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terça-feira, 1 de maio de 2018

Moro pede esclarecimentos sobre ganhos de empresa de Lula



Ex-presidente pediu liberação de recursos bloqueados para gastos com defesa

Nesta segunda-feira, o juiz Sergio Moro determinou que a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstre a origem lícita dos recursos que ele mantém em fundos de previdência. Em despacho nesta segunda-feira, o juiz diz que a defesa atribuiu os valores - R$ 7,1 milhões em plano de previdência empresarial e R$ 1,8 milhão em plano de previdência individual - a ganhos da empresa de Lula "sem esclarecer a origem remota, o que seria".

Moro pediu explicações depois que Lula solicitou liberação de recursos bloqueados para que possa pagar os gastos relativos às suas despesas com a defesa em oito ações penais em curso na Justiça Federal de Curitiba e do Distrito Federal. A empresa de Lula é a LILS Palestras, que, entre 2011 e 2014, recebeu R$ 9,5 milhões de empreiteiras do cartel da Petrobras - Odebrecht (R$ 3 milhões), Andrade Gutierrez (R$ 2,1 milhões), Camargo Corrêa (R$ 2 milhões), Queiroz Galvão (R$ 1,2 milhão) e OAS (R$ 1,1 milhão).
Os pagamentos feitos pelas empreiteiras à LILS Palestras e as doações ao Instituto Lula são alvo de investigações da força-tarefa da Lava-Jato.  Entre 2011 e 2014, o Instituto Lula recebeu R$ 15,1 milhões doados por quatro empreiteiras - Camargo Corrêa (R$ 4,7 milhões), Odebrecht (R$ 4,6 milhões), Queiroz Galvão (R$ 3 milhões), OAS (R$ 2,7 milhões) - e R$ 2,5 milhões do grupo J&F.

Alexandrino Alencar, executivo do Grupo Odebrecht, afirmou que o primeiro objetivo da empresa foi conseguir "um projeto que pudesses remunerar o ex-presidente Lula face ao que ele fez durante muitos anos para o grupo", de forma lícita a transparente. Segundo ele, o valor de US$ 200 mil foi estabelecido com base na quantia cobrada pelo ex-presidente dos Estados Unidos,  Bill Clinton.  Alencar disse que essa prática é comum e que, com o andamento das palestras, a empreiteira percebeu que a presença de Lula abria oportunidade de negócios para empresários brasileiros fora do Brasil. Segundo ele, Lula nunca falava da Odebrecht - o que mostrava postura política e não empresarial.  Ele negou que Lula interferisse por negócios da Odebrecht ao visitar mandatários de outros países.

Por decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, as delações da Odebrecht foram retiradas do juiz Sergio Moro por não terem vínculo direto com a Petrobras. Além dos fundos de previdência, foram bloqueados também R$ 606 milhões em contas bancárias do ex-presidente. A ação da 1ª Vara de Execução Fiscal de São Paulo determinou bloqueio de R$ 1,280 milhão de contas da LILS e R$ 24,1 mil do Instituto Lula.  A defesa de Lula pediu ainda a liberação de 50% dos valores, que pertencem à meação com dona Marisa Letícia, que faleceu no ano passado. Moro determinou que o espólio ingresse com embargos para demonstrar o direito dela sobre os bens bloqueados. Nos imóveis bloqueados Moro já havia ressalvado que o bloqueio valia apenas para 50% do valor.  Os bens de Lula foram também bloqueados, em março passado, pela 1ª Vara de Execuções Fiscais da Justiça Federal de São Paulo.

O Globo

Nova onda de violência deixa 20 mortos na Grande Belém após execução de PM



É a 2ª vez em abril que a região metropolitana registra sequência de crimes violentos

[Policial foi assassinado bandido tem que morrer; não importa quem e sim que bandido bom é bandido morto.]

Uma nova onda de violência deixou 20 mortos em Belém, entre domingo e a tarde desta segunda-feira. Os assassinatos aconteceram após a execução da policial militar Maria Fátima Cardoso dos Santos, morta a tiros dentro da própria casa em Ananindeua, na região metropolitana. Essa é a segunda vez no mês de abril que a capital paraense vive uma sequência de homicídios. No dia 10, doze pessoas foram executadas poucas horas depois do assassinato de dois agentes da Polícia Militar. Na ocasião, o Pará já contabilizava 17 execuções de PMs em 2018.


