É
provável que só com ler o título deste artigo alguém já me esteja
alertando mentalmente: "Olha que o Estado é laico!". Como se eu não
soubesse! Tal advertência, tantas vezes lida e ouvida, tem por
finalidade silenciar quem se manifeste a favor de algo que seja motivo
de apreço para os cristãos.
Isso leva ao seguinte disparate: do
agnóstico ao bolchevista, do iletrado ao acadêmico, do
maria-vai-com-as-outras ao ministro do STF, todos podem falar sobre
quaisquer assuntos, especialmente sobre moral e valores.
Admitem-se, com
reverências, posições das mais diferentes culturas, da txucarramãe à
budista.
Calem-se, contudo, os que pretendam dizer algo que guarde
relação com a cultura judaico-cristã, fundadora, com a filosofia grega e
o direito romano, da civilização ocidental. [buscando explicar nossa opinião: qualquer religião séria, fundado nos principios cristãos, é alvo de uma campanha cerrada buscando silenciar, desautorizar seus principios, seguidores e valores.
Um dos exemplos são as religiões conhecidas por evangélicas.
Temos religiões chamadas evangélicas que são sérias, respeitáveis, com um passado iniciado antes mesmo do surgimento das atuais 'evangélicas'.
Temos outras que são verdadeiras fraudes e seus 'líderes', seus 'mentores', obtiveram os conhecimentos teológicos nas prisões = a maior parte das lideranças da das muitas igrejas que surgem por aí, a cada dia, são ex-presidiários, que descobriram que a "Bíblia" que ousam interpretar e pregar com base no que interpretam, usam, pode ter outra função além de ser usada debaixo da axila, como se desodorante fosse.
Esses líderes se unem à famigerada esquerda no culto ao diabo e a valores demoníacos e o que mais odeiam são os cristãos, especialmente os que desfrutam da felicidade de pertencerem à Igreja Católica Apostólica Roma, funda por Nosso Senhor Jesus Cristo.]
O tema
"família" sempre foi conteúdo importante nas posições filosóficas e
ideológicas. Os principais adversários do comunismo não são o
capitalismo e a vida real, mas Deus e a família. Quando imposto pela
força, o totalitarismo não tolerou que persistisse na sociedade algo que
a influenciasse mais do que o Estado. Quando imposto pelo domínio da
cultura, centra suas baterias na instituição familiar e em Deus. É a
esteira aberta por Marx e por Engels.
Num sentido
estritamente prático, sociológico, é impossível desconhecer que Deus e a
família servem à sociedade, pelo amor, a ordem e a
moral. Desconsiderados, restam apenas a lei, a força e o braço pesado de
algum inimigo real da humanidade.
***
Contudo, não apenas os coletivismos e os totalitarismos investem contra
a instituição familiar e contra a influência de uma cultura religiosa
na vida social. Também a atacam, embora por outra frente, os defensores
do individualismo exacerbado, anarco-individualistas. Afirmam que a
família, por se constituir em um "coletivo" a influenciar fortemente os
indivíduos, acaba opondo obstáculos à liberdade de cada um. “Culpa” que
muitos atribuem também a Deus. Portanto, em benefício da liberdade de
todos, é preciso reduzir a força desses vínculos.
Não é difícil
perceber o que vai acontecer com a família à medida que os ataques
forem prosperando e sendo adelgaçados, por vários modos e motivos, os
vínculos entre seus membros.
Combater a instituição familiar é atentar
contra a humanidade e a liberdade.
A família é essência do espaço
privado, grupo humano em relação ao qual o Estado só deve agir para
proteger e onde não deve entrar sem expressa e muito bem justificada
determinação judicial.
Ela é o porto seguro, escola do amor afetivo e
efetivo, do serviço mútuo, do sacrifício pelo bem do outro, do martírio e
do êxtase. Onde mais se haverá de prover tudo isso, geração após
geração?
Alguém dirá
que o parágrafo acima é ficcional. Que não se pode tomar a exceção por
regra. Admitamos. Admitamos que o descrito é exceção e que a regra,
agora, é outra. Tem-se, então, um diagnóstico sobre a quantas anda nossa
marcha involuntária para alguma forma de totalitarismo.
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de
dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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