Por outro lado, Marco Aurélio Mello acredita que essa não é a solução para a delinquência juvenil e diz que a corrupção é um problema mais grave
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio
Mello considera que a idade de 18 anos para a maioridade penal não é uma
cláusula pétrea da Constituição. Ou seja, pode sim ser modificada pelo
Congresso por meio de uma emenda. Por outro lado, entende que essa não é
a melhor saída para resolver o problema da delinquência juvenil e citou
questões mais importantes a serem enfrentadas, como a corrupção.
Ele argumentou que, se isso for cláusula pétrea, a idade de 70 anos para aposentadoria compulsória no serviço público também é. Há hoje no Congresso uma proposta para elevar para 75 anos a aposentadoria dos ministros das cortes superiores, a chamada PEC da bengala. — Eu não vejo como cláusula pétrea, porque se não teria que dizer que os 70 anos da aposentadoria compulsória se consubstancia cláusula pétrea. Não é o caso. Não podemos potencializar o que é cláusula pétrea, porque então não se mexe mais nela. Agora receio também a normatização em tempo de crise — disse o ministro.
Marco Aurélio destacou que a redução da maioridade penal não resolve os problemas do país, que são outros. Questionado quais são, ele respondeu: — Corrupção. Ter-se chegado ao estágio a que nós chegamos. E verificamos que a corrupção foi banalizada. Não posso dizer que foi barateada porque os valores são muito altos.
A decisão tomada ontem pela CCJ não leva à aprovação automática da proposta. Ela ainda precisa ser apreciada por uma comissão especial, que será instalada na próxima semana. Em seguida, deve ser votada em dois turnos pelo plenário da Câmara, onde precisa angariar o apoio de pelo menos 60% dos deputados, ou seja, 308 dos 513. Depois de tudo isso, a proposta também deve ser aprovada pelo Senado. Uma vez aprovada, a PEC pode ser promulgada, sem necessidade de ser sancionada pela presidente Dilma Rousseff.
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