Segundo o site G1, a sucessão de mortes violentas iniciada no domingo deixou vítimas em Belém, Ananindeua e Santa Izabel do Pará. Seis vítimas morreram na hora dos crimes, e outras quatro chegaram a ser encaminhadas para unidades de saúde. Os casos serão investigados pela Divisão de Homicídios (DH), vinculada à Polícia Civil, e pelas delegacias dos bairros. A execução da policial militar também será analisada pela DH.


Maria Fátima Cardoso dos Santos morreu com dois tiros na cabeça e um no peito, segundo o IML. Os disparos foram feitos por bandidos que invadiram a casa da PM no bairro Curuçambá, em Ananindeua. Os assassinos roubaram o celular da mulher, de 49 anos, e enviaram mensagens de texto aos contatos. A Polícia Militar lamentou a morte da agente, que tinha 21 anos de serviços prestados à corporação.  — Não vamos tolerar essa afronta aos nossos policiais, ao Estado e à tranquilidade e paz da população — disse o secretário de estado de segurança pública, Luiz Fernandes, em entrevista ao G1.


Para tentar conter a violência, a PM iniciou nesta segunda-feira a Operação Sáfara 3. Com a iniciativa, cerca de 800 policiais devem reforçar o patrulhamento nas ruas, principalmente em áreas onde há tráfico de drogas. A decisão foi tomada em uma reunião que mobilizou, ainda na noite de domingo, o governador Simão Jatene e os principais representantes dos órgãos de segurança pública do estado. Além do aumento do efetivo nas ruas, o estado informou que também vai providenciar a empresa responsável pelo bloqueio dos sinais de celulares dentro dos presídios.


Cabo assassinada avisou que sofria ameaças e promotoria apura se houve negligência da PM



A promotoria disse que a policial já havia denunciado que vinha sofrendo ameaças de morte e mesmo assim não recebeu proteção do Comando Geral da Polícia Militar. 

A promotoria de Justiça Militar apura se houve omissão e negligência do Comando Geral da Polícia Militar na segurança da cabo da PM Maria de Fátima Cardoso dos Santos, 49 anos, que foi assassinada a tiros dentro da própria casa no domingo (29). O G1 entrou em contato com a assessoria da PM e aguarda posicionamento. 



O crime aconteceu no bairro do Curuçambá, em Ananindeua. Segundo a polícia, criminosos invadiram a residência da cabo e efetuaram vários disparos de arma de fogo contra a agente, que morreu no local. Segundo peritos do Instituto Médico Legal (IML) foram dois tiros na cabeça e um no peito. 


O promotor Armando Brasil disse nesta segunda-feira (30) que a policial já havia denunciado que vinha sofrendo ameaças de morte e mesmo assim não recebeu proteção do Comando Geral da Polícia Militar. De acordo com o promotor, se comprovada a omissão, a autoridade da PM encarregada da segurança da militar será processada homicídio culposo. Na ocasião da morte da cabo, a PM lamentou e disse que a instituição iria adotar esforços, juntamente com a Polícia Civil, para identificar e prender os responsáveis pelo homicídio da militar.


G 1

Primeira fintech a abrir capital na B3, Banco Inter levanta R$ 722 milhões

Em mais uma estreia da onda de aberturas de capital em 2018, o Banco Inter, da família Menin, dona da construtora mineira MRV, começou nessa segunda-feira, 30, a negociar seus papéis na B3. Ao levantar R$ 721,9 milhões na sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a empresa foi considerada a primeira fintech a abrir o capital na bolsa brasileira.

“Isso vai ajudar o setor bancário brasileiro e deverá, de quebra, atrair outras startups do setor financeiro a abrirem capital”, afirmou, em cerimônia na B3, João Vitor Menin, presidente do Banco Inter e filho caçula de Rubens Menin, fundador da MRV.

