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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Editorial do Estadão: A encruzilhada nacional



Saber como se chegou à situação atual é o primeiro passo para evitar que charlatães triunfem



Eleições podem ser ensejo para a multiplicação de ilusões com o objetivo de seduzir o eleitor. Não se trata necessariamente de apelar para mentiras ou fraudes, embora isso também aconteça; o que tem marcado as campanhas é o reducionismo marqueteiro, que transforma grandes temas em slogans de fácil digestão. Ganha mais votos aquele cuja lábia convence o eleitor de que é capaz de trazer a felicidade pelo menor custo. O atual momento brasileiro, no entanto, mais do que qualquer outro da história recente, exige que o eleitor saiba exatamente o que lhe estará reservado no futuro próximo caso não sejam tomadas imediatamente medidas de austeridade para tirar o Brasil da beira do abismo. 

E isso, infelizmente, não está acontecendo ─ há, pelo contrário, um “enorme grau de incompreensão” da população sobre o “curso absolutamente insustentável” em que o País se encontra, como alertou recentemente o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan. Tendo sido um dos principais responsáveis pela implantação do Plano Real, Malan tem autoridade para falar sobre o quão duro é um processo de estabilização de uma economia em frangalhos. Esse processo demanda, antes de tudo, a colaboração consciente do conjunto da sociedade. O Plano Real funcionou porque, ao contrário dos planos anteriores, não foi implantado de cima para baixo. Na prática, o Real foi uma espécie de convite para que os cidadãos imaginassem a economia sem inflação, com o restabelecimento do valor das coisas, sem a variação diária de preços. A população, aos poucos, aderiu, porque se sentiu como parte da solução. Mas o plano não foi bem-sucedido apenas por isso. Como preço a pagar pela sonhada estabilidade, os brasileiros foram chamados a apoiar uma dura série de medidas, que incluíram a renegociação das dívidas dos Estados, a venda de estatais, a reestruturação do sistema bancário e o ajuste fiscal. Com a notória exceção do PT, o Real foi amplamente aceito – o que significa que, se bem explicadas e transparentes, as reformas necessárias para reequilibrar as contas nacionais podem, sim, como sugere Malan, receber apoio dos eleitores.

Para que isso aconteça, contudo, é necessário preservar a memória recente do País, impedindo que a mistificação prevaleça sobre a realidade dos fatos. Por isso é muito oportuno que respeitados protagonistas desse passado, como o ex-ministro Malan, venham a público para ajudar a combater as desonestas tentativas de desmoralizar todo o hercúleo trabalho que resultou no fim da chaga da inflação e na estabilização da economia, condições sem as quais a festejada “justiça social” dos governos lulopetistas não teria sido possível.

O recém-lançado livro Uma Certa Ideia de Brasil: Entre Passado e Futuro, que reúne artigos de Malan publicados no Estado entre 2003 e 2018, tendo como eixo, portanto, a desastrosa passagem do PT pela Presidência, presta-se a essa imperiosa tarefa de denunciar o logro da propaganda petista que trata o eleitor como passivo freguês do mercador de ilusões Lula da Silva ─ e de convidar os brasileiros a ter “consciência social do passado”.  Para Malan, o próximo presidente tem de ter “consciência do que foram os últimos 15 anos, porque (governar com essa herança) será o maior desafio de sua vida dada a situação do País”. Como lembrou o ex-ministro, a campanha eleitoral é a parte menos penosa dessa experiência, porque “disputar a eleição e eventualmente ganhá-la é uma coisa”, mas “governar um país da complexidade do Brasil é algo muito mais complicado” ─ especialmente quando o eleitor não é advertido previamente de que terá de fazer muitos sacrifícios.

“Estamos num ponto de inflexão, numa encruzilhada que é das mais importantes que tivemos na nossa história recente”, disse Malan ao Estado, dando adequado tom grave ao atual momento. Há quem acredite ser legítimo brincar com fogo, prometendo magicamente fazer o Brasil ser “feliz de novo”, e há quem considere desnecessárias ou não tão urgentes as reformas que se impõem. Como enfatiza o ex-ministro, saber como se chegou à situação atual é o primeiro e indispensável passo para evitar que esses charlatães triunfem neste momento tão crítico para o País.


 

Enfrentar o ‘inevitável’

Uma vitória de ‘reformistas’ é menos pior para nosso futuro; mas é pouco


O esforço de muitos analistas em traçar cenários pós-eleitorais tem trazido uma curiosa “mediana” de previsões, especialmente entre economistas que já viram de tudo (começando pelo Plano Cruzado). Cofres públicos vazios, dívida pública subindo e quebradeira geral dos Estados “inevitavelmente” levarão a reformas para lidar com a crise fiscal. Candidatos carimbados como “reformistas”, segundo essas previsões, farão mais rápido o necessário. Até mesmo os “populistas” agirão na direção “correta”, pois reconhecem a bomba fiscal.

