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sexta-feira, 4 de março de 2022

Ronnie Lessa confirma a VEJA ter sido ajudado por Bolsonaro em 2009

O PM reformado acusado de matar a vereadora Marielle diz que recebeu ajuda do presidente, de quem era vizinho, mas diz que mal o conhece. E, claro, alega inocência

Preso sob a acusação de haver executado a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes em 2018, no Rio de Janeiro, o policial militar reformado Ronnie Lessa, como era de esperar, nega sua participação no crime, diz ser vítima de armação e aponta o dedo para um morto, o chefão miliciano Adriano da Nóbrega. Em entrevista exclusiva a VEJA por meio de videoconferência, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, Lessa também confirmou que recebeu ajuda do presidente Jair Bolsonaro no fim de 2009 — embora afirme que mal o conhece. Depois de perder parte da perna esquerda na explosão de uma bomba em seu carro, ele conta que o presidente, então deputado federal, intercedeu para que seu atendimento fosse priorizado na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), no Rio de Janeiro. “Bolsonaro era patrono da ABBR. Quando soube o que aconteceu, interferiu. Ele gosta de ajudar a polícia porque é quem o botou no poder. Podia ser qualquer outro policial”, disse.[desde quando um ser humano  ajudar outro ser humano é crime? o presidente é um homem generoso e ajudou um valoroso policial em momento de extrema necessidade.] 

O PM reformado nem teria feito muito uso do favor: deixou o tratamento após duas semanas, porque a prótese “era bem simplesinha” e o seguro que recebeu lhe permitiu comprar uma melhor. A proximidade do clã presidencial com a ABBR é pública e notória: entre 2004 e 2018, Bolsonaro destinou ao menos 4,6 milhões de reais em emendas parlamentares para a instituição, sem contar a generosidade dos filhos. Lessa, o interno número 33 da Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, desde dezembro de 2020, ainda acrescenta:No final dessa história eu saio como mal-agradecido. Nunca fui apertar a mão dele”.

Com aparência envelhecida e pesando 65 quilos, 30 a menos do que quando foi preso, em março de 2019, Lessa, 51 anos, gesticula nervosamente, com três algemas entrelaçadas nos pulsos, ao falar do duplo homicídio. Durante a  Durante a uma hora fixada pelo Departamento Penitenciário Nacional para a entrevista, o sargento reformado insistiu que nunca foi próximo do presidente, apesar de ter sido vizinho dele e do filho Carlos em um condomínio na Barra da Tijuca. “É um cara esquisito. Se vi cinco vezes na vida, foi muito. Um dia cumprimenta, outro não, e mesmo assim só com a mãozinha. E nunca vi os filhos dele”, garante.

Na entrevista, Lessa atribui a intermediação do crime ao ex-capitão Adriano, chefe do bando de milicianos e assassinos de aluguel conhecido como Escritório do Crime, que foi morto pela polícia na Bahia em 2020. “Ele estava num patamar em que não entrava mais num carro para dar tiro em ninguém, mas tenho quase certeza de que o grupo dele fez”, acusa. Na sua versão, acabou implicado por obra do próprio Adriano, que quis se vingar por Lessa não tê-lo aceito como sócio em uma academia de ginástica da qual era dono em Rio das Pedras, área de atuação do miliciano. Só que o tal “grupo dele” aparece, no processo de federalização do caso, como sendo o do próprio Lessa: o primeiro suspeito de ter executado Marielle e Anderson, o também miliciano Orlando da Curicica, sugeriu em sua delação ao Ministério Público Federal “que o pessoal do ex-PM Ronnie Lessa” integrava o Escritório do Crime.

Após Curicica ser descartado como autor dos disparos, todas as evidências recaíram sobre Lessa, que nega de pés juntos. “Eu não matei

“Eu não matei aquela menina. Hoje consigo enxergar que existia plano A, B e até um C”, disse. E segue explicando à sua maneira as provas que constam da denúncia do MP fluminense. Por que, dois dias antes do crime, buscou o endereço do ex-marido de Marielle que constava como o dela em um portal da polícia — e onde a vereadora esteve naquele dia, horas antes? Na versão dele, porque recebera uma ligação com oferta de permuta de um imóvel naquele exato local. Por que também buscou na internet um silenciador para submetralhadora HK MP5, a mesma que, segundo a polícia, foi usada no crime? De acordo com Lessa, era uma inocente procura de peças — mais uma coincidência incrível — para uma réplica da arma. Já os papéis encontrados em seu poder com o nome do ex-vereador Cristiano Girão, um dos suspeitos de ser o mandante do duplo homicídio, seriam parte de uma investigação que fazia na polícia e que, em sua defesa, diz que não tinha nada a ver com o caso.