O banco – que tem como lema a gratuidade de abertura de contas, no pedido de cartão e nas transferências – estreou na bolsa valendo R$ 1,9 bilhão. A ação foi precificada em R$ 18,50, um pouco acima do piso do intervalo previsto (de R$ 18 a R$ 23), e a demanda ficou em 1,5 vez o total de papéis ofertados. Investidores brasileiros ficaram com 57% das ações.

Da oferta primária, que somou R$ 541,463 milhões, os recursos serão utilizados para investimentos para “incrementar operações de crédito”, investimentos em tecnologia, em marketing e expansão dos negócios por meio de aquisições estratégicas. Outros R$ 180,487 milhões referem-se à oferta secundária. No primeiro dia de negociação, o papel da companhia, que chegou a registrar alta de 16%, fechou estável.

(...) 

Financeira
Fundada há 24 anos sob o nome de Intermedium, a empresa começou como uma financeira especializada em financiamentos imobiliários. Em 2015, já sem ser controlada pela construtora, a instituição passou por um profundo processo de digitalização, comandado por João Vitor Menin, que marcou a mudança de nome da companhia.
No fim de janeiro, o banco mineiro somava 435 mil correntistas, após fechar o ano passado com patrimônio líquido de R$ 390,6 milhões e uma carteira de empréstimos e adiantamentos a clientes de R$ 2,6 bilhões.  A abertura de capital do Inter vem em um momento de otimismo na bolsa. As duas operadoras de saúde que abriram capital na semana passada, a cearense Hapvida e a NotreDame Intermédica, controlada pelo fundo Bain Capital, tiveram valorização de mais de 20% nos primeiros dias de pregão.  Com um apetite dos investidores que superou em sete vezes a oferta de papéis, a Hapvida levantou R$ 3,4 bilhões. Já o IPO da NotreDame Intermédica movimentou R$ 2,7 bilhões. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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“Armaram para o tráfico voltar”

O fracasso da 1ª intervenção em favela 

Na noite de 11 de outubro de 1993, o coronel Carlos Frederico Cinelli, atual porta-voz do Comando Militar do Leste, era o oficial de dia no 24º Batalhão de Infantaria Blindado (BIB) quando mais de 50 traficantes começaram a trocar tiros perto do campo de futebol da favela Roquete Pinto, na Zona Norte do Rio de Janeiro. “Era antes do piscinão de Ramos, onde tinha uma rua que fazia a divisão entre os territórios de cada facção”, disse o cabo Joel Carlos Santana, que integrava a segunda companhia na “guarda leste” no momento do tiroteio. Aos 45 anos, atualmente trabalha como eletricista. Uma bala acabou acertando a perna do soldado André Barbosa Pegado, que aguardava sentado a sua vez de assumir o posto de sentinela no 24º BIB. Esse fato mudou o destino da favela Roquete Pinto.

O comandante militar do Leste à época, general Rubens Bayma Denys, mandou abrir um Inquérito Policial Militar para investigar a ocorrência. O documento serviu de álibi para o coronel Marco Antonio Auvray Guedes, aos 47 anos, iniciar e manter por 11 meses — a primeira incursão do Exército contra o tráfico de drogas numa favela do Rio de Janeiro: a chamada Operação Fênix.  Em vez de usar armas, infiltrou três espiões na favela: um se passava por vendedor de bonecos de pelúcia com câmeras no lugar dos olhos, o segundo ajudava a descarregar botijões de gás de um caminhão; o terceiro consertava as tubulações de esgoto, disfarçado com o uniforme da prefeitura. “Em três dias eu tinha 47 nomes na minha mão”, afirmou o coronel.

“Juntei cinco homens da Polícia Civil, cinco da PM, cinco da PF, cinco do Batalhão de Forças Especiais do Exército e cinco meus”, contou. “Dei o nome de Centro de Operações Táticas, o COT.” Além disso, cerca de 40 homens da PM e dos Bombeiros, além de médicos, agentes da Defesa Civil e veterinários, foram cedidos pelo governador Leonel Brizola e pelo prefeito Cesar Maia, a pedido do coronel.  A operação foi marcada para 1h45 da madrugada. Houve quem achasse melhor por volta das 6 horas, mas o coronel tinha justificativa: o horário que escolheu era o “pico do movimento da droga”, disse. “Era quando o cara estava começando a receber o dinheiro, a fazer a contabilidade e a vender para os clientes remanescentes de um tráfico que havia começado às sete horas da noite.”

