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sábado, 30 de julho de 2022

Prendam esses números - Revista Oeste

J. R. Guzzo

Para “salvar o Brasil da direita”, estão trocando a disputa política por fanatismo, histeria e rancor

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Tudo isso é falso. Chamem a polícia, então, para prender os algarismos que atestam a falsidade — ou, quem sabe, o ministro Moraes, para proibir a sua divulgação nas redes sociais, por ameaçarem a “democracia”. Também se poderia entregar o caso às “agências de checagem”, para declarar que todos esses números, além de ilegais, são “fake news inventadas pela direita.

Até outro dia, os jornalistas davam como certo que a inflação estava “fora de controle”. Quando escreviam isso, com a certeza de quem anuncia um fato científico, estava acontecendo justamente o oposto no mundo das coisas reais

 Que tal começar pela inflação? O último boletim do Banco Central, que hoje é independente do governo, informa que a inflação vai fechar 2022, de ponta a ponta, em 7,3% — são os cálculos do IPCA, ou Índice dos Preços ao Consumidor. É isso mesmo: são 7,3%, no ano inteiro. Este é um dos números mais ilegais e mais odiados de todos.

Edição 123

                   Ele desmancha, sozinho, a sentença de morte sem apelação que o “consórcio de órgãos de imprensa” e os seus analistas de mesa-redonda já tinham passado para a economia brasileira. Até outro dia, os jornalistas davam como certo que a inflação estava “fora de controle”. Quando escreviam isso, com a certeza de quem anuncia um fato científico, estava acontecendo justamente o oposto no mundo das coisas reais. A inflação, naquele preciso momento, não apenas estava sob controle; estava caindo.  

A se confirmarem as estimativas do Banco Central, que não costuma errar nesses casos, o Brasil terá, na verdade, uma das menores taxas de inflação do mundo.                                                                              Vale a pena, aí, pensar um ou dois minutos nesses 7,3%.          Isso é menos do que a inflação prevista para este ano nos Estados Unidos, que está rolando na beira dos 8,5% para os últimos 12 meses, e pode subir ainda mais; é a pior dos últimos 40 anos. Muito bem.           A pergunta a fazer, no caso, é a seguinte: você se lembra, alguma vez na sua vida, de ter visto a inflação no Brasil ser menor que a dos Estados Unidos? Está acontecendo agora; como, então, a economia brasileira poderia estar “destruída”? 

O Brasil não baixou nenhum decreto de “tabelamento de preços”; em vez disso, fez o preço da gasolina baixar. Esse é o tipo de coisa que deixa a esquerda nacional à beira de um colapso de nervos

A inflação é um índice geral; no universo das coisas mais específicas e mais próximas ao bolso das pessoas há um outro número antidemocrático, e da pior espécie. 
 Os preços dos combustíveis, pagos pelo consumidor na bomba do posto de gasolina, acabam de cair pela quarta vez seguida. 
É um desastre, para o Brasil que combate o “fascismo”. 
Anunciava-se, nesse meio, que a explosão mundial nos preços do petróleo ia mandar o Brasil e o governo Bolsonaro para o espaço; 
para o condomínio que luta em favor da democracia, do STF e da perfeição das urnas eletrônicas, por sinal, o preço do combustível subia só no Brasil, e só por culpa direta do presidente da República. E agora? 
 
Agora eles querem declarar que a redução de preços é um atentado à democracia e que o governo deve ser punido pela solução que deu para o problema. 
 O Brasil não baixou nenhum decreto de “tabelamento de preços”; em vez disso, fez o preço da gasolina baixar. Esse é o tipo de coisa que deixa a esquerda nacional à beira de um colapso de nervos. 
Sua religião econômica é a da Argentina, onde o governo mete tabela em tudo o que lhe passa pela frente, e não faz baixar o preço de nada. 
No momento, aliás, estão “reforçando o controle oficial de preços” nos supermercados — e a inflação está indo para os 65% ao ano. Como “o Bolsonaro”, que faz o contrário do que fazem os argentinos e do que manda o manual econômico do Brasil “civilizado”, pode baixar o preço dos combustíveis sem fazer tabelamento e, além disso, segura a inflação anual nos 7,3%?

