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domingo, 20 de janeiro de 2019

“Tenho medo é do que vem de cima”, diz advogado de esfaqueador de Bolsonaro

Investigado desde o final do ano passado no caso Adélio Bispo, que apura as circunstâncias da facada que o presidente Jair Bolsonaro levou durante a campanha eleitoral, o advogado Zanone Júnior diz temer "maldades" por parte do "andar de cima" da Polícia Federal (PF), que apura a origem do dinheiro que bancou seus honorários. Desde que assumiu o caso, o criminalista tem tentado explicar como foi remunerado, mas não revela quem fez o pagamento, apesar da investigação da PF e da pressão da opinião pública em busca de eventuais mandantes do crime.

Em entrevista ao Congresso em Foco, o criminalista reclamou de "teorias da conspiração" e disse ter sofrido prejuízos profissionais com a perda de seu celular, apreendido pela PF em dezembro de 2018. Apesar de temer represálias do governo, Zanone elogiou o delegado que conduz a investigação, a quem chamou de "gente boa" e "educado".  O advogado repetiu a versão já conhecida de que recebeu apenas R$ 5 mil pelo trabalho, [insuficiente para pagar o jatinho que o levou de BH à prisão.
estranho um advogado que se diz  experiente, ter receio da cúpula da PF.] mas garante que não vai abandonar o cliente "para ver onde isso vai dar". Confira a entrevista:

Afinal, não saberemos quem paga pela defesa do Adélio?
[O financiador] não queria aparecer. Mas de qualquer forma eu expliquei: eu não tenho os dados da pessoa. Tenho o primeiro nome, que eu não dei. Porque a pessoa fez o contrato do primeiro serviço, que foi o inquérito, que eu fechei por R$ 25 mil [este inquérito foi encerrado três semanas após o atentado]. E como foi no dia da audiência de custódia, eu saí muito correndo, a pessoa ficou de voltar para trazer [o restante do pagamento]. Ela me deu R$ 5 mil em dinheiro e ela traria para mim quatro cheques de R$ 5 mil. Eu só dei o recibo para ela dos R$ 5 mil. E a pessoa não voltou. Eu tenho o nome. Não dei o nome, mas eu falei o valor, falei tudo.

O contrato, então, era só para o primeiro inquérito?
Só o inquérito. Eu só tinha falado para ele quanto é que ficaria até a sentença e quanto ficaria até esgotar os recursos, até chegar no Supremo.

Se o senhor só recebeu uma parte do pagamento, por que continua defendendo o Adélio?
[Depois de receber] aquela primeira parte, eu pensei que a pessoa ia voltar. Conversei com os colegas. A gente estava discutindo se ia continuar, se não ia continuar... agora eles abriram esse inquérito aí contra a gente, tentando ouvir. Trouxe esse monte de teoria da conspiração, falando que a gente estava recebendo do PT, do Psol, do PCC, do Estado Islâmico! Como é que é o nome do outro também? Dinheiro da Guiné Equatorial... aí o pessoal [o grupo de advogados que o auxilia] falou: "Ô, velho, vamos ficar nesse troço pelo menos até ver onde isso vai dar. Ainda mais agora que já tem inquérito contra a gente". [uma certeza existe = esse dinehiro não é honesto e está sujo do sangue de inocentes, desde os que morreram na fila do SUS, por falta de atendimento, em acidentes em rodovias mal conservadas, em assaltos em ruas sem segurança = tudo lembra os assassinatos dos petistas Celso Daniel e Toninho do PT = eles opor queima de arquivo.]

Como vocês veem o inquérito contra o Adélio, que apura se houve mandantes do crime?
Na verdade o que esse inquérito quer saber é o seguinte: é se tem alguém [além de Adélio] com aquele dolo homicida, sabe? Com dolo de extermínio. Se a pessoa elocubrou um plano homicida contra o presidente da República. É isso que a Polícia Federal quer saber. Eu acho que a ideia de se investigar é absolutamente legítima. Eu só fui contra a apreensão do meu celular. Nem a busca e apreensão no meu hotel eu achei ruim. Mas no meu escritório de advocacia, e não é só no meu escritório, é em qualquer negócio hoje, se a pessoa tem um smartphone o computador está ali. Tanto que a perda que eu sofri é irreparável. Um monte de cliente sumiu, desapareceu, não entra em contato mais comigo. Os contratos que eu estava fechando, as pessoas não me ligaram mais, eu perdi alguns contatos. E abriu-se no Brasil um precedente perigosíssimo [violação de sigilo profissional da advocacia, segundo Zanone]. E a OAB não faz nada. [o sigilo profissional na relação cliente x advogado é necessário, desde que com limites e o advogado sempre sabendo, antecipadamente, até onde o sigilo existe - não pode é o sigilo ser usado para auxiliar bandidos presos a praticar crimes.]

A PF ainda não devolveu o celular?
Até hoje não. Disseram que têm mais perícia para fazer, tem isso, tem aquilo... o delegado [Rodrigo Morais, que coordena as investigações], rapaz, é gente boa, acredita? Muito educado e tal. Eu tenho medo é do que vem de cima. É hierarquia. É de pedirem, por exemplo, para ele inventar coisa, para fazer maldades. Disso eu tenho medo. E não duvido, né?

E a ação penal contra o Adélio segue suspensa até que se conclua o exame de saúde mental...
Vai ficar tudo suspenso. E hoje eu nem posso abandonar a causa. Eu, Zanone, sou o curador do Adélio. O juiz não suspendeu o processo? Então o Adélio hoje não responde por nada na vida. Se o Adélio ganhar na loteria, ganhar uma herança, qualquer coisa, quem vai administrar isso sou eu.

O Adélio não tem mais nenhum amigo ou familiar o acompanhando?
Parece que tem uma menina aí que falou que é namorada dele, e os parentes pobres.
E ninguém, velho, ninguém.

[o assassino tentou matar o presidente da República Federativa do Brasil e tem que ser punido com rigor extremo - ele e todos que de alguma forma o ajudaram no atentado.] 

Congresso Jurídico

 



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