No horário combinado, as equipes foram divididas para capturar os alvos espalhados pela favela. “Só coloquei uma imposição”, lembrou Guedes. “Não quero nenhum morto.” Caso houvesse a necessidade de usar as armas, a ordem do coronel era sucinta: “Joelho e perna”, dizia aos soldados. “Se quiser dar continuidade a um trabalho desse, você não consegue começar em cima de um banho de sangue”, disse. No fim, não houve mortos, mas 17 feridos foram levados para o Hospital Getulio Vargas, na Penha. Segundo o militar, todos eram ligados ao tráfico.   Guedes acompanhou o tratamento de cada um. Na visão do coronel, os traficantes eram também “filhos, amigos, irmãos, cônjuges ou empregadores da comunidade” — a desgraça deles significaria comprar briga com a população da Roquete Pinto, o que Guedes queria evitar. “Você nunca vai dominar uma comunidade sem o apoio total da população.” O método do coronel incluía convencer os delegados a indiciar os presos por formação de quadrilha, tráfico e associação para o tráfico. “Para não serem soltos logo em seguida.”

O problema é que a quadrilha era também composta por 62 crianças, que atuavam como vapores, aviões e soldados. Com exceção de Pedrinho — que tinha quatro assassinatos no currículo e foi mandado para uma casa de correção — todas as outras foram obrigadas pelo coronel a participar de um grupo escoteiro.  Como as famílias das crianças viviam com a renda do narcotráfico, Guedes decidiu negociar, com uma vereadora, vagas em cursos profissionalizantes, além de mapear oportunidades no comércio local. “Não abria uma vaga profissionalizante se não tivesse o emprego garantido”, contou. Conseguia atender uma média de 30 adolescentes por curso. Com a favela livre dos principais gerentes e chefes do crime — quem não foi preso fugiu para a favela da Varginha, ali perto —, Guedes teve passe livre para entrar na comunidade. Descobriu que a cocaína era distribuída em quentinhas, todas as sexta-feiras. Encontrou lixo espalhado pelos becos e organizou grupos de limpeza. O esgoto corria a céu aberto. Doenças de pele, viroses e tuberculose eram comuns. Buscou mutirões e atendimento médico comunitário.

Até agosto de 1994, os militares passaram a entrar todos os dias na comunidade, dia e noite, de surpresa, incluindo os feriados. Quando notavam uma multidão reunida em bares ou praças, convidavam os moradores a posar para uma “fotografia para a posteridade”, nas palavras do coronel Guedes — tática para mais tarde localizar criminosos remanescentes.
O lixão do batalhão se transformou em horta comunitária. O lixo da comunidade foi resolvido com dois latões por beco, recolhidos pela Comlurb, a pedido de Guedes, todas as manhãs. Quarenta toneladas deixaram a favela no primeiro dia. Guedes mandou analisar o lixo para descobrir mais sobre o estilo de vida dos moradores da comunidade.

Em 11 meses, a vida na favela mudou. Os jornais anunciavam o sucesso da empreitada de um homem solitário. “O coronel Guedes mudou o batalhão”, lembrou o cabo Joel. “E mudou a cara da Roquete Pinto da água para o vinho sem disparar um tiro.”  Numa tarde de julho de 1994, por volta das 15 horas, o coronel Guedes recebeu um telefonema em seu gabinete. Do outro lado da linha, uma voz masculina se apresentou como advogado do chefe do tráfico na região, alguém a quem chamou de John Wayne, e que estaria preso no presídio Ary Franco, em Água Santa. “Ele estava se referindo ao capo daquelas favelas”, disse Guedes. Segundo conta, eram 19 as bocas de fumo na Roquete Pinto e em Ramos naquela época. “Ele disse: ‘Coronel, meu cliente disse para oferecer ao senhor uma quantidade de dinheiro para o senhor dar um mole para o tráfico voltar. Estamos com prejuízo de milhões de reais com a venda de droga nessa área aí’”, contou Guedes, acrescentando: “Foi muito dinheiro, mais de um milhão”. Mas o coronel recusou. Na sequência, ouviu: “Até agosto, o senhor está fora do comando”.

