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domingo, 7 de julho de 2019

Ultradireita ganha espaço no apoio incondicional ao governo Bolsonaro

Novos grupos políticos radicais crescem e começam literalmente a se chocar contra integrantes de entidades como o Movimento Brasil Livre


Houve um tempo em que se declarar politicamente de direita no Brasil equivalia a assinar um atestado para virar um pária na sociedade. Isso definitivamente acabou. A catástrofe econômica do governo Dilma Rousseff e os assaltos do PT aos cofres públicos foram os principais combustíveis para o surgimento de vários movimentos radicalmente opostos à esquerda. Agora é cool ser de direitae um presidente com essa ideologia governa o país. Tudo o que se expande, porém, enfrenta em algum momento as dores do crescimento. Em vez de engrossarem o discurso dos pioneiros, como o Movimento Brasil Livre, as novas ramificações surgidas a partir da mesma linha de pensamento começaram a se estranhar com os “veteranos” da luta, a quem acusam de ser “isentões”, “esquerdistas” e, quem diria, “comunistas”.

O cisma terminou em briga, literalmente. No último dia 30, durante as manifestações em apoio à Operação Lava-Jato e ao ministro Sergio Moro, integrantes do MBL trocaram empurrões e xingamentos na Avenida Paulista com integrantes do Direita São Paulo. Na Avenida Atlântica, em Copacabana, um homem com a camisa do Direita Rio (sem conexão com o Direita São Paulo) foi flagrado em um vídeo tentando dar um soco em uma pessoa do MBL.

Além do Direita São Paulo e do Direita Rio, engrossam as tropas dessa turma mais radical grupos como Avança Brasil, Quero Me Defender e Movimento Brasil Conservador. Antes de chegarem às vias de fato, as agremiações começaram a se estranhar virtualmente em torno do protesto anterior, de 26 de maio. Na ocasião, MBL e Vem pra Rua, outro pioneiro do grupo, não participaram dos atos devido aos ataques ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF) contidos nos motes iniciais de algumas convocações nas redes sociais. “Nunca defendemos esse tipo de coisa, a manobra foi uma tentativa do MBL e do Vem pra Rua de esvaziar as manifestações quando perceberam que haviam perdido o protagonismo”, critica Nilton Caccáos, fundador do Movimento Avança Brasil. “O episódio só aumentou a divergência deles com nossas entidades, que são efetivamente conservadoras e de direita.”

E qual seria a grande diferença ideológica que serviu de estopim para a batalha? Embora defendam também a Lava-Jato, o combate à corrupção, o ministro Sergio Moro e a reforma da Previdência, os radicais da direita se diferenciam por apoiar incondicionalmente Jair Bolsonaro e abraçar, de forma mais enfática, a pauta conservadora de costumes e tradição. Entre os pontos da plataforma estão o direito à vida desde a concepção, a preservação da “essência” cristã do Brasil, o resgate de “valores” como família, o respeito às Forças Armadas e a defesa de uma nova Constituição. [são pontos importantíssimos e a defesa de todos eles é essencial para que se tenha um Brasil diferente do atual;
o que  vale atualmente é desmoralizar a FAMÍLIA,  assassinar seres humanos inocentes e indefesos, desrespeitar as Forças Armadas e manter uma Constituição elaborada com aspecto de um manual de campanha eleitoral, concedendo direitos e mais direitos sem a contrapartida de deveres - tudo isso exige a união dos grupos Avança Brasil, Quero me defender, Direita São Paulo, Movimento Brasil Conservador, cujos objetivos se completam e a exclusão dos indecisos, dos mais antigos, que por se considerarem pioneiros tem a indecisão como guia.

Alcançada essa união pode ser formado um partido político forte, com Jair Bolsonaro presidindo o Brasil e finalmente veremos o ORDEM e PROGRESSO da nossa Bandeira sendo colocado em prática, juntamente com o resgate da FAMÍLIA, dos VALORES CRISTÃOS, do respeito a MORAL e aos BONS COSTUMES e mudanças profundas na Constituição, adequando-a aos novos tempos.

Mudança feita por uma Assembleia Constituinte, dentro da lei e  nos termos da Constituição vigente e que será modificada.]

Esses grupos ainda não têm a mesma dimensão de seus dois “adversários” na internet. Fundados em 2014, na esteira da jornada de junho de 2013, MBL (4,7 milhões de seguidores) e Vem pra Rua (2,5 milhões de seguidores) ainda dominam as redes sociais. Mas alguns dissidentes, como o Avança Brasil, já começam a tomar uma dimensão importante (1,6 milhão de seguidores). Por enquanto, o apoio a Jair Bolsonaro continua sendo um ponto de convergência entre todos os movimentos. O cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, entende que o discurso de ruptura adotado pelo presidente inflama essas massas e sustenta a adesão delas ao seu governo. “Algo semelhante aconteceu com as centrais sindicais e os partidos de esquerda quando Lula chegou ao poder”, compara. [com uma diferença: com a DIREITA no Poder, de fato e de direito, não haverá a roubalheira que foi o destaque da esquerda e do presidiário Lula no poder.

Com a direita e Jair Bolsonaro no Poder - oportuno lembrar que Jair Bolsonaro e os filhos tem CPFs diferentes e não haverá espaço para Olavo de Carvalho mandar e desmandar.

A DIREITA no Poder levará o Brasil ao ponto que todos querem.]
 
Depois das brigas recentes, os movimentos de direita e os de extrema direita já falam abertamente em não participar das mesmas manifestações no futuro. O MBL alçou à política nomes como o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-­SP), e as dissidências já começam a fazer o mesmo. [o MBL já cumpriu sua função primeira: eleger Kim Kataguiri. Agora é agir como a maioria dos políticos: o conforto e 'segurança' do topo de um muro.] O vice-­presidente do Direita São Paulo, Douglas Garcia (PSL-SP), emplacou como deputado estadual por São Paulo — e novos nomes devem ser lançados nas próximas eleições. A briga dentro da direita está apenas começando.


Publicado em VEJA de 10 de julho de 2019, edição nº 2642

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