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Países justos e bem-sucedidos são os que utilizam o dinheiro dos impostos para formar os melhores, e não para formar muitos
Acaba de acontecer, mais uma vez. “Está cheio de doutor desempregado por aí, mas é difícil ter um bom encanador passando fome ou na fila do Bolsa Família”, disse Weintraub outro dia. Disse também que um bom eletricista “consegue se virar”, e outras coisas desse tipo. O que o ministro poderia dizer de mais certo do que isso? Na verdade, é uma das melhores afirmações que fez em público desde que assumiu o cargo — e ficaria melhor ainda se tivesse tido tempo para acrescentar que também não existe carpinteiro desempregado no Brasil de hoje, não no Brasil de verdade onde há gente que sabe e quer trabalhar. Da mesma forma, também não existe armador, bombeiro, pintor, ladrilhista ou pedreiro de acabamento sem emprego, e mais os praticantes de uma penca de ofícios na construção civil. Mestre de obras, então, é bicho raríssimo. Quer dizer que ser encanador é melhor que ser advogado, filósofo ou cientista social no Brasil atual? A pergunta é boba. Não é melhor nem pior — é apenas a constatação objetiva de que um trabalhador manual especializado tem emprego quase certo, e os formados em faculdades descoladas da vida real não têm. Que faculdades são essas? As que não oferecem aos seus alunos os conhecimentos exigidos pelos sistemas de produção hoje em operação no país — a “economia”, como se diz. Ou, mais precisamente, não ensinam aquilo que a sociedade brasileira está precisando, ou querendo.
O ministro falou que a sua meta é aumentar em 80% o número de alunos nos cursos de ensino técnico até o final deste governo. Isso, em si, não quer dizer nada. Meta de governo é miragem — e miragem só se desfaz quando deixa de ser miragem, ou seja, quando a conversa acaba e aparece a obra. O poder público brasileiro, como se sabe desde 1.500, é ruim na fase da execução — na fase de falar em “metas” é um espetáculo, mas na hora de entregar o resultado está em geral fechando a raia. No caso, se o Ministério da Educação fizer metade do que promete, já estará muito bom. Se não fizer, será um fracasso. Qual dos dois vai ser? Nem Deus sabe.
O que se sabe é que não adianta nada ficar gastando bilhões em dinheiro público para formar farmacêuticos que vão ser balconistas de farmácia ou advogados que acabam como motoristas de Uber.
Países justos e bem-sucedidos são os que utilizam o dinheiro dos impostos para formar os melhores, e não para formar muitos.
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