O somatório das condutas mostra o objetivo das ações: criar e dar consistência à fantasia de um país ingovernável por um presidente sem apoios.
Até bem pouco tempo, vendo suas principais mercadorias
(base de apoio e voto parlamentar) encalhadas nas prateleiras do
Congresso, o centrão vinha impondo sucessivas derrotas ao presidente. De
umas semanas para cá, palavras e expressões como “solidão do
presidente”, “desestabilização”, “incapacidade” passaram a rechear
discursos parlamentares e a povoar o vocabulário do jornalismo militante
que cresce como inço na imprensa nacional. Sempre tentando fixar,
contra os fatos, a ideia de que o presidente está em isolamento
vertical...
A esse jornalismo cabe papel importante na estratégia de desestabilização.
É preciso afastar do presidente os seus eleitores, constrangê-los, atacar sua sustentação popular.
O modo de fazer isso é exatamente o mesmo que jogou liberais e conservadores brasileiros para o acostamento da política nacional, e ali os manteve inertes durante meio século. Trata-se de lançar sobre eles adjetivos que os desqualifiquem, dizendo serem, ou cães raivosos, ou idiotas de carteirinha, robotizados, incapazes de perceber as mancadas do mito. A mesma mídia que se presta para essa tarefa, se manteve distraída e desatenta em relação às condutas escandalosas que desaguaram na Lava Jato. Assiste de modo passivo e silencioso sua posterior transformação numa pingadeira. E tenta, agora, afogar o presidente num ruidoso tsunami de ninharias.
Cobram de quem permanece firme com o presidente uma isenção supostamente nobre e virtuosa. Afirmam, ou sutilmente sugerem, que cidadãos cientes de sua elevada dignidade devem agir como magistrados romanos. E não falta quem se deixe empolgar pela ideia de que tal conduta seria meritória, a cobrar tapinhas nas costas e bons adjetivos agraciados pelos adversários em virtude de sua – admitamos - omissão e insignificância.
Como qualificar, numa disputa política, quem faz exatamente aquilo que o
adversário quer? E note-se: o adversário que espertamente reprova
qualquer atitude mais engajada que não seja em seu próprio benefício,
está fazendo política e desgraçando o Brasil. Infelizmente, num cenário
assim – pasmem! – há cidadãos de memória curta e ânimo fraco que saem da
geral, sobem ao camarote, e desde lá assistem o jogo sem torcer, sem
ter lado, sem se envolver com o fato de estar sendo disputado um
campeonato onde quem perde ou ganha é o Brasil.
Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
A esse jornalismo cabe papel importante na estratégia de desestabilização.
É preciso afastar do presidente os seus eleitores, constrangê-los, atacar sua sustentação popular.
O modo de fazer isso é exatamente o mesmo que jogou liberais e conservadores brasileiros para o acostamento da política nacional, e ali os manteve inertes durante meio século. Trata-se de lançar sobre eles adjetivos que os desqualifiquem, dizendo serem, ou cães raivosos, ou idiotas de carteirinha, robotizados, incapazes de perceber as mancadas do mito. A mesma mídia que se presta para essa tarefa, se manteve distraída e desatenta em relação às condutas escandalosas que desaguaram na Lava Jato. Assiste de modo passivo e silencioso sua posterior transformação numa pingadeira. E tenta, agora, afogar o presidente num ruidoso tsunami de ninharias.
Cobram de quem permanece firme com o presidente uma isenção supostamente nobre e virtuosa. Afirmam, ou sutilmente sugerem, que cidadãos cientes de sua elevada dignidade devem agir como magistrados romanos. E não falta quem se deixe empolgar pela ideia de que tal conduta seria meritória, a cobrar tapinhas nas costas e bons adjetivos agraciados pelos adversários em virtude de sua – admitamos - omissão e insignificância.
Não ter lado diante do que está acontecendo no Brasil é irresponsabilidade.
Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Nenhum comentário:
Postar um comentário