Juiz
estabelece fiança de R$ 28 milhões, quase o mesmo valor pago ao sortudo do
último sorteio
Moro manda soltar João Santana e Mônica Moura.
Mulher de marqueteiro terá que pagar fiança de R$ 28 milhões, determina
Moro
Em
despacho em que determina a soltura de Mônica Moura, mulher do marqueteiro João
Santana, o juiz Sérgio Moro estabelece pagamento de R$ 28 milhões de fiança.
O valor já havia sido bloqueado pela Justiça, mas a defesa concordou com o uso
do dinheiro. O valor é equivalente ao que foi pago a um
apostador de Alegrete (RS) que acertou os seis números da Mega-Sena no sorteio
do último sábado. Mônica não poderá sair do Brasil nem se encontrar com
outros investigados da Operação Lava-Jato, determinou Moro. Na decisão, ela
fica proibida de trabalhar em qualquer campanha eleitoral.
Mônica
estava presa há cinco meses. No despacho, o juiz prevê o mesmo benefício de
soltura ao marido de Mônica — caso os advogados apresentem petição nesse
sentido. Segundo Fabio Tofic, advogado do casa, isso será feito. — O
benefício se estende a João Santana também. Os dois devem ser soltos nos
próximos dias — disse o advogado ao GLOBO, comemorando a decisão: — A
decisão restabelece a justiça. Os interrogatórios deixaram claro que,
independente do resultado, a prisão preventiva não tem mais razão de ser.
Moro
considerou que a prisão não era mais “absolutamente necessária” já que a
fase de instrução do processo está no fim e o casal está disposto a “esclarecer
os fatos”. Em depoimento à Justiça no último dia 22 de julho, o casal
admitiu que parte da campanha da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) à
Presidência em 2010 foi paga no exterior. Ao juiz, Mônica Moura disse que
estava disposta a fornecer mais informações à Lava-Jato caso fechasse a
colaboração. O juiz também considerou que a situação do casal difere da de
operadores profissionais de lavagem de dinheiro, empreiteiros corruptores,
agentes de estatais e políticos beneficiários de caixa dois. “Nessa
avaliação, tenho também presente que a situação de ambos difere, em parte, da
de outras pessoas envolvidas no esquema criminoso da Petrobras. Afinal, não são
agentes públicos ou políticos beneficiários dos pagamentos de propina, nem são
dirigentes das empreiteiras que pagaram propina ou lavadores profissionais de
dinheiro”, escreveu Moro.
O juiz
ressaltou, no entanto, que isso não minimiza a gravidade da conduta de ambos
que está sendo investigada. “Embora isso não exclua a sua eventual
responsabilidade criminal, a ser analisada quando do julgamento, é possível
reconhecer, mesmo nessa fase, que, mesmo se existente, encontra-se em um nível
talvez inferior da de corruptores, corrompidos e profissionais do crime”,
diz o despacho.
Mônica e
João negociam acordo de delação premiada. Em depoimento a Moro, o publicitário e a mulher
admitiram que receberam no caixa dois pagamentos da campanha de 2010 da
presidente afastada Dilma Rousseff e que mentiram no primeiro depoimento à
Polícia Federal, em março, para proteger a petista. O casal foi preso no dia 22
de fevereiro, durante a 23ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de “Acarajé”.
Os dois passaram à condição de réus em duas ações por
corrupção e lavagem de dinheiro por terem recebido valores da Odebrecht
e de Zwi Skornick, apontado como operador no setor de estaleiros como
representante da Keppel Fels. Eles teriam recebido US$ 7,5 milhões em uma
conta na Suíça e R$ 23,5 milhões em espécie, no Brasil, que, segundo o
Ministério Público Federal (MPD), era parte de propina de contratos da
Petrobras.
A
empresária tem que entregar o passaporte e fica proibida de sair do país. Ela também não poderá entrar em
contato com num dos acusados ou investigados pela Lava-Jato, inclusive alguns
dos seus antigos clientes. Ela também é obrigada a comparecer na Justiça sempre
que requisitada.
Fonte: O Globo
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