos de interesse inerentes. Basicamente, esses scorekeepers de terceiros, aqueles que manipulam as pontuações, que são geralmente inclinados à esquerda, estão decidindo quais prioridades são importantes. Em seguida, votam em nome de seus acionistas. O absurdo é que as pontuações não vêm de um órgão oficial regulamentado, tudo isso está acontecendo fora do processo democrático. E, como eles estão votando no lugar dos investidores, as empresas são colocadas em uma posição em que elas têm de fazer o que essas empresas dizem. Esse movimento está afetando profundamente os rumos da sociedade, e tudo está acontecendo fora de qualquer processo legislativo.

O mais perigoso de tudo, assim como vimos na pandemia, é que as prioridades estão sendo estabelecidas por um pequeno grupo de pessoas agrupadas em um punhado de organizações de elite. Com o ESG, os três maiores gestores de ativos, Black Rock, Vanguard Group e State Street Global, estão usando o movimento para manipular empresas. Nos últimos 20 anos, os três gigantes compraram ações de 20% de quase todas as empresas do S&P 500 (Standard and Poor’s 500, índice do mercado de ações que acompanha o desempenho das ações de 500 grandes empresas listadas em bolsas nos Estados Unidos). E o que eles afirmam é que eles são os acionistas: “Nós diremos à sua empresa o que você precisa fazer”. E isso é falso. Na verdade, o capital não é deles, mas dos acionistas, e está sendo usado para impulsionar a agenda ESG. Muitos desses cidadãos, os reais donos do dinheiro, discordam das posições e das decisões do conselho.

Só para acrescentar alguma perspectiva, a Black Rock sozinha agrupa quase US$ 10 trilhões em ativos de investidores
Isso é mais do que o PIB de todos os países do mundo, exceto os EUA e a China. 
O retrato está tirado e colocado em prática: serviços como ISS ou empresas de investimento como Black Rock podem, por exemplo, votar para que uma instituição bancária não empreste dinheiro a empresas de combustíveis fósseis, como parte de suas prioridades da agenda de “mudança climática”. 
 Para dar um exemplo específico, em junho passado, Black Rock, Vanguard Group e State Street Global uniram forças para expulsar um quarto do conselho da Exxon Mobil. 
O grupo estava no caminho de suas prioridades “para salvar o planeta” e substituí-los por ativistas ambientais não foi difícil. Da mesma forma, a Black Rock pressionou empresas como a Home Depot a não doarem para políticos e organizações políticas antiaborto.

Em nome da salvação da Amazônia, “o pulmão do mundo”, novos tiranos emergirão nos próximos anos

A hipocrisia da falsa agenda ESG é ainda maior quando o assunto é a China, um país comandado pelo Partido Comunista Chinês e recheado de bondades, não é mesmo? 
A Black Rock tem sido extremamente otimista com a China. 
No ano passado, recomendou que os investidores triplicassem sua exposição aos ativos chineses, uma medida que provavelmente está direcionando enormes somas de dinheiro para a economia do país. Também lançou recentemente fundos mútuos baseados na China, o primeiro dos quais levantou rapidamente mais de US$ 1 bilhão. 
E a Black Rock não está sozinha, muitas outras empresas de investimento norte-americanas estão se agrupando na China comunista. 
Da mesma forma, as empresas norte-americanas que professam fidelidade aos ideais ESG, como Nike e Apple, dependem de fábricas que em muitos lugares usam mão de obra escrava ou infantil — e cadeias de suprimentos chinesas em um grau perigoso.
 
E como alguém, em sã consciência, pode alegar estar lidando com as “mudanças climáticas” e a “a salvação do planeta” investindo no pior emissor — de longe — de gases de efeito estufa? 
Como um país que explora regiões inteiras em busca de metais raros recebe um fluxo maciço de dinheiro de investidores preocupados com o meio ambiente? 
A China comunista tem sido chamada de “uma catástrofe ambiental” por uma razão — dada a ênfase do regime no crescimento econômico sem fim e sem freios. 
Como uma empresa pode alegar apoiar o progresso social quando essas são as circunstâncias?

Tamanha hipocrisia é estarrecedora, mas também ajuda a apontar para as profundas deficiências do atual sistema ESG. Apesar de todas as suas tentativas de incentivar a ação moral por parte das empresas, o movimento não faz as distinções morais mais importantes de todas: a diferença entre liberdade e tirania, entre uma empresa operando em um mercado livre e uma sujeita a alto grau de controle político e econômico.