Com as mãos sobre o tampo de vidro, o coronel Guedes fez uma pausa, respirou e admitiu: “O que ele disse aconteceu. Em agosto, saí do comando”.  A remoção do coronel do comando do 24º BIB veio por ordem do ministro do Exército, o general Zenildo de Lucena. Não houve despedida nem passagem de comando. “Fiquei surpreso. Foi de repente.” A justificativa veio por meio do comandante da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada, general José Gualter Pinto, desafeto de Guedes: “A desculpa que me deram foi a seguinte: ‘Você está sendo exonerado para te preservar’”, disse o coronel. “Naquele primeiro momento, achei que era porque queriam me matar. Mas me lembrei do telefonema na mesma hora”, continuou. “Sei que armaram. Sei que foi feita uma grande armação para o tráfico voltar.”

Os trabalhos na comunidade foram imediatamente interrompidos. O Exército proibiu operações dentro das vielas. “Começaram a desmontar lá dentro tudo o que eu tinha feito”, declarou Guedes. “Soube pelos jornais que tudo foi destruído.” Depois que foi removido do posto, seis moradores que eram próximos ao coronel foram assassinados.  Guedes foi transferido para o comando da 2ª Brigada de Infantaria Motorizada, em Niterói. Seis meses depois, recebeu a visita do ministro Lucena. “Ele pediu desculpas”, declarou. “Disse que cometeu um grande erro e que foi enganado, mas não disse quem o enganou.” O coronel foi então levado ao 24º BIB, uma despedida oficial foi organizada em sua homenagem, e ele recebeu a Medalha do Mérito Militar, a mais alta do Exército. Lucena morreu em março de 2017. Atualmente, a favela Roquete Pinto é dominada por milicianos.

Revista Época 

 

O gabinete do capitão Bolsonaro

Líder nas intenções de voto ao Planalto num cenário sem Lula, o candidato do PSL já definiu seus ministros e vai anunciá-los em setembro para que os eleitores “votem no time

Jair Messias Bolsonaro esperava em pé em frente à porta de um restaurante no aeroporto Santos Dumont, no Rio, dez minutos antes do combinado. De terno azul-escuro, brochinho de deputado na lapela, ele tomaria um avião para Brasília dali a duas horas. Estava às voltas com uma extensa agenda de eventos e efemérides, que fizeram com que começasse a matar as sessões do Congresso. No total, quadruplicou o números de faltas. Foram 16 delas sem apresentar justificativa. “Vou tirar licença”, disse.

>> A ponte com o Planalto


Estava acompanhado de um assessor, Valdir Ferraz, que cuida de sua agenda e o acompanha em viagens. Também de dois assistentes que seguravam bolsas e pastas. O local ainda estava fechado ao público, e o grupo se instalou em poltronas de couro em frente ao bar, de costas para uma deslumbrante vista da Baía de Guanabara. Ele começou a conversa elucubrando sobre o que aconteceria se ele tivesse chamado a pré-candidata da Rede, Marina Silva, de hienacomo ela havia feito com ele na véspera no programa Pânico na TV. “Se é eu falando, ofendeu as mulheres do Brasil”, afirmou com essas exatas palavras. Depois, criticou a imprensa que, segundo ele, só lhe dá “porrada”. Listou dois ou três casos de quando publicam fotos suas ao lado de outros políticos que atualmente estão presos “só para sacanear”. E se dirigiu à única pessoa que conhecera minutos antes. “Se quiser me dar pancada, pode dar.”

>> O STF e a ditadura

De acordo com o Datafolha, Bolsonaro está no topo da corrida eleitoral na simulação sem o nome do ex-presidente Lula. O parlamentar alcança 17% das intenções de voto, seguido de perto pela ex-senadora Marina Silva (REDE), que oscila entre os percentuais de 15% e 16%, dependendo do cenário analisado.  Nas sondagens sobre o segundo turno também sem Lula, os indicadores tornam amarga a situação bolsonariana. Segundo o instituto de pesquisa, ele perderia para Marina e para o ex-governador Geraldo Alckmin, e estaria empatado com Ciro Gomes (PDT).   “Já tenho metade do ministério escolhido”, contou. Não à toa. Em setembro, um mês antes do pleito, promete divulgar o nome de todos os ministros para que os eleitores votem não apenas nele — mas no conjunto de pessoas que, segundo diz, governará a seu lado. “Eu falo com humildade que não entendo porra nenhuma de economia e me dão pau”, afirmou. “Mas vou ter o Paulo Guedes, que entende muito. Não sou só eu governando.” O economista está acertado como seu ministro da Fazenda.

