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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Guerra declarada

Derrubada de avião russo por militares da Turquia expõe os perigos do conflito civil na Síria e embaralha a estratégia do Ocidente para combater os terroristas do Estado Islâmico

Na terça-feira 24, onze dias depois dos atentados terroristas perpetrados pelo Estado Islâmico em Paris, os ânimos das nações mais poderosas do mundo foram de novo postos à prova quando o governo da Turquia decidiu derrubar um caça Su-24 pertencente à Rússia após este supostamente invadir espaço aéreo turco durante missão na Síria. Os relatos do que aconteceu são contraditórios. A Turquia diz que enviou, durante cinco minutos, dez mensagens ordenando que o avião se afastasse do território. Como os pedidos não foram atendidos, caças F-16 destruíram a aeronave. As autoridades russas dão uma versão diferente e afirmam que o jato não invadiu o espaço aéreo vizinho, sem representar ameaça ao país. O incidente embaralha a estratégia não só das duas nações diretamente afetadas, mas de todos os envolvidos no conflito civil sírio e no combate ao Estado Islâmico, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia.

 Explosão no Iraque,  a derrubada do avião russo e protestos na embaixada turca em Moscou:
tensões tornam o xadrez diplomático mais complicado 

Há cerca de dois meses a Rússia entrou com força na Guerra da Síria. Seu objetivo é combater o Estado Islâmico e os rebeldes que ameaçam o regime do ditador Bashar al-Assad, aliado de Moscou. Entre as milícias de oposição ao regime estão guerrilheiros turcomenos, que contam com o apoio de Ancara. Durante essas missões, as forças russas realizavam constantes incursões aéreas próximas à fronteira da Turquia. A derrubada do Su-24 – que foi ordenada pelo presidente turco Recep Tayyip Erdoğan – representa o ponto de ebulição de tensões que já colocavam os dois países em rota de colisão. A rapidez com que a decisão foi tomada sugere que a Turquia só esperava a oportunidade para mandar um recado ao rival. Também explica por que a Rússia considerou o ataque como uma “emboscada” e a razão pela qual o presidente Vladimir Putin classificou o episódio de “facada nas costas”. “O conflito entre a Rússia e a Turquia poderá aumentar ”, diz Chuck Freilich, cientista político e ex-analista do Ministério de Defesa de Israel. “Não militarmente, mas diplomaticamente, com um pequeno teatro bélico.” 


Mais importante do que isso são as consequências para o conflito na Síria e o combate ao Estado Islâmico. A Turquia é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Em tese, deve ser defendida pelos demais componentes do bloco (como Alemanha, Estados Unidos, França e Reino Unido) em caso de ofensiva inimiga. Para piorar, apesar de todas as principais nações do mundo estarem de mãos dadas no discurso contra o Estado Islâmico na Síria, elas possuem posições bem diferentes sobre Assad. Os russos apoiam o ditador lutando contra rebeldes, enquanto o Ocidente é contrário a ele. “A entrada da Rússia na equação síria mudou o equilíbrio do jogo”, afirma Hussein Kalout, professor de Relações Internacionais na Universidade de Harvard. “O país está ganhando terreno e encurralando o Estado Islâmico em áreas estratégicas.” 

Fonte: Isto É 
Ler na íntegra:  http://www.istoe.com.br/reportagens/441667_GUERRA+DECLARADA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

Fotos: Ali Mukarrem Garip/Anadolu Agency; KIRILL KUDRYAVTSEV/AFP PHOTO, Andrew Harnik/AP Photo  
 

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