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quarta-feira, 27 de julho de 2022

Por que Adélio Bispo dificilmente deixará a prisão agora - VEJA

Autor de facada em Bolsonaro foi submetido a perícia na segunda-feira, mas a probabilidade maior é que ele continue em presídio federal ao menos até 2025

As redes sociais bolsonaristas andam agitadas nos últimos dias com a suposta possibilidade de Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada no então candidato a presidente Jair Bolsonaro em Juiz de Fora (MG) em setembro de 2018, deixe a prisão exatamente em meio a uma nova campanha eleitoral. As teorias da conspiração vão da tese de que ele será solto para “terminar o serviçoou seja promover novo atentado contra o presidente — ou para ser alvo de “queima de arquivo” pela oposição de esquerda, que, na visão dos radicais bolsonaristas, está por trás do crime.

A paranoia bolsonarista tem sido estimulada inclusive por gente próxima ao presidente, como deputados aliados e seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). “Para tentar matar Bolsonaro era louco, agora 4 anos depois ficou bem da cabeça? Pelo amor de Deus né?”, postou Eduardo no Instagram nesta terça-feira, 26, ao comentar uma declaração do irmão Flávio à imprensa sobre o mesmo assunto.

Mas não é essa a situação. O que está valendo por enquanto é uma decisão do juiz Bruno Savino, da Justiça Federal de Juiz de Fora, do último dia 15, como mostrou VEJA, que prorroga a permanência de Adélio no presídio federal de Campo Grande (MS) ao menos até setembro de 2025.

A decisão seguiu solicitação do Ministério Público Federal (MPF) e do Departamento Penitenciário Federal (Depen). Em maio de 2019, a Justiça decidiu que Adélio é acometido por doença mental e que não seria julgado pelo atentado, mas deveria cumprir medida de segurança por no mínimo três anos. O prazo venceria em setembro e agora foi renovado.

Desde a decisão de 2019, a defesa de Adélio solicita que ele possa ser tratado na cidade mineira onde houve o atentado, mas o pedido nunca foi aceito, sob justificativa de uma possível instabilidade que o autor da facada no atual presidente poderia causar. “O referido interno ainda possui relevante potencial de desestabilizar o Sistema Penitenciário Estadual, por isto, é desfavorável ao retorno do nominado ao Estado de origem, uma vez que subsistem os motivos ensejadores da inclusão”, relatou a diretoria do Depen, em 23 de junho passado.

O MPF tem uma visão semelhante sobre a situação, mas não se absteve de aprovar a realização de perícias e exames que possam atestar a periculosidade do preso. É por essa perícia que ele passou na última segunda-feira. O trabalho, feito por dois médicos, será submetido depois à Justiça em um prazo de 30 dias. A possibilidade de a Justiça mudar a situação atual de Adélio, no entanto, é pequena.

Em junho passado, VEJA mostrou que o estado mental de Adélio Bispo é muito frágil. Em 23 cartas às quais a reportagem teve acesso, ele faz uma série de pensamentos desconexos com a realidade. A pedido de VEJA, as cartas foram analisadas pelo psiquiatra forense Guido Palomba, que já elaborou mais de 15.000 pareceres e laudos para processos que tramitam nos tribunais de São Paulo. A conclusão, segundo o médico, é inequívoca: “Diante da clareza clínica, não se põe a menor dúvida de que o autor dos escritos está em franca ruptura com a realidade. Romper com a realidade significa, obrigatoriamente, do ponto de vista psiquiátrico-forense, doença mental, no caso, estado psicótico grave, cujas características indicam, com segurança, tratar-se de esquizofrenia paranoide”.

Maquiavel - Coluna em VEJA

 


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

O enigma de Adriano - Demétrio Magnoli

 O Globo  


A estratégia de Bolsonaro, cínica e inteligente, persegue o objetivo de lavar sua própria reputação

Por que Jair Bolsonaro acusou a PM da Bahia de assassinar deliberadamente o miliciano Adriano da Nóbrega? 
Por que 20 governadores assinaram o manifesto em defesa das PMse da PM da Bahia? 
Por que, afinal, a polícia baiana eliminou o foragido cercado? 
A análise política oferece respostas às duas primeiras perguntas. 
A terceira, porém, forma um enigma de elevado interesse público que exige investigação judicial.