Segundo a oposição, os banqueiros de esquerda e a cantora que sapateia em cima da bandeira nacional, a queda de preços dos combustíveis, mais toda a melhoria nos programas sociais que também foi aprovada no Congresso —, é coisa do mal

Isso não poderia estar acontecendomas, como é exatamente isso o que acontece, a saída da oposição é pedir ao TSE, o braço do STF que controla as eleições brasileiras, a cassação da candidatura de Jair Bolsonaro para presidente da República
A queda de preços, para a mídia, os intelectuais e o resto do “campo progressista”, foi consequência direta da “demagogia eleitoreira” do presidente; não se pode fazer uma coisa dessas. Por que não pode?    O preço dos combustíveis caiu porque o Congresso Nacional, a pedido do governo e com votação quase unânime, aprovou uma redução importante nos impostos estaduais sobre gasolina, álcool e diesel. É lei; - o STF e os governadores querem melar, mas é lei.  
 
Além do mais, como o governo federal poderia ser punido por praticar a sua obrigação de governar o país? 
Quer dizer que em ano eleitoral, então, o governo tem de ficar trancado em casa, sem fazer nada? 
Não interessa. Segundo a oposição, os banqueiros de esquerda e a cantora que sapateia em cima da bandeira nacional, a queda de preços dos combustíveis, mais toda a melhoria nos programas sociais — que também foi aprovada no Congresso —, é coisa do mal.  
Vai ser usada, como as eleições, para a “direita” continuar no governo e, em seguida, “implantar um regime autoritário” no Brasil. Não faz nexo nenhum. Mas é o que estão dizendo todos os dias. 
Há também o PIB, esse bendito PIB que ninguém sabe como é calculado, mas que é uma tragédia quando está baixo, e uma trapaça que só beneficia os ricos quando está crescendo — ou, então, é uma bobagem sem importância nenhuma para “o povo”. É o caso do Brasil de hoje. No final de 2021, era uma certeza para o FMI, os analistas dos bancos nacionais ou estrangeiros e o noticiário econômico em geral que em 2022 o Brasil estaria em recessão. Não só não iria crescer nada; 
- a economia ia andar para trás, como no segundo governo de Dilma Rousseff, que gerou a maior recessão econômica que o Brasil já teve em sua história. 
 
Vem aí, então, mais um número ilegal: o PIB brasileiro, pelos cálculos agora de julho, vai subir 2% este ano. Como assim? 
É precisamente o inverso do que todos juravam que ia acontecer; o ministro Paulo Guedes, a propósito, disse que os economistas, e analistas do “mercado”, e especialistas etc. etc. etc. iriam passar o ano inteiro revendo para cima as suas previsões. 
Estão fazendo isso, mas acham que o PIB positivo não adianta nada; já o PIB negativo, como a saúva, ia acabar com o Brasil
Para a mídia, em especial, a solução é banir esse número para um estado de semiclandestinidade, o mais longe que for possível das manchetes e dos destaques do horário nobre. 
 
Na verdade, o Brasil é um caso raro de saúde razoável num mundo de economia doente
Nesta semana, o FMI anunciou que as perspectivas de crescimento global “estão inclinadas esmagadoramente para o lado negativo” e que, se as previsões se concretizarem, a economia mundial poderá enfrentar uma das piores recessões em meio século. 
Entre as exceções estão o Brasil e o México. 
O aumento da inflação global e uma desaceleração nos Estados Unidos e na China levaram o FMI a diminuir suas projeções. “O panorama ficou consideravelmente sombrio desde abril”, disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas. “As três maiores economias do mundo, os Estados Unidos, a China e a zona do euro, estão empatando nessa estagnação com grandes conseqüências para o panorama global”, estimou ele. 
 
