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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Moro estipula 'Mega-Sena' para mulher de marqueteiro deixar a prisão



Juiz estabelece fiança de R$ 28 milhões, quase o mesmo valor pago ao sortudo do último sorteio

Moro manda soltar João Santana e Mônica Moura. Mulher de marqueteiro  terá que pagar fiança de R$ 28 milhões, determina Moro 

Em despacho em que determina a soltura de Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, o juiz Sérgio Moro estabelece pagamento de R$ 28 milhões de fiança. O valor já havia sido bloqueado pela Justiça, mas a defesa concordou com o uso do dinheiro. O valor é equivalente ao que foi pago a um apostador de Alegrete (RS) que acertou os seis números da Mega-Sena no sorteio do último sábado. Mônica não poderá sair do Brasil nem se encontrar com outros investigados da Operação Lava-Jato, determinou Moro. Na decisão, ela fica proibida de trabalhar em qualquer campanha eleitoral.

Mônica estava presa há cinco meses. No despacho, o juiz prevê o mesmo benefício de soltura ao marido de Mônica — caso os advogados apresentem petição nesse sentido. Segundo Fabio Tofic, advogado do casa, isso será feito. — O benefício se estende a João Santana também. Os dois devem ser soltos nos próximos dias — disse o advogado ao GLOBO, comemorando a decisão: — A decisão restabelece a justiça. Os interrogatórios deixaram claro que, independente do resultado, a prisão preventiva não tem mais razão de ser.

Moro considerou que a prisão não era mais “absolutamente necessária” já que a fase de instrução do processo está no fim e o casal está disposto a “esclarecer os fatos”. Em depoimento à Justiça no último dia 22 de julho, o casal admitiu que parte da campanha da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) à Presidência em 2010 foi paga no exterior. Ao juiz, Mônica Moura disse que estava disposta a fornecer mais informações à Lava-Jato caso fechasse a colaboração. O juiz também considerou que a situação do casal difere da de operadores profissionais de lavagem de dinheiro, empreiteiros corruptores, agentes de estatais e políticos beneficiários de caixa dois. “Nessa avaliação, tenho também presente que a situação de ambos difere, em parte, da de outras pessoas envolvidas no esquema criminoso da Petrobras. Afinal, não são agentes públicos ou políticos beneficiários dos pagamentos de propina, nem são dirigentes das empreiteiras que pagaram propina ou lavadores profissionais de dinheiro”, escreveu Moro.

O juiz ressaltou, no entanto, que isso não minimiza a gravidade da conduta de ambos que está sendo investigada. “Embora isso não exclua a sua eventual responsabilidade criminal, a ser analisada quando do julgamento, é possível reconhecer, mesmo nessa fase, que, mesmo se existente, encontra-se em um nível talvez inferior da de corruptores, corrompidos e profissionais do crime”, diz o despacho.

Mônica e João negociam acordo de delação premiada. Em depoimento a Moro, o publicitário e a mulher admitiram que receberam no caixa dois pagamentos da campanha de 2010 da presidente afastada Dilma Rousseff e que mentiram no primeiro depoimento à Polícia Federal, em março, para proteger a petista. O casal foi preso no dia 22 de fevereiro, durante a 23ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de “Acarajé”. Os dois passaram à condição de réus em duas ações por corrupção e lavagem de dinheiro por terem recebido valores da Odebrecht e de Zwi Skornick, apontado como operador no setor de estaleiros como representante da Keppel Fels. Eles teriam recebido US$ 7,5 milhões em uma conta na Suíça e R$ 23,5 milhões em espécie, no Brasil, que, segundo o Ministério Público Federal (MPD), era parte de propina de contratos da Petrobras.

A empresária tem que entregar o passaporte e fica proibida de sair do país. Ela também não poderá entrar em contato com num dos acusados ou investigados pela Lava-Jato, inclusive alguns dos seus antigos clientes. Ela também é obrigada a comparecer na Justiça sempre que requisitada.

Fonte: O Globo

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