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quinta-feira, 21 de setembro de 2023

A toga manchada de sangue - Nikolas Ferreira

Vozes - Gazeta do Povo 

Os desdobramentos ligados ao ativismo judicial e à interferência no poder legislativo não são novidade para mais ninguém. 
Escrevi sobre isso em um artigo anterior, inclusive. 
Porém, o STF parece não deixar de nos surpreender negativamente. 
A ministra Rosa Weber liberou para julgamento a ação do PSOL que pode [pretende e não passará de uma reles pretensão.] descriminalizar o aborto até 12 semanas. 
A análise foi pautada para a próxima sexta-feira, 22 de setembro, no plenário virtual da corte, onde os ministros votam e não há discussão. 
 
É triste ver que além da invasão de competências, o judiciário abre caminho para a matança de crianças no ventre de suas mães
Aos três meses de gestação a criança já está completamente formada, tem impressão digital, cérebro, seu coração bate e possui movimentos, mesmo que involuntários. 
Qual a diferença entre nós e ela? Apenas tempo e nutrição. 
 
Não acredito que o desejo incessante pela morte dos mais vulneráveis e indefesos seja meramente fruto de discussões acerca de políticas públicas. O plano espiritual rege o mundo físico e não seria diferente se tratando dessa agenda demoníaca. 
O evangelho de Mateus conta como o rei Herodes ordenou um infanticídio em Belém, sendo Jesus Cristo o principal alvo. 
A história vem se repetindo e massacres em massa são almejados ao redor de todo o mundo.

    É triste ver que além da invasão de competências, o judiciário abre caminho para a matança de crianças no ventre de suas mães

Na Colômbia, a Corte Constitucional descriminalizou o aborto até 6 meses de vida
Argentina, Cuba, Guiana, México e Uruguai são outros países que também flexibilizaram a interrupção da vida. 
Na Europa, eugenistas permitem que bebês diagnosticados com síndrome de Down sejam dizimados. 
Não podemos aceitar que o Brasil, onde a população é majoritariamente cristã e contra esse absurdo, seja mais um nome acrescentado a essa lista. 
 
Nossa luta deve girar em torno de proporcionar às crianças o direito de moradia, saúde, segurança, alimentação e educação. 
Trabalhar para que elas não sejam abandonadas pelos pais e pelas mães. Porém, sem a vida não há qualquer outro direito subsequente
 
Minha Aurora tem hoje exatamente três meses e jamais cogitaríamos decidir por suprimir sua vida. Ela não é uma extensão do corpo da minha esposa, e chega a ser loucura ter que provar isso afirmando que há dois corações, quatro pernas e por aí vai. 
Um dia uma mulher tentou convencer a minha avó a abortar, sob os argumentos de que ela era muito jovem e que não tinha boas condições financeiras pra arcar com isso. 
Se a ‘’Dona Basília’’ tivesse dado ouvidos, hoje a minha mãe não existiria, e consequentemente, nem mesmo eu, as minhas irmãs e a minha filha. 
Já imaginou a dimensão do "efeito borboleta"’
É muito fácil e incoerente apoiar o aborto depois de ter nascido. 
 
Uma canetada não pode transformar o útero das mulheres, local de vida, em cemitério. 
Os verdadeiros genocidas são os que querem aprovar esse banho de sangue. 
Nunca abrirei mão dessa pauta, que não é somente política, mas humana. Nem mesmo o pior criminoso é legalmente punido com a morte no Brasil, como querem fazer com os bebês. 
 
Finalizo pedindo principalmente aos cristãos que, caso isso avance, estejamos unidos para irmos às ruas.  
Hoje existem vários movimentos que dão suporte não só psicológico, como financeiro àqueles que cogitam o aborto ou já o cometeram. 
Isso sem contar com os trabalhos feitos por igrejas responsáveis que estão sempre dispostas a receber e cuidar de pessoas em situações de vulnerabilidade. Enquanto eu tiver fôlego a vida será sempre defendida. ADPF 442 não!

Nikolas Ferreira, deputado federal - Coluna Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 15 de setembro de 2019

Sínodo da Amazônia no fogo das polêmicas - Dom Odilo P. Scherer

O Estado de S. Paulo

Não se justifica a suspeita de que a ação da Igreja Católica sirva a interesses estrangeiros

As imagens das queimadas e da fumaça na Amazônia foram amplamente divulgadas nas mídias nacionais e internacionais nas últimas semanas. Além dos preciosos pedaços da floresta tropical destruídos, o fogo também esquentou a cabeça de alguns governantes, a ponto de levar ao nível das ofensas pessoais e de chamuscar relações internacionais. Não é para menos. A maior floresta tropical do mundo, da qual fazem parte nove países da América do Sul, interessa muito a cada um desses países, especialmente ao Brasil, que detém sozinho cerca de 60% desse bioma extraordinariamente pródigo em vida, água e riquezas do subsolo.

