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domingo, 31 de maio de 2020

Sergio Moro vai advogar e - a resposta de Maia a quem o pergunta sobre o impeachment de Bolsonaro - O Globo

 Gabriel Mascarenhas



Comunicou também que pretende dar aulas e aceitar um convite para ser colunista de uma revista. Cabe ao colegiado avaliar se Moro pode mergulhar nos novos desafios desde já ou, em caso de potencial conflito de interesses, lhe impor uma quarentena de seis meses. Sobre projetos políticos, claro, não precisou abrir nada à comissão.

A resposta de Maia a quem o pergunta sobre o impeachment de Bolsonaro


Rodrigo Maia e Jair Bolsonaro




Rodrigo Maia mantém no gatilho uma resposta para os adversários de Jair Bolsonaro ávidos para verem o pedido de impeachment andar na Câmara: "Um pedido de impeachment forçado era o que ia garantir a reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos, se não fosse o coronavírus".

Lauro Jardim - Coluna em O Globo



domingo, 20 de janeiro de 2019

“Tenho medo é do que vem de cima”, diz advogado de esfaqueador de Bolsonaro

Investigado desde o final do ano passado no caso Adélio Bispo, que apura as circunstâncias da facada que o presidente Jair Bolsonaro levou durante a campanha eleitoral, o advogado Zanone Júnior diz temer "maldades" por parte do "andar de cima" da Polícia Federal (PF), que apura a origem do dinheiro que bancou seus honorários. Desde que assumiu o caso, o criminalista tem tentado explicar como foi remunerado, mas não revela quem fez o pagamento, apesar da investigação da PF e da pressão da opinião pública em busca de eventuais mandantes do crime.

Em entrevista ao Congresso em Foco, o criminalista reclamou de "teorias da conspiração" e disse ter sofrido prejuízos profissionais com a perda de seu celular, apreendido pela PF em dezembro de 2018. Apesar de temer represálias do governo, Zanone elogiou o delegado que conduz a investigação, a quem chamou de "gente boa" e "educado".  O advogado repetiu a versão já conhecida de que recebeu apenas R$ 5 mil pelo trabalho, [insuficiente para pagar o jatinho que o levou de BH à prisão.
estranho um advogado que se diz  experiente, ter receio da cúpula da PF.] mas garante que não vai abandonar o cliente "para ver onde isso vai dar". Confira a entrevista:

Afinal, não saberemos quem paga pela defesa do Adélio?
[O financiador] não queria aparecer. Mas de qualquer forma eu expliquei: eu não tenho os dados da pessoa. Tenho o primeiro nome, que eu não dei. Porque a pessoa fez o contrato do primeiro serviço, que foi o inquérito, que eu fechei por R$ 25 mil [este inquérito foi encerrado três semanas após o atentado]. E como foi no dia da audiência de custódia, eu saí muito correndo, a pessoa ficou de voltar para trazer [o restante do pagamento]. Ela me deu R$ 5 mil em dinheiro e ela traria para mim quatro cheques de R$ 5 mil. Eu só dei o recibo para ela dos R$ 5 mil. E a pessoa não voltou. Eu tenho o nome. Não dei o nome, mas eu falei o valor, falei tudo.

O contrato, então, era só para o primeiro inquérito?
Só o inquérito. Eu só tinha falado para ele quanto é que ficaria até a sentença e quanto ficaria até esgotar os recursos, até chegar no Supremo.

Se o senhor só recebeu uma parte do pagamento, por que continua defendendo o Adélio?
[Depois de receber] aquela primeira parte, eu pensei que a pessoa ia voltar. Conversei com os colegas. A gente estava discutindo se ia continuar, se não ia continuar... agora eles abriram esse inquérito aí contra a gente, tentando ouvir. Trouxe esse monte de teoria da conspiração, falando que a gente estava recebendo do PT, do Psol, do PCC, do Estado Islâmico! Como é que é o nome do outro também? Dinheiro da Guiné Equatorial... aí o pessoal [o grupo de advogados que o auxilia] falou: "Ô, velho, vamos ficar nesse troço pelo menos até ver onde isso vai dar. Ainda mais agora que já tem inquérito contra a gente". [uma certeza existe = esse dinehiro não é honesto e está sujo do sangue de inocentes, desde os que morreram na fila do SUS, por falta de atendimento, em acidentes em rodovias mal conservadas, em assaltos em ruas sem segurança = tudo lembra os assassinatos dos petistas Celso Daniel e Toninho do PT = eles opor queima de arquivo.]