O general Augusto Heleno, que ficou famoso como comandante militar da missão de estabilização da ONU no Haiti, é quem vai apontar o dono da pasta da Defesa. “Ele vai indicar o quatro estrelas. Não vou falar se vai ser da Marinha ou do Exército para não criar ciúme.”  Para a Ciência e Tecnologia, Bolsonaro escolheu o tenente-coronel da Força Aérea Brasileira Marcos Pontes, o primeiro e único astronauta brasileiro. Em 2014, saiu candidato a deputado federal de São Paulo pelo PSB, mas obteve apenas 43 mil votos. “Está me ajudando demais. Ele mesmo me procurou querendo colaborar.” Na opinião de Bolsonaro, o perfil do astronauta é ideal para o cargo. “Ele continua na ativa, NASA, é pesquisador, é empreendedor.”

As portas do restaurante foram abertas aos clientes. Dois funcionários de andar eficiente cumprimentaram o candidato, que acenou de longe quase num gesto de continência. “Você sabe quem é o ministro da Ciência e Tecnologia hoje?”, ele perguntou aos interlocutores, que estavam debruçados sobre uma pequena mesinha de madeira para ouvir melhor o candidato. “Ninguém sabe. É o Kassab, que não entende nem de lei da gravidade nem de gravidez.” Houve risos. E ele passou a discorrer sobre o absurdo de haver quadros inapropriados e neófitos para tocar importantes temas brasileiros.

Na Educação, ele acha que o deputado gaúcho Onyx Lorenzoni, do DEM, é um “coringa do governo” que pode se encaixar bem ao perfil da pasta. “Tem de ser alguém que chegue com um lança-chama e toque fogo no Paulo Freire”, disse em referência ao educador pernambucano, que revolucionou o ensino nacional. Ao notar um desconforto geral, apressou-se: “É linguagem figurada, linguagem figurada!” Ajeitou o paletó e disse: “Esse método deu errado, tem de acabar com isso. Tem que voltar a pôr tabuada na régua do filho”.

Dos 30 ministérios, ele manteria cerca de metade. Segurança Pública? Acha um assunto fácil de resolver, que não necessita uma pasta específica. “Não é tão complexo”, disse olhando para um dos jornalistas presentes. “Se você erra, escreve uma besteira, não vai preso. O policial erra, vai pra cadeia. Tem de ter retaguarda jurídica.” Em sua ampla opinião, a falta é de autoridade.

Igualdade Racial e Direitos Humanos? “Dá logo uma foiçada nisso e transforma tudo em secretaria”, disse. O mesmo vai fazer com a Cultura. “Tem que valorizar a cultura para quem está começando, não para Cirque du Soleil”, comentou. [Secretaria é ainda um exagero para assuntos sem importância. Cultura pode voltar para o Ministério da Educação, retornando o MEC.
Já as outras duas podem perfeitamente ser subsecretaria de alguma Secretaria que tenha espaço para recebê-las.
São sem importância e é fácil perceber que quanto mais os 'direitos humanos' aumentam mais a impunidade e a criminalidade crescem.]
Na Saúde, ele já tem um favorito, mas disse que não poderia mencioná-lo “porque prejudicaria” a posição do sujeito. Um de seus interlocutores é o deputado Luiz Henrique Mandetta, do DEM do Mato Grosso do Sul, onde já foi secretário de Saúde.  De Mandetta, ele absorveu algumas experiências. Por exemplo, que seria possível diminuir em até 70% o número de prematuros que precisam de cuidados em Unidades de Terapia Intensiva que custam, em média, R$ 5.000 por dia. Com uma retórica apressada, ele deu como exemplo o caso de uma mulher que vai fazer pré-natal, mas que, se fosse encaminhada também ao dentista, evitaria gastos futuros com doenças bucais. “Tem que ter prevenção! É como na fronteira onde o tenente ensina o soldado a escovar o dente, a lavar o bumbum”, explicou.