A promotoria está convicta da condenação de Lessa, apesar dos tropeços do processo. Nestes quatro anos, as investigações já correram o risco de passar para a esfera federal, tiveram cinco delegados à frente, duas promotoras deixaram o inquérito alegando “interferências externas” e há uma série de interrogações ainda sem resposta, inclusive as duas mais prementes: quem mandou matar Marielle e por quê. O próprio Lessa, no entanto, se diz confiante em que vai se livrar das acusações e faz planos para lá de simples: quando sair da cadeia, vai viver da criação de peixes, “longe do Rio”. Faz sentido. Contar histórias de pescador Lessa já sabe.

VÍDEO DA ENTREVISTA


 

Brasil - VEJA

 

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Delegado que descobriu assassinos de Marielle vai investigar milícia no Rio - MP do Rio briga na Justiça com Google para identificar ocupantes do carro usado no assassinato de Marielle - O Globo

Giniton Lages
Ontem, o MPRJ fez uma operação contra a milícia no Rio e prendeu o chefe de investigações da delegacia da Barra da Tijuca, Jorge Alves. Os investigadores descobriram que ele mantinha contato com Ronnie Lessa, um dos assassinos [sic]  da vereadora e seu motorista. A delegada Adriana Belém, que até então era a titular da delegacia, entregou o cargo no início da manhã de hoje.

Blog do Lauro Jardim - O Globo

MP do Rio briga na Justiça com Google para identificar ocupantes do carro usado no assassinato de Marielle

Promotoras querem informações sobre donos de celulares que passaram na Transolímpica, último local onde o Cobalt usado na emboscada a vereadora foi visto
 
No dia 2 de dezembro fez um ano que o veículo Cobalt prata com placa clonada e de características semelhantes ao carro usado na emboscada que matou a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes foi visto pela última vez. Câmeras do pedágio da Via Transolímpica, que liga o Recreio a Deodoro, flagraram o veículo suspeito. Não foi possível identificar quem estava nele, mas a notícia trouxe aos investigadores a certeza de que era possível chegar a mais envolvidos no crime e até ao mandante do assassinato. Isso graças à quebra do sigilo dos celulares e dos dados telemáticos de todos os aparelhos dos usuários que passaram naquele dia no lapso temporal de 15 minutos. No entanto, apesar de a Justiça fluminense autorizar a ação, as empresas Google Brasil Internet Ltda e Google LLC recorreram da decisão, impetrando recurso em mandado de segurança no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
 
O imbróglio jurídico persiste. De um lado, Google em seu recurso alega que, ao fornecer os dados,  estaria violando a privacidade e a intimidade do usuário. Sustenta ainda a tese de que a ordem de quebra de sigilo seria genérica, “vedada pela Constituição e pela legislação” do Marco Civil da Internet. Do outro, a promotoria argumenta que a quebra de sigilo se justificaria por atingir o interesse público, uma vez que, com a quebra, seria possível chegar à autoria e no mando de um crime.


O MP do Rio ressalta também que a morte da parlamentar foi uma afronta aos direitos humanos, atingindo repercussão internacional. [qualquer uma das mais de 60.000 mortes que ocorriam, por ano, até 2019, é uma afronta aos direitos humanos;
priorizar a investigação de um homícidio apenas por ser a vítima uma política, é também uma afronta aos mais de 60.000 mortos e aos seus familiares.
Todos são iguais perante a lei - principio na ONU e na Carta Magna do Brasil - o que torna as investigações sobre assassinatos da mesma importância. ] Ao recorrer, as companhias não obedeceram à ordem judicial do juiz do 4º Tribunal do Júri, Gustavo Kalil, responsável por julgar o caso Marielle e Anderson.