A velocidade relativa com que uns e outros atacarão os gastos públicos permite até previsões numéricas. Assim, a eleição de um “reformista” sugere um dólar de R$ 3,40 no meio do ano que vem. Se for um populista, dólar de R$ 4,60. A taxa de inflação sob um “reformista” permaneceria em 4,5%; um “populista” a levaria para 8%. E assim por diante com juros e crescimento do PIB que, dependendo do otimismo quanto à recuperação do consumo das famílias, poderia até chegar a uns 3% já em 2019.

Não critico economistas por raramente acertarem previsões; com jornalistas acontece o mesmo. O que sempre me fascina no raciocínio deles é a pouca margem que atribuem à estupidez humana na tomada de decisões – no caso do Brasil, não fazer nada relevante frente à questão fiscal (uma “não decisão” a cargo de humanos) equivale a uma das posturas mais estúpidas possíveis. E, a julgar pelo andar da carruagem político-eleitoral, até mesmo bastante provável.  Da mesma maneira, não posso criticar quem, confrontado com o cenário difuso e nebuloso do momento atual da corrida eleitoral, se apega a “inevitabilidades”, a coisas que “terão” de acontecer. É uma forma de tornar a imprevisibilidade menos imprevisível. E, também, em confiar que decisões coletivas claramente prejudiciais aos interesses de um país (especialmente de prazo mais dilatado) acabam sendo evitadas. Mas é bom considerar Brexit, Trump e o apoio popular à greve dos caminhoneiros. Não era para acontecer, mas aconteceu.

A ideia da “inevitabilidade” de um futuro risonho para um País com tantos recursos e tamanho é tão arraigada quanto a noção de que o tempo trabalharia a nosso favor. Ela mascara o fato (traduzido em estatísticas muito eloquentes) de que na comparação com economias mais avançadas estamos estagnados há mais de uma geração, e estamos ficando velhos. Populistas no Brasil e não só os de esquerda desenvolvem a ficção política de que o País foi feliz e bem sucedido em algum ponto do passado – no caso do PT, nos 13 anos que nos amaldiçoaram por muitos mais.

É a falta de compreensão do papel das pessoas e das ideias que elas abraçaram na confecção do desastre no qual fomos jogados que explica amplamente a popularidade de um criminoso condenado e cumprindo pena de prisão, chefe de um dos maiores esquemas de corrupção da recente história do planeta. A eleição dos governos do PT não era “inevitável” do ponto de vista histórico, nem a adoção de seus postulados desastrosos de economia inclusive por parte relevante do empresariado, interessado em protecionismo, subsídios e anabolizantes para o consumo.

A pergunta abrangente que me parece relevante neste ponto da corrida eleitoral é a de averiguar se há forças comprometidas com o rompimento da estagnação política e econômica atuais, não apenas na configuração tosca do “deixa que eu chuto”. Vai ser necessário enfrentar e derrotar parte do nosso jeito de ser – patrimonialismo, corporativismo e regionalismos – para libertar o que poderíamos ser: inovadores e criativos. Também acho que uma vitória de “reformistas” é menos pior para nosso futuro. Mas é pouco.

William Waack - O Estado de S. Paulo

 

Todos querem ser o anti-Bolsonaro

[lembrete: esqueçam o que Ciro Gomes diz;  não vale a pena anotar, anotamos por dever de ofício.

Afinal de contas foi o cearense de São Paulo que prometeu receber a Lava-Jato = juiz Sérgio Moro = a bala.]


No ano passado, Ciro Gomes repetia que era preciso ter “compreensão” com os eleitores inclinados a votar em Jair Bolsonaro. O ex-ministro argumentava que o crescimento do capitão seria produto de uma sociedade assustada pela violência.  “Num país como o nosso, com a população carregando o espinho do medo no coração, é absolutamente compreensível que haja pessoas que queiram ir pelo atalho do ‘bandido bom é bandido morto’”, disse, numa entrevista de rádio. “Mas eu acho que o Brasil engole essa azeitona e cospe o caroço”, acrescentou, sugerindo que não via risco de o deputado se eleger.

O tempo passou, e o diagnóstico mudou. Ontem Ciro mudou o tom e desferiu um ataque direto aos eleitores do capitão, a quem chamou de “Hitlerzinho tropical”. “O cara que vota no Bolsonaro está querendo que o Brasil morra. Está querendo que a minha nação seja destruída”, disse, em Brasília. “Para mim, isso é inimigo da pátria”, arrematou.
O novo discurso reflete uma mudança na percepção nas campanhas. A menos de 40 dias da eleição, os presidenciáveis constataram que é forte a chance de o militar reformado ir ao segundo turno. Isso precipitou uma disputa para ver quem encarna melhor o papel de Anti-Bolsonaro.

