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sábado, 3 de outubro de 2015

Dilma Rousseff consegue envelhecer o novo - chama de reforma do estado o que não passa de uma reles negociação para garantir por mais algumas semanas sua permanência no cargo

Dilma faz o que dizia ser 'escândalo', e envelhece o novo

A presidente Dilma Rousseff conseguiu envelhecer o novo. Apresentou como reforma do estado o que é, na verdade, a negociação de apoio à sua permanência no cargo. 

Defendeu como administração da coalizão o que foi mais um evento do lamentável toma-lá-dá-cá. E, de quebra, entrou em nova contradição com o que dizia na campanha.  Vale a pena ver de novo o que ela disse há pouco mais de um ano, no dia 15 de setembro de 2014, diante da declaração feita pelos candidatos Marina Silva e Aécio Neves de que era preciso reduzir o número de ministérios. “Acho um verdadeiro escândalo querer acabar com ministério. Tem gente querendo reduzir ministérios. Vocês podem saber os ministérios que eles querem reduzir. Um deles é o da Igualdade Racial, o outro é o que luta em defesa da mulher. O outro é de Direitos Humanos. E tem um ministério que eu criei e eles estão querendo acabar que é o da micro e pequena empresa.”

A redução de ministérios tem vantagens, claro, porque o gigantesco gabinete da presidente só servia para gastos excessivos e para ministros continuarem batendo cabeça. Era o caso da Secretaria de Assuntos Estratégicos que, por falta do que fazer ou por temperamento do ministro, invadia área de outras pastas. É lógico que é bom ter essa visão estratégica dentro do Planejamento. A redução significará corte de gastos, apesar de ela não ter reconhecido isso durante a campanha. Dilma usou também o tema para constranger os outros candidatos, e hoje diz que o faz em nome da modernização do estado.

Se a redução é bem-vinda, a forma e o objetivo da mudança anunciada nesta sexta-feira são o que há de mais antigo e deplorável na política brasileira. Ela perdeu a chance de fazer uma verdadeira reforma quando anunciou ministros sem qualificação para os cargos que ocuparão, ligados a caciques que estão sob a mira da lei, ou ligadas a práticas que precisam ser abandonadas.

A presidente afirmou que o governo é de coalizão e ela precisa governar com as forças que a apoiam. É verdade. Disse que é preciso estabilidade política. E é verdade. Mas o momento em que esse discurso de renovação e estabilidade se perde é quando chegam os nomes — e as sombras por trás dos nomes. Neste momento, deixa de ser a natural administração da coalizão de governo, para ser um mero balcão de negócios.

Fonte: Coluna da Míriam Leitão 

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