VEJA:Entenda o que já foi revelado sobre os assassinatos de Marielle e Anderson

Nas alegações finais do Incidente de Deslocamento de Competência (IDC) de número 24, no qual a promotoria diz não haver motivos para a federalização do caso Marielle, o MP do Rio argumenta que não haveria exposição dos usuários. A proposta é levantar os dados das pessoas  que passaram pelo pedágio da Transolímpica, entre 11h05m e 11h20m, no dia 2 de dezembro de 2018, data em que o veículo foi flagrado no local. Assim, a partir das pesquisas seria possível saber, por exemplo, se em algum momento eles pesquisaram algo que ligasse à execução de Marielle e Anderson. Em certo trecho das alegações finais do IDC 24, o MP estadual sustenta: “A importância da localização de tal veículo é que a investigação conduzida poderá viabilizar o reconhecimento de outros envolvidos, no que se relaciona à clonagem do veículo, como também, em relação ao mandante do crime”.

Se a empresa Google liberar as informações, os investigadores acreditam que terão também a oportunidade de pôr o sargento reformado da Polícia Militar, Ronnie Lessa, e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, ambos presos pela morte da parlamentar e o motorista, dentro do Cobalt. Atualmente, a defesa dos réus argumenta que a dupla não foi flagrada dentro do carro, pois não há imagens que provem tal situação.  A promotoria e a Delegacia de Homicídios da Capital (DH) sustentam que as pesquisas feitas por Lessa sobre endereços frequentados por Marielle, além de uma análise da compleição física do sargento, a partir de programas de computação. A perícia do MP fez a comparação a partir das imagens do braço dele no banco de trás do Cobal, flagrado por uma câmera na Rua dos Inválidos, próximo a Casa das Pretas, onde o carro de Marielle e Anderson começou a ser seguido.

Ao pedir vistas do processo, o Ministério Público Federal se posicionou ao lado do Google. Em seu parecer, o MPF defendeu que haveria violação do direito à intimidade das pessoas que passaram pela via na data. A situação acirrou os ânimos entre os dois ministérios públicos, federal e estadual, que já disputam a atribuição para investigar o Caso Marielle. Antes de deixar o cargo, a ex-procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em setembro, pediu ao STJ que as investigações fossem para o âmbito federal, ou seja, que fiquem sob a cargo do MPF e da Polícia Federal.

Facebook também recorre para não divulgar dados
Além do Google, o Facebook também recorreu da decisão em primeira instância no fornecimento de dados de 82 aparelhos de celulares ligados a milicianos que integram o grupo de matadores de aluguel, ao qual Lessa pertence, segundo as investigações. A organização criminosa atua principalmente a serviço da contravenção, mediante pagamento de vultosas quantias, segundo o MP do Rio.

Apesar de a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, por unanimidade, não ter acatado o pedido do Facebook, a empresa, como fez o Google, também recorreu. A promotoria chegou a argumentar que o Facebook “insiste em prejudicar a investigação das autoridades estaduais, para tanto, sustentando que inexiste qualquer dispositivo legal que determine aos provedores de aplicação de internet a obrigação de armazenar o histórico de buscas realizadas pelo usuário”. A fim de justificar a quebra, o MP do Rio sustenta ainda que o serviço de inteligência já detectou “sérios indícios” do envolvimento desse grupo na morte de Marielle e Anderson, que ficariam mais consolidados com os dados telemáticos fornecidos pela empresa.

A promotoria alfineta as empresas ao ressaltar que a privacidade é desprezada por elas, ao fornecer dados dos usuários para a  venda de produtos direcionados ao gosto dos clientes: “Ora, é lógico que o Facebook possui acesso aos dados relativos às buscas realizadas em sua rede social, utilizando-os, dentre outros fins, para possibilitar que as empresas anunciantes no ambiente virtual promovam suas campanhas de marketing e de vendas de forma segmentada, direcionada ao público-alvo a ser atingido”.

Google responde em nota:
"Não comentamos casos específicos. Gostaríamos de dizer que protegemos vigorosamente a privacidade dos nossos usuários ao mesmo tempo em que buscamos apoiar o importante trabalho das autoridades investigativas, desde que os pedidos sejam feitos respeitando preceitos constitucionais e legais."


