“Faltam leitos de UTI, respiradores e equipamentos de proteção, além de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, porque muitos estão se contaminando”
Em sua primeira entrevista coletiva, o ministro da Saúde, Nelson
Teich, ontem, anunciou que o governo federal prepara uma diretriz para
orientar cidades e estados na flexibilização do distanciamento social
contra o novo coronavírus, que deverá ser anunciada na próxima semana.
Argumentou que o total de pessoas infectadas com Covid-19 é baixo se
comparado com o total da população e fez a previsão de que menos de 70%
da população contrairão a doença, ao contrário das estimativas iniciais.
Segundo o ministro, o Brasil tem 43,5 mil casos do coronavírus. “Se a
gente imaginar que pode ter uma margem de erro grande — digamos que a
gente tenha aí 100 vezes, isso é só um exemplo hipotético — a gente está
falando em 4 milhões de pessoas. Nós hoje somos 212 milhões”, explicou.
Teich arrematou: “Fora da Covid tem 208 milhões de pessoas que continuam com as suas doenças, com os seus problemas, e que têm que ter isso tratado. E o que é que representam, hoje, 4 milhões de pessoas num país como esse? 2% da população”, disse. O ministro anunciou o novo secretário-executivo do Ministério da Saúde: o general de divisão Eduardo Pazuello, que hoje é comandante da 12ª Região Militar, principal unidade de logística do Exército na Amazônia, responsável por quatro hospitais, embarcações, manutenção, suprimentos e uma companhia de comando, para o apoio às unidades de combate do Comando da Amazônia. Integrante do grupo de generais paraquedista do Rio de Janeiro que hoje forma o Estado Maior de Bolsonaro, é um especialista em logística. Sua missão no Ministério da Saúde será operar a estratégia de saída da política de isolamento social em todo país, sem deixar que haja o colapso do sistema de saúde pública. Se houver precipitação, será uma missão impossível.
Como Teich ainda aparenta muita insegurança no comando do Ministério da Saúde, a entrevista foi protagonizada pelos ministros da Casa Civil, Braga Netto, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. O primeiro apresentou dois planos de retomada da economia, denominados Pró-Brasil Ordem e Pró-Brasil Progresso, para serem executados num período de dez anos. O viés é desenvolvimentista, na linha do famoso tripé Estado, iniciativa privada e investimentos estrangeiros. Em meio à recessão mundial provocada pelo coronavírus, é inevitável a comparação com o ambicioso II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) do presidente Ernesto Geisel, que foi abatido pela crise do petróleo. Braga Netto disse que o ministro da Economia, Paulo Guedes, que não estava presente na coletiva, endossou o plano.
O ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, roubou a cena. Resolveu puxar as orelhas da imprensa: “Nós, do governo do presidente Jair Bolsonaro, respeitamos muito a liberdade de imprensa e ela é fundamental para o processo democrático de todo o país. Porém, desde o começo dessa crise do coronavírus, nós temos observado uma cobertura maciça dos fatos negativos. Os noticiários entram nos lares brasileiros todos os dias. Com todo respeito, no jornal da manhã é caixão, é corpo. Na hora do almoço, é caixão novamente, é corpo. No jornal da noite, é caixão, é corpo e o número de mortos.” [correta a observação do general - a quase totalidade da imprensa, em qualquer mídia, destaca o lado negativo dos efeitos da pandemia.
O número de recuperados RARAMENTE é mencionado - O número de mortos é sempre apresentado, destacado, eventual manuseio inadequado de corpos é enfatizado, abertura de covas é destacada, sem menção a que se trata de um procedimento rotineiro em cemitérios após as chuvas.
A propósito, apesar do quadro caótico que tentam apresentar, Brasília apresenta 25 mortos, pouco mais de 900 comprovadamente infectados e mais de 500 recuperados.
A falta de materiais é sempre ressaltada - indiscutível que a proteção do pessoal da saúde é indispensável (até os mais egoístas não podem omitir que cada profissional de saúde que adoece é um a mais para ocupar os já escassos leitos de hospital e um a menos para salvar vidas) mas grande parte da carência é motivada por problemas de importação.]