E soltou um dado estatístico singular: que, no Brasil, 1.000 pessoas tinham o pênis mutilado por causa de falta de higiene. “Nós, homens, somos relaxados. Mulher não. Tá sempre se limpando. Nós, homens, jogamos uma cerveja no piu-piu e tá limpo. Isso é o que o povo faz”, disse. Quando um dos presentes observou jamais ter ouvido falar de tal hábito, ele se virou para o assessor como se buscasse apoio moral. “É verdade. Você joga uma pinga, um álcool. Vai ver no fronteirão do Brasil como é.” O dado sobre as amputações penianas é real e foi publicado pela revista Galileu, em novembro do ano passado.

O assunto resvalou para o Ministério das Relações Exteriores, ninguém sabe como. Foi quando ele relatou uma recente incursão pelo mundo da diplomacia. Fora convidado para um almoço oferecido pelo embaixador da Espanha com outros 15 diplomatas. Sentou-se ao lado do embaixador italiano e cochichou em seu ouvido: “Ano que vem vou te dar um presente”. Quando o outro quis saber o que era, ele disse: “O Battisti (que ele pronunciou como oxítona). Já tem bandido demais aqui”. Depois disse que teve “um pequeno atrito” com o embaixador equatoriano quando ele argumentou que era absurdo o Brasil importar banana do país.

Um rapaz se aproximou da mesa e ofereceu água ao grupo. Ele não quis. O nome do chefe do Itamaraty também vai ser mantido em sigilo. “Se eu falar, o cara vai levar pancada e é capaz de ser mandado para Burúndia.” Em tom de confidência, ele disse ser prudente checar “se não é fake news”, mas que leu contrariado que a última turma de formandos no Instituto Rio Branco havia homenageado a “Marilene” (queria dizer a vereadora Marielle Franco, do PSOL, assassinada há quase dois meses num crime ainda sem solução). “Pelamor de Deus, cara, pelamor. Aquilo foi absurdo”, rangiu.

Quando se trata de Esportes, ele ouve o ex-nadador carioca Luiz Lima — que já foi secretário de Alto Rendimento do Ministério do Esporte e pediu demissão no ano passado, durante a gestão de Leonardo Picciani, alegando “razões pessoais”. Ainda que ninguém perguntasse, ele continuou a dar pistas sobre seu futuro gabinete. “Pra que Ministério das Cidades?”, disse. “Pega o dinheiro e manda para um prefeito em Resende, e ele se vira, cara.”

A conversa se voltou novamente para Paulo Guedes, o nome mais vistoso de seu futuro ministério. Ele contou que o economista estava trabalhando, havia dois anos, numa possível candidatura do apresentador Luciano Huck. “Eles já tinham cheirado que vinha um outsider”, disse. Quando o projeto Huck foi abortado, Guedes, segundo contou, procurou-o. Já no primeiro encontro, ele disse ter sido muito franco com o economista. “Olhei para ele e falei: ‘Que que tu viu em mim?’”, afirmou nessas exatas palavras dando uma gargalhada. “Porque eu não sou nada, cara, tô mentindo? Sou nada!”, disse replicando o diálogo passado.

Segundo ele, Guedes riu, contou também ter cursado o Colégio Militar, falou que passou dos 60, “tava no lucro” e que queria fazer algo para o Brasil. “Ele quer estar comigo porque sou de confiança. É igual casamento”, disse. Mais uma vez, valeu-se de exemplos de seu entorno para ilustrar seu pensamento. “É que nem um deputado que conheço que casou com uma prostituta. É daqui para a frente, porra. Zerou o passado, lavou, tá novo.” Depois, citou o caso de Jordi, um ex-travesti que havia feito dinheiro na França, voltou para o Brasil, converteu-se, casou com uma evangélica. “É daqui pra frente.”

