Blog do Josias
Em matéria de reforma tributária, Paulo Guedes e Rodrigo Maia falam
línguas diferentes expressando-se no mesmo idioma. Neste domingo, o ministro da
Economia voltou a defender a criação de um imposto sobre transações financeiras
digitais. O presidente da Câmara levou o pé à porta: "Até o fim de meu
mandato à frente da Câmara dos Deputados, em 1º de fevereiro do ano que vem,
não contem com a votação de qualquer imposto disfarçado de CPMF." Em
entrevista à CNN, Guedes minimizou as críticas ao novo tributo: "Todo
mundo falava do imposto de transação que é muito ruim, é feio, uma areia do
sistema. Mas tem uma base de incidência que traficante de droga não escapa,
traficante de arma traficante de arma não escapa. Ninguém escapa. Corruptos não
escapam."
[Presidente Bolsonaro, o pior inimigo é aquele que temos dentro de casa e com eles não pode haver tolerância - uma vez descoberto, deve ser expulso.
Já passa da hora do senhor descartar o ministro Guedes, ninguém é insubstituível e ele quer atrapalhar sua reeleição em 2022 -a recriação da CPMF, sob qualquer nome e justificativa,será mais prejudicial ao seu Governo do que qualquer ação da 'turma do mecanismo'. Ele consegue tornar aceitáveis comentários, promessas, do deputado Maia.]
Maia, que falou à Globonews e nas redes sociais, não se deu por achado:
"É possível fazer mudanças tributárias sem a necessidade de criar novos
impostos, e não podemos transferir para os brasileiros mais simples o que é da
responsabilidade de cada um que rege um Poder no país." Até o fim de meu
mandato à frente da Câmara dos Deputados, em 1º de fevereiro do ano que vem,
não contem com a votação de qualquer imposto disfarçado de CPMF.
Guedes não explicou — nem lhe foi perguntado— se já convenceu Jair
Bolsonaro da conveniência de propor a versão digital da velha CPMF. No ano
passado, o presidente interditou o debate sobre o tributo. Enviou para o olho
da rua o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, que se negou a mudar de
assunto. De resto, Guedes esqueceu de mencionar que o novo tributo, além de alcançar
traficantes e corruptos, morderia um pedaço do dízimo das igrejas. Marcos
Cintra ousou mencionar o dízimo numa entrevista. Bolsonaro obrigou-o na época a
se desdizer. A pressão dos evangélicos será a mesma. Resta saber se Bolsonaro
mudou.
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