Mas os interessados não são apenas esses nove países, prontos a levantar a voz em defesa da sua soberania sobre esses territórios. Muitos outros países estão de olho na Amazônia. Talvez tenha passado pela cabeça de algum governante saudoso dos tempos coloniais a hipótese inaceitável de uma “soberania relativa” dos países amazônicos sobre seus territórios [com certeza um governante teve (ou tem) esse devaneio - que,  se persistir, poderá se tornar na materialização de um pesadelo do sonhador: presidente Macron, da França que mantém uma colônia na América do Sul: Guiana.
Ao ensejo, lembramos que incêndios ocorrem todos os anos na Amazônia, como consequência do clima nessa época.] . Em geral, porém, o mundo está interessado na Amazônia pelo fato de reconhecer que se trata de um bem extraordinário e único, que tem importância para todos os habitantes do nosso planeta.

A preocupação geral diante das ameaças reais de destruição do ecossistema amazônico é compreensível e não se precisaria pôr logo em xeque a soberania nacional. Há interesse no cuidado da Amazônia e os países da área, além de fazerem o possível para cuidar bem da Amazônia, poderiam aceitar a ajuda de outros países dispostos a fazê-lo. E até tirar vantagem desse interesse geral, compartilhando, de alguma forma, o ônus do bom cuidado desse “bem para todos”, sem que se questione a soberania dos países da área.

Até mesmo o Sínodo para a Amazônia, convocado pelo papa Francisco ainda em 2017, acabou na mira dos ânimos mais aquecidos. Esse sínodo é um evento da Igreja Católica com o objetivo de refletir sobre o conjunto da realidade amazônica, envolvendo o homem, o ambiente natural e a missão da própria Igreja na grande Amazônia. Para o sínodo foram convocados os bispos das dioceses amazônicas dos nove países: Brasil, Bolívia, Equador, Peru, Colômbia, Venezuela e as três Guianas. [por tabela a França foi convidada, visto que uma das Guianas, é colônia francesa.]
 
O papa Francisco não é contrário à soberania nacional nem à autodeterminação de nenhum país, nem convoca bispos para tramarem contra os legítimos interesses de cada povo e cada país. Não se justifica a suspeita, levantada no ambiente aquecido das paixões nacionalistas, de que a ação da Igreja Católica na Amazônia sirva a interesses estrangeiros. A esse propósito convém lembrar que os missionários estão nos rincões mais retirados da Região Amazônica desde o século 17 e para lá não foram para escravizar indígenas, levar embora suas riquezas e devastar a natureza. Muito ao contrário, por muito tempo eles foram os únicos a tomar a defesa dos povos originários da Amazônia contra a ganância de quem ameaçava sua liberdade, suas terras e culturas.

Em vez de retirarem navios de riquezas, eles carreavam para a Amazônia recursos humanos e materiais em quantidades nunca calculadas nem alardeadas, cuidando da saúde, da alfabetização e da promoção humana e cultural das populações indígenas e ribeirinhas. Quanto suor, quanto sangue e quantas lágrimas oferecidos de maneira silenciosa e incansável pela dignidade e pelos direitos humanos daquelas populações, longamente esquecidas pela sociedade e pelo Estado! E se no século 18 o marquês de Pombal não tivesse expulsado os jesuítas das missões da Amazônia, o desenvolvimento humano, social e cultural da região estaria bem mais avançado do que se encontra atualmente.

A preocupação da Igreja Católica com a destruição da Amazônia e com os problemas ambientais daí decorrentes não se iniciou com o atual governo do Brasil, como bem recordaram os participantes do encontro preparatório do sínodo da Amazônia, em agosto, em Belém (PA). Em carta divulgada, eles expressaram novamente sua preocupação diante das questões ambientais da Amazônia e das ameaças contra a ação da Igreja naquela região. Recordaram que desde 1952 os bispos da área vêm tomando posição diante desses problemas. Em 1972, o papa Paulo VI fez um forte apelo em favor da Amazônia. “Cristo aponta para a Amazônia”, disse ele, indicando que a Igreja devia inserir-se mais e mais naquela realidade.

Em 1990 os bispos da Amazônia emitiram o documento Em defesa da Amazônia, chamando a atenção para o desastre ecológico iminente, com consequências catastróficas para todo o ecossistema mundial. Os apelos em favor da Amazônia também aparecem no documento final da 5.ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizada em Aparecida em 2007: a natureza deve ser protegida contra toda forma de depredação e destruição irracional. Cabe-nos uma responsabilidade moral diante das ameaças à Amazônia (cf. n.ºs 470-475).