Além do Brasil e do México, a Rússia também apresenta índices econômicos positivos em razão dos preços mais altos do petróleo devido às sanções ocidentais. 
Para a América Latina e o Caribe como um todo, o FMI elevou suas perspectivas de crescimento para este ano para 3%, uma revisão para cima de 0,5 ponto percentual “como resultado de uma recuperação mais forte nas grandes economias”: Brasil, México, Colômbia e Chile.
 
Os índices de desemprego são outra frustração de primeira grandeza. A última cifra é de 9,8%, a menor dos últimos seis anos — ou seja, menor do que era quando começou a pandemia, ou no final do governo Dilma. Neste ano, só de janeiro a abril, foram criados mais de 1 milhão de empregos com carteira assinada;  
em maio, o total de brasileiros com emprego formal estava próximo aos 42 milhões, um recorde na história do cadastro do Ministério do Trabalho, iniciado dez anos atrás. Só no mês de junho, o número disponível mais recente, foram criados 300 mil novos empregos. 
No total, com covid e tudo, o atual governo tem um saldo positivo acima de 2 milhões de vagas.  
 
Se há mais gente empregada agora do que havia antes do governo assumir, e se o STF, os governadores e os prefeitos mantiveram a economia fechada durante dois anos inteiros, o que aconteceu com o “extermínio do trabalho” anunciado com tanta paixão pelos comunicadores, influenciadores e funcionários dos “grandes veículos” de comunicação? É a mesma decepção com o comércio exterior. 
Nos últimos 12 meses o Brasil exportou quase US$ 310 bilhões, e teve um saldo próximo aos 60 bilhões na sua balança comercial; a produção agrícola, em especial, vai bater um novo recorde em 2022. 
Também aí está tudo errado. Segundo garante a nossa melhor elite financeira, o Brasil está “isolado” no mundo: países estrangeiros, bancos internacionais, altas multinacionais e fundos de investimento conduzem um boicote pesadíssimo contra a economia brasileira, para punir o presidente e seu governo pela agressão ao “clima” do planeta em geral, e os incêndios na Floresta Amazônica em particular
É outro mistério. O Brasil é o único país do mundo e da história que está sofrendo um boicote internacional e, assim mesmo, vende cada vez mais os seus produtos no exterior.     
 
O país “destruído” pelo governo atual é uma mentira; pior que isso, é uma bobagem, ou um certificado de estupidez para a frente “equilibrada” que acha uma boa ideia colocar na presidência do seu país um político que passou 20 meses no xadrez, condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove juízes diferentes. 
Para “salvar o Brasil da direita”, estão trocando a disputa política por fanatismo, pela histeria e pelo rancor; 
não respondem mais à razão, e sim aos seus tumultuados desacertos psicológicos. 
 O resultado é que estão em pleno negacionismo dos números.

Leia também “Um tribunal que joga para Lula”

J. R. Guzzo,  colunista - Revista Oeste

 

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Moraes não gostou da queda no preço da gasolina e tenta atrapalhar - Gazeta do Povo

J.R. Guzzo

O Congresso Nacional acaba de aprovar, quase por unanimidade e cumprindo processo absolutamente legal, uma lei que reduziu os impostos estaduais sobre os combustíveis e fez cair imediatamente o preço da gasolina, diesel e álcool para o consumidor
É um raríssimo momento em que o cidadão brasileiro recebe um benefício concreto, claro e compreensível das autoridades. 
Não há na lei, além disso, nenhuma redução real de receitas para os Estados, pois vão receber compensação pelo que deixaram de arrecadar
Acima de tudo, é lei. Lei é lei – simplesmente tem de ser cumprida por todos, e não há nada a discutir. [o descondenado petista - descondenado, não inocentado - é contra essa lei = portanto, contra o povo brasileiro que receberá o beneficio. Motivo: a Lei é de iniciativa do presidente Bolsonaro = 'o capitão do povo" - tal fato é bastante para que os inimigos do Brasil sejam contra.]
Ou é isso, ou não há democracia; é um mandamento elementar em qualquer estado democrático que as leis aprovadas de modo legitimo pelos representantes do povo estão acima das vontades individuais e são iguais para a sociedade inteira, sem exceção nenhuma.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil [Provérbios 29:23

O orgulho do homem o humilha, mas o de espírito humilde obtém honra.