Quando indagado se o ministério teria mulheres, negros, LGBTs, ele aumentou uma oitava na voz. “Não estou procurando gay, mulher, negro para ser ministro. Tô procurando gente competente”, respondeu lacônico.  Faltavam alguns minutos para o voo, e ele passou a olhar o relógio a cada minuto. Agradeceu o encontro e encerrou a conversa. A caminho da porta, Bolsonaro cruzou com uma moça baixinha e dois rapazes com barbas longas estilo hipster. Um deles levantou o braço direito em sua direção e falou em voz alta sem olhar para a cara do candidato. “Vou votar em você, hein?” Ele riu. Na porta do elevador, alguém do grupo comentou que o rapaz tinha um leve tom afeminado na voz e havia virado a mão como que desmunhecando quando declarou o voto. “Porra, eu fico impressionado com a quantidade de gay de direita que vai votar em mim!”, disse entremeando um largo sorriso.

Época

 

Preço da gasolina diminui nos postos do Distrito Federal

Combustível é encontrado a até R$ 3,97 em postos da EPTG. No Plano Piloto, litro mais baixo fica em R$ 4,17. Segundo a ANP, queda também ocorreu em oito estados. Em 15 unidades da Federação, o valor médio subiu 

O valor médio da gasolina nos postos brasileiros subiu em 15 estados na semana passada, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Já no Distrito Federal e em mais oito estados, houve queda no preço médio do combustível.  No DF, é possível comprar gasolina por menos de R$ 4. Quem costuma passar pela Estrada Parque Taguatinga (EPTG), por exemplo, encontra o litro por R$ 3,97. Já os moradores das asas Sul e Norte ficam em desvantagem, pois não há, nas bombas, combustível por menos de R$ 4,17. No fim das contas, quem pesquisa consegue economizar até R$ 10 a cada tanque cheio abastecido.

Na média nacional, houve alta nos preços médios entre as duas semanas, de 0,26%, passando de R$ 4,215 para R$ 4,226. Em São Paulo, maior consumidor do país e com mais postos pesquisados, o combustível subiu 0,72% na semana passada, de R$ 4,006 para R$ 4,035, em média. No Rio de Janeiro, de R$ 4,727 para R$ 4,734, com avanço de 0,15%.

Segundo especialistas, a oscilação de preços é causada por diversos fatores. “A demanda é um deles. Se eu tenho mais pessoas consumindo o combustível, o preço da gasolina costuma aumentar”, explica o economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes. De acordo com ele, a tributação também influencia na disparidade de preços entre os estados. “Cada estado tem uma tributação diferente. O famoso Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) é diferente em cada região”, explicou. “Existe também a questão da logística”, acrescenta Bentes. “A distribuição do combustível se dá por transporte rodoviário, e aí temos o preço do frete cobrado. O valor do combustível na bomba já vem com todos esses fatores atribuídos”, conta o economista.

Apesar do recuo da última semana, o consumidor se mantém bastante insatisfeito com o preço dos combustíveis nos postos. De acordo com a servidora pública Kátia Fabiane Oliveira, 42 anos, a alternativa é aproveitar estabelecimentos com promoções. “Eu abasteço sempre que vejo um preço mais em conta. Às vezes, eu fico até 15 minutos na fila, mas vale a pena”, contou. Moradora de Vicente Pires, ela está sempre passando pela EPTG à procura de valores mais baixos. “Hoje, por exemplo, estava indo para casa e decidi vir por esse caminho. Encontrei o litro da gasolina a R$ 3,97, e aproveitei para abastecer”, disse.

Cartel
Ela desconfia de que os cartéis continuam atuando no DF. “Em Taguatinga, os valores da gasolina sempre são os mesmos, no Plano Piloto, a mesma coisa. Para mim, isso é muito estranho. Os preços deveriam ser mais competitivos e não padronizados”, argumentou.


De acordo com Bentes, os preços parecidos em estabelecimentos próximos não significa formação de cartel. “Na realidade, existe uma competição muito grande nos postos. Dentro de um mesmo estado, a concorrência faz com que a margem de lucro não seja a mais elevada”, afirma. “A prova disso é que uma parte dos estabelecimentos de combustíveis estão sendo substituídos por empreendimentos imobiliários, porque são mais lucrativos”, destaca.

Correio Braziliense