Em grande medida, o ESG opera de uma forma que ou assume uma equivalência moral entre países livres e não livres ou que, de fato, aplica padrões diferentes. O nefasto movimento se tornou uma cultura corporativa dos EUA altamente crítica em relação à América, o que sem dúvida está minando o sistema de livre mercado por dentro. Enquanto isso, ao não reconhecer a natureza da China comunista, incentiva empresas e fundos a investirem em um regime que se opõe profundamente ao livre mercado e ao Ocidente. É impossível progredir em questões ambientais, sociais e de governança corporativa quando a liberdade econômica — e a liberdade humana, em geral — é inexistente.

A pandemia talvez tenha apenas mostrado com todas as cores do que o ser humano é capaz pelo poder. Tudo será autorizado para “salvar o planeta”, e, em nome da salvação da Amazônia, “o pulmão do mundo”, novos tiranos emergirão nos próximos anos. Orai e vigiai.

Leia também “Conservadores de araque”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste

 


domingo, 17 de abril de 2022

O ministério da verdade - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

É assustador ler a distopia de George Orwell, como se ela profetizasse os tempos atuais: “Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado” 


Oeste vence outra batalha contra a censura disfarçada de agência de checagem -  Foto: Shutterstock 

 A pandemia jogou as máscaras dos tiranos no chão e expôs as guilhotinas dos jacobinos, afiadas como poucas vezes na história, sempre prontas para degolar todos aqueles que ousaram e ousam questionar a cartilha do “beautiful people”. Médicos, jornalistas, pais, professores, atletas profissionais, cidadãos comuns. 
Basta uma pergunta fora do roteiro aprovado pelas big pharmas e big techs e é ouvido o tilintar da navalha virtual. 
Mas não foi apenas o vírus chinês que uniu tiranos e jacobinos numa mesma página bizarra da história, a censura também esteve em nosso cotidiano nos últimos dois anos e no centro da última eleição presidencial norte-americana, talvez uma das eleições mais controversas da história do país. Além das muitas denúncias de fraude que sacudiram a eleição de 2020, a afiada navalha dos censores na liberdade de expressão, pilar sagrado na nação mais livre do planeta, golpeou sem piedade palavras, atos, ações e até pensamentos.

Talvez muitos brasileiros, assim como milhões de norte-americanos, não souberam do famigerado e escandaloso computador do filho de Joe Biden, Hunter Biden. Você faz parte desse grupo? Não se sinta culpado, você não estava desatento. A velha imprensa não apenas escondeu o caso, como, em conluio com um dos atuais fabricantes de guilhotinas, as big techs, derrubou tuítes, links a matérias que te levariam a entender as razões pelas quais Hunter Biden fazia parte de conselhos do ramo energético em países como a Ucrânia, sem nenhuma credencial técnica ou aptidão profissional na área, faturando milhões e milhões de dólares que eram pagos para que ele fosse a conexão até seu pai, na época vice de Barack Obama.

O furo original da descoberta do laptop de Hunter, que contém centenas de conversas, e-mails, mensagens de texto, fotos e vídeos pra lá de comprometedores e nada republicanos, pertence ao New York Post, que divulgou a história sobre o laptop em outubro de 2020, poucas semanas antes das acirradas eleições de novembro daquele ano. O que seria uma faísca em qualquer era de grandes publicações encontrou apenas uma parede de negação ou distorção da mídia. Em vez de tentar confirmar os e-mails, quase toda a imprensa norte-americana ignorou a história ou colocou o selo de “verificada” como falsa. Essa preciosa contribuição das redações para o candidato Joe Biden foi ainda mais notória devido a outras evidências que apoiam o furo do New York Post. Nem Hunter Biden, nem a campanha de Biden negaram que o laptop fosse do filho do democrata. Além disso, o ex-parceiro de negócios de Hunter, Tony Bobulinski, veio a público com documentos de backup de alguns dos conteúdos do laptop confirmando a veracidade do material. O silêncio da imprensa foi sepulcral. Talvez pela sua terrível morte.