Marina Silva saiu na frente ao confrontar o capitão no debate da RedeTV!. Em seu melhor momento na disputa, ela encurralou o deputado após ouvir uma pergunta sobre a liberação de armas. “Você acha que pode resolver tudo no grito, na violência. Nós somos mães, educamos nosso filhos. Você fica ensinando para os jovens que têm de resolver as coisas na base do grito”, repreendeu.
[Marina Silva realmente conseguiu no debate da Rede TV! deixar uma marca negativa, criminosa, absurda e incontestável de ser favorável ao aborto e ao consumo da maconha - mostrando aos seus simpatizantes que é uma evangélica que aprova o aborto e o consumo de drogas, desde que um plebiscito aprove.

Um plebiscito é a expressão da vontade de eleitores, seres humanos; já a condenação ao aborto - que é o assassinato de seres humanos, com a agravante de serem inocentes e indefesos - está expressa no QUINTO MANDAMENTO - NÃO MATARÁS, decretado por DEUS e, portanto, irrevogável.

A Marina viesse a ganhar seria capaz de propor um plebiscito revogando a morte - quem tem coragem de achar que um plebiscito pode revogar um dos DEZ MANDAMENTOS tem capacidade para tudo que é absurdo.

Atenção evangélicos e também os católicos. MARINA oferece perigo as religiões = representa o ateísmo puro.
Tem os que concordar que a violência proposta pela evangélica - que tem como alvo seres humanos que ainda estão no ventre materno, onde deveriam receber proteção total - é bem maior do que a posição de Bolsonaro de ser duro com os criminosos.]
Ao atacar quem vota em Bolsonaro, Ciro mostra que não tem mais nenhuma esperança de seduzir seus eleitores. O jogo agora é outro: apresentar-se como o candidato com maior chance de derrotá-lo num confronto direto. Segundo o Datafolha, o capitão ostenta a maior taxa de rejeição da disputa: 39%. Se o índice continuar a crescer, seu adversário pode chegar ao segundo turno com um pé na rampa do Planalto.

Bernardo Mello Franco - O Globo 

O xis do problema

“A radicalização e o ódio na campanha eleitoral contrariam a cultura de conciliação da política brasileira. O medo dessa confrontação pode ter um peso decisivo nas eleições”


Para a maioria dos analistas, o principal problema do Brasil hoje é a crise fiscal, que desorganiza as contas públicas. A solução desse problema deveria ser o centro do debate entre os candidatos a presidente da República, mas não é isso o que acontece, porque não há uma percepção popular acerca do seu significado para a vida das pessoas. 

Não existe uma associação clara entre o fato de o governo gastar mais do que arrecada, em particular a Previdência, e a resposta aos problemas do dia a dia da população. Por essa razão, os candidatos que focam as campanhas nessa discussão não sensibilizam a grande massa do eleitorado, apenas os agentes econômicos e setores mais esclarecidos da população.  As prioridades do eleitorado estão em outra agenda, que podemos identificar num tripé. A primeira é o desemprego, que desestrutura as famílias, pois atingiu uma escala crônica, chegando a 13 milhões de vítimas no país. Na região metropolitana de São Paulo, atingiu 17% no mês de julho, mesmo percentual do mês anterior, segundo a Fundação Seade e o Dieese. Em julho de 2017, a taxa foi de 18,3%. O contingente de paulistas desempregados é estimado em 1,8 milhão de pessoas. Estamos falando de São Paulo, a cidade que historicamente representou uma espécie de “sonho americano” no Brasil. Talvez, isso explique as dificuldades que o candidato tucano Geraldo Alckmin esteja enfrentando no próprio terreno.

A taxa de desemprego pouco variou no município de São Paulo (de 16,3% para 16,2%), diminuiu na região leste, que inclui Guarulhos e Mogi das Cruzes (de 19,7% para 19,0%), e subiu na região sudeste e cidades do Grande ABC (de 17% para 18,2%). Além disso, o rendimento médio real dos ocupados caiu em 1,6%, e o dos assalariados, em 1,4%, passando a equivaler a R$ 2.089 e R$ 2.157, respectivamente. É óbvio que esses números são consequência da forte recessão ocorrida no governo Dilma Rousseff e das dificuldades de retomada do crescimento num ambiente de desajuste fiscal, mas essa percepção é obscurecida pelo desgaste sofrido pelo governo Michel Temer em razão da Operação Lava-Jato. [desgaste sofrido pelo governo Michel Temer que estava acertando na economia mas foi vítima sistemática de um ataque infundado feito pelo ex-procurador da República, Rodrigo 'enganot' - acusações sem provas, vazias, sem fundamentação, tanto que ainda estão sem homologação pela Corte Suprema.
A propósito, por onde anda o procurador Miller, braço direito do 'enganot' e assessor para assuntos criminosos dos irmãos Batista?
Foi esquecido? sendo redundante, anistiado?]

