Nos
bastidores do Palácio do Planalto, a presidente já trabalha com a possibilidade
de ser afastada do governo e pretende desarrumar a casa para a chegada de Temer
A presidente Dilma Rousseff admitiu a aliados que
seu afastamento temporário da presidência por 180 dias, o que
depende da aprovação da admissibilidade processo de impeachment na Comissão
Especial do Senado, tornou-se inevitável. Segundo apuração do jornal Folha
de S.Paulo, a presidente decidiu traçar uma agenda para “defender seu mandato” e impedir que o
vice Michel Temer “se aproprie” de
projetos e medidas de seu governo.
A estratégia, que conta com o
aval do ex-presidente Lula, tem o objetivo de manter a mobilização da base social do PT e
reproduzir o discurso de que Dilma e “vítima de um golpe”.
A
presidente pediu à sua equipe para “apressar”
tudo que estiver “pronto ou perto de
ficar pronto” para ser anunciado antes da comissão aprovar a admissibilidade do seu processo de impeachment, em votação prevista
para o dia 6 de maio.
Segundo a
Folha, Dilma não quer deixar para Temer ações e medidas elaboradas
durante seu governo. Estão inclusas, por exemplo, licitações dos
aeroportos de Salvador, Porto Alegre, Fortaleza e Florianópolis, concessões de
portos e medidas tributárias como mudanças no Supersimples.
A
ordem do Planalto é “limpar as gavetas”
e deixar um governo “desorganizado”
para Temer. Neste
ritmo, Dilma ainda vai tentar instalar o
Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI), anunciar a prorrogação da
permanência de médicos estrangeiros no programa Mais Médicos, participar da
Conferência Conjunta dos Direitos Humanos e entregar novas unidades do Minha
Casa, Minha Vida no Pará.
Apesar de Dilma e Lula
reconhecerem que o governo não tem forças para impedir a admissibilidade do
processo no Senado, ambos
acreditam que ela será inocentada ao fim do julgamento, no Plenário da Casa. Parlamentares do PT e o próprio ex-presidente Lula,
porém, avaliam que após o afastamento de Dilma, o
quadro vai ficar “muito difícil” e, mesmo
que ganhe no julgamento, ficará sem condições de governabilidade.
Por outro
lado, os 180 dias de Temer no poder terão forte
presença de movimentos sociais nas ruas, greves e parlamentares petistas freando
as ações do peemedebista.
Fonte:
Folha de São
Paulo