Provérbios 29:23

A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra.]

Mas isso aqui é o Brasil democrático do STF, e no Brasil democrático do STF lei não é o que o parlamento aprova - e sim o que o Supremo Tribunal Federal quer.  
A lei que fez baixar o preço dos combustíveis foi proposta pelo governo federal, e bem recebida pela população. 
Pronto: não é preciso mais nada. Se a lei vem do governo, e saiu de lá por vontade do presidente da República, é lei que não presta, e o STF não admite que ela seja aplicada como deveria.  
Quem não aceita as suas consequências, então, recebe apoio legal imediato dos ministros. 
É o que aconteceu com o Estado do Maranhão. 
O governador local declara a si próprio como um grande general da campanha do ex-presidente Lula para a presidência e também se exibe como um inimigo radical do governo; ao mesmo tempo, não aceita a lei que o Congresso aprovou. Corre, então, para pedir proteção ao STF. É atendido na hora.

Se a lei vem do governo, e saiu de lá por vontade do presidente da República, é lei que não presta, e o STF não admite que ela seja aplicada como deveria

A licença para o Maranhão não obedecer a lei, safando-se dos seus efeitos práticos, foi dada pelo ministro Alexandre de Moraes, que já há muito tempo acumula suas funções no STF com a atuação de inimigo político número 1 do governo federal. 
Moraes, simplesmente, autorizou o Maranhão a não pagar nenhuma de suas dívidas com a União, do Banco do Brasil à Caixa Econômica, do BNDES ao BID nada, nem um tostão. Pior: esse calote se aplica já nas parcelas que deveriam ser pagas no mês de julho, pois o Estado vive como um pedinte de rua, tendo de ganhar de manhã o dinheiro para o prato de comida do almoço. [O Maranhão, governado por um aliado do Lula,é o estado com pior IDH do Brasil. A união governador x descondenado vai piorar o que já está péssimo.]  
 
E a compensação das receitas, prevista na lei? O governador diz que não dá para “esperar”, porque há trâmites legais a cumprir claro que há; ele queria que não houvesse? –, isso toma tempo e não existe um real de reserva no caixa do Estado para aguentar até a chegada do reembolso. Perfeitamente, decidiu o ministro. É
 isso mesmo: não dá para esperar, não é preciso pagar nada e o Estado pode começar já, neste minuto, a ignorar as suas obrigações com a União. Essa “União” é você mesmo, que paga sem dar um pio os seus impostos; é do seu bolso que vai sair o dinheiro que o governador e o ministro Moraes não querem pagar.
 
Veja Também:    
 
Não se consegue achar nada de certo em nenhum ponto dessa história. Moraes disse, entre as justificativas de sua decisão, que a lei foi adotada de “forma unilateral” e “sem consulta aos Estados”. 
Que raio de raciocínio jurídico é esse? Desde quando, pelo que está escrito na Constituição e no restante da legislação brasileira, o Congresso Nacional deste país precisa consultar os “Estados”, ou seja lá quem for, para aprovar uma lei? 
Outra coisa: se o Maranhão está autorizado pelo STF a não pagar o que deve à União, porque os outros 26 Estados não teriam o mesmo direito? 
O STF vai atender a todos eles? 
No caso do Maranhão, esse grande campeão das “oposições”, bastou o governador dizer “não tenho dinheiro” para livrar-se das suas obrigações; não teve de comprovar nada, e ninguém lhe pediu demonstração nenhuma. Está valendo, isso? O cidadão diz: “Não dá para pagar” – e o Supremo aceita no mesmo instante a sua palavra como fato indiscutível, sem nenhuma comprovação séria? 
Não se disse uma palavra, também, sobre a responsabilidade que o governador tem na miséria financeira do Maranhão. 
Se o Estado está falido, a culpa é dele; com certeza não é do presidente, nem do Congresso, nem dos outros Estados.