Vem daí a segunda prioridade: o combate à corrupção. A Lava-Jato, como já se sabia, se tornou um vetor importante da campanha eleitoral, com forte influência no posicionamento dos eleitores. Mesmo considerando a campanha feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a operação, para caracterizá-la como um instrumento de perseguição política, essa variável continua fortíssima. De certa forma, o ex-presidente conseguiu romper essa barreira em termos eleitorais, mas ela é intransponível 
juridicamente, pois Lula estará preso e terá sua candidatura impugnada.

A terceira prioridade é violência, que está relacionada ao desemprego, à desestruturação das famílias e à corrupção. [o principal alimentador da violência é a IMPUNIDADE e o fato dos criminosos contarem com a certeza que seja qualquer for crime que cometam, mesmo que hediondo, contarão com o apoio da turma dos DIREITOS HUMANOS.
Infelizmente faltou ao presidente Temer a coragem - e os principios hierarquia e disciplina inibiram o general Braga e agir da forma mais adequada - que seria exatamente a que Temer temeu aplicar e que teria como primeiro passo adotar as medidas necessárias e quando a turma dos direitos humanos (sempre atenta a qualquer indicio de que os direitos humanos de um criminoso possam ser violados) pretender impor limites a intervenção, bastava Temer determinar: que o necessário seja feito e vamos aguardar que alguém tente impedir.
Essa simples decisão teria deixado claro aos bandidos quem mandava e eles concluíram que o poder não estava com eles.] É aí que o deputado Jair Bolsonaro (PSL) nada de braçada, com seu discurso a favor do endurecimento da repressão policial, em defesa da família unicelular patriarcal e de soluções mágicas [cabiveis, corretas e coerentes e entre elas não está a de conceder crédito aos que não tem salário para honrar o compromisso crediticio assumido.
Primeiro o emprego, seguido do salário e do direito de gastar.
Perdoar dívidas, limpar nome de devedores é medida demagógica, inexequível e que realimenta o endividamento.] Seu principal assessor econômico, Paulo Guedes, se propõe zerar o deficit público em um ano, com um programa de reforma administrativa e privatização radical dos ativos públicos, que seriam transferidos para um fundo de resgate da dívida pública.

Bom senso
A grande dificuldade que todos os demais candidatos estão enfrentando no processo eleitoral para superar a polarização Lula versus Bolsonaro que de fato não existe: decorre do fato de que ambos exploram, com sinal trocado, o senso comum do eleitor. [a candidatura de Bolsonaro é REAL e a do presidiário Lula é candidatura fantasma.] Como se sabe, o senso comum é uma visão de mundo disseminada de forma desordenada e assistemática, quase sempre alicerçada em ideias religiosas e nos costumes, contra a qual é muito difícil se opor. A não ser que entre em cena o chamado “bom senso” em relação à solução objetiva dos problemas. Por exemplo, é um senso comum culpar o governo Temer pelas altas taxas de desemprego; em contrapartida, é uma questão de bom senso limitar os gastos pessoais à capacidade de endividamento das famílias.


Assim, a percepção de que o mesmo critério adotado para equilibrar as finanças domésticas deve ser usado nas contas públicas seria uma questão de bom senso, uma espécie de ovo de Colombo, mas não é. A corrupção, os privilégios e os desperdícios de recursos públicos impedem essa compreensão. Tanto Lula como Bolsonaro apostam em concepções arraigadas da população, alicerçadas no senso comum (não é à toa que uma parcela do eleitorado de ambos se confunde), mas há o outro lado da moeda: a radicalização política e a disseminação do ódio ideológico na campanha eleitoral por ambos contrariam a cultura de conciliação da política brasileira. O medo dessa confrontação pode vir a ter um peso decisivo nas eleições em favor de uma candidatura mais moderada, identificada com o eleitor mais preocupado em defender sua família do desemprego, da violência e da desestruturação. [os três fatores que o eleitor tem preocupação defender levam a JAIR BOLSONARO.]

Luiz Carlos Azedo - Nas Entrelinhas - CB
 

Pode o juiz falar?