A estratégia de Bolsonaro, cínica e inteligente, persegue o objetivo de lavar sua própria reputação. Os laços entre o clã presidencial e o miliciano conduzem à conclusão lógica de que o evento policial em Esplanada (BA) deve ser classificado como uma queima de arquivo cujos beneficiários são os Bolsonaro. A acusação à PM da Bahia, “do PT”, turva as águas, desviando a agulha magnética para um ator inesperado. 

Na nota do Planalto, incluiu-se o registro de que a culpa de Adriano não transitou em julgado. Assim, em flagrante contradição com seu supremo desprezo pela presunção de inocência, o presidente sugere que Adriano foi um herói da lei e da ordem perseguido pelo “Estado profundo”. Nesse passo, aproveitando-se da conhecida circunstância de que mortos nunca mais falam, o presidente desenha uma auréola de santidade em torno da condecoração ofertada por seu filho 01 ao policial-miliciano.

O manifesto dos governadores é menos um ato de solidariedade com o governador da Bahia, Rui Costa, e mais um gesto preventivo de proteção de suas próprias PMs. O bloco carnavalesco da União dos Governadores invoca o princípio federativo para bloquear o funcionamento do sistema de justiça. A meta é converter suas polícias em batalhões de intocáveis.

Wilson “mira na cabecinha” Witzel, o inspirador do manifesto, enxerga a PM fluminense como esquadrão da morte. João “Paraisópolis” Doria celebra um inquérito policial que, num exercício fanático de corporativismo, isenta a PM paulista de responsabilidade pelo massacre de nove adolescentes num baile funk. Se não se puder mais exterminar um miliciano procurado, e armado, como matar impunemente os suspeitos de sempre, pretos e pobres, nas favelas ou periferias? [exageraram na proporcionalidade das forças = um único homem, cercado, sem reféns, em área descampada contra 75 policiais,bem armados.
Um cerco seria possível e em questão de horas Adriano seria preso,  vivo.]

Resta o fato incontornável que deflagrou a controvérsia. Como explicar que, numa operação planejada, 40 [sic] agentes policiais da Bahia não prenderam, mas eliminaram a tiros, um foragido solitário? Há, no caso, duas hipótese excludentes. A mais benevolente pode ser sintetizada na palavra incompetência — grifada e grafada em maiúsculas. A outra mora na boca do povo: queima de arquivo. Diante das alternativas inconvenientes, Rui Costa cobre-se no manto providencial do manifesto da União dos Governadores, vestindo a fantasia desbotada da normalidade.

Bolsonaro triunfou. A esquerda, sempre loquaz, recolhe-se ao silêncio, como se dissesse que a indignação deve tirar férias quando se trata do cadáver de um miliciano. De fato, diante da hipótese mais provável que “faz corar, me salta aos olhos, me aperta o peito a me atraiçoara esquerda prefere subscrever a carta da impunidade ditada por Witzel. Afinal, qual é a ligação da polícia baiana, “do PT”, com a queima de arquivo?

A sugestão de que a PM da Bahia é comandada pelo PT só faz sentido para militantes bolsonaristas incuráveis. [FATO: A PM baiana, é comandada pelo governador do Estado, que é do PT e já demonstrou seu empenho no uso político da morte do ex-capitão do Bope.] Ninguém, exceto os que acreditam em bruxas, compartilha a narrativa delirante de uma ordem de Rui Costa para o cancelamento do miliciano cercado. A pergunta legítima é mais grave: será que a polícia do B da Bahia executou, às costas de seus superiores, o serviço sujo encomendado pela polícia do B do Rio? E, por implicação, duas outras: já existiria uma clandestina polícia do B interestadual, talvez nacional? Qual é a extensão da influência das milícias sobre as polícias?

A Colômbia é aqui? A indagação, que emana diretamente da acusação presidencial contra a PM da Bahia, deveria ser dirigida ao ministro da Justiça, o santo guerreiro do combate ao crime organizado. O problema é que Sergio “Excludente de Ilicitude” Moro nunca se interessou por Adriano da Nóbrega, seu Escritório do Crime e suas condecorações parlamentares. [qual a razão de tantas críticas ao 'excludente de ilicitude'? recurso válido para evitar que policiais que abatem bandidos no estrito cumprimento do DEVER LEGAL - incluindo também integrantes de tropas federais que, vez ou outra são empregadas para combater bandidos -  tenham que responder processos por sendo forçado a optar entre morrer ou matar o bandido, escolheu matar o bandido e teve êxito.]