Como vocês veem o inquérito contra o Adélio, que apura se houve mandantes do crime?
Na verdade o que esse inquérito quer saber é o seguinte: é se tem alguém [além de Adélio] com aquele dolo homicida, sabe? Com dolo de extermínio. Se a pessoa elocubrou um plano homicida contra o presidente da República. É isso que a Polícia Federal quer saber. Eu acho que a ideia de se investigar é absolutamente legítima. Eu só fui contra a apreensão do meu celular. Nem a busca e apreensão no meu hotel eu achei ruim. Mas no meu escritório de advocacia, e não é só no meu escritório, é em qualquer negócio hoje, se a pessoa tem um smartphone o computador está ali. Tanto que a perda que eu sofri é irreparável. Um monte de cliente sumiu, desapareceu, não entra em contato mais comigo. Os contratos que eu estava fechando, as pessoas não me ligaram mais, eu perdi alguns contatos. E abriu-se no Brasil um precedente perigosíssimo [violação de sigilo profissional da advocacia, segundo Zanone]. E a OAB não faz nada. [o sigilo profissional na relação cliente x advogado é necessário, desde que com limites e o advogado sempre sabendo, antecipadamente, até onde o sigilo existe - não pode é o sigilo ser usado para auxiliar bandidos presos a praticar crimes.]

A PF ainda não devolveu o celular?
Até hoje não. Disseram que têm mais perícia para fazer, tem isso, tem aquilo... o delegado [Rodrigo Morais, que coordena as investigações], rapaz, é gente boa, acredita? Muito educado e tal. Eu tenho medo é do que vem de cima. É hierarquia. É de pedirem, por exemplo, para ele inventar coisa, para fazer maldades. Disso eu tenho medo. E não duvido, né?

E a ação penal contra o Adélio segue suspensa até que se conclua o exame de saúde mental...
Vai ficar tudo suspenso. E hoje eu nem posso abandonar a causa. Eu, Zanone, sou o curador do Adélio. O juiz não suspendeu o processo? Então o Adélio hoje não responde por nada na vida. Se o Adélio ganhar na loteria, ganhar uma herança, qualquer coisa, quem vai administrar isso sou eu.

O Adélio não tem mais nenhum amigo ou familiar o acompanhando?
Parece que tem uma menina aí que falou que é namorada dele, e os parentes pobres.
E ninguém, velho, ninguém.

[o assassino tentou matar o presidente da República Federativa do Brasil e tem que ser punido com rigor extremo - ele e todos que de alguma forma o ajudaram no atentado.] 

Congresso Jurídico

 



quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Ex-procurador foi informado sobre operação da força-tarefa da Lava Jato um dia antes



Miller disse a colega que recebeu alerta de 'insider' sobre ação da Lava Jato



O ex-procurador Marcello Miller recebeu com ao menos um dia de antecedência, e quando já atuava como advogado da J&F, a informação de que a força tarefa da Lava Jato deflagraria uma de suas mais importantes operações: a que levou à prisão de Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG), e do primo do tucano, o empresário Frederico Pacheco.

O vazamento foi registrado por ele mesmo, em mensagem a uma advogada que era sua parceira no caso.  Miller discutia com Esther Flesch um contrato que ampliaria os valores de honorários pagos pela JBS à dupla.  Às 8h15 de 17 de maio, o ex-procurador foi informado de que o escritório Trench Rossi Watanabe, no qual estava atuando, não aceitaria os termos propostos por ele numa minuta do trato.  Neste momento, ele diz a Esther que ela deveria readequar a proposta, e avisa: "Vamos correr, porque a informação insider é a de que a operação pode ser deflagrada amanhã" (sic).

