O Globo
Situação de 20 estados já indica que deve haver um crescimento entre 7% e 8% nos dois primeiros meses deste ano
No momento em que o presidente Bolsonaro se envolve em mais uma polêmica
armamentista, revogando portarias do Exército que instituíam normas
mais eficazes para controle e rastreamento de armas e munição, o governo
vai se deparar com a notícia de que os homicídios voltaram a crescer em
todo o país. Dados de janeiro e fevereiro analisados pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública mostram a tendência de crescimento. Os números não
estão fechados ainda, mas a situação de 20 estados já indica que deve
haver um crescimento entre 7% e 8% nos dois primeiros meses deste ano.
[Injusto e infundado o entendimento de ser o presidente Bolsonaro o responsável pelo crescimento - por enquanto, estimado - do número de homicídios;
O responsável, ou responsáveis, são os que de forma sistemática boicotaram, sabotaram todas as medidas propostas pelo presidente da República buscando combater a criminalidade.
fica dificil combater a criminalidade no Brasil que tem como norma o favorecimento à impunidade - direitos demais para bandidos e limitações em excesso para as autoridades responsáveis pela Segurança Pública.]
[Injusto e infundado o entendimento de ser o presidente Bolsonaro o responsável pelo crescimento - por enquanto, estimado - do número de homicídios;
O responsável, ou responsáveis, são os que de forma sistemática boicotaram, sabotaram todas as medidas propostas pelo presidente da República buscando combater a criminalidade.
fica dificil combater a criminalidade no Brasil que tem como norma o favorecimento à impunidade - direitos demais para bandidos e limitações em excesso para as autoridades responsáveis pela Segurança Pública.]
O envolvimento do Exército em questões políticas, pois o presidente
Bolsonaro anunciou pelo Twitter a decisão de mandar revogar as
portarias, atendendo a pressões da indústria armamentista apoiada pela
bancada da bala na Câmara, já incomoda ala de militares, que consideram
que o trabalho técnico do Departamento de Fiscalização de Produtos
Controlados interessa à proteção da sociedade como um todo, e não a um
grupo especifico, como disse em sua carta de despedida o General de
brigada Eugênio Pacelli Vieira Mota, que foi para reserva logo depois do
cancelamento das portarias. Rastreamento de armas e marcação de munições para que possam ser
identificadas interessa ao Judiciário, para esclarecimento de crimes,
interessa ao combate às milícias. Num país em que 80% das mortes são por
armas de fogo, é fundamental que o Estado tenha capacidade de rastrear
armas e munições. [os opositores do presidente Bolsonaro, para não perderem o hábito de ser contra tudo que o presidente faça, ou pense, estão maximizando um controle que não é dos mais importantes.
FATO: nas investigações de um assassinato ocorrido no Rio, em 2018, foi proclamado aos quatro cantos que tinham identificado o lote da munição utilizada no crime, onde foi vendida, quem comprou e que tal identificação permitiria identificar autoria do crime, mandantes, etc.
Hoje, quase dois anos após a descoberta nada foi esclarecido - dois suspeitos estão presos por envolvimento em outros crimes.
Além do mais, consta que a decisão do presidente foi consequência de que as portarias revogadas contrariavam decreto.
Se algo houve de errado, foi a opção do presidente - que tem notória preferência por ser seu porta-voz - de divulgar via twitter.]
Ao mesmo tempo, o Ministério Público Federal quer incluir o caso no
inquérito que foi aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as
denúncias do ex-ministro Sergio Moro sobre interferências ilegais do
presidente Bolsonaro na Policia Federal. Esse seria um outro exemplo de
interferência, desta vez no Exército. Aliás, Bolsonaro acusou Moro de
ser “desarmamentista” no seu pronunciamento sobre sua demissão.
O maior problema que os críticos vêem é a repolitização dos quartéis com
a chegada ao governo de vários oficiais-generais, alguns inclusive da
ativa, como Luiz Eduardo Ramos na Secretaria de Governo e o almirante
Flavio Rocha na Secretaria de Assuntos Estratégicos. O fato de
oficiais-generais da ativa fazerem parte do governo é simbólico dessa
mudança, e grande número de militares em vários escalões do governo,
indicam que o Exército voltou ao centro da política.
Recentemente, houve um princípio de desentendimento entre a ala de
militares com gabinete no Palácio do Planalto e o ministro da Economia
Paulo Guedes, em torno do programa Pró-Brasil, uma proposta incipiente
de retomada econômica feita sem a participação da equipe de Guedes. O ministro da economia aparentemente venceu o primeiro round, depois de
estar quase fora do governo, mas terá ainda que enfrentar resistências
da política. Os partidos que formam o centrão estão interessados no
plano dos militares de retomada de obras públicas, e se incomodam com a
insistência de Guedes de manter o controle dos gastos dentro do possível
na situação de crise social em que vivemos devido à pandemia da
Covid-19.
A tese de que o momento é de o governo gastar é tentadora para políticos
fisiológicos, e faz sentido para militares com uma visão estatista da
economia. A mistura de militares nacionalistas com políticos da estirpe
de Roberto Jefferson e Valdemar da Costa Neto é outro estranhamento para
os que não vêem com bons olhos a participação de militares na atividade
politica. O pragmatismo prevalece na saída de Sergio Moro, que tinha o
apoio dos militares.
Há os que consideram que os militares estão desfazendo um trabalho de 30
anos, em que foram “o grande mudo”, granjeando respeito da opinião
pública. [foram o 'grande mudo' e o Brasil se tornou a bagunça, o antro de corrupção, o CAOS CAÓTICO que a cada dia afunda mais nossa Pátria Amada.] Inicialmente, os militares que aderiram mais diretamente à
candidatura de Bolsonaro achavam que ele, por ser popular, abriria
espaço para os militares voltarem à vida pública com um selo de
legitimidade da eleição presidencial. O problema é que funções de
governo são essencialmente políticas, e as Forças Armadas são
instituições de Estado, de acordo com a Constituição. Quando a política
entra por uma porta, a hierarquia sai pelo outro.
Merval Pereira, jornalista - O Globo
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