Em
conversa reservada com parlamentares do PT, em Brasília, ex-presidente avaliou que o documento de Levy foi mais um 'libelo' do 'economês', em defesa do arrocho
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira, 12, a nota
escrita pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na qual
o comandante da economia pregou a segurança fiscal com corte de gastos e
disse ser preciso enfrentar "as
dificuldades de pagar impostos" para voltar a crescer, sem dar sinais
de flexibilidade nas políticas de ajuste adotadas até agora. Em conversa
reservada com parlamentares do PT, em Brasília, Lula avaliou que o documento de
Levy foi mais um "libelo"
do "economês", em defesa do
arrocho.
Lula pressiona Dilma, nos bastidores, para substituir Levy pelo ex-ministro do Banco Central Henrique Meirelles. Alega que o governo precisa liberar mais crédito na praça e "vender" um discurso de "esperança", indicando onde quer chegar sem falar toda hora em corte, aumento de impostos, desemprego e inflação.
Embora o Diretório Nacional do PT tenha recuado publicamente das críticas mais ácidas a Levy, há duas semanas, nos bastidores o comentário é que o partido perderá toda a sua base social e terá extrema dificuldade nas eleições municipais de 2016, principalmente em São Paulo, se Dilma não der uma guinada na política econômica.
A presidente resiste a dispensar Levy, neste momento, porque, ao contrário de Lula, avalia que trocar o ministro da Fazenda agora passaria um sinal de fragilidade ao mercado financeiro, indicando descontrole nos rumos do governo. Dilma já foi convencida, porém, de que é necessário afrouxar um pouco o ajuste fiscal para evitar que a recessão piore ainda mais. No Planalto, o comentário é que, se Levy não concordar com essas mudanças, sua situação ficará insustentável.
Porteira fechada
Reportagem publicada nesta quarta-feira pelo Estado mostrou que Meirelles já foi sondado informalmente por Lula sobre a possibilidade de ocupar a Fazenda, mas está exigindo uma espécie de "porteira fechada" para, se for o caso, aceitar a missão.
A condição apresentada por ele para assumir o posto, segundo relato de dois interlocutores ouvidos pelo Estado, é a de ter carta branca sobre decisões do Ministério do Planejamento e do Banco Central, além de autonomia para mexer na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil. Meirelles quer ter o controle de toda a área econômica e a última palavra até mesmo no Orçamento e na política monetária. Desde o primeiro mandato, Dilma nunca permitiu que o ministro da Fazenda tivesse todo esse poder, como Antônio Palocci tinha quando comandava a economia no governo Lula.
Fonte: Estadão
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