Juízes representam uma instituição cuja autoridade depende de sua imagem de imparcialidade

O Judiciário brasileiro não é carente de juízes boquirrotos. Importa pouco se o veículo é o microfone de jornalista, a palestra para executivos ou a rede social. Magistrados das altas Cortes têm emitido comentários públicos sobre assuntos variados do país. Naturalizamos a opinião judicial instantânea: basta cozer por poucos minutos, e ela sai pronta para consumo externo. São opiniões pré-sentença, de bate-pronto, que fingem não antecipar a decisão final, mas revelam premissas e inclinações do juiz. Opiniões pré-sentença dispensam até mesmo a existência de um caso. O juiz opinioso não ouve argumentos ou contra-argumentos, não respeita o processo e seu tempo. Entrega-se à ansiedade do protagonismo, queima a largada e sai falando o que manda seu instinto, que pode ser de autoproteção ou de proteção de suas alianças de poder.

Há exemplos muito diversos por todas as instâncias. Para lembrar de alguns recentes, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, diante das gravações de Joesley Batista, afirmou que a “primeira providência que deveria ser tomada era prender eles” e sugeriu que “passassem do exílio nova-iorquino para o exílio da Papuda”; o ministro Gilmar Mendes, em prática serial de críticas à Operação Lava Jato, disse que “precisam de psiquiatras, não de corregedores”; o ministro Alexandre de Moraes não resistiu a comentar a recomendação do Comitê de Direitos Humanos da ONU sobre direitos eleitorais de Lula, reduziu o órgão a “subcomitê do comitê” e concluiu que “cada macaco no seu galho”.

Não é difícil intuir algo de errado nessas condutas, mas temos de investigar exatamente o quê. O caminho mais rápido é olhar para regras legais sobre comportamento judicial: a Constituição Federal (Art. 95, III), a Lei Orgânica da Magistratura (Art. 36, III), o Código de Ética da Magistratura ou o Provimento nº 71 do Conselho Nacional de Justiça. Essas regras estabelecem limites genéricos ao que o juiz pode dizer ou fazer: não podem desempenhar “atividade político-partidária”, antecipar julgamento sobre casos pendentes, nem criticar colegas de modo depreciativo. Devem também ter decoro e discrição para preservar a confiabilidade e a independência judicial. Em defesa de sua conduta pública ruidosa, por sua vez, juízes têm invocado o direito à liberdade de expressão.

Para entender o que está em jogo, há que fazer caminho mais longo e observar a filosofia por trás das regras. Uma forma de descrevê-la parte do conceito de estado de direito, o ambicioso projeto do “governo das leis, e não dos homens”.
Apesar da eloquência dessa máxima, que parece pedir juízes sobre-humanos, robôs desencarnados de sua subjetividade, ela quer dizer algo mais modesto: juízes representam uma instituição cuja autoridade depende de sua imagem de imparcialidade.

Ao escolherem a carreira, submetem-se a uma disciplina que não é só intelectual, mas também institucional; a uma ética que não é só a geral, aplicada a qualquer cidadão, mas a uma ética particular à função.

Quando o ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça, foi criticado por sua enquete no Twitter sobre a exótica figura da “intervenção militar constitucional”, respondeu que tem “liberdade de auscultar a sociedade”: “Posso assegurar a liberdade de expressão de mais de 200 milhões de brasileiros no meu exercício profissional, mas, paradoxalmente, não posso expressar a minha liberdade de querer entender o pensamento dos meus seguidores?”. O ministro Luiz Fux, ao sugerir “exílio na Papuda”, ressaltou fazê-lo “em meu nome pessoal”. Fernandes e Fux nos pedem que separemos suas opiniões como juiz de suas opiniões como cidadãos comuns. Essa separação, porém, é impraticável: um juiz não consegue se desvestir do papel de juiz quando vai ao espaço público. Sua fala vem com o carimbo da autoridade e à luz desse carimbo será interpretada.
A “liberdade de expressão do Estado (e de seus agentes, como juízes, policiais ou promotores) não equivale à “liberdade de expressão contra o Estado”, atribuída a qualquer indivíduo. Por boas razões, a primeira carrega fardo mais pesado que a segunda. Se aceitamos a premissa, não basta ao juiz invocar sua liberdade de expressão quando se pronuncia em público.

Conrado Hübner Mendes - Época

Jair Bolsonaro fez do JN sua ‘plataforma de tiro’

[a sinceridade e firmeza do presidente Jair Bolsonaro resultou em que  foi o atual deputado o único que conseguiu desarticular seus 'entrevistadores'.

A dupla Bonner & Renata tinha uma estratégia de fogo concentrado e alternado de forma a não dar espaço ao 'interrogado'.

Bolsonaro conseguiu sem esforço desarticular e com isso os dois 'adversários' perderam o rumo.