Pistas para confundir investigação
As investigações do caso Marielle revelam que os assassinos pensaram nos mínimos detalhes do crime, evitando deixar rastros. O Cobalt não foi apreendido até o momento e deixou de circular desde que foi flagrado na Transolímpica, há um ano. A arma usada no crime, uma submetralhadora HK MP5, segundo os peritos da Polícia Civil, também não foi encontrada. A polícia suspeita que ela tenha ido parar no fundo do mar da Barra da Tijuca, descartada por ordem de Lessa, assim que ele foi preso.

Para confundir as investigações, foi utilizada munição do lote UZZ 18 com mais de 1,8 milhão de balas produzidas, inclusive de vários calibres. As que mataram Marielle e Anderson eram de calibre 9mm. A polícia e o MP prosseguem nas investigações para descobrir quem mandou matá-los, além do motivo do crime.

Rio - Jornal O Globo


terça-feira, 9 de abril de 2019

Entra em campo a Comissão Arns

Defensores de direitos humanos veem ameaça de retrocesso sob Bolsonaro. O grupo vai apurar violações em favela do Rio e terra indígena da Amazônia

[comentário 1: a denominação mais adequada para essa turma é 'defensores dos direitos dos manos';

eles só aparecem quando elementos envolvidos com a lei, alguns até réus confessos, são as 'vítimas';

em 2017, tombaram assassinados por bandidos, quase 150 policiais militares e nenhum deles mereceu a suprema honra (ou sendo a turma formada ao que tudo indica por defensores dos direitos dos manos, suprema desonra é uma classificação mais adequada) da presença de um representante dos tais defensores no sepultamento ou mesmo uma declaração de apoio;

é de se esperar que logo a turma se ocupe em demonizar os militares que por uma fatalidade, tudo indica por um equívoco que qualquer ser humano pode cometer, causaram a morte do músico Evaldo;

claro que eles também, ao se aproximar o dia 14 do mês, terão que fazer o barulho que fazem desde março 2014 devido a morte da vereadora Marielle e seu motorista Anderson, cobrando a identificação e punição dos assassinos e de eventuais mandantes - afinal, nada  garante que os dois acusados que estão presos preventivamente sejam os autores do crime, visto que provas, caso existam, são desconhecidas.

Não defendemos criminosos e pugnamos para que todos, sem exceções, sejam punidos com severidade e Justiça, o que inclui, sem limitar, os assassinos da vereadora psolista e do seu motorista.]  

A Comissão Arns escolheu dois casos para denunciar violações aos direitos humanos desde a posse de Jair Bolsonaro. O grupo cobrará explicações sobre a ação policial que deixou 15 mortos no morro do Fallet-Fogueteiro, no Rio. Em outra frente, vai contestar o plano de construir um linhão de energia na terra indígena Waimiri Atroari, em Roraima. [comentário 2: a comissão Arns deveria, até mesmo por uma questão de isenção, imparcialidade e respeito aos direitos humanos, denunciar os 'defensores de direitos humanos' que violaram os direitos humanos dos policiais militares que foram acusados injustamente de matarem o servente Amarildo (cujo corpo até hoje não foi encontrado, se é que existe um cadáver);
 
a acusação foi injusta tanto que dos PMs acusados, os quatro já submetidos a julgamento foram absolvidos.
 
Quanto ao linhão, sua construção  é uma questão de respeitar os direitos humanos dos habitantes de Roraima, estado que vive sofrendo apagões - mais de meio milhão de seres humanos (portanto,  com direito aos tão defendidos direitos humanos) devido os índios Waimiri Atroari, que em número de centenas ocupam uma reserva com milhares de hectares - improdutivos por falta de disposição para cultivar e explorar a terra.]

O anúncio será feito hoje, em São Paulo. Será o pontapé inicial da comissão, que reúne juristas, intelectuais e ex-ministros que atuaram nos governos Sarney, FH, Lula e Dilma. Eles veem risco de retrocessos na gestão de Bolsonaro, que tem longo histórico de embates com defensores de direitos humanos. O Ministério Público já investiga a operação no Fallet-Fogueteiro, no início de fevereiro. A PM afirma ter reagido a um ataque de bandidos, mas parentes dos mortos acusam os policiais de execução. Para o presidente da comissão, Paulo Sérgio Pinheiro, o caso tem as características de uma chacina. [comentário 3: a regra não muda: Polícia leva vantagem em confronto com bandidos, que tombam mortos = chacina;
policiais são mortos por bandidos = silêncio total por parte dos que se dizem defensores dos direitos humanos.]