O rebanho de militantes e ativistas da mídia divulgou incansavelmente a especulação de “oficiais de Inteligência”, obviamente partidários, vendendo a linha de “desinformação russa” (bocejos…) mesmo admitindo que não tinham provas sobre a declaração. As “agências de checagem” correram para fazer o que fazem: soltar a sua “verdade” e, sem contraponto e sem investigação alguma, checar absolutamente nada. O resultado foi um apagão geral das notícias escandalosas de Hunter Biden. O Twitter bloqueou a conta do New York Post, veículo criado por um dos Pais Fundadores dos EUA, Alexander Hamilton, por quase duas semanas e o Facebook usou algoritmos para esconder por completo a história. Isso privou os eleitores de informações que eles poderiam querer saber antes do dia da eleição. Os checadores da mídia nem sequer checaram que Bobulinski forneceu cópias de documentos mostrando que Hunter estava, de fato, tentando usar o nome Biden para lucrar com uma empresa sediada em Xangai com vínculos com o governo chinês. Um e-mail de “expectativas” de maio de 2017 do associado de Hunter Biden, James Gilliar, mostra Hunter recebendo 20% do capital do empreendimento, com outros “10% detidos por H para o big guy”. O ex-sócio de Hunter afirma que o “big guy” é Joe Biden. Até hoje, os Bidens não tiveram sequer de explicar seu acordo comercial nem com as autoridades, nem com a imprensa. Os e-mails deixam claro que Hunter estava lucrando com o nome Biden, inclusive como membro do conselho da Burisma, uma empresa de gás ucraniana.

É claro que esse tráfico de influência poderia ter trazido graves consequências para Joe Biden, mas as alegações na reportagem de que o filho do homem favorito para se tornar o próximo presidente, de acordo com as pesquisas, estava vendendo suas conexões políticas familiares de alto nível para estrangeiros, incluindo sugestões de uma possível comissão para seu pai mereciam ter sido divulgadas antes da eleição. E que o eleitor decidisse o que fazer com essas informações.

Depois de 17 meses, o New York Times finalmente reconheceu que as notícias dos negócios de Hunter Biden e o tal laptop que não passava de “desinformação russa” são, na verdade, notícias legítimas. O outrora grande jornal norte-americano, hoje apenas um braço militante do Partido Democrata, vem publicando reportagens com os “assuntos fiscais” do filho do presidente, incluindo manchetes como esta joia que não despertará nenhum desejo de um pedido de desculpas pelas “agências checadoras”: “Esses e-mails foram obtidos pelo The New York Times de um cache de arquivos que parece ter vindo de um laptop abandonado por Biden em uma oficina em Delaware. O e-mail e outros arquivos no cache foram autenticados por pessoas familiarizadas com eles e com a investigação”. Não há dúvida de que o fracasso em buscar as divulgações no laptop de Hunter Biden foi o exemplo mais flagrante do viés político e da veia inescrupulosa da mídia em nossa recente história.

1984
Distorções, mentiras, acusações falsas. Os últimos dois anos parecem ter saído do famoso 1984, romance de George Orwell. As palavras de Orwell, publicadas em 1949, aumentaram em popularidade nos últimos anos não apenas porque as sociedades modernas estão se tornando cada vez mais parecidas com o que foi descrito na obra fictícia do autor, seja na vigilância em massa, seja na guerra cultural perpétua. O romance de Orwell é presciente de várias maneiras e o livro costura os sintomas da atual sociedade com um tipo de totalitarismo que ele satirizou em sua obra. Chega a ser assustador ler sobre o Ministério da Verdade da distopia de Orwell, escrita há mais de 70 anos, como se ela profetizasse os atuais tempos: “Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado”.
 
Nesta semana, nossa revista Oeste venceu mais uma batalha judicial contra a prepotência e o ativismo das tais “agências de checagem”. Em 2020, a agência Aos Fatos qualificou de “fake news” uma reportagem de Oeste que informava, diferentemente do que retratava a imprensa tradicional e internacional, que a Floresta Amazônica não estava em chamas. Como todo bom e prestativo Ministério da Verdade orwelliano, em março de 2021, a agência mirou uma reportagem sobre a pandemia do vírus chinês na cidade de São Lourenço
Nossa revista verificou que, enquanto o restante do país era castigado pelo agravamento da tragédia, o município de 46 mil habitantes em Minas Gerais completava a terceira semana sem registrar mortes
Sem checar, de fato, Aos Fatos tirou a carta favorita dos novos fascistas de plantão e gritou “fake news” à matilha raivosa.