Às 19h30 do mesmo dia, o jornal "O Globo" publicou em seu site a informação de que os donos da JBS haviam fechado um acordo de delação premiada. A matéria dizia que Joesley Batista havia gravado uma conversa com o presidente Michel Temer e que o empresário também havia apresentado grampos de um encontro em que Aécio pedia R$ 2 milhões a ele.  Às 6h do dia seguinte, 18, a Lava Jato deflagrou a operação Patmos, prendendo a irmã do tucano, seu primo e um assessor do senador Zezé Perrela (MDB-MG) sob a acusação de que teriam ajudado Aécio a obter o dinheiro.  A Patmos disparou 41 mandados de busca e apreensão em quatro Estados. A irmã do doleiro Lúcio Funaro também foi encarcerada. Já Aécio foi afastado do mandato pelo ministro Edson Fachin.

A conversa que registra o vazamento de informação da Lava Jato foi obtida em mensagens de WhatsApp trocadas por Miller e Flesch. Os dados foram coletados em um telefone funcional da advogada pelo Trench Rossi Watanabe. Fachin autorizou a quebra do sigilo telefônico.  Na mensagem à colega, Miller não diz quem lhe repassou a informação de que a operação seria deflagrada. Mas ao usar o termo "insider", o ex-procurador dá a entender que obteve o relato junto aos investigadores.  Àquela altura, a participação de Miller nas tratativas da JBS com a Procuradoria ainda não havia sido explorada pelos políticos que foram alvo da delação do grupo.

Vínculo
O vínculo dele com o gabinete do ex-procurador-geral Rodrigo Janot foi escancarado dias depois pelo presidente Michel Temer, em um pronunciamento. Quando a crise escalou, Miller começou a discutir com Flesch sua própria estratégia de defesa.  No dia 20 de maio, ele escreveu: "Pellela acabou de confirmar: PGR solta nota agora. Curta. Negando minha participação em delação".  Eduardo Pellela era chefe de gabinete de Janot. Miller informou sobre a nota às 10h57. O texto só foi tornado público às 13h45 daquele dia.

Enquanto atuou na Procuradoria, Miller era visto como um quadro muito próximo a Janot. Ele teve atuação decisiva em delações que envolveram gravações ocultas de autoridades, como o ex-senador Delcídio do Amaral e a cúpula do MDB, grampeada por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.  Miller foi contratado pela J&F, por meio do Trench Rossi  Watanabe, para cuidar do acordo de leniência do grupo —instrumento diverso da delação. No entanto, há evidências de que ele também orientou a colaboração dos irmãos Batista, inclusive enquanto ainda estava na PGR.  A atuação do ex-procurador na delação da JBS começou a ser formalmente investigada em setembro do ano passado. Nas mensagens que ele trocou com Flesch fica claro que delação e leniência eram tocadas em parceria. 

Outro lado
A assessoria do ex-procurador Marcelo Miller disse que a informação de que uma operação da Lava Jato seria deflagrada no dia seguinte à troca de mensagens "não adveio de nenhum órgão estatal".
"O conteúdo da mensagem não adveio de nenhum órgão estatal, tendo origem na sua atuação como advogado, o que o obriga a preservar o sigilo profissional", disse.

À Folha, a assessoria destacou que Miller já estava desligado dos quadros do MPF (Ministério Público Federal) "havia mais de 40 dias" quando enviou a mensagem.

(...)
O escritório Trench  Rossi  Watanabe disse, em nota, que sempre "colaborou com as autoridades", destacou que os envolvidos não fazem mais parte de seu quadro de sócios e manifestou "total disposição" em auxiliar nas investigações.  Em nota, a assessoria de comunicação da Procuradoria Regional da República da 3ª Região afirmou que Eduardo Pelella "repudia as ilações, desprovidas de embasamento fático, envolvendo seu nome".

(...)
 

Folha de S.Paulo