Resultado: "fez barba, cabelo ebigode"]

“A mesa é giratória, avisou William Bonner, recomendando a Jair Bolsonaro que ocupasse sua cadeira “com cuidado”. O capitão exonerou o anfitrião de suas preocupações: “Isso aqui tá parecendo uma plataforma de tiro de artilharia. Então, estou confortável aqui.” Elevado à categoria de mito por 22% do eleitorado, o imponderável carregava suas virtudes no coldre. Não tinha respostas a oferecer. Distribuiu rajadas. Mostrou que, bem treinado, adapta-se a qualquer cenário —ao Vietnã das redes sociais tanto quanto à trincheira da Rede Globo.

Bonner quis saber, por exemplo, como o entrevistado faria para combater a violência com “mais violência” sem ferir a “gente honesta e trabalhadora” que vive nas favelas brasileiras. Sem piscar e sem remorsos, Bolsonaro reiterou que o policial tem que ter licença para “ir com tudo para cima” dos bandidos. “…Se matar dez, 15 ou 20 —com dez ou 30 tiros cada um, ele tem que ser condecorado e não processado.” [enquanto a autoridade policial não for respeitada, seja pelo bandido ou favelado, a criminalidade vai continuar crescente.
Bandido tem que aprender que policia tem que ser respeitada e não apenas pelos bandidos.
Os moradores das favelas a partir do momento em que apoiam bandidos ganham o status de bandidos e como tal tem que ser tratados.]
Em certos momentos, Bolsonaro parecia não enxergar entrevistadores à sua frente. Não falava para Bonner e Renata Vasconcelos. Dirigia sua mensagem à plateia que o assistia em casa. Não chegou ao topo das pesquisas entregando-se a dúvidas ético-existenciais sobre o direito de um presidente de exterminar a bandidagem. A violência é o próprio pretexto para Bolsonaro. E o eleitorado do capitão, na frente do televisor, eliminando o inimigo sem sair do sofá. Matando de mãos limpas, com o auxílio luxuoso da “plataforma de tiro” do Jornal Nacional.

A surra que tomou de Marina Silva no debate da Rede TV! deixou Bolsonaro em estado de alerta. [do debate da Rede TV! da candidata evangélica pró aborto e pró maconha, a única lembrança que ficou  da Marina Silva, candidata do primeiro turno,  foi ser uma evangélica defensora do assassinato de seres humanos inocentes e indefesos - assassinado perpetrado sob o comando da própria mãe.] Treinado, foi à jugular de Renata Vasconcelos quando indagado sobre a desigualdade de gênero. Chegando ao Planalto, não fará nada para evitar que mulheres recebam contracheques 25% menores que os dos homens? [as mulheres passo a passo vão reduzindo a diferença, muitas já ultrapassaram aos homens; 
as mulheres estão tendo chances e sabem utilizar.]

Confrontado com suas contradições, Bolsonaro recorreu a uma velha tática de guerra: semeou a cizânia nas fileiras do inimigo. “Estou vendo aqui uma senhora e um senhor, eu não sei ao certo, mas com toda certeza há uma diferença salarial aqui, parece que é muito maior para ele do que para a senhora…” [salvo improvável engano o senhor ganha apenas quatro vezes mais que a senhora;
falamos de valores que alcançam milhares e milhares de reais, portanto, não estamos tratando que a senhora ganha dois salários mínimos e o senhor 8SM.
Os hipotéticos 8SM do senhor beiram os R$ 1.000.000,00.]

Antes que Bonner balbuciasse uma resposta, Renata viu-se compelida a tomar as rédeas da reação: “…Vou interromper vocês dois. Eu poderia até, como cidadã, e como qualquer cidadão brasileiro, fazer questionamentos sobre os seus proventos, porque o senhor é um funcionário público, deputado há 27 anos, e eu, como contribuinte, ajudo a pagar o seu salário. O meu salário não diz respeito a ninguém. E eu posso garantir ao senhor, como mulher, que eu jamais aceitaria receber um salário menor de um homem que exercesse as mesmas funções e atribuições que eu.” [o debate ocorreu na terça e a senhora ontem continuava exercendo suas funções, que fora mínimas diferenças são iguais as do senhor.]

Como que decidido a evitar que a jornalista virasse uma segunda Marina Silva, Bolsonaro preocupou-se em dar a última palavra. Insinuou que há dinheiro público também nos vencimentos dos entrevistadores: “Vocês vivem em grande parte aqui de recursos da União. São bilhões que recebem o sistema Globo, de recursos da propaganda oficial do governo.” Bolsonaro não estava interessado em redimir-se de eventuais pecados. Convencido de que seus eleitores perdoam tudo, queria dividir culpas. Como pode se apresentar como um cultor de novas práticas se recebeu auxílio-moradia da Câmara mesmo tendo apartamento em Brasília?, quis saber Renata. E Bolsonaro: “Agora, vão me desqualificar por ter recebido auxílio-moradia, que é legal, como a ‘pejotização’ de vocês também é legal?”