Demétrio Magnoli, jornalista - O Globo




terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Evolução da democracia - Eliane Cantanhêde

Estado de S.Paulo

Quem se lembra de 20 governadores reagindo unidos a ataques de um presidente?

Quem planta chuva colhe tempestade, como diz um velho ditado que, hoje, cabe perfeitamente no presidente Jair Bolsonaro. Pode ter havido, mas é difícil lembrar se algum dia, em algum momento da história, 20 governadores se reuniram para reagir à chuva de ataques de um presidente como uma tempestade em forma de carta aberta. Não é trivial, nem foram poucos. [Vamos usar as razões do Ibaneis para estar fazendo oposição ao governo Bolsonaro - nada contra o Ibaneis, apenas foi escolhido como exemplo por ser um governador recordista, já que 'governa' o DF, cujo atendimento público de saúde obriga um cidadão com uma faca enfiada nas costas, a esperar mais de 40 horas, por atendimento para efetuar cirurgia de retirada da faca.
Por estar próxima à coluna, o atendimento exigia a participação de um neuro cirurgião - tem 28 na saúde pública do DF, mas não conseguiram, em mais de quarenta horas, localizar um.
Diante da necessidade de desviar o foco do desastre que sua gestão está realizando no DF - em todas as áreas, mas, as mais afetadas são pelar ordem: Saúde, Segurança e Educação - o governador aderiu ao despista de falar mal do presidente.] 

Os líderes dessa reação foram eleitos na onda bolsonarista, como João Doria (SP), Ibaneis (DF) e Wilson Witzel (RJ), mas agora exigem do presidente da República algo que não faz parte da personalidade, da cultura e dos costumes políticos dele: “Equilíbrio, sensatez e diálogo”. [convenhamos que um governador que ao saber da execução de um fugitivo - sem nenhuma condenação defintiva e absolvido de uma acusação de homícidio - diz: 'aconteceu o esperado', tem algo a explicar. Certo?]

Qual a última do Bolsonaro? Essa perguntinha ácida que não quer calar virou uma constante no dia a dia de Brasília – e não só de Brasília. Pois a última foi, simplesmente, jogar no colo da PM da Bahia, frisando que é “do PT”, a queima de arquivo do capitão Adriano, aquela figura sinistra que tanto fez que acabou sendo preso, expulso da PM no Rio e finalmente morto numa emboscada policial na Bahia.
[o ex-capitão do Bope foi abatido por 70 policiais militares do estado da Bahia, governado pelo PT.
Aliás, abatido não é o termo certo e sim executado - a força executora era composta por 70 policiais militares do Bope baiano, supõe-se especializados e treinados, em uma área deserta, em que a PM poderia apenas cercar o fugitivo e aguardar que ele se rendesse.
Só que optou por uma ação terminativa, agindo de forma que seria adequada se o fugitivo estivesse em uma área que oferecesse condições de fuga e/ou com réfens.]
Para Bolsonaro, antes de dar uma nova “banana” para os jornalistas, um cara com tal currículo em algum dia foi “herói”. E foi nessa condição que ele foi homenageado três vezes pelo então deputado Jair Bolsonaro e pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro, primogênito do atual presidente.

Flávio homenageou o capitão Adriano duas vezes, uma delas com a medalha Tiradentes, principal honraria da Assembleia do Rio. Em que ano foi isso? Em 2005. E onde estava o “herói” Adriano naquele momento? Preso! Era suspeito de ter matado um pobre e jovem guardador de carros que tinha tido a coragem de denunciar achaques da turma de Adriano na PM do Rio. Responda rapidamente: quem é mais herói, o pobre coitado que denunciou abusos da polícia, ou o policial acusado de matá-lo torpemente? [o pobre coitado tem a seu favor o argumento de proceder da forma habitual que a quase totalidade dos guardadores de carros atuam = de forma educada, gentil, sem ameaças, sem nada que pareça extorsão, solicitam que os proprietários de veículos que estacionam em áreas públicas contribuam 'espontanemanete' com eles;
já o capitão, ACUSADO, SUSPEITO, foi absolvido em 2007 da acusação.
Quanto ao ex-capitaão ser condecorado, acusam o filho de Bolsonaro por ter indicado - indicação que é homologada pelo Conselho da comenda. Esquecem, ou fingem esquecer, que Zé Genoíno - ex-terrorista, ex-guerrilheiro, foi agraciado com a Medalha do Pacificador, a mais alta comenda concedida pelo Exército Brasileiro em tempos de paz.. Ninguém lembra desse absurdo, dessa imposição que fizeram ao EB.]

