Ministério Público de São Paulo e procuradores da Lava Jato investigam a relação entre empresários argentinos que se favoreceram de negócios com a Petrobras e imóveis no condomínio onde fica o tríplex de Lula
As investigações do Petrolão desembarcarão, em breve, em países vizinhos. Trata-se da “Conexão Argentina”: a ligação entre empresários próximos aos ex-presidentes daquele país Néstor e Cristina Kirchner e personagens ligados aos desvios na estatal brasileira durante as gestões petistas. Delegados e procuradores da Lava Jato focam principalmente na venda de ativos da Petrobras ao kirchnerista Cristóbal López.Em 2010, ele adquiriu uma refinaria, estoques de petróleo e cerca de 350 postos de gasolina da estatal por um terço do valor, numa transação com forte suspeita de irregularidades, entre elas pagamentos de propina. Dois documentos obtidos por ISTOÉ mostram que Cristóbal López e investigados da Lava Jato utilizaram os mesmos intermediários e rotas para ocultar recursos com origem ilícita.
No primeiro documento, o juiz Cam Ferenbach, do estado americano de Nevada, além de detalhar a suspeita parceria de López com Lázaro Báez, pivô de um dos principais escândalos de corrupção das gestões Kirchner, sugere também como ele teria aberto a offshore Val de Loire. Num despacho de 27 páginas de uma ação movida pelos credores da dívida argentina, o juiz diz que a companhia-lavanderia de López foi criada pela M.F. Corporate Services, em Nevada. A mesma MF está por trás da offshore Murray, alvo da última fase da Lava Jato. Proprietários de uma dezena de imóveis, inclusive um tríplex vizinho ao atribuído à família do ex-presidente Lula, os sócios da Murray buscaram se beneficiar do anonimato, garantido pela legislação estrangeira, para esconder propina da Petrobras. Há fortes indicativos de que os seus beneficiários, de fato, sejam ligados ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
Em outro documento, a ex-responsável pela M.F. Corporate, de Nevada, Patrícia Amunategui confirma que empresas, como a Val de Loire, de Cristóbal López, e a Murray, investigada na Lava Jato, são de fachada. Patrícia diz, no depoimento às autoridades americanas em setembro de 2014, que a MF era um braço em Nevada da panamenha Mossack Fonseca, conhecida mundialmente por auxiliar corruptos e sonegadores. E vai além. Afirma que a MF contava até com empresas de prateleira para atender a demanda. Se um cliente precisasse de uma offshore em menos de um dia, eles já tinham uma para pronta entrega.
PREJUÍZO
Petrobras assumiu perdas de mais de US$ 50 milhões com a venda da
refinaria de San Lorenzo para empresário argentino
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