No manifesto de Belém, acima referido, os participantes denunciaram mais uma vez o envenenamento de rios e lagos, a poluição do ar com as queimadas, a pesca predatória, a invasão de terras indígenas por mineradoras, garimpos e madeireiras e o comércio ilegal dos produtos da biodiversidade. “Defendemos vigorosamente a Amazônia (…). A soberania brasileira sobre essa parte da Amazônia é para nós inquestionável. Entendemos, no entanto, e apoiamos a preocupação do mundo inteiro em relação a esse macrobioma, que desempenha uma importantíssima função reguladora do clima planetário.” E concluíram:
“Todas as nações são chamadas a colaborar com os países amazônicos e com as organizações locais empenhadas na preservação da Amazônia, porque dessa macrorregião depende a sobrevivência dos povos e do ecossistema em outras partes do Brasil e do Continente”.


O Estado de S. Paulo - Dom Odilo P. Scherer - Cardeal-Arcebispo de São Paulo

terça-feira, 1 de maio de 2018

Nova onda de violência deixa 20 mortos na Grande Belém após execução de PM



É a 2ª vez em abril que a região metropolitana registra sequência de crimes violentos

[Policial foi assassinado bandido tem que morrer; não importa quem e sim que bandido bom é bandido morto.]

Uma nova onda de violência deixou 20 mortos em Belém, entre domingo e a tarde desta segunda-feira. Os assassinatos aconteceram após a execução da policial militar Maria Fátima Cardoso dos Santos, morta a tiros dentro da própria casa em Ananindeua, na região metropolitana. Essa é a segunda vez no mês de abril que a capital paraense vive uma sequência de homicídios. No dia 10, doze pessoas foram executadas poucas horas depois do assassinato de dois agentes da Polícia Militar. Na ocasião, o Pará já contabilizava 17 execuções de PMs em 2018.


Segundo o site G1, a sucessão de mortes violentas iniciada no domingo deixou vítimas em Belém, Ananindeua e Santa Izabel do Pará. Seis vítimas morreram na hora dos crimes, e outras quatro chegaram a ser encaminhadas para unidades de saúde. Os casos serão investigados pela Divisão de Homicídios (DH), vinculada à Polícia Civil, e pelas delegacias dos bairros. A execução da policial militar também será analisada pela DH.


Maria Fátima Cardoso dos Santos morreu com dois tiros na cabeça e um no peito, segundo o IML. Os disparos foram feitos por bandidos que invadiram a casa da PM no bairro Curuçambá, em Ananindeua. Os assassinos roubaram o celular da mulher, de 49 anos, e enviaram mensagens de texto aos contatos. A Polícia Militar lamentou a morte da agente, que tinha 21 anos de serviços prestados à corporação.  — Não vamos tolerar essa afronta aos nossos policiais, ao Estado e à tranquilidade e paz da população — disse o secretário de estado de segurança pública, Luiz Fernandes, em entrevista ao G1.


Para tentar conter a violência, a PM iniciou nesta segunda-feira a Operação Sáfara 3. Com a iniciativa, cerca de 800 policiais devem reforçar o patrulhamento nas ruas, principalmente em áreas onde há tráfico de drogas. A decisão foi tomada em uma reunião que mobilizou, ainda na noite de domingo, o governador Simão Jatene e os principais representantes dos órgãos de segurança pública do estado. Além do aumento do efetivo nas ruas, o estado informou que também vai providenciar a empresa responsável pelo bloqueio dos sinais de celulares dentro dos presídios.


Cabo assassinada avisou que sofria ameaças e promotoria apura se houve negligência da PM



A promotoria disse que a policial já havia denunciado que vinha sofrendo ameaças de morte e mesmo assim não recebeu proteção do Comando Geral da Polícia Militar. 

A promotoria de Justiça Militar apura se houve omissão e negligência do Comando Geral da Polícia Militar na segurança da cabo da PM Maria de Fátima Cardoso dos Santos, 49 anos, que foi assassinada a tiros dentro da própria casa no domingo (29). O G1 entrou em contato com a assessoria da PM e aguarda posicionamento. 



O crime aconteceu no bairro do Curuçambá, em Ananindeua. Segundo a polícia, criminosos invadiram a residência da cabo e efetuaram vários disparos de arma de fogo contra a agente, que morreu no local. Segundo peritos do Instituto Médico Legal (IML) foram dois tiros na cabeça e um no peito. 


O promotor Armando Brasil disse nesta segunda-feira (30) que a policial já havia denunciado que vinha sofrendo ameaças de morte e mesmo assim não recebeu proteção do Comando Geral da Polícia Militar. De acordo com o promotor, se comprovada a omissão, a autoridade da PM encarregada da segurança da militar será processada homicídio culposo. Na ocasião da morte da cabo, a PM lamentou e disse que a instituição iria adotar esforços, juntamente com a Polícia Civil, para identificar e prender os responsáveis pelo homicídio da militar.


G 1