Proibir a liberdade de expressão nunca é apresentado como provocativo, mas sempre como o ato final de uma sociedade ofendida

Assim como a reportagem do computador de Hunter Biden que foi tachada de falsa, a “agência checadora”sempre com aspas! — deu de ombros às provas da veracidade do que Oeste publicara e continuou carimbando os textos como “fake news”. No Facebook, uma tarja sobre a foto que ilustra os posts de todos aqueles que compartilham os textos vinha acompanhada de um alerta: “Informação falsa — Checada por verificadores de fatos independentes”.

Na decisão que condenou a agência Aos Fatos de pagar uma multa no valor de R$ 50 mil e ter de excluir qualquer insinuação de que os textos publicados pela revista não expressam a verdade, o juiz Marcelo Augusto Oliveira, da 41ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, não demonstrou apenas ser um magistrado com capacidade técnica para aplicar as leis de nossa Constituição, mas estar acima dos ativistas de um Judiciário cada dia mais militante — e proferiu de maneira primorosa a razão de as leis no Ocidente serem como são.

Em sua sentença, escreveu: “A ideia de que a sociedade precisa ser protegida, muitas vezes de si mesma, por uma autoridade isenta superior pressupõe a concentração do poder. (…) Portanto, a prática da empresa requerida de categorizar as outras empresas jornalísticas como propagadoras de ‘fake news’ é materialmente inconstitucional. (…) A censura pelos indivíduos — incluídas as pessoas jurídicas — à liberdade de expressão, de manifestação ou de opinião, sob qualquer aspecto ou pretexto, não é condizente nem compatível com qualquer dos princípios norteadores da sociedade democrática vislumbrada pelo constituinte de 1988”. O magistrado ainda ressaltou que as duas interferências de Aos Fatos afrontaram a liberdade de imprensa, “pois tiveram a finalidade explícita de impingir a pecha de falsidade às notícias divulgadas pela autora”. Segundo o juiz, “agrava a conduta praticada o fato de a requerida não ter possibilitado à autora qualquer chance de defesa ou colhido sua versão, simplesmente propagando as acusações na internet”. E encerra dizendo que “aspirações de proteger a sociedade, não só contra notícias falsas, mas contra qualquer potencial ameaça, desde um ponto de vista supostamente isento e superior, flertam perigosamente com o totalitarismo”.

Tradições ocidentais
A liberdade de expressão e a expressão artística e intelectual têm sido tradições ocidentais controversas desde que o mundo é mundo. Quando os Pais Fundadores da América introduziram garantias de tais liberdades para a nova nação, e com um eco para todas as novas nações livres, eles nunca tiveram a intenção de proteger aqueles pensadores que todos admiravam. A Primeira Emenda da Constituição Norte-Americana, em vez disso, foi projetada para proteger os provocativos e os grosseiros; e com o princípio de que, se os desbocados podem dizer ou expressar o que desejam e o público pode aturar isso, a todos os outros é assegurada a liberdade de expressão.

Toda vez que o Ocidente se esqueceu desse fato — desde o julgamento do excêntrico Sócrates até a queima de livros no Terceiro Reich —, nos arrependemos do que se seguiu. A censura, é claro, nunca é rotulada como extrema e perigosa, mas, sim, como um meio moderado e útil para conter o “discurso de ódio de um filósofo maluco que polui mentes jovens”, médicos que investigam além do permitido pela nova seita científica que acende velas para as big pharmas, ou simples cidadãos que questionam demais sobre vírus, vacinas, urnas e eleições. Proibir a liberdade de expressão nunca é apresentado como provocativo, mas sempre como o ato final de uma sociedade ofendida e compreensivelmente provocada.

O desprezo pelo progresso
E entre aqueles que mais atacam a liberdade de expressão estão os chamados progressistas, que, na verdade, desprezam o progresso, já que permanecem em algum canto da sangrenta Revolução Francesa aguardando a próxima cabeça. Os tais progressistas e falsos transgressores não gostam de discursos politicamente incorretos, porque eles não promovem suas próprias agendas. 
Sem liberdade de expressão, o Ocidente torna-se apenas um punhado de oportunistas e bajuladores que distorce a expressão para suas próprias programações carreiristas e políticas. 
Que estranho que nós, em pleno século 21, não temos a visão nem a coragem de brilhantes homens do século 18 que escreveram a Constituição da nação mais próspera do mundo — mais próspera porque é a mais livre — e que nos alertaram exatamente sobre o que estamos nos tornando agora.

