Mohammed bin Salman é acusado internacionalmente de ser o mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi
“Acho que todo mundo gostaria de passar uma tarde com um príncipe, principalmente vocês, mulheres. Vou ter essa oportunidade hoje. Nós dois temos certa afinidade”, disse Bolsonaro a jornalistas na saída do hotel onde está hospedado.
Embora o príncipe herdeiro tente mostrar ao exterior uma imagem de maior abertura nos costumes, as mulheres ainda enfrentam uma série de restrições no país, como a forma de se vestir. No ano passado, a Arábia Saudita foi o último país a permitir que as mulheres possam dirigir automóveis. E foi somente em agosto deste ano que as sauditas passaram a ter a possibilidade legal de viajar sem a autorização de um homem, como era exigido até então.
Há cerca de um mês, o príncipe também assumiu “total responsabilidade” pela morte do jornalista Jamal Khashoggi, mas negou ter dado a ordem para que ele fosse morto. “Este foi um crime hediondo. Assumo total responsabilidade como líder da Arábia Saudita”, afirmou durante uma entrevista exibida pela rede de TV americana CBS.
Porém, diversos países acusam Bin Salman pela morte e uma investigação da ONU concluiu que o príncipe herdeiro foi o mandante do assassinato. Crítico ao governo saudita, Khashoggi foi morto dentro do consulado de seu país em Istambul.
O regime da Arábia Saudita ainda é responsável por milhares de mortes no Iêmen, onde lidera uma coalizão regional de apoio às forças pró-governo contra os rebeldes huthis, apoiados pelo Irã. O conflito já deixou dezenas de milhares de mortos, a maioria civis, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 3,3 milhões de pessoas continuam refugiadas, e 24,1 milhões (mais de dois terços da população) necessitam de assistência, afirma a ONU, classificando esta crise humanitária como a pior do mundo.
Nesta terça, Jair Bolsonaro cumpre agenda de reuniões em Riad e participa de um jantar oferecido por Mohammed bin Salman.De acordo com Bolsonaro, que está no país em busca de investimentos, a defesa é a área mais importante nas conversas com os sauditas. “Eles querem investir maciçamente no Brasil”, afirmou.
Outro ponto em discussão envolve o agronegócio. Bolsonaro disse que os sauditas buscam maior segurança alimentar. “O Brasil é um mar de oportunidades e eles descobriram isso. É um novo governo que está transmitindo confiança para eles e que os encoraja a investir no Brasil. Estamos muito bem com a Arábia Saudita.”
A Arábia Saudita é a última parada da viagem oficial do presidente brasileiro pela Ásia, que já teve passagens por Japão, China, Emirados Árabes Unidos e Catar.
Estadão Conteúdo
O velho truque de usar o filho como laranja nas redes sociais
O que lhe vem à
cabeça quando ouve falar de hienas? O som que emitem e que parece uma
risada tétrica? A feiura e o tamanho da cabeça desproporcional ao corpo?
Os dentes sempre à mostra? A ferocidade e o costume de atacar em bandos
quase sempre à noite? O caráter dissimulado, traiçoeiro? O apetite por
comida podre, de preferência roubada a outros animais?
Como você reagiria se
fosse comparado a uma hiena? Em sua conta no Twitter, o presidente Jair
Bolsonaro postou um vídeo que mostra um leão cercado por hienas. O leão é
ele. Cada hiena carrega um selo na cabeça: Supremo Tribunal Federal,
Ordem dos Advogados do Brasil, Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil, PT, PSDB, PSL, TV Globo, Folha de S. Paulo, VEJA.
Atacado, exausto, o leão
acaba salvo por outro que entra em cena com o nome de “Conservador e
Patriota”. Os dois leões confraternizam. A imagem deles cede a vez à
imagem da bandeira brasileira. E do centro da bandeira emerge uma foto
do presidente Jair Bolsonaro. Diminui o fundo musical para que se ouça a
voz de Bolsonaro dizendo: “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”.
Com menos de duas horas
no ar, o vídeo foi acessado na conta de Bolsonaro pelo menos 1,2 milhão
de vezes. Até que foi apagado. Fontes do governo informaram que
Bolsonaro mandou apagar. E insinuaram que o vídeo havia sido postado por
Carlos, o Zero Três, que tem acesso às senhas do pai. Bolsonaro não
manda nos filhos. Mas quer que se acredite que sabe mandar no país. Pai e filho já se valeram
do truque em outras ocasiões. Um finge que fez algo à revelia do outro.
A depender da repercussão, o outro diz que mandou apagar. Por vezes,
sob pressão dos ofendidos, é o pai que manda que o filho apague. Por
vezes, é do filho a inciativa de apagar porque o objetivo foi alcançado.
No caso do vídeo dos leões e das hienas, os objetivos foram pelo menos
dois.
Primeiro, açular os
bolsonaristas para que defendam um presidente cercado de inimigos e sob
ataque. Segundo, distrair a atenção do país no momento em que são
revelados áudios de Fabrício Queiroz, amigo há mais de 40 anos de
Bolsonaro, sócio da família no esquema das rachadinhas. Mais um áudio
foi conhecido ontem. Nele, Queiroz debocha do Ministério Público Federal
Para não dar gosto a
Bolsonaro e ao filho vereador, as instituições identificadas como hienas
preferiram calar-se. Mas o integrante de uma delas, o ministro Celso de
Mello, não se conteve e reagiu à altura. Soltou uma nota onde disse que
“o atrevimento presidencial parece não encontrar limites na compostura
que um Chefe de Estado deve demonstrar no exercício de suas altas
funções”.
A irritação do ministro
com o presidente da República vem num crescendo. Antes da eleição de
Bolsonaro, Celso de Mello cogitou aposentar-se este ano, embora só fosse
obrigado a fazê-lo no próximo ao completar 75 anos. Depois que
Bolsonaro tomou posse, Celso de Melo desistiu da ideia. Resistirá no
cargo até o fim. E, quando necessário, atirando.
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