Diante da insistência da entrevistadora, Bolsonaro aproveitou a audiência do telejornal mais assistido do país para divulgar um anúncio da sessão de imóveis: “Meu apartamento está à venda. Quem quiser comprar está à disposição. Agora estou morando num funcional”, disse, antes de insinuar novamente que os jornalistas também recorrem a subterfúgios legais para pagar menos imposto: “A forma de vocês receberem por PJ (Pessoa Jurídica) também é legal. Está na lei. E eu não estou criticando isso aí.”

Imunizado contra o veneno de sua dependência em relação ao economista Paulo Guedes, Bolsonaro ensaiara também a resposta para a previsível pergunta sobre os riscos de uma separação. Provocado por Bonner, o candidato injetou na resposta um sujeito oculto: Fátima Bernardes.  “Bonner, quando nós nos casamos —eu com a minha esposa, você com a sua— nós juramos fidelidade eterna. E aconteceu um problema no meio do caminho, que não cabe a ninguém discutir esse assunto. Duvido, pelo que conheço de Paulo Guedes, (…) que esse descasamento venha, esse divórcio venha a acontecer.”

E se acontecer? “O único insubstituível nessa história sou eu, que daí troca todo o ministério. Fora isso, se por ventura vier a acontecer, pode ter certeza, né?, que não será por um capricho meu ou o capricho dele. Que nós estamos imbuídos, eu e Paulo Guedes estamos imbuídos, em buscar dias melhores para o nosso Brasil. E nós não queremos uma aventura nesse processo.”

No final da entrevista, Bonner questionou Bolsonaro sobre a pregação intervencionista do seu vice, o general Hamilton Mourão. “Vou ler aqui a frase dele: ‘Os poderes terão que buscar solução. Se não conseguirem, chegará a hora que nós teremos que impor uma solução’. (…) Que solução seria essa que os militares teriam que impor ao Brasil?” E o capitão: “Isso aconteceu em 64, e na forma da lei…” Bonner perdeu até a noção do tempo: “Nós estamos em 2021, candidato.”

Bolsonaro ensaiou uma defesa do golpe militar. Bonner atalhou: “Os historiadores sérios se referem a 1964, candidato, como um golpe militar…” A cena seguinte deixaria o entrevistador surpreso. Repetindo algo que fizera em sabatina da Globonews, o capitão escorou sua retórica num editorial escrito pelo fundador do Grupo Globo há 34 anos. “O senhor vai repetir isso?”, reagiu Bonner. Bolsonaro não se deu por achado: “…Deixa os historiadores pra lá. Eu fico com Roberto Marinho, o que ele declarou no dia 7 de outubro de 1984, vou repetir aqui.” [A palavra, a ética, a moral de Roberto Marinho o  favorece em qualquer comparação isenta e JAMAIS  pode ser desconsiderada.]

Bolsonaro recitou de cor o texto de Marinho: “Participamos da revolução democrática de 1964, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, distúrbios sociais, greves e corrupção generalizada”. E completou: “Repito a pergunta aqui: Roberto Marinho foi um ditador ou um democrata? É a história…”

Está virando uma praxe. Pela segunda vez, o capitão empurrou a Globo para a defensiva. Assim como a sabatina da TV por assinatura, a entrevista no canal aberto terminou com uma nota de esclarecimento: “…O candidato Bolsonaro esqueceu-se, porém, de dizer que, em 30 de agosto de 2013, O Globo publicou editorial em que reconheceu que o apoio editorial ao golpe de 1964 foi um erro…” [uma manifestação apresentada  quase 30 anos após o pronunciamento de Roberto Marinho - o Brasil governado por uma quadrilha - jamais deveria sequer ser divulgada.]

Bolsonaro aproveitou a “plataforma de tiro” da Globo para disparar mensagens repetidas aos seus fieis. Com ridículos oito segundos no horário eleitoral que começará a ser veiculado no sábado, ganhou de presente 27 minutos de vitrine nacional. Usou o tempo para despertar a fidelidade dos seus eleitores às vésperas dos ataques que os adversários lhe farão na TV, especialmente o tucano Geraldo Alckmin. [Alckmin para o  debate de ontem pode até ter preparado uma estratégia para atacar Bolsonaro - só que esqueceu de prepara uma para se defender da dupla Bonner-Renata e com isso perdeu feio.

