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domingo, 11 de agosto de 2019

Toffoli, o ministro que colabora - O Globo

Bernardo Mello Franco

Nem Moro, nem Guedes. Em sete meses de governo, o ministro que mais facilitou a vida de Bolsonaro foi Dias Toffoli, presidente do STF

Nem Moro, nem Guedes. Em sete meses de governo, o ministro que mais facilitou a vida de Jair Bolsonaro foi Dias Toffoli. O detalhe é que ele não integra o governo do capitão. Dá expediente como ministro do Supremo Tribunal Federal. O presidente deve a Toffoli um favor de mãe: a liminar que paralisou as investigações contra o primeiro-filho, Flávio Bolsonaro. Com uma canetada em pleno recesso, o ministro tirou a polícia do encalço do Zero Um. Para salvá-lo, travou centenas investigações que também usaram dados do Coaf e da Receita Federal. [ESCLARECIMENTO: o processo no qual foi exarado o despacho que motivou a paralisação das investigação é de 2003,  e cuida de uma ação movida por um posto de gasolina contra a Receita Federal, que se encontra com o ministro Toffoli desde meados de 2018 e foi trazido à baila pelo advogado de Flávio Bolsonaro.
 
A imprensa não destaca um real caso de favoritismo da parte do STF e que implica em tudo que diz respeito ao presidiário petista, é tratado com celeridade pela Suprema Corte do Brasil.
Vejamos o caso da transferência do presidiário  da PF de Curitiba para SP. 
Em menos de 12 horas o STF recebeu um pedido da defesa do Lula contra a transferência, processo e julgou, com placar de 10 x 1 atendendo ao pedido sem fundamento legal da defesa do condenado petista.
A pressa foi tamanho que os supremos ministros não perceberam - apenas o ministro Marco Aurélio destacou o atropelamento das instâncias inferiores e foi voto vencido -   que sendo a decisão combatida de primeira instância, caberia que o pedido da defesa do presidiário fosse analisado pelo TRF-4, se cabível iria ao STJ, para só então ir ao STF - o devido processo legal foi simplesmente ignorado.

E o STF ainda deu um 'pequena legislada' para atender ao pedido de Lula - inexiste previsão legal de prisão especial para ex-presidente condenado e para suprir essa 'lacuna' o STF ignorou a ausência de legislação e criou uma virtual e específica para o caso.]


“Nunca na história brasileira um plantão judiciário concedeu liminar num caso sem urgência e a causar um tumulto de tal ordem”, resumiu o professor Walter Maierovitch.
A liminar surpreendeu pela ousadia, não pelo propósito. Desde a campanha, Toffoli se esforça para cortejar Bolsonaro e os militares que o cercam. Numa atitude inédita na democracia, o ministro instalou um general na presidência do Supremo. Depois saiu-se com a declaração de que preferia chamar o golpe militar de “movimento de 1964”.

Com Bolsonaro no poder, Toffoli virou habitué do Planalto e do Alvorada. Em abril, acompanhou o presidente num encontro com pastores evangélicos que o apoiaram na eleição. No mês seguinte, posou de figurante num café da manhã com deputadas e senadoras governistas. As aparições foram complementadas pelo anúncio de um estranho pacto entre Poderes, a pretexto de “destravar o Brasil para retomar o crescimento”.

Após o recesso de julho, o ministro resolveu dar mais uma prova de fidelidade. Na revista “Veja” que circula neste fim de semana, ele relata encontros em que teria acalmado políticos, empresários e militares insatisfeitos com Bolsonaro. Toffoli emerge da entrevista como o fiador de um governo em apuros. “O Supremo deve ter esse papel moderador, oferecer soluções em momentos de crise”, afirma. O Poder Moderador foi abolido pela Constituição de 1891. O texto instituiu a separação dos Poderes, que deveriam funcionar com “independência e harmonia”. A ideia de um Judiciário governista, seja qual for o governo, contraria um princípio básico da República.

No Congresso, os movimentos do presidente do Supremo são interpretados como uma busca por proteção. Nomeado pelo ex-presidente Lula, ele costuma ser alvo da militância bolsonarista na internet. O ministro também se viu na mira da Lava-Jato ao ser citado na delação da OAS. No início do ano, soube-se que a Receita investigava sua mulher por suspeita de irregularidade fiscal. Em março, Toffoli instaurou um inquérito sigiloso que, nas palavras da procuradora Raquel Dodge, transformou o Supremo em “tribunal de exceção”. Ele alegou que pretendia rebater “notícias fraudulentas” e defender a “honorabilidade” da Corte. Há dez dias, o ministro Alexandre de Moraes usou o inquérito para suspender investigações da Receita. Beneficiou 133 pessoas, incluindo a primeira-dama do Supremo.
 
Bernardo M. Franco, jornalista -  em O Globo
 
 

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