O atual presidente da República já deu sua resposta. Na época, em sintonia com o filho, ele fez um discurso no Congresso Nacional defendendo o crápula. Hoje, insiste em que, naquele momento, tratava-se de um “herói”. Cá entre nós, o Brasil já teve heróis melhores, menos sanguinários. Bem, essa história já é horrorosa por si só, inclusive porque o gabinete de Flávio quebrou o galho de Adriano, quando ele caiu em desgraça, contratando sua mãe e sua ex-mulher. Não satisfeito, o presidente Bolsonaro resolveu tirar o corpo fora, passar a mão na cabeça do filho e empurrar a culpa por uma eventual queima de arquivo para o colo de um governador, que, não por acaso, é de oposição e do PT.

Responda rapidamente de novo: onde o capitão Adriano liderava a milícia conhecida como “Escritório do Crime” e onde passou a vida inteira, no Rio ou na Bahia? Onde ele virou PM, “herói” e foi preso e expulso da corporação, no Rio ou na Bahia? Afinal, era um arquivo vivo no Rio ou na Bahia? E quem tinha interesse em sumir com ele, a polícia e os poderosos do Rio ou o PT da Bahia?

Assim, Bolsonaro transformou a questão numa chuva que virou tempestade política. Até porque ele é reincidente. Já foi grosseiro e preconceituoso ao dizer que “daqueles governadores de Paraíba (sic), o pior é aquele do Maranhão (Flávio Dino, do PCdoB)". Depois chamou todos os governadores para a briga quando lançou um desafio impossível, de zerarem os impostos sobre combustíveis, e assim jogou os governadores contra a opinião pública. E, por fim, excluiu os nove governadores da Amazônia do Conselho da... Amazônia. [o presidente Bolsonaro fez o desafio, faltou aos governadores disposição, interesse, em aceitar e abrir mão da arrecadação.
O presidente não pode ser cobrado, malhado,  por ter feito um desafio, que os desafiados optaram por não aceitar.
Cabia a eles provar, aceitando o desafio, eventual falsidade do repto.]

Na carta, os 20 governadores destacam que essas declarações e o confronto constante “não contribuem para a evolução da democracia no Brasil”. Muito difícil, por essas e outras, não concordar com eles.
 
Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo
 
 

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Policiais levam 5 horas em reconstituição da morte de vereadora Marielle - Simulação teve isolamento da área, testemunhas e rajadas de tiros


Policiais civis, militares e homens do Exército terminaram por volta das 4h desta sexta-feira (11) a reconstituição da morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), no centro do Rio. O crime completa dois meses na próxima segunda-feira (14). A vereadora e o motorista Anderson Gomes foram mortos quando voltavam de um debate na Lapa, no centro do Rio, e iam em direção à Tijuca, zona norte. No caminho, no bairro do Estácio (centro), um carro emparelhou com o de Marielle e disparou. Ela morreu na hora com quatro tiros na cabeça. 


Por volta das 2h, sacos de areia utilizados para aparar as balas foram colocados e um boneco levado para a cena do crime. Os primeiros disparos que simularam o assassinato de Marielle e Anderson foram efetuados após o toque de uma sirene às 2h49. Foram duas rajadas seguidas, de cerca de quatro tiros cada uma, parecendo uma pistola com repetidor.  A sirene foi novamente acionada às 3h14. Desta vez, foi efetuado apenas um disparo. Nova rajada única de tiros, parecida com a de uma metralhadora, foi disparada às 3h32.


PREPARATIVOS

Os preparativos para a reconstituição do crime começaram por volta das 23h dessa quinta. Para realizar a simulação, duas ruas foram bloqueadas para veículos e pedestres em um perímetro de cerca de 1 km. O espaço aéreo foi restringido a aeronaves e drones também foram proibidos no local.  ​No entroncamento das ruas Joaquim Palhares e João Paulo I, local exato onde a vereadora foi morta, imensas lonas de plástico preto foram estendidas por militares para preservar testemunhas e evitar que imagens fossem capturadas pela imprensa e curiosos. Dois caminhões das Forças Armadas com imensos refletores iluminaram as vias. A imprensa não pode acompanhar a simulação.