As irregularidades são enormes. A polícia recolheu os corpos antes da chegada dos peritos. Testemunhas disseram que houve tortura e que todos estavam rendidos antes de serem baleados”, afirma. O governador Wilson Witzel elogiou a operação e disse que os policiais agiram “para defender o cidadão de bem”. “O que nos assusta é a celebração da morte. O Estado não pode promover execuções em nome da luta contra o crime”, rebate Pinheiro.

Titular dos Direitos Humanos no governo FH, ele diz que o pacote de Sergio Moro, que amplia o conceito de legítima defesa de agentes do Estado, representa uma “licença para matar”. “Essa proposta pode consagrar a impunidade no Brasil. Isso não é política de segurança. É uma forma de enganar a população”, critica. A comissão também vê ameaças aos povos indígenas no governo Bolsonaro. Em fevereiro, o presidente assinou um decreto para transformar o Linhão de Tucuruí em projeto de “interesse da política de defesa nacional”. Isso abriu caminho para que a obra seja iniciada sem a permissão dos waimi-atroari.

Na ditadura militar, a etnia foi ameaçada de extinção pela abertura da BR-174. O relatório da Comissão Nacional da [IN]Verdade cita confrontos com o Exército e afirma que a população local foi reduzida de três mil para 332 pessoas. “Este caso ilustra o que o novo governo tem dito a respeito dos povos indígenas. Há grande potencial de novos conflitos”, alerta Pinheiro.
 
Bernardo Mello Franco, jornalista - O Globo
 
 

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Íntegra da matéria da Folha conta como pode ser feito, mas, não apresenta provas de que foi feito

A matéria da Folha, 18 out 2018, jornalista Patricia Campos Mello, não apresenta provas de que o caso WhatsApp ocorreu e, se ocorreu, contou com a conivência/participação de Bolsonaro.

 

A matéria, na íntegra,  pode ser acessada aqui.

 

[Perceberão que apresenta o que pode ser feito, como pode ser feito, mas, não fala em provas.

Dizendo de outra forma é a mesma situação que a algum jornalista decidisse fazer uma reportagem narrando  como ocorreu o assassinato da vereadora Marielle, a forma com foi executado, quem executor, mas, sem provas.]

domingo, 3 de junho de 2018

Quem matou e quem mandou matar Marielle?

À espera de uma confissão 

E assim se passaram 81 dias, completados hoje, da execução no Rio da vereadora Marielle Franco (PSOL) com quatro tiros na cabeça. O motorista Anderson Pedro Gomes, que a conduzia, também morreu. Uma assessora escapou sem ferimentos. ,
Quem matou Marielle e Anderson? Quem mandou matar Marielle e por quê? Com que arma ela foi morta? São perguntas para as quais a polícia ainda não tem respostas.

Existe um delator que contou saber de tudo. Existem suspeitos presos. [ao que consta o único suspeito preso, tem como motivo para estar preso não o fato de ser suspeito da morte da vereadora,  e sim por suposta participação em outro crime.] E por ora é só.

Faltam provas materiais de que ela foi de fato morta pelos suspeitos delatados. Faltam provas de que ela foi morta por encomenda de milicianos e de um vereador porque Marielle prejudicava os negócios do crime organizado na Zona Oeste da cidade.
Nem mesmo está certo que a arma usada na execução possa ter sido, como se investiga, uma submetralhadora alemã de precisão HK MP5, com calibre de 9 milímetros, capaz de disparar 13 tiros por segundo. Só as forças especiais da polícia a utilizam.

Foi descartada a hipótese de que Marielle tenha sido morta por balas compradas pelo Exército e desviadas de um lote remetido a João Pessoa para uso da Polícia Federal. Dali, parte do lote teria ido parar em outras praças. Depois, perdeu-se o destino das balas.
O governo sequer sabe quantos crimes com mortes são cometidos no Brasil. Considerando-se apenas os assassinatos, no ano passado apenas 6% deles foram solucionados. No Reino Unido, o percentual é de 90%. Na França, 80%. Nos Estados Unidos, 65%. [é inaceitável, inconcebível,  que a investigação do homicidio de  determinada pessoa tenha prioridade sobre a investigação de qualquer outro homicidio;
o valor de uma vida humana, de quem quer que seja, é igual ao valor de outra.
Em vida é comum  atribuir as pessoas valores diferentes, mas, a morte se encarrega de igualar todos os valores.]

