João Paulo Saconi e Natália Portinari
Presidente esteve em ato no qual apoiadores pediam afrouxamento de medidas contra a Covid-19, o fechamento do Congresso e do Supremo e um novo AI-5;
A presença do presidente Jair Bolsonaro em um protesto em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, gerou reações de autoridades ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e parlamentares . No ato, os manifestantes utilizaram cartazes e gritos de ordem para expressar demanda inconstitucionais, como uma intervenção militar, o fechamento do Congresso e do STF e um novo AI-5, ato que marcou o início da fase mais violenta da ditadura militar. [Caso o ato não tivesse sido promulgado o Brasil hoje seria uma Cuba enfrentando uma pandemia.
Por falar em Cuba: torcemos para que os médicos cubanos encontrem na ilha sinistra oportunidade e recursos para honrar a fama de bons médicos e que a epidemia por lá chegando, seja contida.] Entre os principais pedidos estava também a retomada de atividades econômicas não-essenciais, interrompidas por prefeitos e governadores como forma de combater o avanço do novo coronavírus.
[O Presidente Bolsonaro na condição de Presidente da República e comandante Supremo das Forças Armadas, tendo em conta nesta data transcorrer aniversário do glorioso Exército Brasileiro, uma das três forças sob seu comando, compareceu ao Quartel General da Força terrestre em homenagem a data.
Na condição de cidadão - que não é extinta pela eleição e posse ao caro de Presidente da República - compareceu a um manifestação que ocorria na ocasião e nas proximidades e lá fez breve pronunciamento.
O Presidente NÃO convocou a manifestação, não quebrou nenhuma norma de isolamento - sua presença ao local ocorreu quando a manifestação (com provável aglomeração de pessoas) já estava em curso.
Mesmo assim, o Presidente manteve distância de isolamento social e não teve contato físico - abraços e/ou apertos de mão - com os manifestantes.]
O PSDB, partido de FH e Doria, se expressou por meio de nota assinada pelo presidente da sigla, Bruno Araújo. O PSL, antigo partido de Bolsonaro, também se manifestou. Houve ainda manifestação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por meio de seu presidente Felipe Santa Cruz. Além de ter se encontrado com os manifestantes, que estavam aglomerados e contrariavam recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde, Bolsonaro discursou para eles e depois reproduziu imagens da reunião nas redes sociais.
Carreatas: Apoiadores de Bolsonaro vão às ruas a favor do presidente
O ministro Marco Aurélio disse ao GLOBO que o ato é uma atitude de "saudosistas inoportunos":
— Tempos estranhos! Não há espaço para retrocesso. Os ares são democráticos e assim continuarão. Visão totalitária merece a excomunhão maior. Saudosistas inoportunos. As instituições estão funcionando.
"É assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Defender a Constituição e as instituições democráticas faz parte do meu papel e do meu dever. Pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons (Martin Luther King). Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve. Ditaduras vêm com violência contra os adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso", escreveu Barroso.
O ministro Gilmar Mendes replicou em sua rede social a fala de Barroso, apesar de os dois pouco se falarem, e também escreveu uma mensagem:
"A crise do #coronavirus só vai ser superada com responsabilidade política, união de todos e solidariedade. Invocar o AI-5 e a volta da Ditadura é rasgar o compromisso com a Constituição e com a ordem democrática #DitaduraNuncaMais".
[TERRORISMO NUNCA MAIS - o AI 5 foi um instrumento legal e eficiente para conter o terrorismo vil e covarde que matava de forma cruel e covarde pessoas de bem.]
"Lamentável que o presidente da república apoie um ato antidemocrático, que afronta a democracia e exalta o AI-5. Repudio também os ataques ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal. O Brasil precisa vencer a pandemia e deve preservar sua democracia", publicou o governador.
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Eco na Câmara e no Senado
Também por meio do Twitter, senadores e deputados se manifestaram sobre a presença de Bolsonaro na manifestação. Houve publicações de Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, e dos deputados Marcelo Freixo (PSOL-RJ); Ivan Valente (PSOL-RJ), entre outros.
"Enquanto enfrentamos a pior crise da nossa geração, com a capacidade do nosso sistema de Saúde comprometida, com pessoas morrendo e os casos aumentando, Bolsonaro vai às ruas, além de aglomerar pessoas, atacar as instituições democráticas. É patético!", diz trecho da mensagem compartilhada por Randolfe.
[sugerimos que o nobre senador Rodrigues, cujo mandato se destaca pela ausência da apresentação de projetos importantes - obrigação primeira de um representante do povo - se destacando por estar sempre criticando alguém - mesmo quando o criticado tenta exercer o mandato de que recebeu de milhões milhões de eleitores, apresente um projeto estabelecendo que o dinheiro dos fundos Eleitoral e Partidário seja utilizado no combate ao coronavírus = a reação do senador Alcolumbre para impedir que o dinheiro seja utilizado em prol do combate à pandemia não mereceu nenhuma crítica do senador Rodrigues.
O senador ainda cobrou atitudes do procurador-geral da República, Augusto Aras, para que a participação de Bolsonaro no ato tenha consequências jurídicas:
"Agora cabe ao procurador-geral da República, Augusto Aras, abrir processo contra o Presidente da República por mais esse atentado ao povo brasileiro. Se Bolsonaro não respeita a Constituição Federal, as instituições devem funcionar tanto para ele, enquanto presidente, como para qualquer cidadão que comete crimes!",defendeu.
Jornal O Globo, MATÉRIA COMPLETA
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