Empresário diz que não sabe o paradeiro de dois dispositivos que geram a sequência de letras e números para ligar o computador
Ninguém sabe qual é a senha do notebook de Marcelo
Odebrecht. Nem ele mesmo. O empresário afirmou à Polícia Federal (PF) na
semana passada que a senha é gerada por um dispositivo eletrônico
chamado token, mas admitiu que não sabe onde está o aparelho. A situação
gerou mais um embate entre a PF e o Ministério Público Federal (MPF).
Em documento anexado na última segunda-feira em um dos processos contra o
herdeiro da Odebrecht, a delegada da PF Renata da Silva Rodrigues
criticou a Procuradoria-Geral da República (PGR) por não ter exigido que
Marcelo entregasse a senha do computador antes de assinar a delação
premiada.
Notebook da Odebrecht gerou mais um atrito entre Ministério Público e Polícia Federal - Geraldo Bubniak / O Globo
Policiais, promotores e o próprio Marcelo Odebrecht querem ter acesso ao computador para procurar emails, planilhas e outras provas que possam ser utilizadas para comprovar as informações prestadas nas delações feitas pelos executivos da companhia. O problema é que há um ano ninguém consegue acessar o notebook.
O impasse começou em 3 agosto. Em documento assinado pelo procurador Deltan Dallagnol, o MPF reclama que o notebook de Marcelo ainda não foi analisado pela PF e solicita que o empresário seja intimado a fornecer a senha para que os policiais possam procurar as provas dos crimes admitidos por Marcelo. No dia seguinte, o delator informou aos policiais que não poderia fornecer a senha, gerada por meio de dois tokens eletrônicos, que mudam a combinação a cada acesso, porque não sabe o paradeiro dos dispositivos.
Em depoimento à delegada Renata na última sexta-feira,
Marcelo relatou que desde agosto do ano passado, quando começou a
negociar sua delação com a PGR, informou aos procuradores que era
necessário encontrar os tokens para poder acessar os dados do notebook.
Na época, os advogados teriam informado a Marcelo que “o acesso ao
laptop seria solicitado pelo MPF à PF, dada a circunstância de que a PF
não estava participando do acordo, e que não seria adequado aos
advogados solicitar diretamente à PF por conta do sigilo”.
Ainda segundo Marcelo, os dois dispositivos teriam sido entregues ao departamento jurídico da Odebrecht em 2015, quando ele foi preso. O empresário também disse que perguntou pessoalmente aos advogados onde estariam os tokens, mas só ouviu respostas negativas. Relatou que “não mantém relações com os aludidos advogados, tendo desistido de obter a localização do token”, segundo o que está escrito em seu depoimento. Por fim, Marcelo quis deixar claro no depoimento que mencionou o problema em várias reuniões com a PGR e que teme que o problema prejudique a “efetividade da sua colaboração”.
Após ouvir Marcelo, a delegada Renata respondeu ao pedido de
Dellagnol nesta segunda-feira com uma crítica: “Preocupante para as
investigações que a obtenção de evidências contidas no laptop de
Marcelo, e que teria sido por ele supostamente indicado à PGR como
importante fonte de prova (contendo inclusive seus e-mails), não tenha
sido exigida como condição sine qua non para qualquer acordo — de
colaboração ou leniência, especialmente porquanto possa revelar novos
fatos delitivos, ou mesmo contrariar fatos reportados pelos
colaboradores (e que foram valorados para o oferecimento de
benefícios).”
A PF tinham esperança que o departamento de informática da Odebrecht pudesse dar uma solução para o problema da senha. A PF tentou até usar as mesmas senhas dos celulares do empresário no notebook. Até agora, não houve sucesso. Para a delegada Renata, a Odebrecht poderia estar obstruindo as investigações. "O quadro demonstra, no mínimo, ausência de interesse em agir de forma cooperativa por parte da empresa leniente e, em um tom mais grave, sugere a atuação de personagens com objetivo de obstruir as investigações. Não há como se cogitar que pertences pessoais de Marcelo tenham simplesmente se extraviado"
Ainda segundo Marcelo, os dois dispositivos teriam sido entregues ao departamento jurídico da Odebrecht em 2015, quando ele foi preso. O empresário também disse que perguntou pessoalmente aos advogados onde estariam os tokens, mas só ouviu respostas negativas. Relatou que “não mantém relações com os aludidos advogados, tendo desistido de obter a localização do token”, segundo o que está escrito em seu depoimento. Por fim, Marcelo quis deixar claro no depoimento que mencionou o problema em várias reuniões com a PGR e que teme que o problema prejudique a “efetividade da sua colaboração”.
A PF tinham esperança que o departamento de informática da Odebrecht pudesse dar uma solução para o problema da senha. A PF tentou até usar as mesmas senhas dos celulares do empresário no notebook. Até agora, não houve sucesso. Para a delegada Renata, a Odebrecht poderia estar obstruindo as investigações. "O quadro demonstra, no mínimo, ausência de interesse em agir de forma cooperativa por parte da empresa leniente e, em um tom mais grave, sugere a atuação de personagens com objetivo de obstruir as investigações. Não há como se cogitar que pertences pessoais de Marcelo tenham simplesmente se extraviado"
Fonte: O Globo
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