O Instituto Sou da Paz pediu às Secretarias de Segurança Pública de todos os Estados informações sobre homicídios esclarecidos em 2017. Apenas seis atenderam ao pedido. O percentual de casos dados como resolvidos em São Paulo foi de 38%. No Rio, 11,8%.
A literatura policial prova à farta que não existe crime perfeito, existe crime mal investigado. O assassinato de Marielle e de Anderson poderá ser mais um.

Blog do Noblat - Veja
 

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Policiais levam 5 horas em reconstituição da morte de vereadora Marielle - Simulação teve isolamento da área, testemunhas e rajadas de tiros


Policiais civis, militares e homens do Exército terminaram por volta das 4h desta sexta-feira (11) a reconstituição da morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), no centro do Rio. O crime completa dois meses na próxima segunda-feira (14). A vereadora e o motorista Anderson Gomes foram mortos quando voltavam de um debate na Lapa, no centro do Rio, e iam em direção à Tijuca, zona norte. No caminho, no bairro do Estácio (centro), um carro emparelhou com o de Marielle e disparou. Ela morreu na hora com quatro tiros na cabeça. 


Por volta das 2h, sacos de areia utilizados para aparar as balas foram colocados e um boneco levado para a cena do crime. Os primeiros disparos que simularam o assassinato de Marielle e Anderson foram efetuados após o toque de uma sirene às 2h49. Foram duas rajadas seguidas, de cerca de quatro tiros cada uma, parecendo uma pistola com repetidor.  A sirene foi novamente acionada às 3h14. Desta vez, foi efetuado apenas um disparo. Nova rajada única de tiros, parecida com a de uma metralhadora, foi disparada às 3h32.


PREPARATIVOS

Os preparativos para a reconstituição do crime começaram por volta das 23h dessa quinta. Para realizar a simulação, duas ruas foram bloqueadas para veículos e pedestres em um perímetro de cerca de 1 km. O espaço aéreo foi restringido a aeronaves e drones também foram proibidos no local.  ​No entroncamento das ruas Joaquim Palhares e João Paulo I, local exato onde a vereadora foi morta, imensas lonas de plástico preto foram estendidas por militares para preservar testemunhas e evitar que imagens fossem capturadas pela imprensa e curiosos. Dois caminhões das Forças Armadas com imensos refletores iluminaram as vias. A imprensa não pode acompanhar a simulação.

Na esquina onde o carro da vereadora foi atingido, policiais colocaram sacos de areia para conter as balas que foram disparadas na madrugada. Um carro do tipo Gol, diferente do da vereadora, serviu de modelo para a simulação.

Em cartaescrita de dentro do presídio, obtida pelo jornal O Dia, o ex-policial também negou participação no crime. Ele também desacreditou o depoimento da testemunha, que seria um ex-colaborador de um outro grupo miliciano. Orlando Araújo chega a citar nominalmente o delator, apesar de sua identidade ter sido preservada na reportagem do diário carioca.  A testemunha que ligou os dois ao homicídio da vereadora alegou ter trabalhado para o grupo e em três depoimentos deu detalhes sobre encontros onde o assassinato supostamente teria sido decidido.  Pelo menos três homens teriam sido mortos depois do assassinato de Marielle, como queima de arquivo. Carlos Alexandre Pereira Maria, 37, o Alexandre Cabeça, e Anderson Claudio da Silva, 48, foram mortos pelos milicianos, segundo a acusação divulgada pelo jornal.


Passava de 1h quando dois carros, um onix branco e um sedan prata, foram usados na reconstituição. Eles manobraram várias vezes, em vários pontos das ruas. Policiais civis fotografavam tudo.   Para manter o sigilo, policiais civis que participaram da reconstituição receberam uma pulseira que dava acesso ao local. Do alto de uma cobertura de um prédio próximo, a reportagem da Folha conseguiu acompanhar a reconstituição.  Além dos investigadores, também estavam presentes o chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) e a mulher de Marielle, a arquiteta Mônica Tereza Benício. Um homem, vestindo balaclava preta para não ser identificado, acompanhava os policiais em vários pontos das ruas. 

 MATÉRIA COMPLETA, CLIQUE AQUI