Nada disso faz qualquer sentido. Mas é o que se tem, num país em que a suprema corte se transformou em brigada de militância política, abandonou os seus deveres constitucionais e exerce a justiça através da vingança.

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

sábado, 26 de maio de 2018

A falta que um governo faz

O Brasil mostrou-se vulnerável. Um plano elementar de defesa garantiria com escolta armada a saída dos caminhões com combustível

A crise que paralisa o país neste ano eleitoral é um estímulo para que as pessoas compreendam a falta que um governo faz num país.  O governo tinha condições de prever a paralisação. Possui recursos para a inteligência e, sobretudo, tinha uma posição privilegiada para entender a evolução da crise: desde julho do ano passado estava negociando com os caminhoneiros.  Portanto, falhou nesse quesito. Sua saída seria ter um plano para permitir que, apesar da greve, o país funcionasse no essencial. Mas nunca se aprovou uma estratégia de defesa nacional, apesar de o projeto ter uma década de existência. [civil na Defesa - só agora decidiram colocar quem entende do assunto, um general - só pode resultar no  que estamos vendo e sentindo.]

O Brasil foi pego de calças na mão. Mostrou-se um país vulnerável. Um plano elementar de defesa garantiria com escolta armada a saída dos caminhões com combustível. Isso aconteceu em Curitiba e, parcialmente, deu certo para manter o transporte urbano em ação, aliviando o peso dos que se deslocam para trabalhar. O Brasil poderia estar menos dependente da gasolina. Mas congelou o projeto que impulsiona os biocombustíveis. Seduzidos pelas descobertas do pré-sal, acorrentamos nosso destino ao combustível fóssil.
 
Da mesma forma, o Brasil poderia ter mantido e desenvolvido suas ferrovias. Mas caiu na ilusão tão comum no Novo Mundo: uma nova opção tecnológica remete as outras para os museus. [biocombustível é apenas uma alternativa, sujeita as mesmas limitações dos combustíveis fósseis,  que também pode falhar; o que tem que ser priorizado é o transporte ferroviário, para cujo desmonte JK deu o pontapé inicial, o Governo Militar adotou algumas medidas que valorizaram mais ainda o transporte rodoviário aumentando nossa dependência e FHC com a privatização fajuta acabou de vez com o que ainda restava.
O transporte  ferroviário reduz custos, é mais seguro e deve ser prioridade tanto para transportar cargas quanto passageiros.
Brasília é um exemplo: grade parte pessoas que moram no entorno do DF e trabalham em Brasília poderiam ser transportadas por trens, só que o governo não se interessa no que é melhor para a população.
Prefere pagar resgate a caminheiros (sem esquecer que vez ou outra é extorquido pelos baderneiros, também chamados  de rodoviários, que paralisam  os ônibus urbanos.]

O preço da gasolina não precisava ser tão alto. Cerca de 45% são impostos. A máquina dos governos em Brasília e nos estados não dispensa esse dinheiro porque jamais soube reduzir seus custos. Os políticos e a elite burocrática ainda não caíram na realidade. A máquina administrativa é de um país ilusório, muito mais rico do que o país de concreto, que todos habitamos de carne e osso.  É esse país da fantasia que precisa desaparecer com a sua máquina do Estado catapultada para o mundo real. Vivemos um momento de avanços tecnológicos que poderia tornar o enxugamento dos gastos mais fácil que no passado. o ceio que gastando mais com o país e menos com o seu governo arriscaríamos a competência ou mesmo a dignidade dos cargos.