Na esquina onde o carro da vereadora foi atingido, policiais colocaram sacos de areia para conter as balas que foram disparadas na madrugada. Um carro do tipo Gol, diferente do da vereadora, serviu de modelo para a simulação.

Em cartaescrita de dentro do presídio, obtida pelo jornal O Dia, o ex-policial também negou participação no crime. Ele também desacreditou o depoimento da testemunha, que seria um ex-colaborador de um outro grupo miliciano. Orlando Araújo chega a citar nominalmente o delator, apesar de sua identidade ter sido preservada na reportagem do diário carioca.  A testemunha que ligou os dois ao homicídio da vereadora alegou ter trabalhado para o grupo e em três depoimentos deu detalhes sobre encontros onde o assassinato supostamente teria sido decidido.  Pelo menos três homens teriam sido mortos depois do assassinato de Marielle, como queima de arquivo. Carlos Alexandre Pereira Maria, 37, o Alexandre Cabeça, e Anderson Claudio da Silva, 48, foram mortos pelos milicianos, segundo a acusação divulgada pelo jornal.


Passava de 1h quando dois carros, um onix branco e um sedan prata, foram usados na reconstituição. Eles manobraram várias vezes, em vários pontos das ruas. Policiais civis fotografavam tudo.   Para manter o sigilo, policiais civis que participaram da reconstituição receberam uma pulseira que dava acesso ao local. Do alto de uma cobertura de um prédio próximo, a reportagem da Folha conseguiu acompanhar a reconstituição.  Além dos investigadores, também estavam presentes o chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) e a mulher de Marielle, a arquiteta Mônica Tereza Benício. Um homem, vestindo balaclava preta para não ser identificado, acompanhava os policiais em vários pontos das ruas. 

 MATÉRIA COMPLETA, CLIQUE AQUI

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Mortes suspeitas ligadas ao edificio triplex de Lula no Guarujá

As mortes que rondam o edifício do tríplex de Lula

Depois do nebuloso acidente que matou o ex-presidente da Bancoop Luiz Malheiro e mais dois diretores da cooperativa, o ex-segurança de Lula, Freud Godoy, virou dono do apartamento que o dirigente possuía no Edifico Solaris

[sempre bom destacar que existem mais dois cadáveres insepultos dos petistas Toninho do PT e Celso Daniel - ambos ex-prefeitos; a petralhada teme que tudo volte a tona.]

Um novo mistério cerca o Edifício Solaris, no Guarujá, onde o ex-presidente Lula é proprietário de um tríplex: a morte mal explicada de três ex-diretores da Bancoop, a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo. Os dirigentes foram vítimas fatais de um estranho acidente de carro ocorrido em novembro de 2004, em Petrolina (PE), quando voltavam de um encontro com Lula na cidade pernambucana. Os integrantes da cooperativa tinham ido ao petista dizer que ele precisava ajudar o partido a ressarcir a Bancoop de um dinheiro desviado para a campanha presidencial de 2002. A falta dos recursos havia paralisado as obras tocadas pela cooperativa e milhares de cooperados reclamavam da demora para a entrega de seus imóveis. Mas o retorno para casa foi trágico. Entre os diretores mortos estava o então presidente da Bancoop, Luiz Eduardo Saeger Malheiro.

“É tudo muito suspeito” José Carlos Blat, promotor do Ministério Público Estadual
Coube ao seu irmão, Helio Malheiro, em depoimento ao promotor José Carlos Blat, do Ministério Público Estadual de São Paulo, em 2008, levantar a suspeita de queima de arquivo. Segundo ele, os corpos vieram para São Paulo de avião acondicionados em urnas lacradas sem passar pela perícia do IML. Além disso, a circunstância do acidente envolvendo um caminhão e o Corsa, onde estava seu irmão e os dois dirigentes da Bancoop, lhe pareceu inusitada. Uma testemunha ligada ao PT teria afirmado aos investigadores do caso que o motorista e os dois passageiros, entre os quais Luiz Eduardo, que estava no banco traseiro, haviam dormido simultaneamente no trânsito, o que provocou a perda do controle do veículo e o choque frontal com o caminhão. Mas a família sequer teve acesso às investigações. “Meu irmão era uma pessoa muito desconfiada quando não estava ao volante de um veículo e não dormia em hipótese alguma”, afirmou Hélio Malheiro.


