Certeira
a previsão da então presidente da Petrobrás, Graça Foster, lá pelos
idos de 2014 de que não ficaria “pedra sobre pedra” quando concluídas as
investigações sobre as traficâncias cometidas por funcionários,
políticos e empresários em nome e ao custo da empresa outrora símbolo de
pujança na economia do Brasil.
Em fidelidade à exatidão, a executiva se referia à capacidade da Petrobrás de promover ela mesma o desmonte da corrupção. Fazia uma promessa vã, quase uma bravata. A afirmação, no entanto, revelou-se premonitória no tocante ao resultado, uma vez que nada mais fica em pé na rede de mentiras e ilicitudes montada pelo governo para de um lado sustentar e de outro patrocinar o financiamento do projeto de perpetuação do PT no poder.
Em fidelidade à exatidão, a executiva se referia à capacidade da Petrobrás de promover ela mesma o desmonte da corrupção. Fazia uma promessa vã, quase uma bravata. A afirmação, no entanto, revelou-se premonitória no tocante ao resultado, uma vez que nada mais fica em pé na rede de mentiras e ilicitudes montada pelo governo para de um lado sustentar e de outro patrocinar o financiamento do projeto de perpetuação do PT no poder.
A
semana passada foi exemplar: começou com a prisão do amigo do
ex-presidente Lula, José Carlos Bumlai, sobre quem pesam várias
acusações, entre as quais a de ter intermediado pagamento de propina
para calar testemunha que ameaçava revelar fatos sobre o assassinato de
Celso Daniel, prefeito de Santo André morto por ter descoberto esquema
de corrupção na prefeitura.
No
dia seguinte, foram presos o líder do governo no Senado, Delcídio
Amaral, e o banqueiro André Esteves por tentativa de obstrução da
Justiça. Na sexta-feira, a empreiteira Andrade Gutierrez se comprometeu a
pagar multa de R$ 1 bilhão depois de confessar ser uma pagadora
contumaz de subornos: na Petrobrás, nas obras da Copa do Mundo, na usina
nuclear de Angra 3, em Belo Monte e na ferrovia Norte-sul.
Ao
mesmo tempo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, corre o risco de
ser cassado por quebra de decoro, está denunciado pela
Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal e começa a
temer que seu destino seja o mesmo do senador Delcídio, depois de
estabelecido o precedente. Isso sem falar no presidente do Senado, Renan
Calheiros, cuja denúncia por peculato e falsidade ideológica já foi
aceita pelo STF.
Se
disso tudo decorrerá algum tipo de ruptura, seja em relação ao mandato
da atual presidente ou na consolidação da falência ao modelo político em
vigor, os acontecimentos é que continuarão ditando o rumo. Mas, o
cenário da demolição está posto, independentemente do que virá em
substituição.
Não
há escapatória. Um dado é preciso levar em consideração: Delcídio
Amaral não é um senador qualquer. Era líder do governo, escolhido pelo
Planalto (não pela bancada do PT no Senado) para em seu nome atuar e
falar. Estava de posse dessa delegação quando se prontificou a
interceder por Nestor Cerveró no Supremo e a proporcionar condições de
fuga ao ex-diretor da Petrobrás. Em troca de um silêncio que, se
quebrado, não prejudicaria apenas o senador, mas a todos os que nos
últimos dois anos insistiram que nada de errado havia na Petrobrás.
Ladeira abaixo. O
PT entrou numa trajetória “água de morro abaixo” que não tem volta.
Erra até quando acerta. Acertou na recusa de emprestar solidariedade ao
senador Delcídio Amaral – não obstante devesse tê-lo feito em relação a
petistas de “raiz”, cujas ilicitudes levaram a condenações e prisões –,
mas errou feio na justificativa. Segundo
a nota do presidente do partido, Rui Falcão, diferentemente dos outros,
Delcídio não estava em “atividade partidária” e daí seu erro. Não foi
um ato falho. Foi, antes, a manifestação explícita e consciente de que o
PT governa em causa própria. [pode até ter sido também a citada manifestação explícita, mas, o ato falho ocorreu, já que Falcão declarou de forma inequívoca que Delcídio não merecia apoio por não estar em atividade partidária (na ótica do presidente do PT atividade partidária é roubar para o partido ou, no mínimo, passar parte do botim para os cofres do PT )e sim em atividade não partidária, o que na entendimento de Rui Falcão é roubar em proveito próprio e não repassar nada para os cofres petistas.]
Fonte: Dora Kramer
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