No país real, a dignidade de uma elite governante também se mede pelo seu esforço em ser austera, pela decisão de compartilhar nossas limitações cotidianas. E não por construir um oásis particular no deserto de nossa desesperança. A ausência de um governo revela também a nossa fragilidade quando não dispomos desse instrumento. De repente, o Brasil parou, somem os alimentos, em alguns lugares também a água mineral. É como se o país trocasse de mãos. Não só estradas, como refinarias foram bloqueadas. Uma coisa é fazer greve, outra intervir na vida dos outros e do próprio governo. Os lances ilegais não foram punidos, [e com certeza não serão; o que mais acontece é em greves a Justiça fixar multas com valores vultosos a ser aplicada em sindicatos caso os grevistas não voltem ao trabalho ou mantenham percentual mínimo da frota, nada disso é feito, os grevistas voltam quando colocam o governo e a justiça de joelhos e as multas não são cobradas.
Se as multas fossem cobradas o 'sindicato dos rodoviários do DF', epa.... dos baderneiros, já teria vendido até o uniforme dos seus filiados  para pagar multas e não conseguiria.]  nem apurados os indícios da presença das grandes empresas na greve. Paradoxalmente, num momento de fragilidade como esse a sociedade encontra uma possibilidade de mostrar sua força.

Para muitos, o que se passa no universo político não interessa, o melhor é deixar de lado e cuidar da própria vida. Mas eis que uma paralisação como essa revela claramente que não existe vida própria, blindada contra os descaminhos da elite dirigente. Gasolina, alimentos, água de beber tudo isso invade a existência pessoal com seus vínculos familiares.  A greve foi um momento em que nos sentimos muito sós. Mas abre a chance de nos reunirmos em torno da ideia de um país, uma cultura, enfim, de retomar algum nível de sentimento nacional. Isso passa por uma grande sacudida no país da fantasia.


Fernando Gabeira - O Globo



terça-feira, 1 de maio de 2018

Preço da gasolina diminui nos postos do Distrito Federal

Combustível é encontrado a até R$ 3,97 em postos da EPTG. No Plano Piloto, litro mais baixo fica em R$ 4,17. Segundo a ANP, queda também ocorreu em oito estados. Em 15 unidades da Federação, o valor médio subiu 

O valor médio da gasolina nos postos brasileiros subiu em 15 estados na semana passada, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Já no Distrito Federal e em mais oito estados, houve queda no preço médio do combustível.  No DF, é possível comprar gasolina por menos de R$ 4. Quem costuma passar pela Estrada Parque Taguatinga (EPTG), por exemplo, encontra o litro por R$ 3,97. Já os moradores das asas Sul e Norte ficam em desvantagem, pois não há, nas bombas, combustível por menos de R$ 4,17. No fim das contas, quem pesquisa consegue economizar até R$ 10 a cada tanque cheio abastecido.

Na média nacional, houve alta nos preços médios entre as duas semanas, de 0,26%, passando de R$ 4,215 para R$ 4,226. Em São Paulo, maior consumidor do país e com mais postos pesquisados, o combustível subiu 0,72% na semana passada, de R$ 4,006 para R$ 4,035, em média. No Rio de Janeiro, de R$ 4,727 para R$ 4,734, com avanço de 0,15%.

Segundo especialistas, a oscilação de preços é causada por diversos fatores. “A demanda é um deles. Se eu tenho mais pessoas consumindo o combustível, o preço da gasolina costuma aumentar”, explica o economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes. De acordo com ele, a tributação também influencia na disparidade de preços entre os estados. “Cada estado tem uma tributação diferente. O famoso Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) é diferente em cada região”, explicou. “Existe também a questão da logística”, acrescenta Bentes. “A distribuição do combustível se dá por transporte rodoviário, e aí temos o preço do frete cobrado. O valor do combustível na bomba já vem com todos esses fatores atribuídos”, conta o economista.

Apesar do recuo da última semana, o consumidor se mantém bastante insatisfeito com o preço dos combustíveis nos postos. De acordo com a servidora pública Kátia Fabiane Oliveira, 42 anos, a alternativa é aproveitar estabelecimentos com promoções. “Eu abasteço sempre que vejo um preço mais em conta. Às vezes, eu fico até 15 minutos na fila, mas vale a pena”, contou. Moradora de Vicente Pires, ela está sempre passando pela EPTG à procura de valores mais baixos. “Hoje, por exemplo, estava indo para casa e decidi vir por esse caminho. Encontrei o litro da gasolina a R$ 3,97, e aproveitei para abastecer”, disse.