 O ''HERDEIRO'' O ex-segurança Freud Godoy estava com Lula no dia do acidente de Luiz Malheiro (Crédito: Joel Silva)

O que torna a história ainda mais nebulosa é que o beneficiário direto da morte de Malheiro foi Freud Godoy, ex-segurança de Lula. Godoy herdou o apartamento do dirigente no Edifício Solaris, o 133-A, dois pavimentos abaixo do tríplex de Lula. Há evidências de fraude. “Durante a investigação do caso tríplex, em março de 2016, na Operação Aletheia, a Polícia Federal recolheu documentos na Bancoop e na OAS e entre eles estavam os documentos de que o apartamento do Malheiro acabou passando para as mãos de Freud Godoy após a morte do ex-presidente da entidade. É tudo muito suspeito”, disse o promotor José Carlos Blat à ISTOÉ.
Vizinho de Lula
 
O apartamento 133-A de Freud Godoy fica dois pavimentos abaixo do tríplex de Lula, o 164-A. O imóvel levou Lula a ser condenado a 12 anos de prisão. Já Freud é apenas investigado

As provas
A escritura da unidade 133-A do Solaris está registrada no Cartório de Registro de Imóveis do Guarujá em nome de Freud Godoy e de sua esposa Simone Messeguer Pereira Godoy, casados em comunhão de bens. O valor venal do imóvel foi declarado por R$ 396.524,45. Inicialmente, Malheiro ficaria com o apartamento 143, vizinho do 141 em nome originalmente de dona Marisa Letícia Lula da Silva. Depois que a OAS assumiu as obras do Solaris, em 2009, a família Lula da Silva foi brindada com o tríplex 164-A, e o que seria de Malheiros passou a ser o 133. O 141 acabou vendido pela OAS. O 133 ficou com Freud Godoy.

De acordo com depoimento de Hélio Malheiro ao Ministério Público, ao qual ISTOÉ teve acesso, o então diretor financeiro da Bancoop, João Vaccari Neto, fez de tudo para que a família não soubesse das minúcias do acidente. Detalhe: Vaccari foi quem assumiu a presidência da cooperativa no lugar de Luiz Eduardo Malheiro. Segundo fontes da Bancoop, Vaccari teria até comemorado o acidente com um brinde de champanhe na sede do Sindicato dos Bancários. O ex-tesoureiro petista, preso na Lava Jato, estaria de olho nos R$ 43 milhões depositados na conta da entidade dias antes do acidente. 


O recurso havia sido arrecadado por Ricardo Berzoini, então ministro da Previdência de Lula, junto a fundos de pensão. A conta da cooperativa também era alimentada por contribuições de mais de cinco mil associados. O Ministério Público de São Paulo já tem provas de que ao menos R$ 100 milhões foram desviados da Bancoop para campanhas petistas.

“Circunstâncias estranhas” Em depoimento ao MP de São Paulo, Hélio Malheiro disse que a morte de seu irmão, num misterioso acidente automobilístico em Pernambuco, o deixou “bastante desconfiado”

Freud Godoy e outros 12 petistas já eram alvo de investigação por serem beneficiários de imóveis da Bancoop cujas obras foram concluídas pela OAS como contrapartida a negócios obtidos pela empreiteira na Petrobras. Em 24 de outubro de 2017, o juiz Sergio Moro determinou que as apurações contra eles tivessem prosseguimento na Justiça Estadual de São Paulo, mas o caso ainda anda a passos de cágado. Agora, o ex-segurança de Lula que, além do apartamento, ganhou R$ 1,5 milhão da Bancoop por ter feito a segurança armada de obras da cooperativa, corre o risco de responder por outra suspeita ainda mais grave.

