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domingo, 27 de maio de 2018

O governo cantou vitória antes da hora [Lembrai-vos de 64 - presidente Temer a greve é uma situação de conflito e o senhor é um político; confronto não é sua praia, seu negócio é conversar, conversar e ...]

O governo dormiu em festa e acordou em pânico. Na noite de quinta, o Planalto cantou vitória e anunciou que os caminhões voltariam a circular. Na manhã de sexta, foi atropelado pelos fatos. As rodovias continuaram bloqueadas, e a crise de abastecimento se agravou em todo o país.

[Passa da hora de transmitir o bastão do combate ao locaute das transportadoras e dos caminhoneiros (estes agindo como bonecos de ventríloquo)  para alguém que com os poderes recebidos do senhor  se imponha aos 'grevistas; 

alguém que eles temam por ter a certeza que esse seu preposto fará o que for necessário para restabelecer a ordem, neutralizar o movimento paredista, algo que o senhor jamais será capaz = usar a força que tem.]

O Planalto errou ao ignorar os alertas de revolta contra a disparada do preço do diesel. Errou de novo ao negociar com gente que não tinha força para suspender o motim. Errou mais uma vez ao abrir o cofre antes de garantir a liberação das estradas. [este foi o pior erro; negociação só com após total desbloqueio das estradas; negociar com grevistas é algo que exige disposição, não é o mesmo que articular votos no Congresso.
Liberar as estradas na marra é possível, mas bem complicado - preço político e logístico muito alto; 
O pior pode vir: os petroleiros estão com ideia de parar a Petrobras a partir de quarta feira.
Presidente, conversar, negociar, é bom, ótimo mesmo em certas situações; em outras temos que antes de conversar, dialogar, colocar o adversário de joelhos.
Será o inicio do CAOS, a volta,  piorada,  de 1964, após  54 anos.]  

Com o acordo na lona, Michel Temer apelou à saída de sempre: pediu socorro às Forças Armadas. Os militares não conseguem reduzir a violência no Rio, e agora se veem atirados em outra fogueira. Ao receber a nova missão, avisaram ao chefe que também correm o risco de ficar sem combustível.  O presidente resolveu endurecer o discurso. Em tom enfezado, disse que “terá a coragem de exercer sua autoridade”. Qual autoridade? O poder presidencial parece cada vez menor, esvaziado pela rejeição popular e pela debandada de aliados.  Temer está entrincheirado no palácio, cercado de bajuladores e políticos sem voto. O ministro Moreira Franco, novo titular de Minas e Energia, desapareceu no auge da crise. Agora quem fala pelo presidente é Carlos Marun, ex-capataz de Eduardo Cunha.

O ministro-pitbull voltou a dar plantão na TV para defender o chefe. “Fomos exitosos”, assegurou à GloboNews, na tarde em que o noticiário mostrava o fiasco do acordo. Na mesma entrevista, ele disse integrar o “melhor governo da história do país por hora de mandato”.  Marun não é o único desconectado da realidade. O Planalto acaba de lançar uma campanha publicitária para comemorar os dois anos do impeachment que instalou Temer no poder. Enquanto a propaganda repete o bordão “Avançamos”, a população experimenta a escassez de combustível, transporte e alimentos. Na quarta-feira, terceiro dia de bloqueio nas estradas, o site do MDB afirmou que “os tempos de instabilidade, recessão e desequilíbrio econômico ficaram para trás”.

 Bernardo Mello Franco - O Globo





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