Cartel
Ela desconfia de que os cartéis continuam atuando no DF. “Em Taguatinga, os valores da gasolina sempre são os mesmos, no Plano Piloto, a mesma coisa. Para mim, isso é muito estranho. Os preços deveriam ser mais competitivos e não padronizados”, argumentou.


De acordo com Bentes, os preços parecidos em estabelecimentos próximos não significa formação de cartel. “Na realidade, existe uma competição muito grande nos postos. Dentro de um mesmo estado, a concorrência faz com que a margem de lucro não seja a mais elevada”, afirma. “A prova disso é que uma parte dos estabelecimentos de combustíveis estão sendo substituídos por empreendimentos imobiliários, porque são mais lucrativos”, destaca.

Correio Braziliense 

 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Dilma bate mais um recorde negativo



Prévia da inflação tem a maior taxa para outubro em 13 anos – IPCA-15 alcança 8,49% no ano
Aumento no preço da gasolina, do botijão de gás e dos alimentos levou o IPCA-15 a subir 0,66% neste mês, chegando a 8,49% no acumulado do ano
O reajuste de 6% no preço da gasolina nas refinarias já começou a entrar no cálculo da inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação oficial, registrou um aumento de 0,66% em outubro, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. Esse é o maior porcentual para um mês de outubro desde 2002, quando variou 0,90%. Em setembro, a taxa subiu 0,39%, e em igual mês do ano passado, 0,48%.

No acumulado do ano, o IPCA-15 ficou em 8,49%, o maior nível verificado entre janeiro e outubro desde 2003, quando chegou a 9,17%. No acumulado dos últimos doze meses, o índice acelerou para 9,77%, novamente o maior desde 2003.  Em outubro, sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram alta nos preços, com destaques para habitação (1,15%), transportes (0,8%) e alimentação e bebidas (0,62%). Segundo o IBGE, as três categorias respondem sozinhas por 72,73% do IPCA-15 do mês. Em relação a transportes, a principal influência vem da gasolina, que teve o preço reajustado em 6% nas refinarias pela Petrobras no último dia de setembro. Segundo o IBGE, o combustível ficou 1,70% mais caro nas bombas, também influenciado pela alta no etanol, que faz parte da sua composição.

Individualmente, o peso maior veio do botijão de gás, cujo preço aumentou 10,22% em outubro depois de subir 5,34% em setembro. "Este foi o reflexo, nos pontos de distribuição ao consumidor, do reajuste de 15% nas refinarias autorizado pela Petrobras, com vigência a partir de 1º de setembro", informou, em nota, o instituto.

Já em relação aos alimentos, subiram o preço dos produtos consumidos dentro e fora de casa - 0,39% e 1,06%, respectivamente. Os destaques foram para o frango inteiro (5,11%), batata-inglesa (4,22%), arroz (2,15%), pão francês (1,14%), carnes (0,97%) e a refeição fora do domicílio (1,15%).

Na comparação regional, Brasília, São Paulo e Goiânia tiveram as maiores variações em outubro, com altas de 1,28%, 0,85% e 0,78%, respectivamente. A capital federal encabeça a lista devido ao reajuste pontual de 33,34% na tarifa de ônibus, que passou a valer a partir de 20 de setembro.  "Se os preços livres continuarem pressionando o indicador, é possível que o IPCA chegue a 10% este ano. E deve continuar o quadro bastante pressionado, uma vez que serviços não mostra sinal de arrefecimento a despeito da recessão", avaliou o analista de inflação da Tendências Consultoria, Marcio Milan, que calcula alta do IPCA de 9,6% neste ano e de 6,5% em 2016.

Para chegar ao cálculo do indicador, os preços foram coletados no período de 15 de setembro a 14 de outubro de 2015 e comparados com os obtidos de 14 de agosto a 14 de setembro de 2015. O IPCA-15 corresponde às famílias com rendimento de um a quarenta salários mínimos, abrangendo as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, com a diferença no tempo de coleta dos preços.

Fonte: VEJA – On Line