Por determinação do juiz Sergio Moro, o MPF e a PF investigam o brutal assassinato do ex-vice-prefeito de Ourolândia (BA), José Roberto Soares Vieira, o Roberto do PT, desde do último dia 26. Ele foi morto com nove tiros a queima-roupa no dia 17 de janeiro quando chegava à Green Transportes, uma concessionária de veículos da qual era sócio, às margens da BA-522, em Candeias, região metropolitana de Salvador (BA). O pistoleiro chegou numa moto vermelha, com capacete, por volta das 11h à revenda e ficou esperando Roberto chegar, disparando toda a munição de sua arma no petista por volta das 11h30. Roberto foi à revenda para blindar a sua Land Rover Discovery 4, porque desconfiava que poderia sofrer um atentado. 

Em novembro, ele denunciou à Moro seu sócio na empresa JRA Transportes, José Antonio de Jesus, ex-gerente da Transpetro (subsidiária da Petrobras) na Bahia. Os dois foram denunciados por terem desviado R$ 7,5 milhões da Petrobras no período de 30 de setembro de 2009 a 13 de setembro de 2015. Pego, Roberto delatou José Antonio, dizendo que o sócio usava a JRA para lavar dinheiro e fazer repasses ao PT da Bahia (na época, o Estado era governado por Jaques Wagner, do PT, e atualmente o governador Rui Costa também é petista). Desde que delatou o sócio, Roberto do PT temia ser morto e chegou a vender uma casa de luxo que tinha em Camaçari, contratou motorista como segurança e não atendia mais ligações de números desconhecidos. A cautela não foi suficiente. Moro quer saber agora se o crime tem ligações com a delação que ele faz do sócio.


MATÉRIA COMPLETA em Isto É
 



quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Morte na Lava Jato: a misteriosa execução de Roberto do PT

Juiz Sergio Moro pede apuração de assassinato a tiros na Bahia do ex-vice-prefeito José Roberto Soares Vieira, que delatou esquema de corrupção na Petrobras 

[mais um cadáver que se junta a dois outros, ainda insepultos, e que apavoram a petralhada: ex-prefeitos Celso Daniel e Toninho do PT.
Quando Lula, Gilberto Carvalho, Zé Dirceu e outros próceres do PT serão chamados a dizer o que sabem?] 
 À queima-roupa - Ex-vice-prefeito de Ourolândia (BA), José Roberto Soares, o Roberto do PT, foi executado dentro do carro com nove tiros disparados por um pistoleiro em frente à sede de sua empresa. Dois meses antes do assassinato, havia revelado à Polícia Federal a participação dele e de um ex-sócio em um esquema que desviou mais de 7 milhões de reais dos cofres da Petrobras, dinheiro que era repassado ao PT (VEJA/.)


O empresário José Roberto Soares Vieira desconfiava que algo de ruim estava para acontecer. Não era um simples pressentimento. No começo deste ano, ele vendeu a casa, num condomínio de alto padrão em Camaçari, na região metropolitana de Salvador. 

Passou a evitar atender ligações de números desconhecidos, afastou-se de colegas e raramente andava sozinho na rua. Contratou um motorista particular, que fazia as vezes de segurança, e procurou uma concessionária para mudar de carro. Aos vendedores, disse que queria trocar ou blindar seu Land Rover Discovery 4. Enquanto aguardava o orçamento, deixou o veículo na loja e alugou um Gol. Na manhã de 17 de janeiro, logo depois de sair da concessionária, Roberto do PT, como era conhecido o empresário baiano, visitou uma segunda loja de automóveis antes de percorrer 32 quilômetros até o trabalho. Eram os seus últimos minutos de vida.

Ele foi morto com nove tiros na porta da sua empresa por um homem em uma motocicleta. O assassinato seria mais um de tantos que ocorrem todos os dias pelo Brasil afora, não fosse por um detalhe crucial: dois meses antes, a vítima havia delatado um esquema de arrecadação de propinas na Petrobras. Era testemunha de um braço de um caso investigado pela Operação Lava Jato envolvendo o PT da Bahia. Quem chamou atenção para esse fato foi o juiz Sergio Moro. Num despacho assinado no último dia 26, o magistrado advertiu: “Não se pode excluir a possibilidade de que o homicídio esteja relacionado a esta ação penal, já que, na fase de investigação, o referido acusado aparentemente confessou seus crimes e revelou crimes de outros”. Traduzindo, Moro levantou a suspeita de que esse caso seja a primeira queima de arquivo, ou assassinato por vingança, da Lava Jato. E tudo leva a crer que ele tem razão.

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