Negociação
Falta ao governo um Aureliano Chaves, o vice-presidente civil do general João Baptista Figueiredo, para falar que não adianta tapar o sol com a peneira. O número de mortos aumenta e a situação é critica nos hospitais do São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco, Amazonas e Roraima, estados nos quais afrouxar a política de isolamento social agora significa multiplicar o número de mortos por falta de assistência médica adequada. Faltam leitos de UTI, respiradores e equipamentos de proteção individual, além de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, porque muitos estão se contaminando. Talvez o general Pazuello seja mais importante para enfrentar o problema de logística no gerenciamento da falta de equipamentos e pessoal do que na estratégia de saída do isolamento, [subordinada a pessoas, em sua maioria, incompetentes - até por inexperiência - que por vaidade, interesses não republicanos, querem estar a frente de tudo que possa render dividendos no futuro.
Se houver erros, jogam a culpa no governo federal.] que necessariamente [sic] estará subordinada a governadores e prefeitos.
A propósito, foi simbólica a presença do governador de Brasília, Ibaneis Rocha (MDB), na entrevista. Sinaliza duas coisas: primeiro, que a situação do Distrito Federal é critica, do ponto de vista dos recursos disponíveis; segundo, que está havendo uma forte aproximação do MDB com o governo, de olho na sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara. Ontem, o presidente da legenda, Baleia Rossi (SP), esteve com Bolsonaro, como parte de uma rodada de conversas para rearticular a base do governo e esvaziar a liderança de Maia. [essencial tanto agora, para redução de danos, quanto no futuro, para facilitar a recuperação econômica, que o deputado Maia seja afastado, por fatos, dos cargos de 'primeiro-ministro' e 'corregedor-geral dos Poderes' e não seja permitido, negociado ou mesmo cogitado, a violação da Constituição Federal para que ele continue na presidência da Câmara dos Deputados.] Também haverá uma conversa de Bolsonaro com o presidente do DEM, ACM Neto, prefeito de Salvador (BA), agendada para hoje.
A operação de reaproximação com o Congresso tem apoio dos caciques do Centrão: Roberto Jefferson, PTB; Valdemar Costa Neto, PR; Gilberto Kassab, PSD; Ciro Nogueira, Progressistas; e Paulinho da Força, Solidariedade. A negociação envolve a entrega da Funasa, do Banco do Nordeste, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e dezenas de cargos de segundo e terceiro escalões para esses partidos.
Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense
Teich arrematou: “Fora da Covid tem 208 milhões de pessoas que continuam com as suas doenças, com os seus problemas, e que têm que ter isso tratado. E o que é que representam, hoje, 4 milhões de pessoas num país como esse? 2% da população”, disse. O ministro anunciou o novo secretário-executivo do Ministério da Saúde: o general de divisão Eduardo Pazuello, que hoje é comandante da 12ª Região Militar, principal unidade de logística do Exército na Amazônia, responsável por quatro hospitais, embarcações, manutenção, suprimentos e uma companhia de comando, para o apoio às unidades de combate do Comando da Amazônia. Integrante do grupo de generais paraquedista do Rio de Janeiro que hoje forma o Estado Maior de Bolsonaro, é um especialista em logística. Sua missão no Ministério da Saúde será operar a estratégia de saída da política de isolamento social em todo país, sem deixar que haja o colapso do sistema de saúde pública. Se houver precipitação, será uma missão impossível.
Como Teich ainda aparenta muita insegurança no comando do Ministério da Saúde, a entrevista foi protagonizada pelos ministros da Casa Civil, Braga Netto, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. O primeiro apresentou dois planos de retomada da economia, denominados Pró-Brasil Ordem e Pró-Brasil Progresso, para serem executados num período de dez anos. O viés é desenvolvimentista, na linha do famoso tripé Estado, iniciativa privada e investimentos estrangeiros. Em meio à recessão mundial provocada pelo coronavírus, é inevitável a comparação com o ambicioso II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) do presidente Ernesto Geisel, que foi abatido pela crise do petróleo. Braga Netto disse que o ministro da Economia, Paulo Guedes, que não estava presente na coletiva, endossou o plano.
O ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, roubou a cena. Resolveu puxar as orelhas da imprensa: “Nós, do governo do presidente Jair Bolsonaro, respeitamos muito a liberdade de imprensa e ela é fundamental para o processo democrático de todo o país. Porém, desde o começo dessa crise do coronavírus, nós temos observado uma cobertura maciça dos fatos negativos. Os noticiários entram nos lares brasileiros todos os dias. Com todo respeito, no jornal da manhã é caixão, é corpo. Na hora do almoço, é caixão novamente, é corpo. No jornal da noite, é caixão, é corpo e o número de mortos.” [correta a observação do general - a quase totalidade da imprensa, em qualquer mídia, destaca o lado negativo dos efeitos da pandemia.
O número de recuperados RARAMENTE é mencionado - O número de mortos é sempre apresentado, destacado, eventual manuseio inadequado de corpos é enfatizado, abertura de covas é destacada, sem menção a que se trata de um procedimento rotineiro em cemitérios após as chuvas.
A propósito, apesar do quadro caótico que tentam apresentar, Brasília apresenta 25 mortos, pouco mais de 900 comprovadamente infectados e mais de 500 recuperados.
A falta de materiais é sempre ressaltada - indiscutível que a proteção do pessoal da saúde é indispensável (até os mais egoístas não podem omitir que cada profissional de saúde que adoece é um a mais para ocupar os já escassos leitos de hospital e um a menos para salvar vidas) mas grande parte da carência é motivada por problemas de importação.]
Negociação
Falta ao governo um Aureliano Chaves, o vice-presidente civil do general João Baptista Figueiredo, para falar que não adianta tapar o sol com a peneira. O número de mortos aumenta e a situação é critica nos hospitais do São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco, Amazonas e Roraima, estados nos quais afrouxar a política de isolamento social agora significa multiplicar o número de mortos por falta de assistência médica adequada. Faltam leitos de UTI, respiradores e equipamentos de proteção individual, além de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, porque muitos estão se contaminando. Talvez o general Pazuello seja mais importante para enfrentar o problema de logística no gerenciamento da falta de equipamentos e pessoal do que na estratégia de saída do isolamento, [subordinada a pessoas, em sua maioria, incompetentes - até por inexperiência - que por vaidade, interesses não republicanos, querem estar a frente de tudo que possa render dividendos no futuro.
Se houver erros, jogam a culpa no governo federal.] que necessariamente [sic] estará subordinada a governadores e prefeitos.
A propósito, foi simbólica a presença do governador de Brasília, Ibaneis Rocha (MDB), na entrevista. Sinaliza duas coisas: primeiro, que a situação do Distrito Federal é critica, do ponto de vista dos recursos disponíveis; segundo, que está havendo uma forte aproximação do MDB com o governo, de olho na sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara. Ontem, o presidente da legenda, Baleia Rossi (SP), esteve com Bolsonaro, como parte de uma rodada de conversas para rearticular a base do governo e esvaziar a liderança de Maia. [essencial tanto agora, para redução de danos, quanto no futuro, para facilitar a recuperação econômica, que o deputado Maia seja afastado, por fatos, dos cargos de 'primeiro-ministro' e 'corregedor-geral dos Poderes' e não seja permitido, negociado ou mesmo cogitado, a violação da Constituição Federal para que ele continue na presidência da Câmara dos Deputados.] Também haverá uma conversa de Bolsonaro com o presidente do DEM, ACM Neto, prefeito de Salvador (BA), agendada para hoje.
A operação de reaproximação com o Congresso tem apoio dos caciques do Centrão: Roberto Jefferson, PTB; Valdemar Costa Neto, PR; Gilberto Kassab, PSD; Ciro Nogueira, Progressistas; e Paulinho da Força, Solidariedade. A negociação envolve a entrega da Funasa, do Banco do Nordeste, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e dezenas de cargos de segundo e terceiro escalões para esses partidos.
Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense
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