O Blog Prontidão Total apesar de ter apenas dois leitores vem defendendo - até agora sem que fatos o contestem - que o tempo de Bolsonaro na TV será multiplicado por suas aparições advindas de direito de resposta (recurso que lhe permite usar o tempo do adversário que o caluniar;e, Bolsonaro será vítima constante de calúnias) - o único recurso dos seus adversários para a tentativa inútil de desqualificar o capitão.
O importante é que Bolsonaro TEM VOTOS e são os VOTOS que elegem os candidatos.]

O sucesso de Bolsonaro é proporcional à decadência do sistema político. A dúvida é se o candidato conseguirá amplificar o discurso para além do cercadinho em que está confinado o seu rebanho.  Os convertidos que deram a Bolsonaro o prestígio que o levou ao Jornal Nacional parecem decididos a promover um encontro da política com os seus limites. Os adversários do capitão colocam a culpa no povo, que ainda não aprendeu a votar. [o povo que ainda não aprendeu a votar, não vota em Bolsonaro e sim nos Lulas, nas Dilmas, nas Marinas, nos Haddad e assemelhados.
O maravilhoso para o Brasil, para os brasileiros e até para os venezuelanos (que insistem em disputar empregos no Brasil, que tem 13.000.000 de desempregados) seria a possibilidade de uma fusão Bolsonaro x Alckmin, a soma seria perfeita para o Brasil recuperar sua economia, reduzir o desemprego, melhorar a educação, saúde e segurança.
Mas, para infelicidade do Brasil e dos brasileiros, tal possibilidade,  constitucionalmente,  não existe.] 

O diabo é que as pesquisas informam que o capitão está bem posto nos nichos mais escolarizados e endinheirados do eleitorado. Nesse universo, há muita gente que está tão ocupada fazendo a história que não consegue compreendê-la. Há pessoas que querem virar a página de qualquer jeito. Nem que seja para trás. O cardápio de candidatos estimula a autoflagelação.

Blog do Josias de Souza

[Nota do Blog Prontidão Total:
Ser réu não significa ser culpado.

Réu é apenas alguém que está sendo acusado da prática de determinado ato, a acusação de transformou em denúncia e esta foi recebida por um Juiz.

O mais puro dos inocentes pode ser acusado de uma prática criminosa, denunciado, ter a acusação recebida por um magistrado e se tornar réu e no julgamento ser absolvido - dependendo do caso podendo até processar seus acusadores.

SÓ APÓS o julgamento, sendo condenado, obviamente, passa à condição de condenado, podendo  sofrer as sanções legais, que incluem o impedimento a ser candidato.]  

Líder de movimento dos sem-teto pede direito de resposta

Assessora da deputada Márcia Lia, do PT paulista, Edinalva Franco era responsável pela cobrança de um aluguel pago pelos moradores dos imóveis invadidos [tem sujeira, tem exploração da miséria alheia, por ter certeza que tem petista envolvido - pelo menos em 99% dos casos.]

Em 10 de maio deste ano, dez dias depois do incêndio de um edifício ocupado por sem-tetos no Largo Paissandu, em São Paulo, que acabou desmoronando enquanto era consumido pelas chamas, a coluna publicou um texto sobre Edinalva Franco, chefe de um certo Movimento Moradia para Todos (MMPT). Assessora da deputada estadual Márcia Lia, do PT paulista, Edinalva também era responsável pela cobrança de um aluguel pago pelos moradores dos imóveis invadidos.

O texto faz referências a mensagens e gravações nas quais Edinalva aparece, entre outras ilegalidades, ameaçando despejar os sem-teto inadimplentes. Com o título “Pela luta dos sem-teto”, Edinalva pediu direito de resposta, atendido pela coluna. Segue-se o texto sem retoques nem correções:

Sob o título A cafetina dos Sem Teto foi publicada opinião desconhecedora da questão urbana e habitacional do país.
Para realizar um ataque misógino, se prestou a fazer acusações caluniosas e apologia à violência. Para além das questões pessoais colocadas pelo ‘colunista’ – função política, salário e veículo regularmente declarado – o que não foi considerado é que em 28 anos de luta, já foi militante, atua diretamente na conquista do direito à moradia para outras famílias como as 84 que residem na Rua Brigadeiro Tobias, 68 atendidas com carta de crédito, as 340 que serão atendidas em Itaquaquecetuba e centenas em ocupações porque não conseguem suportar os custos da moradia em razão de baixos salários.

Deve ser indigesto uma ex Sem Teto com casa, trabalho e carro. A organização de ocupações atende a uma necessidade no contexto de urbanização desigual e o convívio coletivo nesses locais exige regras e participação direta, inclusive com as despesas para garantia do mínimo de segurança.

Enquanto houver Sem Teto faremos a exigência prática de responsabilidade constitucional do Estado em fazer cumprir a função social da propriedade e a efetivação de políticas públicas.

Transcrito  ipsis litteris do Blog do Augusto Nunes - VEJA