Apenas a verdade, e não um ministério de verdade, nos protegerá de tempos sombrios. Marcelo Augusto Oliveira, da 41ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paul, o bravo juiz que proferiu a correta sentença contra a agência checadora de 1984 em 2022, mostra com honradez o que o próprio George Orwell resumiu em definitivo: “Se liberdade significa alguma coisa, ela significa o direito de dizer às pessoas aquilo que elas não querem escutar”.

Leia também “A preservação das liberdades”

 

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


quarta-feira, 23 de março de 2016

Estimulado por Dilma, Boulos promete incendiar o país se houver impeachment - Boulos tem a mesma facilidade de Lula - expelir m ... pela boca - pode ser facilmente contido

Então vamos lá! Ele sai com as suas milícias, e nós ficaremos com as leis e com a mansidão convicta. Vamos ver quem ganha

[devemos também considerar que agora que Zavascki livrou Lula do alcance do juiz Sérgio Moro (Lula que viveu os últimos dias a base do Lexotan (tranquilizante) e SORO CASEIRO (anti diarreico ideal para conter diarreia causada por medo - no caso de Lula medo do Sérgio Moro) é bem provável que o apedeuta passe também a expelir bazófias ameaçando a ORDEM PÚBLICA - considerando que o 'Nosso Guia' não tem nenhum tipo de imunidade poderá ser preso, em flagrante, por qualquer delegado de polícia, pelo crime de ameaça.]

Ulalá!
Ao ler uma reportagem do Estadão desta quarta-feira, fiquei com a impressão de que foram Dilma e as esquerdas que colocaram 3,5 milhões de pessoas nas ruas do domingo retrasado.  Mais: fui apresentando a um país em estado de pré-insurreição e aprendi que o líder da revolução se chama Guilherme Boulos, que, como antevi há tempos, usava o tal MTST apenas como plataforma inicial de sua carreira política. Agora ele é apresentando também como coordenador da Frente Povo Sem Medo.

Nem Marat, o porra-louca dos jacobinos da Revolução Francesa, se dizia “coordenador do povo”. Ele se contentava apenas em ser um “amigo”. Boulos é mais ambicioso. Tanto esse coxinha vermelho como João Pedro Stedile, o burguês rural do capital alheio, que comanda o MST, prometem que o Brasil não terá sossego se houver impeachment. Boulos ameaça abertamente: “Este país vai ser incendiado por greves, por ocupações, mobilizações, travamentos. Se forem até as últimas consequências nisso, não haverá um dia de paz no Brasil”.

A ameaça, como se nota, tem um claro caráter terrorista. Boulos se acha acima da Constituição e das leis. Ou as instituições se vergam às suas vontades, ou ele promete tornar a nossa vida um inferno. Eu diria que o Brasil tem um sistema legal para coloca-lo sob controle. Ele nos ameaça com o terrorismo, e a gente o contém com a ordem institucional.

Para amanhã, as esquerdas prometem reunir 50 mil pessoas no Largo da Batata, em São Paulo, e depois marchar… até a Globo, é claro! Os aparelhos petistas prometem manifestações ainda em Brasília, Rio, Curitiba, Fortaleza, Recife e Uberlândia. E há, claro!, os tais manifestos de intelectuais.

É evidente que se trata de coisa de vigaristas. É impressionante a cara de pau dessa gente. Sem resposta para a roubalheira descarada; sem ter o que dizer diante do desastre econômico a que Dilma conduziu o país; apalermada pelas revelações estarrecedoras da Lava Jato, essa súcia faz o que a esquerda sempre fez ao longo da história: ignora os próprios crimes e inventa uma tese contra “a direita” para unir os “progressistas”.

Conversa mole Tudo isso constitui, é evidente, uma ameaça. E, no entanto, não passa de conversa mole. Já vimos esse filme antes.  Se preciso, a sociedade brasileira vai enfrentar Boulos e suas milícias nas ruas. Mas não vai ser no braço, não. Vai ser na lei.  Finalmente, observo que o discurso irresponsável feito por Dilma nesta terça estimula esse tipo de retórica inflamada. Eles querem sangue. Nós os enfrentaremos com uma arma invencível: a mansidão convicta.

Fonte: Reinaldo Azevedo - Blog na Veja