O estado já foi alvo de mais de 80 ataques em 27 cidades. Facção é suspeita de comandar as ações criminosas
Desde a última sexta-feira (29), o estado do Rio Grande do Norte vive uma onda de violência e ataques de vandalismo. Ônibus e veículos foram incendiados na capital Natal e em cidades do interior. Prédios públicos e privados foram depredados. O Ministério Público do Rio Grande do Norte aponta a facção Sindicato do Crime, que seria uma dissidente da maior organização criminosa do Brasil, como a possível mandante dos atentados.
Devido às ações, o sistema de transporte público de Natal foi altamente comprometido. No domingo (31), houve paralisação total do sistema. Os veículos circularam com frota reduzida a partir de segunda-feira (1º). Escolas e comércios chegaram a fechar as portas. Até o momento, nenhuma morte foi registrada.O presidente em exercício, Michel Temer, autorizou o envio de tropas das Forças Armadas para combater a onda de ataques no estado. O governo do Rio Grande do Norte confirmou o reforço de 1.000 homens do Exército e cerca de 200 fuzileiros. No começo da tarde de segunda-feira, em entrevista coletiva, o secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Rio Grande do Norte (Sesed), Ronaldo Lundgren, classificou os ataques criminosos como “atos de terrorismo”.
Ações criminosas
Os ataques tiveram como primeiro alvo um ônibus da empresa Guanabara que transitava pela Zona Oeste de Natal, próximo ao cemitério público da cidade, por volta das 15h30 da sexta-feira (29). Segundo passageiros, dois homens pararam o veículo, renderam o motorista e pediram a todos que deixassem o ônibus. Em seguida, atearam fogo no veículo e fugiram a pé.
Meia hora depois, por volta das 16 horas do mesmo dia, outro ônibus da mesma empresa foi atacado. Ainda no terminal, cerca de dez homens abordaram o motorista, cercaram o veículo, quebraram os vidros e atearam fogo com gasolina. Os criminosos trancaram o motorista e outros funcionários em uma sala no terminal. Ao todo, cinco ônibus foram incendiados em Natal na sexta-feira.
De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública, desde o início da onda de violência a polícia já registrou mais de 80 ataques em 27 cidades do estado até esta terça-feira (2). Além dos ataques, 17 presos fugiram do Centro de Detenção Provisória (CDP) da Ribeira, na Zona Leste de Natal, na madrugada de segunda-feira. Apenas um foi recapturado até o momento.
Possível causa
Segundo investigações, a instalação de bloqueadores de sinal de celular em penitenciárias do estado pode ser o motivo da série de ataques. Os bloqueadores, que foram instalados na quinta-feira (28), devem impedir que os detentos façam ou recebam ligações de dentro do presídio.
No mesmo dia, a Secretaria de Justiça e da Cidadania do Rio Grande do Norte enviou um memorando a todos os diretores de penitenciárias e cadeias públicas. Pedia a atenção dos agentes penitenciários para possíveis rebeliões e motins. O alerta foi emitido depois da circulação de áudios nas redes sociais, supostamente gravados por criminosos em resposta à instalação do sistema de segurança contra celulares. Em um dos áudios, um criminoso ligava para uma pessoa para alertá-la de que haveria represália à instalação dos bloqueadores e que os criminosos responderiam ao estado com uma “guerra no Rio Grande do Norte”.
Prisões
Até esta terça-feira, 72 suspeitos de participação nos ataques foram presos ou apreendidos. No domingo, João Maria dos Santos de Oliveira, de 32 anos, foi preso em um condomínio em Parnamirim, Grande Natal. Ele é apontado como o chefe da facção que coordena os ataques. Na casa, a polícia ainda apreendeu R$ 300 mil em espécie, aparelhos celulares e tablets. João Mago, como é conhecido, estava foragido desde dezembro do ano passado, quando saiu da Penitenciária Estadual de Parnamirim.
Além de João Mago, a Polícia Civil do Rio Grande do Norte anunciou a prisão de Daniel Silva de Carvalho, apontado como o “número 2” na linha hierárquica da organização criminosa. O criminoso era preso no regime semiaberto e usava uma tornozeleira eletrônica no momento da prisão.
Fonte: Revista Época
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